2007/07/16

DE VOLTA A 1755


Depois do livro de Rui Tavares O pequeno livro do grande terramoto, cruzei-me acidentalmente com 1755 – O grande terramoto de Filomena Oliveira e Miguel Real. Esta peça de teatro, cuja leitura é extremamente fácil pela riqueza das anotações de encenação que tem, oferece-nos um retrato da ascensão de Sebastião José Carvalho e Melo, mas entronca esse percurso em multlipas estórias, ora paralelas, ora convergentes. O texto prende-nos e impacienta-nos, porque da habilidade de criar pequenos enredos secundários, resulta que o leitor, que se poderia desinteressar da narrativa central por já lhe conhecer historicamente a conclusão, se mantém expectante do desenlace de todas as outras.
Atravessa o texto um braço-de-ferro constante entre um Portugal velho, feudal, cheio de privilégios, enquistado e temeroso das mudanças e um novo país comercial, desenvolto e, desesperadamente, aspirante a ocupar um lugar de relevo no seu espaço continental.
As ruínas de Lisboa, soterram, pessoas, bens e ambientes, mas também mentalidades, crenças e posturas. Ao edificar a nova Lisboa, ergue-se um novo país, moderno, burguês, sem escravos, sem cristãos-novos e com escolas públicas.

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