2008/04/30

O BALDE DA COLA OU DESCASCANDO A CEBOLA




«Quando é importunada com perguntas, a recordação assemelha-se a uma cebola, que quer ser descascada, para que possa vir à luz aquilo que é legível, letra a letra: raramente de forma unívoca, muitas vezes como escrita em espelho. A cebola tem muitas camadas. Mal é descascada, renova-se. Cortada, provoca lágrimas. Só ao descascá-la fala verdade. O que aconteceu antes e depois do fim da minha infância, bate à porta com factos e decorreu pior do que o desejado, quer ser contado às vezes assim, outras de maneira diferente e desencaminha para histórias de mentira.» Günter Grass

Mais uma Assembleia Municipal, mas uma miríade de extraordinárias revelações. É sempre assim, nem o Cirque du Solei no passeio marítimo de Algés consegue arrancar tantos esgares de espanto. Desta feita, o Presidente da Junta de Freguesia de Loures, João Nunes Dr., socialista, partilhou com estas paredes o seu passado Marxista-leninista. Revelou que também ele na sua juventude se deixou seduzir pelos ideais do Comunismo, chegando a engrossar as fileiras da organização de juventude do PCP. Nessa altura acreditaria em tudo! Nos amanhãs e nos anteontens e talvez até nos até logo das sociedades humanas. Disposto a tudo, deu-se de corpo e alma à causa. O seu brilho intelectual e justeza dos ideais deixavam-no antever um futuro radioso. Mas o sonho rapidamente se desfizera no dia em que, numa atroz manifestação de estalinismo puro e duro, daquele mesmo muito gelado, mais gelado que a rampa de plástico junto ao Loures Shopping, lhe deram um livro de rifas para vender. Ignomínia, um livro de rifas! Mas não seria preciso ninguém para redigir as teses ao próximo congresso? Uns textinhos para o avante ou um comunicadozinho. Vender rifas!? Neste momento deu-se a insanável ruptura ideológica. O sonho ruiu ao mesmo tempo que aumentava um temor. As rifas eram apenas a primeira fase de um percurso de repressão, perspectivava-se já no horizonte o inevitável balde de cola e um rolo de cartazes. Era o momento para a fuga. Safa!

2008/04/29

O(S) MILITANTE(S)




46) Nome: Pedro M.de Almeida Nunes Militante: 59184 Localidade: Loures

Este senhor, militante do PSD, subscreveu o manifesto de apoio à candidatura de Alberto João Jardim à presidência do PSD. O Palácio aprecia gente corajosa e audaz. O senhor quer mesmo que Alberto João Jardim concorra contra José Sócrates nas próximas eleições legislativas? Nem nos nossos pensamentos mais maldosos conseguimos desejar tanto mal ao PSD!
Actualização;
Há mais um!
259) Nome: Orlando Sancho de Lemos Militante: 7893 Localidade: Bucelas

ORA CÁ ESTÁ UM PENSAMENTO POSITIVO




O Ministro da Administração Interna acha que não é aconselhável estar um polícia sozinho numa Esquadra de Polícia! A invasão da Esquadra de Moscavide por um grupo, que varia com as fontes, entre as 10 e as 20 pessoas deixou evidentes alguns dos problemas da segurança, não só em Loures, mas um pouco por todo o país.
Além da situação em si mesma, este acontecimento é um daqueles que contribui para o desprestígio da autoridade do estado e para o aumento do sentimento de insegurança das populações. No futuro, quando um cidadão de Moscavide se sentir inseguro e necessitar de protecção, não sei se a Esquadra da PSP será a sua primeira escolha!

CANÇÕES DE ABRIL A MAIO (4)



2008/04/28

A DESQUALIFICAÇÃO DO TERRITÓRIO




O Governo anunciou hoje, com grande festival multimédia, o projecto Nova Alcântara, continuando a colocar a requalificação da frente ribeirinha da cidade de Lisboa na agenda pública. Lisboa, não ignorando a importância que as estruturas portuárias têm para a cidade, tem tentado desafectar todas as áreas possiveis dessa utilização, devolvendo-as ao usufruto da comunidade e reforçando a ligação da cidade ao Tejo. Essa reconversão foi bem conseguida na intervenção da Expo 98, na frente ribeirinha entre Alcântara e Belém e nas recentes intervenções entre o Terreiro do Paço e o Cais do Sodré.
As localidades ribeirinhas vão-se apercebendo da mais-valia económica da sua ligação às frentes de rio na promoção de valores ambientais, turísticos e identitários.

Se em vários lugares assistimos a este movimento, em Loures circula-se em contra-mão. Durante décadas a ligação das suas freguesias ribeirinhas ao rio esteve hipotecada pela existência de um denso tecido industrial, que se estendia de Sacavém até Vila Franca de Xira. A progressiva desactivação dessas empresas criou novas perspectivas de gestão e ocupação desse território. O desafio que se colocava era o da requalificação ambiental da frente ribeirinha e ao mesmo tempo criação de novos pólos de desenvolvimento económico de novo tipo, que ocupasse a vacatura deixada pelo fim das actividades industriais tradicionais. A estratégia parecia clara. Atrair actividades de maior valor acrescentado e pouco impacto ambiental. A interligação desse espaço com os núcleos urbanos existentes, deslocando para lá equipamentos e criando espaços de fruição colectiva.
A Plataforma Logística da Bobadela veio hipotecar essa requalificação. Hoje, quem circular pela EN 10 ou pelo IC é confrontado com uma muralha contínua de contentores e parques logísticos que ocupam a frente ribeirinha de Bobadela, São João da Talha e Santa Iria de Azóia. Esta nova barreira, que se está a criar, mantém muitos dos problemas das antigas ocupações, sem o benefício do emprego. Ao contrário da antiga cintura industrial, profundamente importante para as comunidades vizinhas. Esta nova ocupação não traz quaisquer benefícios.
O Município de Loures não se pode alhear deste problema e o Governo, que tão pomposamente tem defendido a qualificação do território quando anuncia projectos em Lisboa, não pode promover o seu oposto logo ao lado.

VER PASSAR O FUTURO




É a primeira que neste Palácio se escreverá sobre a Freguesia de Unhos. Numa pequena busca pelos arrumos, não se encontrou, nos mais de 400 posts já editados, uma única referência a esta localidade. Por várias razões, históricas, geográficas e políticas, esta freguesia, cuja sede, Unhos, facilmente nos lembra uma aldeia transmontana, chegou a merecer a designação de “fim do mundo”, pelo facto de durante muitos anos existir apenas um caminho de acesso à localidade. Com os anos, o lugar do Catujal ultrapassou a sede de freguesia em número de habitantes e em vitalidade, o que chegou a originar um movimento autonomista, visando a criação da Freguesia do Catujal. Contudo, toda a freguesia sofre de profundos atrasos e problemas complexos. A maioria do tecido urbano resulta do crescimento de bairros de génese ilegal, tendo esta freguesia uma elevada mancha de zonas urbanas irrecuperáveis. As acessibilidades são muito deficientes. Faltam muitos dos equipamentos sociais que o tipo de desenvolvimento urbano não criou. A escassa massa crítica originou um meio que, não tendo já as características de uma localidade rural, como o terão ainda Bucelas, Fanhões ou Lousa, não é um espaço urbano coeso nem qualificado. É uma freguesia mal suburbanizada, feia, desequilibrada e desqualificada. Tudo isto gerou uma comunidade ensimesmada, pouco exigente e conformada. De todas as freguesias de Loures é mais subdesenvolvida. Surge agora nos documentos oficiais da República e da Administração ao mais alto nível porque será atravessada pelo TGV.

De acordo com as informações disponíveis, esta será a freguesia de Loures onde o impacto desta obra será maior. A Freguesia verá nascer um viaduto sobre o vale da ribeira da Apelação e um túnel sob alguns dos seus bairros mais problemáticos do ponto de vista urbanístico. Se os impactos já começam a ser previstos, ainda não se conhecem medidas preventivas e minimizadoras dos mesmos.

O seu atravessamento será inevitável, são os custos e as obrigações do desenvolvimento. A sua paisagem será radicalmente alterada. Por isso, em vez de um problema, Unhos pode ter aqui a sua derradeira oportunidade de requalificação. A complexidade dos problemas existentes e a enorme necessidade de recursos necessários para a sua resolução têm adiado as soluções. Neste adiamento têm responsabilidades as gestões municipais e os governos, que por impossibilidade, incapacidade ou mera incúria pouco agiram nos últimos anos. Esta é a oportunidade de assumir responsabilidades e de fazer justiça aos mais de dez mil habitantes de Unhos.

É necessário que o Município inicie com a Administração Central a negociação de um plano global de requalificação, cabendo-lhe as despesas de elaboração e proposta. Parte desse plano pode bem resultar da articulação de muitos dos instrumentos de planeamento já existentes ou em preparação, como o PDAM, os planos de urbanização e os estudos de reconversão das áreas urbanas de génese ilegal. Contudo, não pode terminar aqui, exigem-se do Governo a assunção das suas responsabilidades na resolução do problemas das áreas urbanas irrecuperáveis e dos realojamentos dos núcleos de barracas e de habitações degradadas ainda existentes. Mas o esforço de requalificação da freguesia deve ir além dos aspectos urbanos e do espaço físico, em simultâneo deve ser elaborado um plano de intervenção social com acções ao nível da rede de equipamentos sociais e de projectos concretos de valorização social e cultural da freguesia. A concretização destas ideias será sempre mais difícil do que o seu simples enunciamento, mas a sua necessidade e justeza obriga a uma acção rápida e decidida por parte do Município.

Seria profundamente injusto que no final deste processo, o futuro passasse por Unhos a 200 km/hora.

2008/04/27

SERVIÇO DE MALAPOSTA


Sacavém, 26 de Abril, 2008


Digníssimo Marquês

Há muito tempo que vou tendo notícias dos assombros e outros espantos que têm lugar nos salões do vosso Palácio. Vou lendo as vossas narrativas e com elas tomo conhecimento dos feitos daqueles que governam os lugares onde outrora vivemos.
De todos os descritos, causa-me mais espanto o Presidente da Câmara, detentor do cargo que já fora ocupado vosso filho Duarte Borges Coutinho de Medeiros Sousa Dias da Câmara, 2º Marquês da Praia e de Monforte.
Já era do meu conhecimento, o esforço feito pelo Presidente da Câmara Municipal para dar a conhecer a todos os municípes o calendário festivo da sua família. Em vários momentos, sejam solenes ou não, vamos amíude conhecendo as datas de aniversário de toda a família, do Presidente, do irmão, da mulher, do neto, da filha e dos pais.

Não posso discordar de vós, quando afirma que essas revelações pouco ou nada contribuem para aquilo que se espera que seja o discurso de um Presidente de Câmara. Percebo contudo o objectivo. Simular proximidade aos eleitores, sobretudo aos mais velhos, que podem não ver a Câmara Municipal empenhada na construção dos Centros de Dia, ou até desconhecer, aqueles que são proprietários de uma habitação, que se vão pagar mais de IMI, isso se deve àquele simpático senhor, que o município pouco se tem empenhado no processo de construção do Hospital de Loures e que tem sido conivente com o encerramento de serviços de saúde no concelho, tão importantes para os mais idosos, mas podem vir a saber que ainda na semana passada o malandreco do neto lhe sujou uma gravata com a papa.
Este apanágio do Presidente, cumpre dois objectivos meu caro, entreter e distrair. Entretem como o fazem as novelas de hoje e distrai do que é essencial, que são as suas responsabilidades em muitos dos retrocessos que se verificam nestes lugares de Loures.
Na passada sexta-feira, dia em que se assinalou o 34 aniversário da Revolução, almoçou o Presidente de Câmara nos meus jardins. Mais uma vez, discursando perante o povo desfiou banalidades. Porém, acrecentou uma novidade. Explicou aos presentes como se posicionava politicamente e porquê. O Presidente revelou que também ele era um filho de Abril. Porque partilhava dos valores? Porque defendia aquilo ou aqueloutro? Não, caro Marquês. Porque os seus pais fazem ambos anos no mês de Abril!
Coisas incríveis se ouvem nos tempos modernos!

Respeitosamente;


Maria Henriqueta Branco de Menezes
Baronesa de Pomarinho

NA CASA DO VIZINHO X




Muito se tem falado do alheamento das novas gerações em relação aos valores da cidadania. Isso é bem verdade. Em vez de divagar sobre o tema, o Palácio optou por chamar ao seu salão nobre o texto de uma jovem de Loures. O texto pode ser encontrado também aqui.




"Na passada sexta-feira, Portugal comemorou 34 anos de Liberdade. 34 anos volvidos, todos questionam a verdadeira importância da Revolução dos Cravos: um grito de liberdade? Uma revolução? Um ponto de viragem na História de Portugal? O símbolo da revolta contra o regime ditatorial? Um momento de união em torno da defesa dos direitos do Homem?
34 anos depois, há quem não saiba o que foi o 25 de Abril. 34 anos depois, há quem nem saiba o nome do primeiro-ministro. 34 anos depois, há também quem não vote. 34 anos depois, há até quem diga que “isto era melhor era no tempo de Salazar”, mesmo que não tenha conhecido esse “tempo”. 34 anos depois, Portugal vive mergulhado na agradável e fácil desinformação política, vidrado nas montras dos centros comerciais. Afinal, qual é a cor da liberdade?

Para nós, jovens, a liberdade sempre foi mais do que um sonho. Encaramo-la como um gene que trazemos desde que sentimos o Mundo, pela primeira vez. Não é nada que possamos perder, como o dinheiro e, talvez por isso, para muitos o dinheiro é mais importante. A liberdade não compra nada, o dinheiro pode ser trocado por telemóveis, computadores ou PDA. Os pais, em casa, dizem aos filhos que o dinheiro custa a ganhar… E a Liberdade, quanto lhes custou a Liberdade? Custou vidas, custou sonhos, custou casamentos, ambições. A Liberdade custou fugas, desencontros; custou palavras em silêncio. A Liberdade custou dores, gemidos, humilhações públicas.
Foi pela Liberdade que muitos filhos ficaram órfãos, muitas mulheres ficaram viúvas.
Foi pela Liberdade que nasceram heróis, de palavras tímidas, mas convictas, que faziam das lutas poesia cantada.

No dia 25 de Abril de 1974, todos os heróis saíram às ruas, convidaram o povo a cantar, com eles, Grândola, Vila Morena, abriram as portas das casas e dos corações à Liberdade, distribuíram conforto, paz, segurança, felicidade e direitos, um pouco por todo o País.
Graças a eles, hoje, todos os partidos políticos são legais, a saúde e o ensino são acessíveis a todos, há um ordenado mínimo nacional, que garante que todos tenham as “condições mínimas de vida”. Graças a eles, hoje, podemos manifestar-nos, podemos reivindicar os nossos direitos.
No entanto, parece que aquela sede de mudança inicial, assim que satisfeita, esfumou-se, ficou reduzida a umas quantas leis e a um saudosismo que tem expressão apenas quando há eventos comemorativos do 25 de Abril. Porquê?
Porque as pessoas foram fortemente modeladas pelo regime repressivo, estavam educadas para se comportarem segundo modelos rígidos que lhes impunham parâmetros. De repente, Portugal era livre, o seu povo era livre. A Liberdade foi encarnada, a Liberdade era o mito de sermos donos de nós mesmos, o que, legitimamente, nos levava a comportarmo-nos como donos de nós mesmos. Mas, não, a Liberdade é um conceito da democracia e da cidadania que não nos foi, nunca, ensinado.
Liberdade, para a maioria das pessoas, passou dum conceito vago, abstracto e utópico, para palavra de ordem, num só dia.

Como a Liberdade, certamente confundida com libertinagem, deu origem a uns quantos problemas de vizinhança, imediatamente a seguir ao 25 de Abril, nós, portugueses, como bons “desistidores” que somos, demitimo-nos do nosso papel de cidadãos. E, ainda hoje, adoramos dizer que “isso de política não é connosco”, é, claro está, com aqueles que se sentam nas cadeiras do Parlamento. A parte deles serem eleitos por todos nós fica com cada um, que é essa a única razão para o voto ser secreto.
É por isso que, 34 anos depois, se ouve questionar a importância do Dia D. É, aliás, por “dois issos”: o primeiro “isso” é o próprio 25 de Abril porque, antes dele, não nos era permitido questionar nada; o segundo “isso” é a falta de educação política/para a cidadania.
Levantemos, então, a cabeça e lutemos, sem armas, para repor a Liberdade como o centro, o motor da Democracia. Exerçamos os nossos direitos, cumpramos os nossos deveres.

É necessário, de igual forma, que o Estado seja capaz de encarar esta situação de hibernação política profunda como um ponto de viragem. Assim, cabe, não só às famílias fomentar a opinião crítica em relação aos problemas da actualidade, mas também à Escola e aos órgãos de comunicação social, na medida em que são transmissores de informação e valores sociais.

A Liberdade tem a cor dos nossos olhos, tem a força das nossas mãos e há-de ter asas, se nós quisermos voar."

Cátia Terrinca


2008/04/26

CANÇÕES DE ABRIL A MAIO (3)






A princípio é simples anda-se sozinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se no silêncio e no borborinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que leva a peito
bebe-se come-se e alguém nos diz bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Depois vem cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso por curto que seja
apagam-se duvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vaza
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Sérgio Godinho

POETAS DE ABRIL A MAIO (1)




Às Forças Armadas e ao povo de Portugal
"Não hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade"



Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
Quase, quase cinqüenta anos
reinaram neste país,
e conta de tantos danos,
de tantos crimes e enganos,
chegava até à raíz.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Tantos morreram sem ver
o dia do despertar!
Tantos sem poder saber
com que letras escrever,
com que palavras gritar!

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Essa paz de cemitério
toda prisão ou censura.
e o poder feito galdério,
sem limite e sem cautério,
todo embófia e sinecura.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Esses ricos sem vergonha,
esses pobres sem futuro,
essa emigração medonha,
e a tristeza uma peçonha
envenenando o ar puro.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Essas guerra de além-mar
gastando as armas e a gente,
esse morrer e matar
sem sinal de se acabar
por política demente.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Esse perder-se no mundo
o nome de Portugal,
essa amargura sem fundo,
só miséria sem segundo,
só desespero fatal.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
Quase, quase cinquenta anos
durou esta eternidade,
numa sombra de gusanos
e em negócios de ciganos,
entre mentira e maldade.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Saem tanques para a rua,
sai o povo logo atrás:
estala enfim, altiva e nua,
com força que não recua,
a verdade mais veraz.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Jorge de Sena, 1974
Imagem retirada daqui.

2008/04/23

A EUROPA NA BANCA DO PEIXE - RELOADED



A EUROPA NA BANCA DO PEIXE


Alzira -Temos tratado.

Cidália -A “Europa” esteve em Lisboa para se consertar. Viaturas, líderes, fatos pretos e azuis às riscas, passadeiras, televisões, directos, satélites, batedores, jantares, almoços, bilaterais, multilaterais, unilaterais, fotografias, famílias políticas, parentes próximos, sorrisos amarelos, gargalhadas, terras desconhecidas, aritméticas estranhas, e tanta, tanta coisa, que os aldeões boquiabriram.

Alzira - Estivemos bem.

Cidália -Estivemos à altura. Colocámos na mesa o melhor serviço, aquelas porcelanas da avó, e foi tudo do bom e do melhor.

Alzira -E a Europa?

Cidália -Disso saberão eles. Eles é que sabem. Estão lá devem saber o que estão a fazer. Nós disso não percebemos nada. São coisas complicadas, negociadas, ponderadas, salvaguardadas e segredadas, para nosso bem. Eles lá sabem.

Alzira -Eles sabem tudo...

Cidália -Até sabem que nos podemos enganar, não por mal, mas por ignorância. Nada melhor que zelarem para que não nos possamos enganar. Nada melhor do que nos evitarem a angústia da escolha e da decisão.

Alzira -Até porque para decidir eles é que são pagos.

Cidália -Se trocam peixe por gás natural, auto-estradas por couves-de-bruxelas, sapatos por queijo francês e telemóveis por sol e porque isso é mesmo necessário.

Alzira -Combinaram tudo bem combinadinho...

Cidália -Até combinaram que nem nos iriam aborrecer com escolhas que não sabemos fazer.

Alzira -Temos tanta sorte!

Cidália – Ora, o peixinho são 15,30€.

Alzira – Anote aí. O meu homem ainda não recebeu este mês e com o garoto de volta à escola isto tem sido uma ginástica.

SEMENTES



Vivo num país de mar.
De alecrim.
De sementes.



E às vezes esqueço-me. Do mar, do alecrim, das sementes. Parece-me que as sementes não nascem. Que o alecrim perdeu o cheiro. E que o mar é só água.
Não me apetece ler, não me apetece escrever.


Mas depois acontecem pequenas coisas, pequenos gestos, pequenas brisas, que me fazem reagir. Sentir que afinal o mar é uma larga estrada, que o alecrim, junto com o cheiro dos cravos, faz explodir as sementes que teimam em romper a terra.
Foi o que me aconteceu hoje.

Fui visitar uma amiga a uma escola. Grande, de muita gente. E no bar da sala dos professores, estava a Elsinha. Minha conhecida desde há alguns anos. Serviu-me um café, acompanhado de um abraço apertado. Com dificuldade cortou o croissant e disse "OH M.. está tudo bom?" Estava optimo.


Porque me fez lembrar que estamos em Abril e que foi um mês como este que permitiu que a escola dos outros fosse também a dela.
A Elsinha tem Trissomia XXI e está a aprender a ser grande.

“SE NÃO SOUBERES, COPIA”



No seu livro “Como se faz uma tese” Umberto Eco, após explicar os caminhos metodológicos necessários à realização de uma investigação social e à condensação desses conhecimentos numa tese, aconselha no final, com grande dose de humor, que mesmo após a observação dos princípios enunciados, aqueles que não se encontrem capazes para tal empreendimento, devem procurar a biblioteca de uma universidade remota, escolher uma tese desconhecida e copiá-la. O conselho visava salvaguardar aqueles que posteriormente teriam de ler o trabalho realizado. Assim, não só se pouparia o plagiador de árduos trabalhos, como se poupariam os leitores à leitura de trabalhos medíocres.
Este conselho foi ontem seguido pelo porta-voz do PS na Assembleia Municipal de Loures, Tiago Abade. Perante a dificuldade de empinar meia dúzia de ideias para uma intervenção para a Sessão Solene sobre o 25 de Abril, cingiu-se à leitura integral de um texto de Eduardo Prado Coelho.
Deste modo alcançou os dois objectivos propostos por Umberto Eco. Poupou-se ao trabalho, que mesmo que o tivesse, resultaria numa intervenção um pouco aquém do sofrível, brindando a Assembleia com um momento de boa literatura. Quando digo que se poupou ao trabalho, é bem verdade. Esta intervenção, fiz as contas, demorou 2 minutos de 37 segundos a ser feita. Este tempo incluía pesquisa simples no Google com as palavras “Prado Coelho 25 Abril”. O motor de busca fornece-nos o texto logo na quinta entrada, no sítio do Centro de Documentação da Universidade de Coimbra. Copiar e colar em 5 segundos, e pouco mais para a formatação do texto. A impressão a laser é um tirinho e já está.
No contexto, conseguiu ainda, apesar das discordâncias possíveis face ao conteúdo, por proferir a melhor intervenção do PS neste mandato. Claro está que se do ponto de vista literário a escolha foi boa, o conteúdo político pautou-se pela vacuidade. Mas não se pode ter tudo e vale mais ser assim!
Espero que este momento tenha sido a inauguração de um novo estilo de intervenção do PS.

Cá vai o texto, que merece ser lido.


Já foi há 25 anos

“Sabes que houve uma primeira vez que eu tentei explicar o 25 de Abril, e que foi um verdadeiro fiasco? Estávamos ainda em plena efervescência, naquela espécie de Maio de 68 dilatado, passado e repassado em câmara lenta às vezes exasperante, outras vezes contagiante e comovedor, e, sabe Deus porquê, os senhores da embaixada da Bulgária acharam que eu devia lá ir escolher filmes para uma semana de cinema búlgaro, que se passou ali no Apoio 70. Escolhi para abertura do Festival um filme feito por estudantes, alunos de uma escola de cinema, sobre uns jovens que roubavam carteiras nas ruas de Sófia, e aquilo nem caiu muito bem em termos oficiais, mas era do mais fresco e saudável que por lá vi. E na Bulgária deram-me uma guia, que era filha de um cineasta, que lia Freud às escondidas na biblioteca da Alliance Française, e a quem deixei os romances de Pierre Jean Jouve que levava comigo, e ela queria saber o que era o 25 de Abril e eu explicava com o entusiasmo de quem supunha (ou supunha que supunha...) que estava a inventar uma coisa inteiramente nova, que tínhamos começado a construir uma alternativa ao capitalismo, que no entanto não tinha aquele ar de pesadelo totalitário em que se tinham transformado os países de Leste, e ela a parte final até entendia, entenderia até melhor que eu, mas o principio suscitava-lhe engulhos, e de repente quase gritou para mim: «Mas o que é que vocês têm contra o capitalismo?...

Aí percebi que estas evidências nunca são inteiramente partilhadas, são evidências para quem acredita nelas, são violências para quem não acredita, e no fundo de nós próprios o enraizamento das crenças é algo de inexplicável. E comecei com ela tudo do princípio. Mas isso não me impede de dizer, e gostar imenso de que tu o entendas por dentro: "O 25 de Abril foi um dos mais belos momentos da minha vida, e o 1 de Maio um dia glorioso, como diz o Pessoa ao escrever os poemas de Alberto Caeiro" 0 que é extremamente difícil de contar, e isso tem a ver com o facto de tudo aparecer em mim mais como poema do que como narrativa, isto é, como uma sobreposição de imagens que se arrancam ao tempo normal, e que criam um contra-tempo, isto é, um tempo que resiste ao tempo normal e procura uma outra forma de ordenar as paisagens, os gestos, as palavras, etc.

Eu sabia que havia coisas que se estavam a preparar, alguns amigos (lembro-me de conversas com o Fernando Lopes) mantinham-me informado, pressentia que um tempo chegara ao seu termo, e no entanto isso aparecia como a mais improvável das probabilidades. Encontrava-me no Monte Carlo que já não existe, mas onde durante anos almocei dias a fio, ou então no Vavá, que existe mas reduzido ao fantasma de si próprio, e aí recolhia informações, trocava opiniões, avaliava hipóteses, e depois contava ao meu pai, mas ele tinha um cepticismo causticado, já vira muito e não queria acreditar demasiado. Mesmo depois de eu lhe ter levado o livro de Spínola.

Até que um dia, acordei, levantei-me, liguei o rádio como fazia sempre, e no momento em que passava a água pelos olhos para despertar melhor (é importante, para mim claro, dizer que foi neste momento, não é que isto simbolize o que quer que seja, mas é uma espécie de presilha da memória ao real, a coincidência mágica entre a água nos olhos e a ideia de revolução), ouço aquela fórmula mágica: «Aqui Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas» (dois poetas mais tarde falariam nas «forças armadas», num desvio hábil e homenageante de algo que durante meses dominou as nossas vidas), e então chamei a R. e disse: «é agora, começou tudo, ouve» - e ouvimos, e decidimos logo ir chamar os vizinhos amados amigos e sair para a rua e ir ver o que se passava - porque duma coisa estávamos certos, a de que era impossível ficarmos parados. E fomos - dum lado, havia o José António e a Hélia, doutro a Maria Alzira e o Manuel Alberto.

Chama-se a isto uma emoção estética - algo que é preciso partilhar o mais depressa possível, algo que é preciso dizer aos outros: não podes perder. Por isso repito - eu posso comprar-te todos os livros e cronologias sobre o assunto, o belíssimo álbum que o Boaventura de Sousa Santos nos forneceu, os textos de análise do António Reis ou do Medeiros Ferreira, tudo o que quiseres, mas se tu não sentires o 25 de Abril como este momento de poesia pura (o dia em que o real é a poesia absoluta), então não entendes nada de coisa nenhuma, e o melhor é desistires. É isso que torna difícil transmitir uma memória: há uma forma de o vivido nos tatuar o corpo que nada pode apagar. É, se quiseres, o paradigma da festa.

Aliás, se pegares no último romance do Helder Macedo, Pedro e Paula, verificas que é um romance sobre o 25 de Abril, porque é um romance sobre o antes e o depois, mas que naquilo que devia ser o 25 de Abril em si mesmo, temos o título do capítulo, «Festa é festa,,, a data, 1974, e a seguir linhas sem palavras, até que na página seguinte, se conclui com esta frase: «Mas festa é festa, e essa já ninguém nos tira». 0 que gosto neste «já ninguém» é que ele engloba Deus, sobretudo se nos lembrarmos daquelas discussões medievais sobre se uma rapariga que tivesse sido objecto de violação poderia deixar de o ter sido por vontade de Deus, ou se o que aconteceu se sobrepõe à omnipotência divina. E esse é o sentido radicalmente revolucionário de quando se diz de algo que foi para nós uma verdadeira festa que "esta já ninguém me tira," - nem Deus, se o quisesse, porque fui eu que o vivi. E portanto fui eu que vivi o 25 de Abril, fui eu que saí com a R., a Hélia e o Zé Antônio e fomos de carro para os lados do Carmo, ver o que se passava, e andámos em marcha atrás alucinada para fugir aos movimentos descontrolados de massas por alguns disparas desgarrados, o encontrarmos as caminhos mais adequados àquilo que pretendíamos: viver a História no momento em que ela é ainda a «nossa história».

Depois, foi à noite olhar a televisão e descobrirmos, entre alguma admiração e alguma desconfiança, o rosto dos "nossos" libertadores. Mas foi sobretudo o espanto de vermos como tudo o que parecia inabalável estava corroído por dentro, como as tropas não tinham alma para lutar em defesa de uma ditadura visceralmente minada, como a democracia era (às vezes demasiado depressa) uma «evidência», e como o MFA nos aparecia, nas suas múltiplas faces e contradições, como a total inversão do que pensávamos: afinal as Forças Armadas podem ser democráticas, podem mesmo ser de esquerda, podem mesmo ser ingenuamente de extrema-esquerda, e durante alguns meses vão desempenhar o papel do sujeito-suposto-saber, isto é, do pólo de todas as transferências, do lugar de todas as utopias, eles chegam e a situação resolve-se, nomeia-se um MFA e a democracia assegura-se...

No dia seguinte, entrada orgulhosa e feliz no espaço da Faculdade de Letras, e foram dias de uma fraternidade real, da cumplicidade interminável entre os amigos que se encontravam e a quem nos abraçávamos, mas também os sorrisos na rua. A felicidade partilhada, a alegria comum, na certeza já de que tudo o que de absoluto se vive é a coisa mais frágil deste mundo, e irá fender-se como uma porcelana no próprio momento em que ainda a julgo viver inteira. Mas não tem importância, essa já ninguém nos tira - nem Deuses, nem Reis, nem o ditador que caiu da cadeira, nem o pai precário das conversas em família... Na Faculdade, enfrentamos os primeiros choques entre os impacientes, que querem desde já tudo mais e mais, e os «realistas» , entre os quais me situo de imediato por uma espécie de instinto, para quem o essencial é continuar a viver esta quimérica unidade do povo em festa.

Mas afinal que foi o 25 de Abril? Perguntarás. Foram tantas coisas ao mesmo tempo. Foi o fim da guerra colonial, - embora o início de um processo de descolonização confuso, atribulado e sangrento. Foi a reconquista da democracia mínima, como diria Norberto Bobbio, e a rodagem dos seus novos mecanismos, e com isso a recusa feroz de qualquer nova forma de censura, de todos os processos de opressão, de todas as polícias sem controle, de tudo o que de perto ou de longe evocasse o tempo salazarento em que os discursos do "velho abutre" tinham o dom de tornar «as almas mais pequenas» (para glosar um poema de Sophia de Mello Breyner). E foi a entrada num tempo em que "as almas se sentiam maiores". 0 Partido Comunista procurava reeditar os processos de conquista de poder que tinham funcionado noutros tempos e noutros lugares: multiplicando-se em duplos mais ou menos exangues, e empurrando as alternativas reais para o espaço da não-democracia. 0 PS, procurou resistir, mesmo que para tal se aliasse aos esquerdismos mais descabelados. E lembro-me como todos os partidos, do CDS ao PPD, entravam na gramática da revolução: no fim do Campo Grande, alguém havia escrito que «Só a social-democracia é revolucionária». Uns sonhavam com uma inserção na lógica terceiro-mundista - era esta a alternativa dos militares mais ideologicamente formados (entre os quais o mais notável foi sem dúvida Meio Antunes, o mais corajoso sem dúvida Otelo, o mais inteligente e hábil sem dúvida Costa Gomes, e o mais ingénuo e exaltado Vasco Gonçalves). Outros iriam desde logo apostar na carta europeia - foi essa a genial intuição de Soares.

Contudo, o essencial do 25 de Abril, aquilo que faz que para uns se trata de uma data que os faz (nos faz) estremecer de emoção, hoje, ainda e sempre, e que para outros o importante é o que 'se instalou depois, e a data evoca apenas os excessos, as confusões, a batalha quotidiana por uma verdade incerta e inacessível, a violência das exclusões, dos saneamentos ou das fugas apressadas para o Brasil, o essencial do 25 de Abril, repito, é que se trata de um momento revolucionário (e não de uma revolução, como o PCP terá imaginado, ao querer copiar um desses regimes que hoje reconhecem ter sido de repressão e crime organizado e domínio boçal e baço das burocracias). E o que é um momento revolucionário?

É talvez aquilo que provavelmente só a nossa geração sabe ainda reconhecer em toda a sua pureza: é quando, movidos pelo desejo de outra coisa, ou melhor, de uma coisa sempre outra, vamos um pouco à frente de nós próprios, suspensos de desejo e não-saber, capazes do melhor (e por vezes do pior), num crescer de alma em que tudo converge, moral e estética, política e conhecimento, numa bola de fogo e exaltação, mitologia romântica, se quiserem, ou transcendência da história, ou ruptura das métricas do tempo, e andámos aos tiros aos relógios de uma cidade para inventarmos as cidades futuras - fique embora mais curta a nossa vida. Não te digo mais nada - dou-te as mãos, e a emoção contagia-nos de novo, como se o mundo começasse hoje aqui e agora, ou, como escreveu Samuel Beckett, «moi seul suis homme et tout le reste, divin,,.

A grande questão é sabermos se isto se transmite, ou melhor, se isto hoje, mesmo como simples menção estética, ou confinada à estética, faz ainda sentido. Não estou certo. 0 que nós vemos à nossa volta é tão obviamente diferente. Terá sido um momento da História que desapareceu para sempre? Irá regressar na curva de um ciclo ideológico cuja constituição não sabemos equacionar? Mas as diferenças saltam aos olhos: quando os estudantes antes do 25 de Abril vinham para a rua ser perseguidos e presos pela polícia, então queriam, acima de tudo, um tempo de liberdade. Quando,, já em democracia, passaram dias, semanas, meses, a inventarem novas formas de relação com o saber, novas modalidades da relação de ensino, novos esquemas de poder, autoridade e participação, era a ideia de que a felicidade poderia ser uma ideia nova na Europa. Quando hoje se manifestam pela questão das propinas, não têm nenhum mundo por detrás, nenhum incêndio por dentro das palavras, nenhum poema oculto ou murmurado, mas apenas a irreverência adolescente e a demagogia manipulada, e é por isso que depois são sages e conformes, conservadores e bem comportados, lisos e performantes, liberais e neoliberais...

Mas todos sabemos como nada se repete. Estamos no princípio de um século, e do que se passa aos nossos olhos fica apenas o cansaço de um século que se escreveu e despudoradamente se desescreveu e nos deixou agora perante o ilegível da História, sem sabermos se isto é o fim, ou o princípio de tudo.

Sobretudo desse tudo que a nossa geração não chegará já a ver, nem mesmo a conhecer, nem mesmo a nomear, mas que eu gostaria que pairasse, como um fio de luz no crepúsculo, no momento em que te começo a contar como foi, há vinte e quatro anos já, o nosso 25 de Abril, e digo: tu sabes, e nas minhas palavras, por instantes, tu és o 25 de Abril que foi.”

O texto de Eduardo Prado Coelho foi publicado na DNA em 1998.
O título do post é o título do livro de poesia de Fernando Tordo, editado no ano passado.

CANÇÕES DE ABRIL A MAIO (2)






2008/04/22

QUANDO A VIRGEM RECOMENDOU AO POVO DA AMARELEJA QUE COMPRASSE UMA MOTOCICLETA AO SEU VIDENTE


Há qualquer coisa de indomável no Alentejo. Essa é a conclusão que pode tirar da leitura do conjunto de pequenas crónicas compiladas no livro “Terra Vermelha”. Ao contrário do que pode sugerir o título, o vermelho é relatado ainda antes da existência do PCP. Algumas das histórias remontam ao início do século XX. O retrato de insubmissão é feito como se ela fosse uma característica endémica, um traço cultural perene e não conjuntural. As crónicas, escritas sem pretensiosismos estilísticos, são de fácil digestão literária. Sempre com um sorriso, o leitor é impelido a acelerar o ritmo de leitura na ânsia de passar à história seguinte. Na proximidade das comemorações do 25 de Abril e do 1º de Maio, se para mais não houver tempo, recomenda-se a leitura destas pouco mais de 100 páginas, uma boa formar de celebrar a criatividade, coragem e esperança, que sempre existe nas comunidades humanas e, que no Alentejo, sempre assumiu contornos assinaláveis. De comunas falhadas, passando por extraterrestres, terminando numa virgem milagreira bastante preocupada com o bem-estar do seu vidente, as narrativas são um supermercado de prodígios, bizarrias, utopias e excentricidades.
Terra Vermelha— Crença e Insubmissão no Alentejo do Século XX, foi escrito por Paulo Barriga, tem prefácio de Francisco Camacho e é editado pela Guerra & Paz

2008/04/19

CANÇÕES DE ABRIL A MAIO (1)





Bom dia!
Acordai
Acordai
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis
vinde no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raiz
Acordai
Acordai
raios e tufões
que dormis no ar
e nas multidões
vinde incendiar
de astros e canções
as pedras do mar
o mundo e os corações
Acordai
Acendei
de almas e de sóis
este mar sem cais
nem luz de faróis
e acordai depois
das lutas finais
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!

O poema é da autoria de José Gomes Ferreira, sendo musicado por Fernando Lopes Graça.

SOMBRAS CHINESAS



"Pi Ying, é um espectáculo de sombras. As figuras, os cenários e os acessórios do espectáculo são feitos de couro de burro ou boi. Para fazer o espectáculo, usam-se um tecido de seda branco como pano em frente, e lâmpadas atrás do pano; os apresentadores manipulam as figuras, os cenários e os acessórios atrás do pano, falando e cantando, acompanhados com música. São as sombras no pano que contam a história. Esta forma de entretenimento surgiu na Dinastia Song do Norte (960 - 1127)."





"Há dias um blog veiculava em termos oficiosos (sob anonimato) a opinião oficial da CDU (redigida por alguns dos seus autarcas) sobre a intervenção do Partido Social Democrata, relacionada com as últimas cheias em Loures, o que lhes causaria algum incómodo.
Alegadamente, as minhas posições críticas em relação à inoperância da maioria socialista confundiriam os eleitores, em virtude de alguns representantes do PSD na Assembleia Municipal defenderem de forma mais “acalorada e veemente” o executivo municipal. Logo, estaríamos na presença de um “embuste”.
Esta ideia é reveladora de um profundo desnorte nos criativos tácticos da CDU. Não entenderam que tal como uma árvore não se confunde com a floresta, também as intervenções infelizes de dois ou três elementos não corporizam a mensagem política do PSD, não são representativas dos seus órgãos políticos e não apagam a virtude das propostas apresentadas no executivo municipal. Logo, o argumento não colhe, mesmo sabendo eu e os eleitores que é a contagem decrescente para as eleições autárquicas que motiva esta mal ensaiada tentativa de estabelecer a confusão. Confusão que no limite até lhes poderia ser útil. Não foi a CDU que promoveu uma campanha, em jeito de balanço, sobre “os seis anos de má memória” da gestão socialista? E que na prática são quatro, pois os dois primeiros foram-no em gestão partilhada PS/CDU?
Por outro lado, também é caricato que a CDU tente agora, tardiamente, cavalgar a onda de descontentamento das vítimas das cheias apresentando propostas similares às que eu propus em tempo útil e que, entretanto, rejeitaram ou não viabilizaram. Em Outubro de 2007 votaram contra a possibilidade de reduzir o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) na área afectada pela penúltima cheia, em Sacavém. E em Fevereiro de 2008 optaram pela abstenção na proposta que preconizava a criação urgente de um grupo de trabalho para avaliação do plano de emergência municipal e do impacto das cheias e o estabelecimento de cooperação institucional com o Ministro do Ambiente e o Instituto da Água (INAG), alegando que tal decorria de aproveitamento político…Como no teatro de sombras nem tudo o que parece é!"


Texto do Vereador Paulo Guedes da Silva, retirado daqui.


Recentemente publiquei no Palácio um texto sobre as posições políticas do PSD. O mote fora uma entrevista dada pelo Vereador Paulo Guedes da Silva à RTP 1. Grosso modo, o texto referia a diferença entre as posições políticas defendidas pelo Vereador em questão e a postura do Partido que integra.
Cabe-me antes de mais voltar a referir, aquilo que à saciedade já referi neste blogue, as ideias, todas, incluindo as políticas, não são exclusivas dos partidos ou dos seus militantes, qualquer cidadão pode ter a veleidade de opinar politicamente, sendo que essas opiniões podem coincidir ou não com a opinião deste ou daquele partido. O Palácio é uma aventura, partilhada neste momento por vários colaboradores, todos eles com diferentes posturas e convicções políticas. As opiniões aqui expressas vinculam única e exclusivamente os seus autores. O Palácio não tem a pretensão de se assumir como veículo oficioso do que quer que seja, ou de quem quer que seja. Deste ponto de vista é um exercício individual de liberdade.

Posto isto, voltemos ao texto em apreço. Diz o Sr. Vereador que “as intervenções infelizes de dois ou três elementos não corporizam a mensagem política do PSD, não são representativas dos seus órgãos políticos e não apagam a virtude das propostas apresentadas no executivo municipal.”. Seria verdadeira esta afirmação, se a infelicidade dessas intervenções não tivesse a força aritmética e funcional de se impor como a posição política de facto maioritária do PSD nos órgãos municipais. Essas infelizes intervenções garantem neste momento uma confortável maioria ao PS na Câmara Municipal e ainda servem de guarda avançada na Assembleia Municipal. A confusão instalada, ao ponto de propostas apresentadas na Assembleia Municipal em nome do PSD, escritas em papel timbrado, serem enjeitadas, pior que rejeitadas por eleitos, também do PSD, é responsabilidade desse partido.

Pouco me importa quem neste momento é a facção dissidente, sei quem é facção determinante. E essa é a que tem força e representação suficiente para suportar o PS e rejeitar as propostas do Vereador Paulo Guedes da Silva. Não o devia incomodar tanto a falta de apoio da CDU às suas propostas, quando nem o seu próprio partido as apoiou, seja na Câmara Municipal de Loures, seja na Assembleia Municipal. Esse facto é que era merecedor de umas palavras suas.

Por fim, o problema dos acordos políticos merece uma referência específica. No mandato passado, a CDU estabeleceu um acordo de gestão com o PS. Esse acordo durou cerca de 2 anos, sendo unilateralmente rompido pelo PS mediante a retirada dos pelouros distribuídos a vereadores da CDU. O acordo estabelecido era claro e público. Nesse acordo a CDU estabelecia condições claras; a manutenção do Protocolo de Descentralização de Competências, a manutenção da natureza pública dos serviços, a estabilização do quadro de pessoal, liberdade para o desenvolvimento de políticas próprias nas áreas que lhe estavam adstritas e a consulta prévia na elaboração dos planos de actividades e restantes documentos de gestão. O PS obteria a estabilidade política para desenvolver as suas políticas e a CDU ganhava um peso de aferição e influência políticas. Um acordo estabelecido com estes contornos permite não só a real partilha de responsabilidades políticas, como permite a aferição das responsabilidades de gestão.

Lembrar-se-á bem do desfecho desta história. Quase a meio do mandato, o PS estava farto deste “espartilho” e queria ficar mais “à vontade”. Rompeu o acordo. Pensei na altura que daí em diante governaria à vista, tentando dobrar o Bojador. Nada disso! Obteve o benefício de uma “dissidência” do PSD. O Vereador António Teixeira, eleito pelo PSD, assumiu o papel de moleta do PS até ao fim do mandato. Fê-lo do modo como estas coisas podem ser feitas, ora faltava, ora chegava mais tarde, ora saía mais cedo, ora se abstinha, seja como for, lá foi garantindo a maioria deliberativa nas reuniões do executivo ao PS.
Neste mandato, o PSD celebrou um acordo de gestão com o PS. Pelos vistos nem todo o PSD, um bocado do PSD, mas que se arroga de ser todo o PSD. Sabe alguém hoje que acordo é esse? Quais são as suas premissas políticas?
Daqui resulta o embuste político referido. Não me referia à qualidade da intervenção do Vereador ou das suas propostas, cuja minha opinião é clara, mas sim ao facto dessa intervenção não ser neste momento, por muito que custe ao Vereador, a do PSD. Como no teatro de sombras chinesas, nem sempre o que se quer fazer parecer, é aquilo que realmente existe!

2008/04/17

COZIDO ATÉ À MORTE


POEMA




Poema visual de Mário Castrim

HAJA DEDICAÇÃO




Estava o engenheiro Sócrates em campanha pelo Alentejo, quando se depara com um alentejano a descansar. Decide então impingir-lhe a lenga-lenga do seu discurso de campanha. Os dois ficam ali a trocar palavras, até que Sócrates lhe pergunta:
- Se tivesse que trabalhar para o PCP, quando horas por dia faria ?
- Para o PCP ? Nem uma.
O engenheiro todo contente - este ao menos não é comuna, pensava para si.
- E para o CDS-PP, quantas horas faria ?
- Bom, para esses talvez umas 3, 4 horas diárias.
- E para o PSD ?- Ah, para esses já trabalhava umas 8, vá lá, 10 horas.
- E aqui para o meu PS ?- Oh engenheiro, trabalharia as horas que fossem necessárias. 24 sem parar.
Sócrates ficou impressionado pela dedicação que o homem mostrava.- Assim é que é, compadre. Esforço e empenho é o que precisamos. Diga-me já agora, qual é mesmo a sua profissão ?
- Sou coveiro.

2008/04/15

NA CASA DO VIZINHO IX




Reflexão XXIII - Para quando o metro até Loures?



"Hoje acordei, saí de casa, apanhei o autocarro e fui até Lisboa... Durante o meu percurso, dei por mim a olhar várias vezes para o relógio, a ver o tempo passar e a pensar que nunca mais chegava ao Campo Grande.
Depois de muitos olhares pelo vidro da frente, pelo esquerdo e pelo direito, lá pus o pé fora do autocarro, verificando que, de Loures até à estação terminal, tinha demorado nada mais, nada menos do que 45 minutos...
Efectivamente, sou uma pessoa que valoriza imenso os transportes públicos, não só porque não posso usufruir de um carro, a tempo inteiro, mas também porque, a meu ver, se todas as pessoas deixassem os seus carrinhos à porta de casa (ou, simplesmente, passasse a existir apenas um carro por família) o ambiente tornar-se-ia muito menos poluído e, por conseguinte, mais agradável.
Por isso, na minha opinião, não é razoável que Loures seja o único corredor de acesso à capital que não tem um meio de transporte de ferrocarril. Da mesma forma, não é aceitável que o aeroporto da Portela ainda não tenha ligação directa ao metropolitano. Mas, ao que parece, já estão a ser dados os primeiros passos para resolver esta segunda situação... por outro lado, no que toca ao nosso concelho, a situação parece-me estar, ainda, estagnada.
De facto, a construção de uma linha ferroviária, em Loures, só nos traria benefícios. Vejamos: se juntarmos as mais-valias advindas da requalificação urbana subsequente a esta obra, aos impactos positivos ao nível do ambiente (o metro utiliza energias "limpas"), da economia da economia (preservação da rede viária) e da sociedade (diminuição do tempo de deslocação entre Loures e Lisboa), fácil se torna apreender a urgência deste projecto.
Dos estudos até agora realizados, regista-se que são efectuados 4,9 milhões de viagens diárias na Associação Metropolitana de Lisboa (AML), das quais 18% são originárias do corredor de Loures.
Se este projecto for, como dizem, para a frente, o percurso entre Loures e Odivelas durará entre 10 a 15 minutos (mesmo em hora de ponta) e só mais uns poucos minutos até Lisboa. Tudo isto, claro, utilizando somente transportes públicos: a melhor garantia de qualidade e rapidez para utentes e moradores das/nas áreas de intenso tráfego rodoviário, que só assim reduziria a intensidade."

Catarina Duarte

GERIR O EMBUSTE


Ontem ao fim da tarde, a RTP realizou um directo a partir da baixa de Sacavém sobre as cheias que afectaram a cidade no passado dia 18 de Fevereiro. Além da entrevista aos lesados, tiveram lugar mais três pequenas entrevistas, uma ao Vereador João Pedro Domingues, em nome da maioria que governa a Câmara, uma ao Vereador Paulo Guedes da Silva, em representação do PSD, e uma ao Vereador José Manuel Abrantes, em representação da CDU. Tudo certo, foi dada voz ao poder e à oposição. Tudo clarinho ou quase.

Não me perderei em considerações sobre as razões das quezílias internas no PSD local. É um assunto, como dizem os políticos educados, interno no qual não me imiscuirei. Contudo se as dinâmicas internas pouco me interessam, não fico indiferente à prestação política desse partido.
Quem tenha visto a reportagem de ontem ficará com a sensação que em Loures o PSD é oposição e não poder, e que sobre o assunto visado, as cheias, tem tido uma intervenção em registo oposicionista às práticas da maioria socialista. Puro embuste.

Na Câmara Municipal de Loures, o PSD assegura a maioria absoluta ao PS, onde possui responsabilidades executivas, caucionando-lhe a actividade e acção políticas.

O PSD é poder em Loures, logo é politicamente corresponsável pelos actos de gestão.

Na Assembleia Municipal, quando a maioria socialista foi alvo de críticas à sua acção face ao problema das cheias, a defesa mais acalorada e veemente veio da bancada social-democrata.

Em 2009, o PSD surgirá nos boletins de voto apenas com uma sigla. Perante a sigla os eleitores terão o seu momento de avaliação de acção política e de proposta. O que terão de avaliar é o comportamento político efectivo do PSD e não as suas dissidências. Do ponto de vista prático o PSD chegará às eleições, não com um capital de oposição, mas de poder. Por isso devem ser julgados. As boas intervenções e intenções isoladas, não alteram o apoio prático dado pelo PSD ao PS durante este mandato. A face de oposição é um embuste, porque é negado pela acção política concreta.

2008/04/14

HOSPITAL DE LOURES, ALECRIM E MANJERONA




Está a decorrer do lado direito uma consulta de opinião sobre o Hospital de Loures. Apesar da enorme abstenção, a consulta já cativou a atenção de 63 visitantes, estando bastante renhida. Se numa primeira fase as mais valias do alecrim em usos culinários foram a escolha da maioria dos participantes, mais recentemente o descrédito em relação à construção do Hospital ganhou terreno.

Percebo a recente mudança de tendência de voto. O silêncio do Presidente da Câmara e do Governo em relação aos prazos de construção do Hospital vem aumentar as dúvidas sobre as reais intenções do PS. As dúvidas aumentaram ainda mais com as declarações sobre o futuro Hospital na zona oriental de Lisboa, que o consideram como a resposta para as necessidades das zonas limítrofes, entenda-se, Loures. A falta de clarificação, mas sobretudo a não assunção de compromissos claros, são um contributo activo para o adiamento da construção do Hospital.

Nesta consulta de opinião, continuo a fazer campanha pelas virtudes do alecrim. Recuso-me a acreditar, tal como parece acreditar o Presidente da Câmara Municipal, que a batalha pela construção do Hospital de Loures esteja perdida ou afastada no tempo.

É necessário alterar o rumo dos acontecimentos. Não nos podemos esquecer que o alecrim pode ser utilizado fresco ou seco. Recomenda-se a sua utilização fresco, porque deste modo obter-se-á mais aroma. A sua utilização recomenda-se em carnes de sabor forte como o porco, o borrego, o borrego e a carne de caça.

2008/04/12

O LOURES SHOPPING “PRIVATIZOU” O AQUAPANTANO QUE TINHA CEDIDO AO MUNICÍPIO, PARA BEM DA COMUNIDADE!




“Uma rampa de gelo artificial com 600 metros quadrados abre hoje ao público, no Parque Verde do Loureshopping, em Loures. Até 11 de Setembro, os visitantes vão poder fazer esqui, snowboard e snow-tubbing numa pista revestida por um tapete sintético. O projecto, da responsabilidade do Loureshopping e da Câmara de Loures, vai incluir também uma série de outras actividades e animações, que terão lugar um pouco por todo o parque. Trampolins, parque de insufláveis, torre de escalada e circuito de Moto4 são algumas das propostas.”

Uma voltinha de duas horas custa 10 euros. Uma experimentadela com direito a duas descidas pela rampa plástica fica-se pelos 2 euros. Estas actividades permanecerão até Setembro, depois disso a zona verde volta a ser o pântano habitual durante o Inverno.

Em declarações à comunicação social, a responsável da Sonae Sierra afirmou que a iniciativa visa aumentar o “envolvimento com a comunidade”, ou seja “é uma forma de trazer mais clientes ao centro comercial”.

2008/04/10

ABRIL




Apesar do SILÊNCIO


-não me apetece escrever -


não me esqueço que é




ABRIL