2007/04/10

ADRIANO POR MANUEL ALEGRE


Adriano


Não era só a voz o som a oitava

que ele queria sempre mais acima

nem sequer a palavra que nos dava

restituída ao tom de cada rima.


Era a tristeza dentro da alegria

era um fundo de festa na amargura

e a quase insuportável nostalgia

que trazia por dentro da ternura.


O corpo grande e a alma de menino

trazia no olhar aquele assombro

de quem queria caber e não cabia.


Os pés fora do berço e do destino

alguém o viu partir de viola ao ombro.

Era Outubro em Avintes. E chovia.


Manuel Alegre

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