2007/06/22

GRANDE TERRAMOTO


Todas as catástrofes naturais deixam marcas na memória colectiva e histórica, mas o mais comum é que o difícil processo de digestão colectiva dessa memória traumática resulte numa memória romanceada, cheia de valorizações e não comiserações.
Quando se fala de Terramoto de 1755, dificilmente a ideia que nos domina o pensamento será a da destruição. Lembramo-nos da Baixa Pombalina, das suas rua largas e da sua traça geométrica e regular. Lembramo-nos de Pombal, o Marquês. O homem providencial. Mais dificilmente nos lembramos do Monarca reinante e quase seguramente que não nos inundam a memória lembranças de palácios, templos ou espaços de Lisboa irremediavelmente perdidos para sempre naquela manhã de 1 de Novembro de 1755. Só recordamos o pós-terramoto, ou o que dele resultou.
Também nunca temos em memória as pequenas histórias de famílias ou de indivíduos no contexto do terramoto de Lisboa, ou sequer noção do eco estrondoso que o acontecimento teve pela Europa fora.
Por tudo isto, para os mais curiosos, O Pequeno Livro do Grande Terramoto, de Rui Tavares, é uma agradável experiência de leitura. Ligeiro e fluído apaixona e prende. Não consegue ser lido, é logo lido.

Sem comentários: