2007/05/31

TAMBÉM EM SACAVÉM


Na Junta de Freguesia de Sacavém, o seu Presidente decidiu intervir no âmbito da Greve Geral de ontem, avisando os trabalhadores que da participação na Greve decorreriam algumas represálias sobre eles (ler comunicado do PCP).

Espero que a Junta de Freguesia de Sacavém tenha informado o Secretário de Estado da Administração Pública que a fraca adesão nesta autarquia não significa a concordância destes trabalhadores com as medidas do Governo para o sector, nem uma concordância expressa com o rumo político do País. Mas que ela resulta também das pressões ilegais dos responsáveis políticos desta autarquia sobre os seus trabalhadores.

BLOCO DE NOTAS


Na Câmara Municipal de Loures, os diligentes assessores, visitaram vários serviços no dia 29, questionando os trabalhadores se fariam greve dia 30 (ler mais).
Apesar de tudo a adesão no sector operário da Câmara rondou os 100% (foram trabalhar 10 pessoas), na área administrativa a percentagem acercou-se dos 70%.
Muito trabalho terão os senhores assessores para escrever tantos nomes. Durante alguns dias terão o que fazer!

O SUOR DOS OPERÁRIOS



“Confesso que este blog tem o seu interesse, só enjoa o carácter intelectual elitista de uma superioridade de esquerda. A esquerda que defende o proletariado não deveria ser mais terra á terra? Os intelectuais de esquerda têm um ar de superioridade intelectual sem sentido, ou não gostam do cheiro a suor dos operários?”


Ontem, foi dia de Greve Geral. Aderi à Greve, subscrevendo a agenda proposta pela CGTP. Fui solidário com os trabalhadores que, tal como eu, aderiram a esta jornada de luta. Mas fui também solidário com todos aqueles que pelas mais variadas razões foram trabalhar, apesar de, tal como eu, não estarem contentes com o rumo da política laboral do Governo.
Esta introdução é o mote para comentar o comentário, passo a redundância, que um operário (!) deixou aqui no blogue. Respondo já à pergunta final que me foi feita. É verdade que não gosto de cheiro a suor, seja o dos operários, seja o de outros quaisquer. O cheiro a suor é sempre uma coisa desagradável, quer para quem o emana, quer para quem o sente. Nada me enjoa mais que o cheiro a suor, no autocarro das 08h00 da manhã. Esta rejeição fará de quem a tem um sobranceiro intelectual? Não creio. Começa a discordância. A imagem descamisada, suja e malcheirosa dos operários constitui um fóssil mental. Existem, ainda hoje, operários que se enquadram nesses condicionalismos, mas a luta dos operários sempre foi pela superação dessa condição.
Ontem, durante a tarde, revi um pouco, do filme rodado em 1926, que foi a primeira adaptação ao cinema do romance a Mãe do Máximo Gorki. Ali é retratada a condição infra-humana na qual viviam os operários que Gorki conheceu no final do Sec. XIX e no início do Sec. XX. A miséria extrema e a violência eram a condição insustentável das massas operárias então. A luta daqueles operários não era a luta pela superação da sua condição de operário, mas sim pela alteração qualitativa do que essa condição significava na sua existência. Foi a luta pela sua dignificação. A luta dos trabalhadores logrou, ao longo do século XX, a alteração radical dessa condição. O desenvolvimento do capitalismo, a evolução tecnológica, a modernização das formas de organização do trabalho, e a luta dos trabalhadores, num processo complexo e interdependente gerou operários com menos odor. Ainda bem.
Outro comentário deriva da dicotomia falaciosa entre operário e intelectual. O intelecto é inerente ao ser humano. A possibilidade de cada ser humano se desenvolver intelectualmente sempre esteve na agenda do movimento operário. Alguns dos intelectuais mais bem preparados que conheço são, ou foram, operários.
Ou seja: um operário não tem de cheirar a suor e deve pensar e poder pensar.

2007/05/26

LÍNGUA DE PERGUNTADOR


Perguntar nunca ofende. As perguntas nunca são indiscretas, as respostas podem-no ser. Perguntar é um acto em vias de extinção. Já ninguém pergunta nada. Responde-se primeiro, pergunta-se depois. Nem já os jornalistas perguntam, “colocam questões”. Aliás, é cultura comum, que as melhores perguntas são aquelas que nem incomodem o "perguntado", nem exijam muito do "perguntador". Veja-se o conselho que é dado, na página do Expresso, a quem tiver de ir a uma entrevista de emprego. “Perguntas que não deve fazer; Não faça perguntas sobre o salário; Não pergunte nada sobre dias de férias; ou se existem benefícios extra.”

A melhor língua de perguntador é a do gato. É áspera e arrepia, tal como as melhores perguntas o devem ser. A visitar; LÍNGUA DE PERGUNTADOR.

2007/05/25

MÁRIO LINO, "GANDA" MALUCO

O camelo é um mamífero roedor que habita as regiões desérticas de África, Arábia e Ásia Central.Existem duas espécies de camelos: o dromedário ou camelo árabe, que tem uma só bossa, e o bactriano, mais comum na Ásia Central, que possui duas.(+)
Raramente deixo os meus domínios e me aventuro a colocar por aqui opiniões que resultem de peripécias de outros Palácios, que não o meu. Mas desta feita, não pode passar. Sem dificuldade o farei, porque o nível da política nacional anda pelos padrões da local cá da terra. Vem isto a propósito do despropósito das recentes declarações do Ministro Mário Lino. Cá por Loures temos o Presidente da Câmara que vai fazendo as despesas do delírio. Mas a República tem agora no elenco do seu Governo um Ministro que no campo do disparate é um pródigo. Cada tiro, cada melro. Cada cavadela, cada minhoca!
Em primeiro lugar gostaria de ter resposta a uma simples pergunta. Que se terá bebido naquele almoço com economistas? O produto tem futuro! Mas só isso não justifica o conteúdo das declarações proferidas. O homem não tem jeito nenhum para falar em público. Parte das exaltadas declarações pareciam as conversas que costumo escutar no café lá da rua, mas já perto da hora de se encerrar o estabelecimento.
Num almoço com economistas o nível, a complexidade e o rigor com que um Ministro da República justifica um investimento como o novo aeroporto internacional de Lisboa é aquele? Não sei se a opção que ele defende é a melhor, mas este tipo aparições deitam por terra a credibilidade que se deve ter no juízo político de quem tem em mãos uma tarefa de tão grande responsabilidade.
Morto que estou até me arrepiei!

2007/05/24

CONSTRUA-SE O AEROPORTO NA OTA



Na troca de argumentos entre os defensores da construção do novo aeroporto de Lisboa, admito existirem bons a maus argumentos para ambas as localizações. Contudo, defini ontem sem margem para dúvida a minha opinião sobre o assunto. Almeida Santos lançou para o debate o argumento demolidor que não pode deixar ninguém indiferente.
Perante a possibilidade da margem sul como local para a construção, argumentou: "E se dinamitarem uma das pontes?! O terrorismo está na ordem do dia. Como é que se chega a Lisboa?" (Almeida Santos) Não sendo os cacilheiros uma alternativa, está decidido.
Ota para sempre. A não ser que Governo decida construir uma ligação subterrânea entre as duas margens do Tejo.

MUDAR DE VIDA

2007/05/16

FOI VOCÊ QUE PEDIU UM LIDL?


A Câmara Municipal de Loures prepara-se para entregar ao LIDL, um terreno em Santa Iria de Azóia que estava reservado para a construção de um novo centro de Saúde e para o qual era ainda reivindicada a construção de um Posto da GNR.
Este terreno havia sido reservado para estes equipamentos por ser bastante central e de fácil acesso às populações. O LIDL acha o mesmo e a Câmara faz o jeito.

PSD/M, PSD/L, ACORDOS E DESACORDOS


Depois de quase quatro anos a viverem em união de facto, as estruturas distritais do PSD e do PS celebraram o casamento entre os dois Partidos para a gestão conjunta da Câmara Municipal de Loures. Primeiro, fica mais claro quais as alianças e os equilíbrios políticos em Loures. Para a clareza da vida política em Loures este acordo já consumado torna mais claras as responsabilidades políticas. Depois, o PSD passa agora a ser corresponsável, nos termos do acordo celebrado entre esses dois partidos, pela condução política dos negócios da Câmara Municipal de Loures. Falta porém, em abono da clarificação, conhecer quais são os termos desse acordo político. Para já conhece-se apenas, por despacho do Presidente da Câmara Municipal de Loures, que o eleito do PSD que está na Câmara em substituição do Vereador Frasquilho, assumirá os pelouros do Ambiente e do Turismo. Até agora apenas se conhece como face visível desse acordo a repartição de lugares, e talvez não todos ainda. Da dimensão política do acordo celebrado não se sabe nada, apesar de ser essa a parte mais importante de qualquer acordo político que se preze.

Ao esclarecimento público dos termos desse acordo estão obrigados ambos os Partidos, mas também o Presidente da Câmara Municipal de Loures, o Eng.º Carlos Teixeira. Aguardar-se-á melhor esclarecimento.

Fica porém para a história deste casamento a oposição de parte da família Social-democrata, que há muito se vinha publicamente indignando com os “jeitos” dados por um dos seus eleitos na Câmara Municipal à maioria do PS, mas mais se indignou com o processo da celebração deste matrimónio. Se do ponto de vista político estes “jeitos”, que tanto jeito deram ao PS em Loures, foram durante muito tempo apresentados como acções tresmalhadas da orientação partidária, eles foram agora caucionados pela negociação deste acordo. Pode mesmo afirmar-se que a responsabilidade política que se assacará doravante ao PSD tem efeitos retroactivos, que remontam a meados do mandato passado.

O PSD/M, (entenda-se Secção de Moscavide) que se opõe a este acordo, será tão responsabilizável quanto o PSD/L (entenda-se Secção de Loures), que negociou o acordo. Porque este entendimento teve a cobertura dos órgãos distritais de ambas as estruturas partidárias, mas também porque em política não cabem meias culpas, quando estas se justifiquem com falta de organização interna. É o PSD todo e uno, a entidade que a partir de agora terá também de prestar contas pelo rumo ou falta dele em Loures, o PSD/ML.

2007/05/15

SALDO NEGATIVO

Dói muito mais arrancar um cabelo de um europeu, que amputar uma perna, a frio, de um africano.
Passa mais fome um francês com três refeições por dia, que um sudanês com um rato por semana.
É muito mais doente um alemão com gripe, que um indiano com lepra.
Sofre muito mais uma americana com caspa, que uma iraquiana sem leite para os filhos.
É mais perverso cancelar o cartão de crédito de um belga, que roubar o pão da boca de um tailandês.
É muito mais grave jogar um papel ao chão na Suíça, que queimar uma floresta inteira no Brasil.
É muito mais intolerável o xador de uma muçulmana, que o drama de mil desempregados em Espanha.
É mais obscena a falta de papel higiênico num lar sueco, que a de água potável em dez aldeias do Sudão.
É mais inconcebível a escassez de gasolina na Holanda, que a de insulina nas Honduras.
É mais revoltante um português sem celular, que um moçambicano sem livros para estudar.
É mais triste uma laranjeira seca num kibutz hebreu, que a demolição de um lar na Palestina.
Traumatiza mais a falta de uma Barbie de uma menina inglesa, que a visão do assassínio dos pais de um menino ugandês

e isto não são versos; isto são débitos
numa conta sem provisão do Ocidente.

Fernando Correia Pina (Poeta português, nascido em 1954. Formado em História, vive em Portalegre, região do Alto Alentejo, junto à fronteira com a Espanha.

2007/05/12

JANELAS



Janela sobre um homem de êxito

Não pode olhar a lua sem calcular a distância
Não pode olhar uma árvore sem calcular a lenha
Não pode olhar um quadro sem calcular o preço
Não pode olhar um menu sem calcular as calorias
Não pode olhar um homem sem calcular a vantagem
Não pode olhar uma mulher sem calcular o risco.



Janela sobre o medo

A fome toma de pequeno-almoço, o medo. O medo ao silêncio adormece as ruas. O medo ameaça:
Se tu amas, terás sida
Se fumas, terás cancro
Se respiras, terás contaminação
Se bebes, terás acidentes
Se comes, terás colesterol
Se falas, terás o desemprego
Se caminhas, terás violência
Se pensas, terás angústia
Se dúvidas, terás loucura
Se sentes, terás solidão



Janela sobre as paredes

Escrito num muro de Montevideo: nada em vão, tudo em vinho
Em Buenos Aires: tenho ome. Já comi o f.
Ainda em Buenos Aires: ressuscitaremos ainda que nos custe a vida!
Em Quito: quando tínhamos todas as respostas, mudaram-nos as perguntas.
Em Rio de Janeiro: quem tem medo de viver, não nasce!



Janela sobre as ditaduras invisíveis

A mãe abnegada exerce a ditadura da obrigação
O amigo solícito exerce a ditadura do favor
A caridade exerce a ditadura da divida
A liberdade de mercado permite-te aceitar os preços que te impõem
A liberdade de opinião permite-te escutar os que opinam em teu nome
A liberdade de eleição permite-te escolher o molho, com que vais ser comido




Textos de Eduardo Galeano em português pelo tradutor Armando

2007/05/09

A JANGADA DA MEDUSA

“A Jangada da Medusa" Instalação no Museu de Cera de Paris


Ontem, no Editorial do Público José Manuel Fernandes, relembra o episódio histórico da Jangada da Medusa para tecer o requiem da esquerda francesa. Claro que todos sabemos que no caso de JMF, as suas análises estão sempre enquistadas pelos seus desejos pessoais. Nos ditos populares todos sabemos que anunciar extemporaneamente a morte de alguém significa prolongar-lhe a vida. Logo, na sua ânsia de concretização de desejos pessoais, JMF acaba por ser contraproducente.
Passado o intróito que justifica a utilização da imagem da Jangada da Medusa, passemos à história, ela mesma.
Este episódio da história encheu de horror e repulsa a sociedade europeia no início do século XIX. A fragata real Medusa saiu de um porto francês nos primeiros dias de Junho de 1816. A sua viagem deveria conduzir os seus ilustres ocupantes à costa do Senegal.
A lista de ocupantes era composta pelo novo Governador do Senegal, a sua família, altas patentes militares, altos funcionários, mais de meia centena de cientistas, soldados e marinheiros. A lotação total era de cerca de 400 pessoas. O comando da embarcação de tão ilustre destacamento ficou a cargo de um Comandante, pouco experiente, que recebeu a responsabilidade por confiança e reconhecimento político. A inexperiência do Comandante, aliada à sua sobranceria, levou ao naufrágio ao largo das Canárias.
O processo da evacuação do navio foi marcado pelo egoísmo e por actos de brutalidade. O Governador, parte das patentes militares, as suas famílias e o próprio Comandante ocuparam os salva-vidas disponíveis e, prometendo voltar com ajuda que nunca chegou, deixaram para trás cerca de 150 pessoas. Eles próprios, nunca mais apareceram. A escassez de alimentos e água desencadearam uma feroz luta pela sobrevivência. Mas essa luta ultrapassava os limites da vantagem no controlo da água, do vinho ou dos víveres. A luta era pela posição ocupada na Jangada, improvisada e pouco estável, onde estes náufragos se encontravam. Os lugares foram ocupados de acordo com o “estatuto” dos náufragos. Os oficiais e cientistas instalaram-se no centro da mesma, os soldados e os marinheiros, entretanto desarmados, foram remetidos para as bordas, que facilmente ficavam submersas. Na primeira noite desapareceram da jangada 20 pessoas. Durante, um motim, os oficiais mataram mais 65.
Passada uma semana apenas cerca de 30 sobreviventes restavam na jangada. Aí foram seleccionados os que se encontravam em melhores condições físicas e escolhidos os que, ainda vivos, seriam lançados ao mar.
O canibalismo foi a prática que permitiu a sobrevivência dos 10 náufragos, que acabaram por ser resgatados. De entre estes apenas um não era cientista, funcionário público ou oficial. A luta pela sobrevivência vitimou sobretudo os que, na jangada, ocupavam os estratos sociais mais baixos.
O exemplo da Jangada da Medusa, tão diligentemente utilizado por JMF para ilustrar a situação da esquerda francesa, aplica-se melhor na ilustração das sociedades construídas sob os ditames do neo-liberalismo social e económico. A França reforçou este caminho. As Jangadas do Medusa multiplicar-se-ão.

2007/05/06

O TÚNEL DO MARQUÊS

Marquês de Pombal, 1930

Buracos na zona do Marquês de Pombal, que metem água, não são uma novidade para o próprio, nem para o leão que o acompanha. Esta fotografia, que me foi enviada por mail, mostra-nos o Parque Eduardo VII, ainda antes de o ser, em 1930. Um lago, cheio todo o ano, era paisagem que encontrava quem subia a Avenida.

Obrigado pela foto.



LISBOA

"Ruínas do Carmo", Maluda


Sobre a actual situação de Lisboa optei por não escrever nenhum comentário. Contrariando a efemeridade dos vilipêndios que a cidade tem conhecido nos últimos anos, aqui está a serigrafia de Maluda “Ruínas do Carmo”. Exemplo de como a cidade possui uma capacidade milenar de se regenerar, mantendo sempre o seu brilho e a sua luminosidade.

FÉRIAS GRANDES COM SALAZAR


Estreou ontem, na Politécnica de Lisboa, a peça de teatro “Férias grandes com Salazar”. O texto é uma abordagem satírica de Salazar e de quase 50 anos da história de Portugal.

O REGRESSO DOS NEGREIROS


Tenho estado ausente. Aos que com regularidade visitam este espaço ofereço-lhes a explicação possível para a ausência. Por imperativos, fui destacado para uma campanha, não em África, mas que envolve negreiros.
No momento em que o discurso oficial do Governo, anda pleno de formação, qualificação, modernidade, novas oportunidades e choques tecnológicos, as pessoas concretas, a maioria dos trabalhadores, daqueles que acordam cedo e chocalham nos transportes públicos, lutam contra a imposição de relações laborais próprias do século XIX.
Em muitos locais de trabalho os trabalhadores são pressionados e mesmo intimidados a aceitarem a degradação das suas condições de trabalho e salariais. Mas estes não são aqueles a quem podem ser assacadas responsabilidades da “Crise”, são sim os da roda de baixo. São aqueles cujos salários não ultrapassa muitas vezes os 500 euros, mas a quem é dito que a malvada “Crise” exige deles mais trabalho, piores horários, maior precariedade e menor salário. Porquê? Porque parece que afinal a culpa é deles. Direi mesmo que a “Crise” é rentável, é um bom álibi, é uma boa finta!
Na prática é uma nova forma de escravatura, aquela que é imposta aos trabalhadores. Recupero aqui, apenas como mote de reflexão a teoria anarquista e anarco-sindicalista da Escravidão pelo Salário.
Na definição clássica de escravidão, os escravos eram (são, porque ainda existe) forçados a trabalhar, desprovidos de direitos, a troco de comida, condição elementar para lhes assegurar a sobrevivência e continuar o trabalho. Nas sociedades industrializada conseguimos identificar a escravidão que decorre da pobreza pelo salário. Para os anarco-sindicalistas e comunistas, da situação de pobreza e da falta de equidade na distribuição da riqueza produzida resulta este novo tipo de escravidão. Com o baixo salário que aufere, o trabalhador apenas pode precariamente assegurar a sua sobrevivência. Esta situação coloca-o ainda numa posição de fragilidade extrema no contexto da relação laboral. A liberdade formal do trabalhador, ao contrário da escravidão clássica onde o trabalhador era propriedade do esclavagista, fica neste contexto reduzida a uma sombra de si mesma. É-se livre, mas o exercício dessa liberdade está condicionado de forma impossibilitante.
O hiato entre a propaganda oficial, as condições de alguns e a vida da maioria das pessoas é um fosso extraordinário. Para a maioria dos trabalhadores o discurso do século XXI é incompreensível, na medida em que eles sonham em se manter no século XX, empurrados como se sentem de volta ao século XIX.