2008/06/27

BOM FIM-DE-SEMANA




O ALPINISTA





Aproveitei o calor para ir assombrar para outras latitudes. Regressei hoje ao Palácio, e ainda por cá estão os ecos da última Assembleia Municipal. Tanto quanto consigo perceber pelos vestígios, terá sido mais um momento de assombro.
A meio dos trabalhos, o Deputado Municipal do PS, Luís Henrique Grave Rodrigues, terá mesmo tentado escalar, com a ajuda de uma machadinha de alpinista, os cerca de 1,70m do Deputado Municipal do BE, Vitor Edmundo.
Ao que parece, a queda foi aparatosa, provando-se que o desportista não tem mesmo jeito nenhum para aquilo.

2008/06/17

E O BURRO SOU EU?




Batatoon - Carlos Teixeira

Depois da estupefacção em torno das palavras do Presidente da Câmara sobre o estudo acerca da pobreza infantil, realizado em vários municípios da área metropolitana de Lisboa, incluindo Loures, que motivou textos de quase todos os habitantes deste Palácio, voltamos ao estudo com as informações que faltavam.
A mais relevante refere-se ao facto do estudo, perfeitamente desconhecido do Presidente da Câmara, que acusou os seus autores de nem sequer terem consultado o município, afinal ter sido resultado de uma parceria estabelecida entre o ISEG, a DREL e todos os município abrangidos, incluindo o de Loures.
Essa informação consta logo nas primeiras páginas do livro, nos agradecimentos e na informação sobre os objectivos do estudo.
Esta informação dá um carácter ainda mais bizarro às declarações de Carlos Teixeira.

SERÁ QUE AINDA TEREMOS SAUDADES DELE?



2008/06/14

CIÊNCIA PURA


Depois da difusão das declarações do Presidente da Câmara Municipal de Loures sobre o estudo económico-social das crianças de Loures, um grupo de teóricos decidiu procurar a resposta para um dos maiores enigmas da humanidade, descobrir se há vida inteligente no Planeta Teixeira.

A VONTADE DOS EUROPEUS É UM PROBLEMA!




O “Não” venceu na Irlanda, pelo que o Tratado de Lisboa, que carecia de ser ratificado pelos 27 países da União, estará moribundo. Se os governos europeus quisessem retirar uma justa conclusão do acontecimento, iniciariam uma reflexão, não só sobre as propostas e as soluções constantes no Tratado, mas sobretudo sobre a qualidade democrática do processo de construção europeia. Aquando do chumbo do Tratado constitucional foram muitas as vozes que defenderam um rumo e um modo diferentes.
Contudo, a totalidade das lideranças optaram por outro caminho. Optaram por afastar ainda mais os cidadãos do processo, que passaram a ser encarados como empecilhos ao processo de construção e reforma das instituições europeias. Assim, em todos os países se evitou o recurso ao referendo, realizando na Irlanda por imperativos constitucionais.
Perante isto, as declarações dos dirigentes europeus só nos podem causar perplexidade.

“Acredito que o Tratado está vivo e que devemos procurar uma solução." José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia

"Esperamos que todos os outros Estados-membros continuem o processo de ratificação [do Tratado de Lisboa]" Declaração conjunta franco-alemã

"O Governo irlandês tornou claro que acredita que países como a Grã-Bretanha têm o direito de prosseguir com o processo de ratificação, porque tem de existir uma perspectiva britânica, tal como tem de existir uma perspectiva irlandesa" David Miliband, ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, garantindo que o Reino Unido prosseguirá com a ratificação parlamentar


"Penso que [o resultado do referendo] é um problema, mas acredito que a ratificação e a implementação vão ser concluídas com êxito." Donald Tusk, primeiro-ministro da Polónia

A decisão dos eleitores da Irlanda, os únicos que tiveram a oportunidade de se pronunciar directamente, e que mal ou bem puderam desenvolver um debate sobre a Europa, é encarada como um problema que se tem de ultrapassar. Ou seja, as elites europeias estão já a congeminar a melhor forma de tornar inócuo o chumbo, tentando encontrar um desvio para chegar aos objectivos pré-traçados. Sem os cidadãos e contra os cidadãos.


As citações são da edição de hoje do Jornal Público.

NEM UM CROQUETE, NEM UMA BATATINHA, MAS TALVEZ UMA TACINHA DE TINTO!


Com os melhores cumprimentos e a devida vénia ao autor da ilustração.
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Muito se poderia escrever sobre as declarações do Presidente da Câmara acerca o estudo realizado por Amélia Bastos, Graça Leão Fernandes, José Passos, do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), em Lisboa, e de Maria João Malho, do Instituto de Apoio à Criança (IAC), apresenta um estudo económico-social sobre crianças nos concelhos de Amadora, Cascais, Lisboa, Loures, Odivelas, Oeiras e Sintra.

Contudo, aconselha-se vivamente o visionamento das declarações integrais no link da Loures TV.



2008/06/13

A TRISTEZA E OS PALHAÇOS



"Um olhar sobre a pobreza infantil: Análise do bem-estar das crianças", de Amélia Bastos, Graça Leão Fernandes, José Passos, do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), em Lisboa, e de Maria João Malho, do Instituto de Apoio à Criança (IAC), apresenta um estudo económico-social sobre crianças nos concelhos de Amadora, Cascais, Lisboa, Loures, Odivelas, Oeiras e Sintra. Quase metade (45,8 por cento) das cinco mil crianças inquiridas (mais propriamente 5161, entrevistadas pessoalmente nos anos lectivos de 2004/2005 e 2005/2006, com idades entre os sete e os 12 anos) em sete concelhos da Grande Lisboa dizem que sentem que a família tem dificuldades financeiras, sendo que Loures tem a maior taxa de infelicidade infantil. O estudo aborda ainda indicadores como: a quantidade de refeições completas por dia, a variedade alimentar, as idas ao médico para consultas de rotina, as condições de habitabilidade, entre outros."



in LOURES.TV



Só hoje tive oportunidade de ver o vídeo dos comentários que o senhor Presidente da Câmara teceu sobre o estudo acima referido.
Vi e ouvi os inanarráveis comentários e confesso que, por mais que tente, não consigo achar a ponta por onde pegar. Nem sei que palavras usar: se as do "comentário" se outras mais teóricas e portanto ignorantes; se as das refeições quentes, se as dos palhaços nas escolas; se as da fome do autarca.
Olhem, desisto.


Vejam o vídeo na Loures.TV .




E por favor, mandem o homem embora!!!!

LIBERDADE




Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...


Fernando Pessoa

2008/06/12

O DIA DA RAÇA, NOTA FINAL




"Os cavalos lusitanos são mansinhos e generosos e, cruzados com cavalos ingleses até saltam alguma coisa. Não dá para competições internacionais, mas cá para casa são óptimos.
Os cavalos de Alter, coitados, como a família real que os criou, só servem para comer. Não saltam, não correm, não aprendem nada a não ser com muito trabalho e começando cedo demais, e por isso fazem lesões com facilidade. E nem sequer são muito bonitos. São uns coiros que não servem para nada, a não ser para a velha anedota do equitador que chegou a uma taberna em 1908, pediu dois copos de vinho enquanto desapertava o colarinho e exclamava:
"Que dia!"
O taberneiro disse-lhe: "O senhor parece exausto! tem uma profissão difícil?"
"Nem queira saber!" disse o pobre equitador, "Sou equitador dos cavalos de Alter, sabe?"
"Claro!" Disse o taberneiro, "Os cavalos da família real! Como é que eles são?"
"Umas bestas! Uns animais horríveis, produto de muitas gerações de consanguinidades doentias. Estúpidos, coiros, preguiçosos, os animais mais vis da Criação!" O pobre equitador bebeu um dos copos de vinho de um trago e o taberneiro exclamou: "E pela sua cara, se calhar os cavalos não são muito melhores!"

OLHA QUEM CHEGOU À CIDADE!



Durante dias a fio, no período mais quente do protesto, o CDS, tal como o PSD, optaram pelo silêncio. Não condenando, como se impunha, os abusos cometidos.
Não o fizeram de modo inocente. Foi um acto oportunista e de má fé. Viam o circo pegar fogo, mas assobiavam para o lado.
Portas aparece agora num mercado a defender a autoridade do Estado. Mas onde andou estes dias todos? Esteve tranquilamente à espera que a coisa azedasse mais, na expectativa de vir a beneficiar com os destroços do caos gerado.
Mas já que fala em autoridade do estado, continuamos à espera de explicações sobre o financiamento ao CDS no caso Portucale.
Continuamos à espera de explicação sobre a fotocópia de documentos reservados do Ministério da Defesa.
Continuamos à de explicações sobre o processo do Casino de Lisboa.
Depois falaremos de autoridade do Estado.

UMA "GREVE" PARA TIRAR DIREITOS AOS TRABALHADORES




Há vários dias que o país assiste a um protesto organizado por empresários do sector do transporte de mercadorias. Neste momento, protesto começa a provocar a escassez de bens de vária ordem e começa a ter efeitos sensíveis.

O protesto em curso não é uma greve organizada por trabalhadores, sendo sim uma acção levada a cabo pelos donos das empresas. Não posso deixar de referir que este é um dos sectores onde as empresas e os empresários mais condicionam e reprimem o direito à greve dos trabalhadores. A ANTRAM, associação patronal do sector, não participou nos protestos, mas sentou-se à mesa com o governo para negociar uma saída para a crise. Não me espantou que uma das conclusões seja a criação de "um grupo de trabalho com o Governo "para adaptar a legislação laboral ao sector", uma das principais reivindicações dos empresários de camionagem, em particular no que diz respeito às cargas horárias máximas previstas pela actual lei." Creio que este eufemismo signifique para os trabalhadores, mais trabalho e menos rendimento!

Sem dúvida nenhuma, as pequenas e médias empresas deste sector estão à beira da ruína financeira. Este é um dos sectores de actividade mais desregulamentado, sob todos os pontos de vista. A precariedade laboral é a marca de água de uma actividade onde os trabalhadores perderam há muito uma base remuneratória, trabalhando à comissão do frete, perderam mecanismos de protecção social e têm ritmos de trabalho e cargas horárias pré-industriais.
Perante este cenário, o Governo há muito que deveria ter intervido no sector. A situação calamitosa das empresas é conhecida e as estruturas sindicais, bastante débeis num sector que se transformou numa selva, têm vindo a alertar para a insustentabilidade social do mesmo.

Aquilo a que temos assistido é a um acto de desespero. Mas nenhuma das considerações anteriores são o suficiente para justificar a natureza anómala das acções de boicote económico em curso. O Governo duplica a sua responsabilidade no caos criado. É responsável por não ter agido a tempo no sentido do desafogo do sector e é responsável pela impunidade que graça pelo país, aceitando que as estradas sejam controladas por outros, que não as forças de segurança. Aliás, o Governo mostra mais uma vez que só sabe ser forte sobre os mais fracos. Teremos todos ainda presente as intervenções policiais sobre os trabalhadores em greve da Valorsul. Não advogo a repressão sobre aqueles que em protesto querem parar a sua actividade, mas não aceito que o Governo permita as barreiras nas estradas, os apedrejamentos e a destruição de camiões.

O Governo e as suas políticas merecem contestação, e ela tem sido feita por muitos sectores, nomeadamente através da acção sindical, mas tal não significa que tudo valha nessa contestação.

2008/06/11

NERVOS DE AÇO

Sócrates tem estado a ler o Livro da Revelação de São João, último texto canónico da Bíblia. Concluiu entretanto que o Apocalipse não o impressiona!

ADESÃO TOTAL




Entre as 17h e as 19h a adesão à paralização dos camionistas rondará os 100%.

FORA DE JOGO



Grande balda é o que se vai vivendo na Câmara Municipal. Hoje, os trabalhadores podem ir descansadinhos para casa, ou esplanada mais próxima, ver o joguito de Portugal contra a República Checa. O senhor Vereador Galhardas justifica a ausência do pessoal a partir das 16h45. Claro que a esta hora já está tudo em estágio!
A limpeza da Ribeira do Prior Velho segue dentro de momentos... com as primeiras chuvas de Setembro.

Viva a Crise. Viva Loures. Viva Portugal.

DIA DA RAÇA - O BOM ALUNO


"Hoje eu tenho que sublinhar, acima de tudo, a raça, o dia da raça" Anibal

Com os melhores agradecimentos ao amigo que nos remeteu o video.

2008/06/10

NACIONAL CANÇONETISMO



O PSD, agora “revigorado” com nova liderança, resolveu dar uma achega ao problema dos protestos dos camionistas. Assim, revelando grande capacidade política, apelou a que o Governo mostrasse sensibilidade perante os protestos e apresentasse uma solução para o problema. Questionado sobre a solução, o deputado do PSD, Jorge Costa, respondeu que "a solução é o Governo que tem de encontrar". "Não nos compete a nós dizer qual é a solução em concreto".
A questão não é a competência do Governo para encontrar uma solução. A questão é que a música que o Governo toca e igual à que o PSD tocou, estaria a tocar, se fosse Governo, e que tocará, se voltar a sê-lo.
Nunca antes a expressão “Vira o disco e toca o mesmo” se aplicou na política portuguesa com tanta oportunidade.

ANTIGO REGIME OU BOLO REI, RAÇA E OUTROS CÃES DE CAÇA




Na Madeira, a PSP recolheu as matrículas dos carros de activistas da CDU que se manifestavam contra a degradação da qualidade de vida dos madeirenses. Um acto de prepotência e intimidação que o Presidente da República Portuguesa também já mais ousará comentar. Para ele, português de raça pura não protesta, agradece o que lhe podem dar e coloca uma bandeira na janela. A bem da nação.

2008/06/09

VIVA A CRISE, DESCONTRAIDAMENTE NA BOA!

TRINIDADE, TRINIDADE, TRINIDADE, TRINIDADE


BAIRRO SEM AUTOCARROS POR RUAS ESBURACADAS




Noticia do JN, 09/06/08
O interesse de destacar esta notícia prende-se com a natureza básica do problema em causa. A falta de asfaltamento das ruas de um Bairro impede o serviço dos transportes colectivos aos moradores.
O problema é simples. É barato resolvê-lo. Está identificado há muito tempo. Só não se percebe porque é que ainda não terá sido resolvido? Por incompetência. Só pode.

SARDINHAS NO TABULEIRO





Ingredientes:
1 dúzia de sardinhas
igual peso de cebola
1gual peso de tomate
sal q.b.
colorau doce q.b.
pimenta preta moída na altura q.b.
piripiri q.b.
1,5 dl de azeite

Confecção:
Deitam-se 2 colheradas de azeite num tabuleiro de barro e tapa-se o fundo com rodelas de cebola e de tomate, limpo de pele e pevides.Põem-se em cima as sardinhas, sem tripas e escamas, temperam-se de sal, pimenta, piripiri, colorau doce e pimenta. Tapam-se com novas camadas de cebola e de tomate.Rega-se com o restante azeite e mete-se o tabuleiro em forno de calor moderado. O molho deve ficar apurado Sirva com batatas cozidas.
Do Roteiro Gastronómico de Portugal

2008/06/07

MERCADO DE TRANSFERÊNCIAS




João Galhardas, que tem estado emprestado à equipa rosa desde o meio da época, pode estar a ver caducar o seu contrato com a equipa de origem. Os laranjas, em profunda limpeza de balneário, equacionam não renovar com o desportista por mais uma época, o que o coloca no mercado de aquisições.

O mister dos rosas equaciona a possibilidade, só lhe faltando concluir se a sua equipa precisa mesmo de mais um apanha bolas.

Contactado pelo Diário Pé de Chumbo o atleta mostrou a sua disponibilidade para continuar a jogar seja porque equipa for, afirmando em discurso directo, - O João joga com qualquer camisola. O João só precisa de carro, motorista, massagistas e outro pessoal, que faz sempre falta para que o João não esteja só, e o mesmo ordenadito, porque o João já está habituado e agora era mau momento para mudar a situação do João.

JUKEBOX (2)


VÓTÁIL NÍL PELO APOCALÍPSE



Imagem retirada daqui.


Os irlandeses podem estar a preparar-se para dar uma lição às lideranças europeias. Neste momento, as últimas sondagens revelam a possibilidade do Não vencer no único país onde, por imperativos constitucionais, a clique “europeísta” não conseguiu evitar o pronunciamento dos cidadãos.
A católica Irlanda desafia assim a ameaça de apocalipse que os governos europeus dizer poder recair sobre a Europa em caso de chumbo do Tratado Europeu.
Os irlandeses votarão por todos os povos europeus a quem foi vedada essa possibilidade. O seu possível Não, não será um não à Europa, será antes um sim à democratização do processo de construção europeia. A Europa e os seus povos agradecer-lhes-ão.
Eu agradeço.

A FÉ DE PACHECO


Imagem retirada daqui.

A eleição de Ferreira Leite alcançou já um efeito assinalável. Consegui colocar Pacheco Pereira a dizer bem de um líder do seu Partido. Teve contudo um efeito nefasto, avivou a veia de crente do mesmo Pacheco, que agora até já acredita em milagres!
E ainda...
A FÉ DE PACHECO, via PONTOS SOLTOS.
Pacheco Pereira, desde a vitória de Manual Ferreira Leite, preconiza a vitória do PSD nas legislativas de 2009, e leva as suas palavras a tal ponto que quase se consegue notar nelas um laivo de religiosidade e fé, que praticamente elevam a nava líder do partido ao estatuto de Messias. Um novo dogma-fé foi encontrado.Só falta saber até onde irá a fé deste homem, ficando na dúvida se ele irá ingressar mais tarde as fileiras de pessoas que acabaram por ser desiludidas pela religião.

O NÃO IMPRESSIONÁVEL



Via Henricartoon
"A moção de censura do CDS/PP foi chumbada como era de esperar. Fazia parte das acções Primavera/Verão estabelecidas pelo partido de Paulo Portas. Ninguém votou a seu lado. Mas a verdadeira moção de censura veio da rua. 200 mil pessoas a protestar contra a proposta de revisão do Código do Trabalho não deve ser levada de ânimo leve. E já é a segunda grande manifestação, se tivermos em conta a de 18 de Outubro passado. O fim do ciclo político, no qual Sócrates se desdobra em iniciativas para colocar "Portugal no Futuro", está a ser ensombrado pela situação económica e social, que já conheceu melhores dias. Continuamos a ser o país da Europa ocidental com uma classe média a resvalar para níveis de pobreza preocupantes. Contrastamos com os dirigentes das grandes empresas nacionais que superam em muito os salários médios dos seus congéneres europeus. Até dos ricos países nórdicos. Sinais de preocupação que o governo não pode desvalorizar, acusando uma esquerda, na qual se inclui Manuel Alegre, de ser do bota abaixo. Sócrates tem de compreender que não é com miragens de TGVs ou inaugurações da agenda pré-eleitoral que ainda se mobilizam pessoas. Quanto ao argumento de pôr as contas em dia também já não é sufuciente. Bruxelas já tem os resultados que queriam. Os portugueses ainda não."

2008/06/04

NA NOSSA ALDEIA, QUE DEUS A PROTEJA, VAI PASSAR A PROCISSÃO!


Texto de Bruno Simão, a convite da Afilhada do Marquês

Sacavém celebra esta semana o 11º aniversário de elevação a cidade. É sem dúvida alguma uma data que merece ser assinalada, promovendo-se em torno dela os eventos que justamente a dignifiquem. Sendo um título meramente honorífico, é mais um elemento de valorização da comunidade, que deve ser aproveitado no sentido de dotar de conteúdo o título.

A Junta de Freguesia assinala esta data com a realização de alguns eventos. Amanhã, realiza-se uma Sessão Solene evocativa da data. Seguindo a tradição, será uma sessão exclusiva, onde, mais uma vez, não terão direito de uso de palavra os representantes dos diferentes grupos políticos com assento na Assembleia de Freguesia. Desta, prática reiterada, sai ferida a observação da pluralidade, sendo um sintoma de falta de maturidade democrática e de urbanidade. Por isso mesmo, no ano passado, a Assembleia de Freguesia de Sacavém aprovou por unanimidade uma recomendação para que os princípios da representatividade e da pluralidade fossem observados pela Junta de Freguesia, sempre que estivessem em causa actos solenes da sua responsabilidade. A Junta de Freguesia optou por ignorar tal recomendação e entende ser legítimo excluir as oposições, como se elas não fossem parte integrante da comunidade, legítimas e sufragadas.

Em Sacavém, cidade há 11 anos, continua-se a cultivar e a praticar uma política de campanário, sem audácia nem rasgo. Uma política pouco exigente, rotineira e avessa à crítica. O poder é exercido de modo autocrático, como se a legitimidade eleitoral para o exercício do poder tivesse sido um acto de escritura pública de transferência de propriedade do interesse público local.

Ao fim de quase 3 mandatos anos de gestão socialista em Sacavém, a jovem cidade, é uma zona cada vez mais periférica e deprimida. Parte dessa depressão resulta do processo de desindustrialização da cidade, que lhe amputou um dos seus mais importantes factores identitários e fonte de importantes dinâmicas sociais e económicas. A depressão sente-se no comércio local, na pouca dinâmica associativa e social, em suma, na gradual perda de vida própria numa localidade, que acentua os seus traços de dormitório. Este facto não pode ser assacado à gestão local, porque pouco dependia dela a inversão desse processo. Contudo, é-lhe imputável a ausência de estratégias que compensassem esse declínio.

Não é expectável uma repetição da história, nem a edificação de novas fábricas. O passado é isso mesmo, passado. Por isso, deve-se cuidar do futuro. E é esse cuidar do futuro que está em falta.

Mesmo, quando surgem oportunidades, como sejam as intervenções do PROQUAL, a sua gestão tem sido tão desastrosa, que não só não se aproveitam os recursos ganhos, como ficam por resolver parte importante dos problemas, criando-se até novos.

No caso das obras do PROQUAL, não se pode deixar de referir que nas obras em curso, os atrasos são de tal ordem, que a actual orientação da Câmara Municipal, é não avançar mais nenhuma data de conclusão. O imbróglio e os incómodos gerados, a par da arrogância municipal e local na gestão da obra, não criaram as condições para que no decurso das obras fossem tidas em conta as preocupações dos cidadãos. Aliás, os beneficiários das melhorias, aqueles que as suportam e a quem elas se destinam, chegaram mesmo a ser destratados quando levantaram dúvidas sobre a bondade de algumas das soluções encontradas!

Neste caso, a Junta de Freguesia facilmente definiu o seu campo, preferindo servir de almofada ao legítimo descontentamento das pessoas em relação à Câmara Municipal, em vez de assumir o seu papel de porta-voz dos seus anseios.

A subserviência da gestão do PS em Sacavém face às opções da Câmara Municipal e ao Governo tem sido um dos seus traços distintivos. Na má tradição das Regedorias, a Junta de Freguesia incapaz de produzir e defender um conceito de cidade, acolhe acriticamente todas as opções superiores sem as questionar ou analisar à luz do que são os interesses da comunidade.

Aconteceu assim com a desactivação do Quartel do Adidos, momento em que a Governo com o beneplácito da Câmara Municipal, mas também da Junta de Freguesia, decidiu atender aos seus problemas orçamentais em vez de atentar aos interesses da Cidade.

Aconteceu assim com o negócio em torno das áreas de cedência das construções da antiga Fábrica do Arroz, profundamente lesivo dos interesses da cidade.

Aconteceu com a despudorada cumplicidade em relação aos abusos da Câmara e do construtor no aterro realizado junto à Ribeira do Prior Velho e cujos resultados são conhecidos de todos.

Acontece assim com o silêncio em relação à ocupação que o novo Centro de Saúde terá, e que resultará numa diminuição dos serviços inicialmente previstos, dando cobertura a uma decisão do Governo que não interessa a ninguém e que tem merecido forte contestação.

Acontece assim, sempre que o Presidente da Junta responde, perante um problema concreto, um bem rústico, “A Junta não tem nada com isso!”. Ignorando que nada do que se passa numa autarquia deve ser alheio ao seu autarca. Ignorando que a um Presidente de Junta está acometido um papel que vai bem além do de mero zelador. Deve ser um agente de informação e intervenção, que tem como principal preocupação o bem-estar dos seus representados, antes de qualquer outro interesse.

Sacavém tem um zelador empenhado, mas pouco eficaz, que perspectiva de forma desadequada o seu papel e as necessidades da comunidade a que preside. Que convive bem com uma aldeia de procissões e arraias, não sentindo que uma cidade deve ser um pouco mais do que aquilo que entende ser suficiente.