2007/08/11

DE VOLTA AO ALENTEJO



“A posse da terra constitui a pedra angular da estratificação de Vila Velha”


Muitas das “leituras obrigatórias” que fiz, muitas delas tornaram-se momentos de prazer, subvertendo a sua natureza inicial. De entre essas destaca-se o livro de José Cutileiro, Ricos e Pobres no Alentejo. Este livro é uma investigação antropológica realizada durante a década de 60 do século passado no Alentejo Rural. Foi editado pela primeira vez em 1971, pela Universidade de Oxford, sendo a sua edição portuguesa apenas 1977. O livro é um retrato do Alentejo rural, das suas estruturas sociais, das suas crenças sociais e morais.
Várias vezes depois da primeira leitura, voltei a ele, para leituras parcelares. Quando o comprei, a única edição disponível era ainda a de 77. Lembro-me que depois de muito procurar encontrei-o numa livraria, já com os cadernos soltos e a capa descolada, paguei-o barato a preço de 77, escrito a lápis, quase sumido. Li-o, com o recurso a um marcador e a um elástico, que utilizava para manter unidas as páginas que teimavam em dispersar-se. Nunca o colei. Gostava dele assim. Um dia emprestei-o. Deve ter sido a alguém de quem gostava muito, tendo em conta o valor que ele tinha para mim, mas esqueci-me a quem.
Encontrei uma nova edição da Livros Horizonte, reproduz na íntegra a versão de 1977, mas tem um bónus, um prefácio de José Cutileiro, escrito para esta edição em 2004.
O texto é um breve comentário à Vila Velha, quarenta anos passados, tão diferente da relatada no livro, que remete o texto original inexoravelmente para a categoria de documento histórico. Em tempo de descanso e passeio, este livro é uma viagem a um passado distante.

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