2007/07/18

LARANJEIRA



São as laranjas brasas que mostram sobre os ramos
as suas cores vivas,
ou rostos que assomam
entre as verdes cortinas dos palanquins?
São os ramos que se balouçam, ou formas delicadas
por cujo amor sofro o que sofro?
Vejo a laranjeira que nos mostra os seus frutos:
parecem lágrimas coloridas de vermelho
pelos tormentos do amor.
Estão congeladas, mas, se fundissem, seriam vinho.
Mãos mágicas moldaram a terra para as formar.
São como bolas de cornalina em ramos de topázio,
e na mão do zéfiro há martelos para as golpear.
Umas vezes beijamos os frutos
outras cheiramos o seu olor,
e assim são alternadamente
rosto de donzelas ou pomos de perfume.




Ibne Sare

(nascido em Santarém, faleceu em 1123, quando Portugal independente ainda não havia surgido)


António Borges Coelho - "Portugal na Espanha Árabe"

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