2007/09/28

O REI VAI NU



No passado dia 25 de Setembro, o Palácio onde vivo, foi palco de mais uma Assembleia Municipal.
Continua para mim, que não sou de cá, a ser um espectáculo surpreendente, digno de uma película de Fellini, não fosse o caso dele já não se encontrar entre os vivos.

Um deputado interpela o presidente da CML, sobre um problema de um curso de água que está a ser aterrado, apresentando-lhe factos a necessitar de esclarecimento sobre a actuação da CML. Diz ser esta a quarta reunião em que apresenta o tema.
O presidente acusa os elementos da bancada do tal deputado, de usarem palas e depois diz umas coisas que ninguém entende, que vale mais ser lebre que burro, ou que as lebres chegam primeiro que os burros… E que vai fazer um referendo!?:..
Um rapazito tolo, com uma grande gravata, gesticula, elogia o presidente, diz que está farto daquela conversa, que não é preciso perguntar as coisas tantas vezes, que ele é tão bom, fala tão bem.
O vereador mais novo do mundo está estarrecido, não é que o da gravata fala tão bem, nem gagueja nem nada. De boca aberta, inveja aquela ilustre prestação.
Enquanto isto, uma balzaquiana recentemente chegada das dietas do celeiro, exibe os resultados através de uma saia castanha saltitante que absorve os olhares.
Um presidente de junta dado a construções, brinca com um barquinho de papel que docemente coloca na cabecinha oca da companheira de bancada. Por trás um homem invisível pavoneia o seu fato encarnado da Gant, comprado na contrafacção, e sente-se tão elegante que nem consegue seguir o circo.
Na outra bancada um deputado grande, de cabeleira farta e sedosa, empunha um cachimbo recém-adquirido e lança olhares à saia castanha, enquanto conta os votos que acabou de comprar. Abre a boca e fala de uma festa de há quase trinta anos que os comunistas fizeram em Loures e dos prédios que existem agora no mesmo local, insinuando fantasmas, os mesmos que lhe têm ensombrado a vida.
O presidente fala outra vez, ninguém o percebe, quase todos concordam e dizem que o fato é lindo.

Mas a mim pareceu-me que o rei vai nu.

JÁ ESTÁ EM SEGUNDO LUGAR, EXEQUO COM O VEREADOR ANTÓNIO PEREIRA




O recém-chegado à equipa maravilha que agora governa o município de Loures, disputa já o lugar cimeiro no Ranking da Tirada Mais Palerma. Esta competição, altamente renhida, é liderada com grande conforto pelo Presidente da Câmara Municipal de Loures, que tem ganho vantagem ao seu concorrente mais directo, o Vereador António Pereira, que tem perdido pontos pelo facto de já quase não o deixarem dizer ai. Contudo, o Vereador do PSD que está a substituir o Vereador Frasquilho, mostra ter qualidades suficientes para fazer empalidecer o líder da tabela. Sobre a questão da oposição dos autarcas comunistas e da população de Santa Iria à construção de um supermercado LIDL no local onde esperavam ver construído um Centro de Saúde, o senhor lembrou-se de desabafar a sua incompreensão pelo facto de eles não quererem este supermercado, acrescentando, logo este que é destinado às classes mais baixas!

SENDO ASSIM, VAMOS A VOTOS!




Em 16 de Maio, no texto “Foi Você que pediu um LIDL” dava contra da surpreendente decisão da Câmara Municipal de Loures de permitir a construção de um supermercado da cadeia LIDL em terrenos para os quais estava destinada a construção do novo Centro de Saúde de Santa Iria de Azóia.
Já nesse momento se levantaram as vozes dos autarcas dessa freguesia contra essa decisão. De pouco parecia servir esse esforço. Porém, não só os autarcas não encaravam esta solução como algo aceitável, como também os habitantes da freguesia não se conformaram com a perspectiva de verem os terrenos centrais disponíveis servirem para instalar um supermercado em vez do centro de saúde. Assim, mãos à obra, e conseguiram reunir mais de 4000 assinaturas, que foram enviadas à Câmara Municipal, manifestando o seu desagrado. Estas mais de 4000 assinaturas representam cerca de 40% dos eleitores da Freguesia de Santa Iria de Azóia.
Confrontado com esta posição de força, o Presidente da Câmara Municipal, disse na última reunião da Assembleia Municipal, que não percebia o descontentamento das pessoas, porque o local onde ele quer ver instalado o LIDL é mau!
Pois bem, o local é tão mau, tão mau, tão fora de tudo que nem se percebe como quer este supermercado lá instalar-se!
Mas não haja problema, porque o Presidente da Câmara, em vez de recuar na sua posição, prometeu um Referendo.
Soube já o teor da pergunta e ele deixa-me receoso em relação ao resultado.
Concorda com a construção do novo centro de saúde, em local central e com boas acessibilidades e transportes?
Suspeito que vá ser taco-taco, pelo que inicio já a campanha pelo SIM.

2007/09/25

"...E HOJE FIZ UM AMIGO..."




Houve um assalto a um banco na Mealhada.
Uma jovem relata o que viu, realçando o facto de o assaltante, na fuga, ter deixado cair algumas notas que ela prontamente cobriu com o corpo, apanhou-as e entregou-as “…ao senhor do Banco, claro!...”.

Iniciou-se hoje o julgamento do proprietário de uma mercearia que, alegadamente, será o responsável pela explosão de umas bilhas de gás que comercializava, originando um incêndio, a morte de dois idosos e a perda de habitação dos moradores do prédio.
Uma das habitantes do referido prédio, entrevistada pela televisão, diz não ter apresentado queixa contra o merceeiro porque “eram amigos e o que perdeu foi tão pouco…”.

No PSD o circo instalou-se de vez, para grande alegria do PS, que lá segue o seu caminho para ocupar todo o espaço dos amigos.
Eles desconfiam uns dos outros, eles pagam as quotas uns dos outros, outros dizem que as quotas não servem para nada, eles ameaçam-se. Enfim…


Porque é que esta nossa gente que, apesar de tudo, ainda consegue preservar alguns dos valores que nos tornam humanos, tem de carregar com este fardo?!

O PRESENTE QUE CANTA


Imagem retirada daqui.


Tenho tentado, do lado de cá, ir espreitando por cima da serra para ver o que se passa lá onde não se vê a partir da janela do meu Palácio dos Marqueses da Praia em Loures.
Uma ou outra deambulação da minha afilhada, tem-me permitido ir conhecendo o que se por lá se vai passando, mas agora existe uma forma mais fácil de saber como se vai por Sacavém.
O recém criado Magazine de actualidade da Cidade de Sacavém – SACAVÉM ACTUAL, que parece tê-lo sido em espírito Kim Il Sunguiano, tem curtos e esclarecedores textos e longos vivas aos Presidentes.
Daqui, de facto nunca tinha reparado, que em Sacavém existe neve branca todo o ano no cume das altas montanhas, que os prados têm a permanente doçura da primavera e que o presente cantas suaves melodias.
Vergo-me, reconhecendo com humildade a injustiça das críticas que teci várias vezes àquilo que me parecia o caos instalado na cidade de Sacavém. Afinal as ruas não estão sujas, as obras não têm sido mal planeadas, pior executadas e com atrasos monumentais, o espaço público não está degradado e repleto de painéis publicitários, alguns deles autênticos montes de sucata, não existem lixeiras um pouco por todo o lado onde um terreno vago espera um novo mamarracho, o estacionamento e a circulação automóvel não são caóticas, os peões, em especial os de mobilidade reduzida, não vivem numa cidade impraticável, nem nada disto incomoda e retira qualidade de vida às pessoas. No plano cultural a cidade não é um marasmo, pelo que a oferta de qualidade e consequente é mais que muita.
Por tudo isto, o blogue Sacavém Actual, entrará, sem mais delongas, para a lista dos Outros Palácios a visitar regularmente.
Que o sol do eterno amanhecer continue a inspirar o seu autor.

2007/09/20

O CAÇADOR SIMÃO




Tudo o que se foi escrevendo sobre Aquilino Ribeiro, a sua escrita, mas sobretudo a sua acção política, nomeadamente a sua alegada ligação à Carbonária, trouxe-me à memória um poema, escrito no início de 1890, de Guerra Junqueiro. Depois do recente Ultimato Inglês ter desviado Guerra Junqueiro para as barricadas republicanas, escreveu sobre o jovem D. Carlos "O Caçador Simão" onde parodiava de forma violenta o afastamento do Rei em relação às grandes questões do reino e da governação, referindo a sua absorvente actividade de caçador. Simão era um dos apelidos de D. Carlos. Escrito 18 anos antes do regicídio do Terreiro do Paço, o poema condensa de modo violento e incrivelmente premonitório o reinado de D. Carlos e o seu trágico desfecho.
Até ao 1 de Fevereiro de 1908 a Monarquia Portuguesa deu corpo ao poema de Guerra Junqeiro, altura em que Alfredo Costa e Buiça decidiram escrever a última estrofe.

Jaz el-rei entrevado e moribundo
Na fortaleza lôbrega e silente
Corta a mudez sinistra o mar profundo …
Chora a rainha desgrenhadamente
.
Papagaio real, diz-me quem passa?
É o príncipe Simão que vai à caça.
.
Os sinos dobram pelo rei finado …
Morte tremenda, pavoroso horror!...
Sai das almas atónitas um brado,
Um brado imenso d’amargura e dor …
.
Papagaio real, diz-me, quem passa?
É el-rei D. Simão que vai à caça.
.
Cospe o estrangeiro afrontas assassinas
Sobre o rosto da pátria a agonizar …
Rugem nos corações fúrias leoninas,
Erguem-se as mãos crispadas para o ar!...
.
Papagaio real, diz-me quem passa?
É el-rei D. Simão que vai à caça.
.
A Pátria é morta! A Liberdade é morta!
Noite negra sem astros, sem faróis!
Ri o estrangeiro odioso à nossa porta,
Guarda a Infâmia os sepulcros dos Heróis!
.
Papagaio real, diz-me, quem passa?
É el-rei D. Simão que vai à caça.
.
Tiros ao longe numa luta acesa!
Rola indomitamente a multidão …
Tocam clarins de guerra a Marselheza
Desaba um trono em súbita explosão!...
.
Papagaio real, diz-me, quem passa?
É alguém, é alguém que foi à caça
Do caçador Simão!...


Guerra Junqueiro

SÓ NOS FAZEM PASSAR VERGONHAS!




SEMANA EUROPEIA DA MOBILIDADE, FEIRA MEDIEVAL DE SACAVÉM E PINTURA DA PASSADEIRAS


Numa visita à pagina do projecto “SEMANA EUROPEIA DA MOBILIDADE” esbarrei com o resumo do projecto de Loures, enviado pelo Departamento do Ambiente.
O resumo que não dispensa uma leitura atenta, destaca-se desde logo pelo facto de para nenhuma das localidades candidatadas, o Departamento do Ambiente ter conseguido apresentar um projecto que passasse na larga malha de critérios que o programa tem.
Assim, seja para a European Mobility Week, seja para o "In town, without my car!” a Câmara Municipal não conseguiu elaborar um projecto de participação minimamente cuidado. Se se voltar à página onde se podem consultar os resumos das restantes cidades e municípios portugueses, podemos constatar que o grau de exigência dos projectos é diminuta. O grande objectivo do projecto é a sensibilização e a educação ambiental. Nem isto Loures conseguiu fazer. De entre o grande esforço a que o município se dispôs para ser aceite nesta acção europeia destacam-se as seguintes acções: pintura de passadeiras, arranjo de passeios, avaliação da necessidade de transportes colectivos(?) e a “Realização de Feira Medieval no âmbito pedestre e de demonstração da mobilidade sem utilização do veículo automóvel”.
Há coisas fantásticas não há? Realização de Feira Medieval no âmbito pedestre e de demonstração da mobilidade sem utilização do veículo automóvel”?! Quererá isto dizer que se utiliza a Feira Medieval como demonstração da mobilidade sem a utilização de veículos automóveis porque na altura só existiam carros puxados por bestas e não guiados por elas, ou será que para chegar à Feira Medieval que se realiza no Parque Tejo é necessário ir a pé, porque o trânsito estará cortado algures antes de lá se chegar? Mas esta iniciativa não nos foi apresentada como forma de assinalar o Dia Mundial do Turismo?

Percebe-se melhor a recusa do Vereador Paulo Guedes da Silva em comentar o desempenho do Vereador do PSD que tem o Pelouro do Ambiente, dizendo que até hoje não existia nada digno de registo ou comentátiro. Até a mim me envergonha!

2007/09/19

APRENDIZAGEM





Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.
Eugénio de Andrade

ARREAR A GIGA

Não é uma expressão muito elegante, mas para tornar a prosa mais acessível a todos os mortais utilizo-a. Mas não é só pela acessibilidade da expressão que a mesma se utiliza aqui, mas por que ela nos permite descer facilmente ao nível a que anda a acção política em Loures.
A Loures TV, a CNN de Loures, tem um novo espaço/programa, uma espécie de Grande Entrevista. Neste primeiro programa convidaram o Vereador Guedes da Silva, aquele do PSD, que ficou fora do acordo celebrado com o Vereador que está a substituir o Vereador Frasquilho. È um documento a não perder.
No seu estilo contido e sóbrio, o Vereador Guedes da Silva explica ao pormenor o seu ponto de vista sobre a actual coligação entre o PSD e o PS em Loures, acabando por dar, ainda que não perceba, todos os argumentos para que os eleitores de Loures, nas próximas eleições, passem como cão por vinha vindimada ao chegarem ao quadradinho no boletim de voto identifica o PSD.
Ao denunciar aquilo a que chama “Carnaval prolongado” nas negociações entre o PS em Loures e uma parte do PSD, sôfrega pelo poder, ao explicar os meandros da decisão, mais não diz que não seja que no PSD, o poder delegado democraticamente através do voto pode ser facilmente subvertido por estratégias pessoais de poder, que pouco ou nada têm que ver com projecto ou perspectivas políticas.Tem Paulo Guedes da Silva razão quando critica estes métodos, mas eles no PSD em Loures não são conjunturais, fazem parte desde há muito do seu código genético.

CONCURSO




Contaram-me que decorre em Sacavém um concurso que se desenvolve em duas fases:

1ª fase
Periodicidade – semanal
Prémios – estadia para toda a família do vencedor, num hotel de três estrelas, no concelho da Amadora.

2ª fase
Periodicidade – todo o período das obras
Prémios – apartamento tipo T3, longe, muito longe de Sacavém.

Seguem alguns exemplos das perguntas do concurso.

1ª fase
Por onde se circula, hoje, na Rua Estado da Índia?
a) Pelos buracos da esquerda.
b) Pelo precipício do centro.
c) Pela brita da direita

Qual o melhor local para estacionar o carro?
a) Na Portela.
b) No Prior Velho.
c) Na Bobadela.

Como vão as crianças da Quinta do Património para a escola dos Bombeiros?
a) De helicóptero.
b) Acampam no pátio da escola.
c) Arriscam-se diariamente a atravessar o perímetro das obras.

Como se deslocam os idosos e pessoas portadoras de deficiência?
a) Ficam em casa a ver a Fátima Lopes.
b) Chamam a ambulância.
C) Pedem aos trabalhadores da obra que os levem ao colo.

2ª fase
Esta é uma fase mais abrangente, pelo que se aceitam respostas livres.

Qual a data do final das obras?
Semelhanças entre o estado actual das obras e o projecto apresentado?
Qual a data do início das obras na Praça da República?
Existe projecto para utilização de botes, lanchas, barcos, para a travessia da Estado da Índia, nos dias de chuva?
Quantas e qual a forma definitiva das rotundas?
Quantos quilos de pó se acumularam em cada habitação?
Quantas vezes foram vistos os técnicos da CML a inspeccionar as obras?

Quantas pessoas se lembrarão da falta de respeito dos eleitos do PS para com a população, nas próximas eleições autárquicas?

Eu, apesar de estar há pouco tempo no concelho, em acomodações gentilmente cedidas pelo meu ilustre padrinho, Marquês da Praia, não posso deixar de concorrer. Até porque os prémios são tentadores.

"MAIS NÃO PUDE."*

*Aquilino Ribeiro


Imagem retirada daqui.


A senhora Ministra da Educação anunciou publicamente o aumento do número de alunos no 3º ciclo e no secundário, fruto de uma maior oferta dos cursos de educação/formação, nas nossas escolas.
Fazendo uma breve abordagem às escolas do nosso concelho e falando com elementos de um grupo de trabalho que desenvolveu a sua acção nessa área, há já dois anos, constatei que de facto, neste momento, é quase moda que as escolas tenham ofertas de cursos de educação/formação para os alunos cujo currículo normal se revelou de difícil assimilação, havendo mesmo no 2º ciclo, já um número significativo de cursos.
Acontece que grande parte dos cursos disponíveis, juntam na mesma turma, alunos difíceis, com comportamentos conflituosos e com um grande historial de más notas.
A vertente prática desses cursos permitirá uma atitude dos alunos mais adequada à vida de uma escola. Por isso, se questionarmos os docentes que aí trabalham, estes mostram-se mais tranquilos, pois o clima é ligeiramente mais calmo, sobretudo para os docentes que não trabalham nessas turmas. Por outro lado, tendo os “alunos problema” sido afastados das turmas ditas normais, há um ambiente propiciador das aprendizagens para os já “bons alunos”.
Então se é assim, óptimo!
Mas debrucemo-nos sobre qual o tipo de oferta que os ditos cursos apresentam. Estará de acordo com as motivações dos alunos? Estará de acordo com as ofertas de trabalho futuras? Permite aos alunos traçar o seu projecto de vida compatibilizando a formação com a sua viabilidade futura? Ter-se-á planeado que “tipo de trabalhadores necessitamos” para que o país, ou seja, todos nós, possa caminhar no sentido do desenvolvimento e da inovação? É garantida a formação académica básica, considerando a participação cívica que se deverá exigir a um futuro adulto?
Pelo que me foi dado ver, a maioria dos cursos foi organizada de acordo com a disponibilidade dos recursos humanos da escola, considerando as capacidades físicas e de equipamento que, como se sabe, são muito baixas. E assim há cursos de jardinagem, de auxiliar de acção educativa, de técnico de reprografia, de cabeleireiros, de informática, de empregados de comércio…

Hoje foram transladados para o Panteão Nacional, os restos mortais de Aquilino Ribeiro. No elogio fúnebre foi duramente criticada a total ausência da obra literária do escritor nos currículos nacionais das nossas escolas.

Para que precisarão os alunos dos cursos de educação/formação, cada vez em maior número, conhecer a vida e obra de Aquilino Ribeiro?

Deixa-os jardinar em paz. As rosas são tão bonitas…

JÁ FOI DADA A DELIBERADA


Já foi alvo de deliberação O ASSUNTO MAIS IMPORTANTE QUE SERÁ TRATADO NA PRÓXIMA REUNIÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES I Após longo e desgastante debate, a proposta foi aprovada por unanimidade. Todos os Vereadores, da maioria, da oposição e dos assim-assim, votaram-na favoravelmente. Bonito exemplo este, quando o assunto é determinante, o interesse partidário sempre se subalterniza ao bem colectivo.


Ponto n.º 14 – Proposta n.º 486, aprovação da aceitação de doação de quatro chapéus de sol, da empresa Teresa Guilherme, SA

COISAS DO DIA A DIA, O FASCISMO É UMA MINHOCA…


Imagem retirada daqui.


Ontem, não sei se por causa de um jantar mal digerido após uma ida forçada a um restaurante chinês (esta critica gastronómica nada tem de sintonia com as recentes posições da Maria José Nogueira Pinto, talvez o resto do texto tenha.), se pelo facto de ter adormecido cedo, enquanto via uma reportagem sobre Aquilino Ribeiro na Casa Grande de Romarigães, passei uma noite sobressaltada, que oscilou entre o sonho desassossegante e espertina.
Pela manhã, na previsão de um dia difícil em virtude de uma noite agitada, lembrei-me de um dos sonhos. A vacuidade da recordação apenas permite fixar a imagem de uma casa em escombros e fumegante, após o que me parece ter sido um violento incêndio.
Que terá isto com o restaurante chinês, a comida agri-doce e o Aquilino Ribeiro. Talvez nada, mas neste texto tudo.
A transladação dos restos mortais de Aquilino Ribeiro para o Panteão Nacional tem gerado fortes críticas de alguns sectores da sociedade portuguesa. Umas fundamentados na especulativa participação de Aquilino na conjura conducente ao regicídio, participação que me parece improvável, e outras na desvalorização do seu legado literário. Aquilino era um Republicano Laico, um republicano verdadeiro, seguramente conspirativo e revolucionário, e um dos nomes mais marcantes da literatura nacional.
O que os críticos não lhe perdoam é o facto de Aquilino não ter sucumbido às tentações totalitárias e ter sido um irritante anti-salazarista. Esse é o problema, ainda há quem se irrite com anti-salazaristas!
A casa em cinzas, que me arrancou ao sono, é o estado em que hoje se encontram os ideais republicanos de Aquilino.

POSTAL ENVIADO POR SÓCRATES A MENDES E MENEZES DEPOIS DE TER VISTO O DEBATE ENTRE AMBOS


Imagem retirada daqui.

SÓ LIDO.


"Trabalhadores da Valorsul estão em greve desde a meia-noite
18.09.2007, in Público
Os trabalhadores da empresa de tratamento de resíduos sólidos Valorsul iniciam à meia-noite de hoje uma greve contra o valor dos aumentos salariais, que consideram "injusto". Os trabalhadores pretendem também impedir uma "retirada de direitos" do acordo de empresa. As tensões entre os cerca de 260 funcionários e a administração da empresa já se arrastam há alguns meses, tendo motivado uma primeira greve de dois dias em Maio. "Na altura, a administração tinha abandonado o processo negocial do acordo de empresa. Chegou a retomá-lo, mas agora volta a não querer alterar as suas posições", lamentou José Pereira, dirigente do sindicato Sinquifa. O sindicalista disse à Lusa que houve uma "imposição" de aumentos salariais de 1,5 por cento para os trabalhadores, enquanto que os administradores beneficiarão de aumentos na ordem dos 30 por cento.
José Pereira adiantou que a greve irá impedir apenas por 32 horas a deposição de resíduos nos quatro concelhos onde se localizam as instalações da empresa e em Odivelas, não colocando em causa a higiene pública dos municípios afectados. "
Actualização:
Só agora me lembrei de uma pergunta que foi feita a um post mais antigo sobre a Valorsul. Um dos comentários perguntava qual era o mal que a Administração da empresa andava a fazer aos trabalhadores. Esta notícia talvez sirva de resposta.

2007/09/18

PALAVRAS



Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.


Alexandre O'Neill

2007/09/17

COISAS DO DIA A DIA. ESPIRITUALIDADES


Imagem retirada daqui.

Tenho uma amiga que é solicitadora de uma imobiliária. No início da semana passada foi contactada por um cavalheiro que pretendia adquirir em Lisboa um apartamento com uma tipologia determinada informando que era proprietário também de uma habitação em Lisboa que pretendia vender. Informou-a de que a sua disponibilidade era de 250 000 euros. Solícita, a minha amiga, consegui marcar as primeiras visitas a imóveis disponíveis ainda no final da semana. Na hora marca e local acertado lá se encontrou com o cavalheiro com quem só havia conversado telefonicamente. Apareceu, segundo a sua descrição, um jovem, aí pelos trinta e poucos, bem parecido, ar próspero e viatura em consonância. Foram de imediato visitar o primeiro imóvel. Visita feita, iniciaram o caminho para o segundo, momento para se tratarem de pormenores. A minha amiga lá o foi avisando que se teria de coordenar os tempo da venda do imóvel dele com a compra do novo, por causa das implicações financeiras, ao que ele lhe respondeu, que não existia esse problema, porque ele, embora quisesse vender o actual apartamento, não estava dependente dessa operação para poder financiar a segunda compra. Então ela perguntou-lhe se ele já não tinha encargos financeiros com essa habitação. O jovem, respondeu-lhe que quando comprou o seu actual apartamento há quatro anos, contraíra um empréstimo de 200 000 euros, mas que estava quase liquidado. A conversa fez uma pausa, houve três ou quatro frases de circunstância sobre o trânsito e o tempo, e a minha amiga perguntou-lhe, em que ramo trabalhava ele. Sou conselheiro espiritual, respondeu. O resto da história fica reservada…

É JÁ DEPOIS DE AMANHÃ!


É já depois de amanhã que saberemos como se posicionarão as peças no xadrez político do município, na hora de debater O ASSUNTO MAIS IMPORTANTE QUE SERÁ TRATADO NA PRÓXIMA REUNIÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES I
Esteja atento à deliberação, dia 19 de Setembro.



Ponto n.º 14 – Proposta n.º 486, aprovação da aceitação de doação de quatro chapéus de sol, da empresa Teresa Guilherme, SA

NA CASA DO VIZINHO VI


MEDIEVAL! E PORQUE NÃO?

"Todos sabemos que os portugueses, com frequência, oscilam de humor: entre o profundamente deprimido e o esfusiantemente sarcástico. Neste momento, os idiotas (i.é. pessoas que têm ideias) que projectaram uma Feira Medieval em Sacavém estão a ser alvo de um arrasador anedotário. A Câmara de Loures a cobrir-se de ridículo e o Presidente da Junta a encharcar a Cidade de "editais" à boa maneira medieval.
Será justo? Eles têm-se esforçado. Têm tentado de tudo para dinamizar o Turismo em Sacavém. Desde o "Fiasco Juvenil":

A uma panóplia de artistas de gabarito:


"O grupo musical Fernando Alves Trio abriu o programa animando o público presente. Muitos foram os que saltaram da cadeira para darem o seu pezinho de dança.Já a noite ia longa, quando subiu ao palco uma artista bem conhecida do público, Ágata, que cantou alguns dos temas mais famosos contando com o acompanhamento de pequenos e graúdos. (...) Fernando Marcos, (...) Carlos Teixeira, (...), Pedro Farmhouse, (...) António Pereira." (in Boletim Municipal nº 25)Tudo tem sido estratégicamente estudado para dar elevada expressão turística a Sacavém, Moscavide, Bobadela e Prior-Velho, terras com elevado potencial para o efeito.


Porque não tentar agora a Feira Medieval ? Julgo que está fadada ao sucesso. Veja-se bem se Sacavém não encontrou finalmente uma vocação (de Cidade medieval) desde que está a ser gerida por quem está:


1. Só crescem muralhas. Nada mais evoluí. Característica estrutural da Idade Média;
2. Cercada de paredões, ameias, panos de muralha e linhas de água, tem ou não as características próprias das cidades (castelos) medievais?
3. A Cidade está suja, feia e mal-cheirosa. São ou não sintomas clássicos das urbes medievais?
Concordo que não pode deixar-se de sorrir com o espanto daqueles que perguntam: então vieram fazer a 1ª feira medieval em 2007 ?!... Foi atraso dos comboios ou quê?
Mas bem sabemos que promover o turismo é uma arte. E as artes profundas precisam de tempo para desabrochar. Provavelmente, ninguém tinha percebido que fazer Sacavém andar para trás décadas em tão pouco tempo era uma estratégia assumida para lhe dar um cunho medieval que só os turistas e os seus sensíveis narizes são capazes de reconhecer. Ora, estes políticos estão a fazer arte. Turística, mas também, histórica e sociológica.Sacavém, é hoje um verdadeiro atelier de artistas que desfazem, achincalham e espezinham a história, as tradições, as vivências e até os edifícios notáveis. Ao mesmo tempo e à boa maneira americana, tentam construir uma nova história, dar novas referências e dessocializar a comunidade das suas principais referências. E para que conste, estão a ter sucesso!Porque não fazem a Feira Medieval na Rua dos Mastros ? Era, o mais adequado. Mas quem é que sabe onde é a Rua dos Mastros em Sacavém ?E porque não uma Feira Medieval ? Note-se que é uma iniciativa praticamente inovadora. Assim, por alto, só se conhecem as poucas Feiras Medievais de:Alfândega da Fé, Aljubarrota (Alcobaça), Alvalade (Santiago do Cacém), Arcos de Valdevez, Belmonte, Belver, Bragança, Caminha, Canas de Senhorim, Castelo da Foz (Porto), Castro Marim, Cinfães, Coimbra, Guarda, Lamego, Lindoso, Macedo de Cavaleiros, Montalegre, Montemor-o-Novo, Óbidos, Palhaça (Oliveira do Bairro), Penamacor, Penedono, Penela, Porto de Mós, Sabrosa, Santa Maria da Feira, Seixal, Silves, Trancoso, Virtudes (Azambuja).


Como se vê, tudo locais com castelos e urbes de inferior qualidade turística em relação a Sacavém. Reafirmo, esta Feira Medieval está fadada para o sucesso turístico.Pelo que se percebe, os hotéis de Lisboa e arredores, estão já concentrados no aluguer de viaturas - e diz-se mesmo que de comboios especiais, mas disto não há ainda certeza - para transportar todos os seus hóspedes para a Feira Medieval de Sacavém.Os hóspedes mais entusiamados com a iniciativa, dizem-nos, são os do Hotel de Sacavém. Pois, esse, o que já foi anunciado 73 vezes no Boletim Municipal!Ora, com tantos atractivos turísticos, tantos hotéis, uma Cidade lindíssima e limpíssima, um rio transparente e um castelo altaneiro, pergunta-se:


Para quê o sarcasmo e as piadolas?

Porque não, uma Feira Medieval ?"


Via, texto e imagens, Lingua de Perguntador



2007/09/14

FEIRA MEDIEVALÍSSIMA!


Não, não fui comprar caramelos.
Fui visitar Sacavém para me inspirar. Respirar o ar da Idade Média para poder decidir da minha participação na 1ª Feira Medieval.
E não é que mal cheguei, me cheirou mesmo a Idade Média!
O odor pestilento não provinha de esgotos a céu aberto, que tanto quanto sei, esse problema não existe no concelho, há largos anos. Do Trancão, apesar de não ser inodoro, não era. Do lixo abundante nas ruas, seria?... Dos contentores do lixo conspurcados e a deitar por fora, talvez.
Não interessa. O que importa é que facto, pelo cheiro a Feira correrá bem.
Segundo prisma de análise: as ruas. Pelas que visitei, até me pareceu bem. Sem alcatrão, irregulares, enlameadas, com bastantes buracos. Mais um ponto a favor.
Vestígios medievais. Aqui foi mais difícil.
Tirando as casas na parte mais antiga que apresentavam o desencanto das habitações medievais, mas em alumínio; tirando o emaranhado das ruas e ruelas que, com um bocadinho de boa vontade e imaginação, servem para o efeito, mais nada vi. Está bem, apontaram-me uma torre medieval que seria o local onde se faziam as cobranças dos impostos. Mas tinha tanto estuque, alguma tinta, que não sei se não foi a vontade extrema do habitante que ma indicou que fez a classificação temporal. Neste ponto a Feira tem nota negativa.
Fui analisar as margens do rio Trancão. Contentores, edifícios recentes, armazéns… Vestígios da navegabilidade, nada. Salinas da margem esquerda, nada. Ponte romana, nada. Local da batalha do D. Afonso Henriques contra os mouros, rien.
Novo prisma de análise: as pessoas e o seu conhecimento de Sacavém Medieval.
“O quê? Medieval? Mas isso tem a ver com a Maddie? Eu acho que os pais…”
“Oh minha senhora, não me mace, vim agora da bicha da Caixa. Estive lá desde as cinco da manhã e o c…. do médico faltou”
“Tou com pressa. O meu filho vai prá escola e tive de lhe arranjar a marmita com o almoço. A feira é ao sábado ao pé do campo. Experimente se é aí.”
Resolvi ir ao senhor Presidente da Junta de Freguesia:
“ É uma coisa bonita, a Feira. Eu, quando vim para cá morar, Sacavém já existia, portanto é uma terra muito antiga. Deve ser histórica. Eu já mandei pintar os “corrimões” para tudo correr bem. O senhor Presidente da Câmara teve esta ideia quando foi almoçar a Vila da Feira e pensou «Então estes têm uma Feira Medieval e nós não temos?! Era o que faltava. Se em Santo Antão fazem lá uma coisa parecida, em Sacavém também se faz. Porque eu sou um homem culto» Foi uma boa ideia a dele. Assim já calamos a oposição quando dizem que as nossas festas só têm música pimba. A senhora venha cá que isto vai ser muito bonito”
De facto Sacavém é o local ideal para uma Feira Medieval.

O ASSUNTO MAIS IMPORTANTE QUE SERÁ TRATADO NA PRÓXIMA REUNIÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES I

Esteja atento à deliberação, dia 19 de Setembro.
Ponto n.º 14 – Proposta n.º 486, aprovação da aceitação de doação de quatro chapéus de sol, da empresa Teresa Guilherme, SA

2007/09/13

DO CASTELO TRATA-SE DEPOIS!


Imagem retirada daqui.

É graçola recorrente em Sacavém, um episódio envolvendo a freguesia vizinha de Camarate, no qual esta exigia a construção de uma ponte, à semelhança da que existia em Sacavém. Impacientado, o alvo da exigência terá perguntado para raio queriam eles a ponte, se não tinham um rio.
A resposta foi pronta, tratem lá da ponte que do rio trataremos nós mais à frente!

De Camarate pode vir agora a desforra. Parece que se vai realizar uma Feira Medieval e Sacavém? Claro que mais à frente eles tratarão do Castelo!


De há uns anos a este parte multiplicaram-se pelo país as Festas, Festivais e Feiras de época, nas quais se recriam ambientes passados existentes nessas localidades. Em quase todas o tema/período histórico escolhido foi a idade média. Pelo romantismo cultural de que se reveste este período da nossa história, que se mantém desde Alexandre Herculano, a aposta tornou-se um sucesso em quase todos os lugares onde foi feita. Nuns casos com menos rigor histórico, noutros autênticos eventos culturais e académicos, onde o evento serve simultaneamente de envolvente a colóquios e conferências científicas sobre este período da história, como no caso do Festival Islâmico de Mértola, talvez o mais consistente do todos os eventos deste tipo, a todos une a existência de um ambiente patrimonial que previamente os enquadra e desse modo se valoriza.
Seja em Santa Maria da Feira, na Vila de Mões em Castro Daire, no Mercado Medieval de Óbidos, na Feira Medieval de Silves, na Feira Medieval de Montemor-o-Novo, no Festival Islâmico de Mértola, na Feira Islâmica de Cacela Velha, entre muitos outros, a valorização do património histórico, arquitectónico e cultural existentes, a par da promoção turística das regiões e localidades foram os principais objectivos dos promotores e organizadores deste tipo de eventos, sendo na sua maioria alcançados. Este eventos servem então de montra a uma oferta existente todo o ano e que pode funcionar como ponto de atracção turística, sendo, desse modo, um meio de valorização e desenvolvimento económico. Assim, os recursos empregues são um investimento eficaz e consequente.
No próximo dia 22 de Setembro, a Câmara Municipal de Loures, assinalará o Dia Mundial do Turismo com a realização da I Feira Medieval em Sacavém, no Parque Tejo-Trancão! Finalmente, após anos de evocação da data com concertos da Àgata e sucedâneos, o Município decidiu alterar a sua estratégia de promoção turística do Concelho, em especial da zona oriental, sacando da cartola uma Feira Medieval. Mesmo admitindo a minha distracção e falta de informação, este evento em Sacavém, menos que um fenómeno, é um epifenómeno. Escassos são os motivos, para evitar dizer nenhuns, que possam servir de justificação à sua realização em Sacavém. Falta-lhe motivo, enquadramento e consequência. Durando apenas enquanto existir, este evento é um morteiro de som forte, luz pobre e eco rápido.
Mais do que uma Feira Medieval, será uma feira de vaidades, vãs...

TIBETE, O PARAÍSO PERDIDO DOS DALAI LAMA


Imagem retirada daqui, 13º Dalai Lama.
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Perante o muito que se tem dito sobre a visita do 14º Dalai Lama, decidi publicar algumas notas soltas sobre o Tibete ao tempo dos Dalai Lama.


"Por altura da revolução, a população do Tibete vivia extremamente dispersa. Cerca de dois ou três milhões de tibetanos viviam numa área quase igual a metade dos Estados Unidos – 3,9 milhões de quilómetros quadrados [cerca de 40 vezes Portugal ou metade do Brasil – NT]. As aldeias, mosteiros e acampamentos nómadas estavam frequentemente separados por muitos dias de viagem árdua.
Os revolucionários maoistas viram que havia “Três Grandes Carências” no velho Tibete: carência de combustível, carência de comunicações e carência de pessoas. Os revolucionários concluíram que essas “Três Grandes Carências” não eram causadas pelas condições físicas, mas sobretudo pelo sistema social. Os maoistas disseram que as “Três Grandes Carências” eram causadas pelas “Três Abundâncias” da sociedade tibetana: “Abundância de pobreza, abundância de opressão e abundância de temor ao sobrenatural”.

"Os servos tibetanos raspavam as colheitas de cevada da terra dura com arados e foices de madeira. Criavam cabras, ovelhas e iaques para obterem leite, manteiga, queijo e carne. Os aristocratas e os lamas dos mosteiros eram proprietários das pessoas, da terra e da maioria dos animais. Forçavam os servos a entregar a maioria dos cereais e exigiam todo o tipo de trabalhos forçados (chamados ulag). Entre os servos, tanto os homens como as mulheres participavam no trabalho duro, incluindo o ulag. Os povos nómadas dispersos pelas áridas terras altas do Tibete ocidental também eram propriedade dos senhores feudais e dos lamas."

"Os servos eram tratados como seres “inferiores” menosprezados – tal como eram tratados os negros no sistema Jim Crow do Sul dos EUA. Os servos não podiam sentar-se nos mesmos sítios, usar o mesmo vocabulário ou comer com os mesmos talheres que os seus donos. Tocar num dos pertences dos amos poderia mesmo ser punido com chicotadas."

"Há relatos de mulheres queimadas por darem à luz gémeos ou por praticarem a religião tradicional pré-budista (conhecida como Bon). Os gémeos eram considerados prova de que a mulher tinha acasalado com um mau espírito. Os rituais e a medicina popular da Bon eram considerados “bruxaria”. Como noutras sociedades feudais, as mulheres da classe alta eram vendidas em casamentos arranjados. A tradição permitia que um marido cortasse a ponta do nariz da mulher caso descobrisse que ela tinha dormido com outra pessoa. As práticas patriarcais incluíam a poliginia (em que um homem rico podia ter muitas mulheres) e, nas famílias nobres das terras mais pobres, a poliandria (em que uma mulher era forçada a ser esposa de vários irmãos). "

"Cerca de 2% da população do Tibete pertencia a essa classe alta e mais 3% eram seus funcionários, encarregados, mordomos, gerentes das propriedades e oficiais dos exércitos privados. A ger-ba, uma minúscula elite de cerca de 200 famílias, governava no topo do sistema. Han Suyin escreveu: “Apenas 626 pessoas possuíam 93% de toda a terra e riqueza e 70% de todos os iaques do Tibete. Entre essas 626 pessoas estavam 333 dirigentes de mosteiros e responsáveis religiosos e 287 autoridades laicas (incluindo nobres do exército tibetano) e seis ministros do governo”.

"Os maiores mosteiros alojavam milhares de monges. Cada mosteiro “pai” criava dezenas (ou mesmo centenas) de pequenas praças-fortes dispersas pelos vales das montanhas. Por exemplo, o enorme mosteiro de Drepung alojava 7000 monges e era proprietário de 40 000 pessoas em 185 diferentes propriedades com 300 pastos."

"Os servos ficavam frequentemente doentes de desnutrição. A comida tradicional das massas é uma polpa feita de chá, manteiga de iaque e uma farinha de cevada chamada tsampa. Os servos raramente comiam carne. Um estudo feito em 1940 no Tibete oriental dizia que 38% das casas nunca tinham qualquer chá – e apenas bebiam ervas selvagens ou “chá branco” (água fervida). Setenta e cinco por cento das casas eram por vezes forçadas a comer relva. Metade das pessoas não tinha possibilidade de obter manteiga – a principal fonte de proteínas disponível.
Entretanto, um importante santuário, o Jokka Kang, queimava diariamente quatro toneladas de ofertas de manteiga de iaque. Calcula-se que um terço de toda a manteiga produzida no Tibete se transformava em fumo em quase 3000 templos, sem contar com os pequenos altares em cada casa."

Os parágrafos citados podem ser lidos no seu contexto original aqui.

FOI CLARAMENTE CARA NA MÃO!


Imagem da AP
Só alguém mal intencionado não vê que jogador sérvio se lançou violentamente contra a mão de Scolari!
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ACTUALIZAÇÃO
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Sendo assim, acho muito bem. Homem que homem, não se leva insultos para casa, apenas aceita chorudos salários.

2007/09/11

O OUTRO 11 DE SETEMBRO, COM O BENEPLÁCITO DO IMPÉRIO


Imagem retirada daqui.
" Ode ao Tempo
A tua idade dentro de ti
crescendo,
a minha idade dentro de mim
andando.
O tempo é resoluto,
não faz soar o sino,
cresce e caminha
por dentro de nós,
aparece
como um lago profundo
no olhar
e junto às castanhas
queimadas dos teus olhos
um filamento, a pegada
de um minúsculo rio,
uma estrelinha seca
subindo para a tua boca.
Nos teus cabelos
enreda o tempo
os seus fios,
mas no meu coração
como uma madresilva
está a tua fragância,
incandescente como o fogo.
Envelhecer vivendo
é belo
como tudo o que vivemos.
Cada dia
para nós
foi uma pedra transparente,
cada noite uma rosa negra,
e este sulco no meu ou no teu rosto
é um pedra ou uma flor,
recordação de um relâmpago.
Gastaram-se-me os olhos na tua formosura
mas tu és os meus olhos.
Sob os meus beijos talvez tenha fatigado
os teus seios,
mas todos viram na minha alegria
o teu resplendor secreto.
Amor, o que importa
é que o tempo,
o mesmo que ergueu como duas chamas
ou espigas paralelas
o meu corpo e a tua doçura,
amanhã os mantenha
ou os desgarre
e com os mesmos dedos invisíveis
apague a identidade que nos separa
dando-nos a vitória de um único ser final sob a terra. "
in, Odes Elementares, Pablo Neruda

2007/09/10

AGORA QUE O BURRO SE TINHA HABITUADO A NÃO COMER, MORREU!


Imagem retirada daqui.

“O primeiro-ministro, José Sócrates, considera que o sistema de ensino do país está a “ganhar eficiência” e que, actualmente, “há menos professores e mais alunos, assim como menos desperdício de dinheiro”. Uma das provas do resultado da política educativa do Governo é a subida em dez por cento da taxa de sucesso escolar no ensino secundário. “

Vária peças do anedotário popular poderiam ser utilizadas num primeiro comentário a estas declarações do Primeiro-ministro, mas a que primeiro me ocorreu foi a do camponês que, perante a elevada despesa que lhe dava o alimento do seu burro, decidira ir-lhe reduzindo a ração, ficando frustrado quando no momento em que o animal havia deixado de dar despesa, morrera!
Lendo a peça publicada na página do Público, pode-se resumir em dois traços a tese de Sócrates. Gastamos menos e estamos a fazer melhor. Mas estarão mesmo?

MAIS ALUNOS, MENOS PROFESSORES E MENOS GASTOS!

Parece o milagre da multiplicação dos pães, mas não se percebe se por esta evolução de rácios se se tem alterado o problema das turmas numerosas, que é um real entrave a qualidade das aulas, sobretudo nas escolas mais problemáticas. Tanto quanto sei, não. Por outro lado, o modo como o Governo tem implementado as suas medidas no sector, criou uma das maiores instabilidades de sempre no corpo docente. Duvido que desta situação saia melhorada a qualidade do ensino.
As escolas continuam a ter uma enorme escassez de meios, algo que se faz sentir com maior acuidade naquelas que se inserem em meios economica e socialmente mais desfavorecidos.

QUALIDADE E RESULTADOS!

Em contrapartida Sócrates afiança que os resultados escolares melhoraram, dando como exemplo o facto (ainda não conhecido) de que terão aumentado as transições com aproveitamento entre o 10º e o 11º anos, assim como terá aumentado a percentagem de conclusão do secundário. Neste aspecto, o que Sócrates não diz é que esse aumento se ficará, muito provavelmente, a dever ao aumento da cobertura dos cursos profissionais, que oferecem, na sua generalidade, vias verdes para a conclusão do secundário, com exigência reduzida e saldo final de formação nulo. A via profissionalizante, cuja importância justificaria uma abordagem diametralmente oposta àquela que está a ser seguida, serve sobretudo para este efeito. A propaganda.
Sócrates, em vez do malabarismo dos números, deveria ter condições para dizer ao país, não que se gasta menos na educação e que se arranjam expedientes para garantir taxas de sucesso, mas que o governo estava claramente apostado em formar as novas gerações, em dar-lhes instrumentos fundamentais para o seu desenvolvimento pessoal e colectivo, que isso estava a ser feito, discriminando positivamente os meios mais desfavorecidos, pelo que essas escolas tinham garantido o reforço de meios humanos e materiais para a prossecução da sua missão. Em vez disto, o Primeiro-ministro garante apenas que os alunos transitam e concluem, mas não nos pode dizer se aprendem.