2007/08/30

QUERO LÁ SABER QUE O DURÃO BARROSO SEJA AMNÉSICO




TIJELADA BEIRÃ


Partem-se os ovos para dentro de um recipiente, junta-se o açúcar, raspa de limão, mel e canela. Bate-se um pouco, depois junta-se leite , bate-se novamente.Prepara-se uma caçarola passada por azeite, coloca-se no forno a aquecer, depois de quente junta-se o preparado. Deixar cozer o tempo suficiente até ficar cozida.

2007/08/26

LUCY IN THE SKY WITH DIAMONDS

Em tempos de férias, normalmente recordo férias anteriores. Este post é dedicado a umas férias passadas, nas quais a precariedade do meio de locomoção, vulgo carro e restantes acessórios era tão grave, que em pouco tempo, a crença na viatura estava reduzida a um patamar religioso, tínhamos fé, e o único CD que ainda conseguia ser lido naquele leitor portátil adaptado a aparelhagem da viatura, rudimentarmente ligado a duas pequenas colunas e alimentado por ligação directa à bateria, era o Yellow Submarine dos Beatles. Dos temas ouvidos até à saciedade, deixo como memento o Lucy in the Sky whith Diamonds Um abraço fraterno aos restantes marinheiros!

2007/08/25

IMAGENS DISTANTES XIII


São Sebastião de Guerreiros - Loures
Data: desconhecida
Autor: desconhecido




TARDES SAUDOSAS

1944-2007
Fotografia de Luís Ramos, via Estrada Poeirenta

Desde muito cedo que Eduardo Prado Coelho fazia parte do meu mundo, do meu e dos meus amigos. Os seus textos foram muitas vezes o mote para longas tardes de debate. Era polémico, assertivo e comprometido. Tornou-se para mim uma leitura assídua, gerando quase sempre discordância, mas também o prazer de pensar, de discordar e de contra-argumentar. A notícia do seu desaparecimento implica um sentimento de perda e faz recordar com saudade, aquelas tardes na faculdade e os amigos que no debate se fizeram.

2007/08/24

NAGASAKI


Imagem retirada daqui.
“Um rapaz transportando para a morgue ou o crematório o corpo de um seu jovem irmão, algumas semanas após o bombardeamento” de Nagasaki.

UMA MILENA


Imagem retirada daqui.

Depois de ter percebido como se instalava o contador, há cerca de um mês, o palácio registou 1000 visitas. Delas resultaram o visionamento de quase 2500 páginas, mesmo àqueles que cá chegaram por acidente, obrigado. O trabalho tem sido árduo, sobretudo depois de o Luis Filipe Menezes me ter levado o assessor para actualizar o blogue pessoal dele, mas faz-se o que se pode. Até porque aqui "não se cola nada. É tudo copiado à mão, muito devagarinho."
Por fim, deixo os meus agradecimentos aos políticos no poder pela fonte inesgotável de matéria, aos meus pais por me terem concebido num tempo em que não existiam empréstimos para aprender a ler e a escrever, por me terem sempre comprado ténis e calças de ganga nas feiras, por acharem que não era um crime de lesa pátria entrar no quintal do vizinho para comer peras verdes, o que evitou que eu fosse um betinho moralista, e um agradecimento aos amigos/visitantes mais chegados, que apesar de ainda não terem percebido como se colocam comentários, me dizem sempre que por cá vão passando e, como prova, fazem comentários via telemóvel.

DE PEQUENINO SE ENTALA O MENINO


Imagem retirada daqui.

Fontes bem informadas garantem que Sócrates, depois do anúncio da linha de crédito para que os estudantes possam fazer face às crescentes despesas com o ensino superior, prepara já uma linha de crédito para financiar leite de substituição materno e as fraldas. Como se sabe, qualquer um destes artigos oneram em demasia as famílias dos recém nascidos, mas são os próprios os únicos a beneficiarem das vantagens de uma barriguinha cheia e um rabinho seco, logo o Governo entende que nada lhes deve faltar, mas mais à frente chegará a continha para os pequenos cagões pagarem.

AI TERRORI!


Imagem retirada daqui.

Na semana em que os opiniosos produtores de opinião, deixem passar a expressão, continuaram a escalpelizar o “escândalo do milho”, o PSD viu-se envolvido num processo de financiamento ilícito com a Somague, Luís Filipe Menezes, candidato ao leme da direita, foi posto a ridículo com a história do Blogue pessoal, escrito por um assessor/amigo/companheiro de partido/funcionário da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, e até Macário Correia é personagem principal numa notícia sobre um alegado assédio sexual. Com temas tão sumarentos na agenda actual tem sido necessário muito jogo de cintura para à direita se continuar a falar de pipocas. Mas assim tem sido. Aliás, o silêncio tem sido absoluto, e à medida que os contornos sobre o caso do financiamento do PSD se iam esclarecendo, mais alto se gritava em torno da defesa da espiga de milho. Nesta onda, do grita, grita para ver se ninguém nota há peças que ficam para a história. O insurgente promove neste momento a seguinte consulta de opinião: “O Estado português está a combater de forma adequada a criminalidade associada a organizações de extrema-esquerda?”
Consultando os resultados, fica-se a saber que 85% dos visitantes que votaram até ao momento entendem que não, restando uns 15% de irresponsáveis que ainda não perceberam o perigo que o país corre.
À consulta de opinião faltam algumas opções de resposta;
Qual criminalidade?
Onde têm rebentado as bombas?
As vítimas da violência, não contando as vegetais e os minerais, contam-se em dezenas ou centenas?

Mais espantosa se torna a pergunta quando se sabe que recentemente têm sido as organizações de extrema-direita os agentes de violência racial, tráfico de armas e outras coisinhas mais que nos tranquilizam o espírito.

O delírio aumenta e o povo não aguenta!

JOKER, TRUNFO PARA TODAS AS JOGADAS




A Câmara Municipal de Loures aprovou, dia 22, a sua 6ª Alteração ao Orçamento e Opções do Plano 2007/2010, com os votos favoráveis do PS e do Vereador do PSD que está a substituir o Vereador Frasquilho.
Montagem realizada a partir de imagens recolhidas aqui e aqui.


2007/08/23

MANIFESTO SOLIDÁRIO CONTRA A POLÍTICA PEQUENINA


Imagem retirada daqui.


Após o acordo celebrado entre a maioria Socialista e o PSD, um dos dois vereadores eleitos pelo PSD, aceitou o Pelouro do Ambiente e passou a integrar a maioria deliberativa na Câmara liderada pelo PS. Os contornos políticos deste acordo nunca foram claros, ainda hoje, para além da evidente partilha de lugares, nem o PSD, nem o PS, clarificaram qual a plataforma mínima de entendimento que preside a esta colaboração política. A única face visível é que o PS, agora coma cobertura política do PSD, passa agora a dispor de uma maioria absoluta. O vereador do PSD que aceitou desempenhar este papel é o chamado pára-quedista, não só não foi eleito directamente nas últimas eleições, estando a substituir o vereador Frasquilho, como não se conhece grande currículo autárquico. Assim, para ele, dizer isto hoje ou fazer aqueloutro amanhã é um pouco a mesma coisa. Aliás, bem se vai percebendo que da poda conhece pouco e que a sua orientação política é o poder, que o deslumbra. Só um personagem com estas características aceitaria desempenhar um papel tão desqualificado do ponto de vista político, não têm ideias políticas que o condicionem, não possui uma passado de causas, propostas e posições políticas que o obriguem a exercícios de coerência, logo tudo é ligeiro e fácil.

O vereador Guedes da Silva é de outra casta, há muito que assume a representação política do PSD em Loures, foi candidato e eleito em vários órgãos autárquicos em Loures, conhece a história política do concelho, interveio activamente nela, tem propostas claras para muitos dos problemas do município, tem uma agenda política clara, não sendo um cata-vento, é respeitado pelos seus opositores, mesmo por aqueles que por questões de divergência política insanável nunca com ele concordaram. Porém, o rigor das suas posições e a preparação que revelavam todas as suas intervenções tornaram-no merecedor de reconhecimento. O vereador Paulo Guedes da Silva, jamais aceitaria desempenhar o papel a que o outro vereador do PSD se entrega com prazer. Ser-lhe-ia impossível compactuar, solidarizar-se ou simplesmente alhear-se de medidas, propostas, opções ou posturas que sempre criticou. Por coerência e verticalidade. É neste momento indesejado no seu partido, pela mesma razão que muita gente vê recusada uma oportunidade de emprego nos dias de hoje; tem qualificações a mais, políticas neste caso! Oxalá nunca lhes falte.

ESPERA-SE DECLARAÇÕES INDIGNADAS EM DEFESA DO ESTADO DE DIREITO




Uma das primeiras decisões políticas anunciadas pelo então secretário de Estado das Obras Públicas, Vieira de Castro, foi a de pedir ao Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR) um parecer jurídico para esclarecer "algumas dúvidas" relativas à concessão da auto-estrada Litoral Centro à Brisa.
Esta medida veio dar força a uma posição que a construtora Somague havia tomado, quando contestou a intenção do Governo PS em adjudicar a obra à Brisal, um consórcio liderado pela Brisa. O anúncio do envio para a PGR do dossier da disputada auto-estrada foi feito a 1 de Maio de 2002 — o governo havia tomado posse a 8 de Abril. Ou seja, um mês e meio depois de Vieira de Castro, então como secretário-geral adjunto do PSD, com o pelouro da área financeira, ter solicitado a alteração da entidade pagadora das facturas endossadas ao PSD para que fosse a Somague a liquidar os 233 mil euros devidos à empresa Novodesign (esse pedido foi feito a 15 de Março de 2002).


DE VOLTA A "A VIDA IMPERIAL NA CIDADE ESMERALDA"




2007/08/22

AFINIDADES II





José Luis Arnaut escreveu ao TC, assumindo a “responsabilidade objectiva” pelo financiamento ilícito da SOMAGUE ao PSD! “Responsabilidade objectiva” porque alega não ter conhecimento dos “termos concretos” desse apoio. Enfim, terá delegado num secretário-geral adjunto, que, muito certamente, também terá delegado num qualquer responsável de serviços, que por sua vez, muito certamente, terá delegado num administrativo, que muito certamente, será penalizado pela sua incompetência!
Muito certo, é que me causa espécie o facto de nestas circunstâncias, em que o negócio é político, a responsabilidade desça em cascata até ao porteiro. Foi assim, que na situação do financiamento do ilícito do CDS no caso da lezíria se concluiu o processo. Nenhum dos decisores políticos, de cuja decisão que gerou mais valias, veio compensação ao partido, foi acusado. Coitados, não sabiam o que se passava nas suas costas, nem tiveram nunca curiosidade, enquanto dirigentes do partido em perguntar de onde vinha o dinheiro para pagar as contas!
Provavelmente assistiremos ao mesmo neste caso, mas fica uma dúvida incómoda. Se estes dirigentes partidários têm tanta dificuldade em conhecer os negócios dos seus partidos, como se sentem tão confiantes para assumir os negócios do estado!


Montagem feita a partir do quadro “A crucificação de São Pedro” de Caravaggio

AFINIDADES


O PSD, Partido Social Democrata, recebeu um apoio “indirecto”, em 2002, de uma das maiores construtores do país, a Somague. O apoio foi combinado para ser realizado de uma forma encapotada. O PSD comprava serviços a uma empresa de informação e publicidade, mas a factura do serviço seria endossada aquela empresa. Este apoio foi de 233 000 euros, convertido em velhinhos escudos são cerca de 47 mil contos. Porque razão terá tido a Somague tamanha generosidade para com este partido? Como é que este partido, aceita um apoio à margem de uma lei que aprovou? Será esta uma prática comum? Quantos mais financiamentos deste tipo terão sido feitos? Afinal as contas que foram apresentadas serão uma fantochada?

LISBOA ALTERNATIVA


Clicar na imagem.

2007/08/21

MILHO REI


Imagem retirada daqui.
O país anda a meio gás. Nas grandes cidades as línguas estrangeiras ombreiam com o português no burburinho de rua. Até o Governo anda a banhos como se pode verificar pela ausência de representação condigna em Coimbra na homenagem a Torga. Os que ficaram andam aborrecidos por ainda não ter chegado a sua vez do ócio, os que já regressaram andam maldispostos com o regresso. No meio deste marasmo a acção da Associação Eufémia Verde no Algarve tornou-se o acontecimento estival. Um grupo de moços imbuídos, ao que parece, de um espirito ecologista, marcharam em protesto até uma propriedade agrícola no Algarve e perante a impassividade da GNR destruiu uns poucos de pés de milho transgénico. As televisões fizeram grande cobertura do sucedido, a GNR identificou meia dúzia dos meliantes e a partir daí, à falta do que fazer, os especialistas em comentário viram na acção uma porta aberta para o juízo final. À direita a histeria atingiu raias de insanidade. Ataque à propriedade privada, desautorização do estado de direito, inoperância do governo, um novo PREC à porta, o terrorismo na sala de estar, tudo e mais alguma coisa em torno de uma acção que não merece tamanho espalhafato.
Hoje, no Público, Vasco Graça Moura, depois de quase identificar o jovens que perpetraram esta acção no Algarve com os quatro Cavaleiros do Apocalipse, exige a demissão do responsável da Guarda Nacional Republicana, a demissão do Ministro da Administração Interna e a demissão do Governo. Só não reivindica um novo sisma religioso, porque de resto não lhe escapa ninguém. Mas pior, compara o momento com outros eventos da história política recente, dizendo que por muito menos, Cavaco havia demitido um ministro que troçou das mortes provocadas no Alentejo por excesso de alumínio na água utilizada no tratamento de hemodiálizados, que por menos Sampaio demitira o governo de Santana. Sobre estas comparações não há muito a dizer, a não ser aconselhar Vasco Graça Moura a evitar a incidência directa do sol nos dias mais quentes.
Os moços fizeram mal, a sua acção, independentemente da agenda que lhe está adstrita e do facto de com ela se concordar, foi contraproducente. O agricultor que legalmente desenvolveu esta cultura deve ser ressarcido por quem lhe causou prejuízos. O assunto resumir-se-ia a isto, não fosse o desespero da direita em conseguir atacar o governo. Têm dificuldade em fazê-lo recorrendo à critica às opções económicas e sociais, que no fundamental são as suas, logo têm de o fazer recorrendo a pormenores despiciendos.
Em visita ao local, o Ministro Jaime Silva calculou os prejuízos em 3900 euros, pouco menos de 800 contos, para que nos entendamos. A sua visita e a do seu séquito deverá ter custado ao erário público uma parte considerável deste valor, o esforço que o governo está a fazer para conter o coro de críticas à sua actuação neste caso deverá custar bem mais do que o estrago apurado.

Tenho um amigo cuja mãe, perante um tal circo, resumiria o assunto a um “Isto é tudo um bando de atrasados mentais”.

2007/08/19

2007/08/18

PROVISÓRIOS


Imagem retirada daqui.



De entre as frases de ordem que durante o PREC enchiam as paredes do país, algumas destacavam-se pelo sentido de humor que as marcava. Uma deles rezava assim; “Um Português definitivo só fuma Provisórios!”, parodiando, para quem não se lembra, a rápida cadência com que se sucediam os governos provisórios com as marcas de tabaco.
Hoje, já não temos Provisórios, seja governos, seja cigarros, mas perante a actual situação podemos escrever nas paredes. “Um Português definitivo só arranja provisórios.”




CONTRATOS A PRAZO ATINGEM NOVOS MÁXIMOS DOS ÚLTIMOS DEZ ANOS

“A taxa de desemprego, no segundo trimestre do ano, fixou-se nos 7,9 por cento, meio ponto percentual abaixo do valor recorde que tinha sido registado pelo Instituto Nacional de Estatística para os primeiros três meses do ano. Numa análise mais detalhada dos números, verifica-se que apenas o aumento do número de contratos a prazo para um novo máximo registado nos últimos dez anos permitiu que, do primeiro para o segundo trimestre deste ano, se tivessem criado 18.900 novos empregos em Portugal. As características dos empregos criados revelam assim um agravamento da precariedade a que se assiste actualmente no mercado de trabalho português. De acordo com o INE, foram criados, entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano, 18.900 novos empregos, sendo 12.100 por conta de outrem. No entanto, destes últimos, apenas se regista uma subida no número daqueles que assinaram um contrato a prazo e que, por isso, estão sujeitos, com muito mais facilidade, a ficar de novo sem emprego. O número de pessoas nesta situação aumentou de 646 mil para 673 mil, representando já 17,3 por cento do total dos empregados por conta de outrem, um novo máximo dos últimos dez anos.” In, Público, 18-08-07

A VIDA IMPERIAL NA CIDADE ESMERALDA


Imagem retirada daqui.
Uma parte ínfima do Iraque já está ao nível das zonas mais prósperas dos Estados Unidos. Este pequeno enclave no meio da Bagdad em guerra é conhecido como a Cidade Esmeralda. Nele está instalada a administração da força ocupante do Iraque. O espaço destoa em tudo do país em chamas que o rodeia, o aspecto limpo, as vivendas luxuosas, a paisagem verdejante, os equipamentos de desporto, lazer, os centros comerciais, os restaurantes, bares e cafés, os carros novos que circulam pelas artérias impecavelmente pavimentadas, o hospital completamente apetrechado, fazem rapidamente esquecer que para lá dos muros fortemente guardados deste paraíso o inferno em que está transformado o Iraque, consome em chamas largas dezenas de pessoas por dia só em atentados e acções militares.

O livro de Rajiv Chandrasekaran, A vida imperial na Cidade Esmeralda, descreve esta realidade, denunciando criticamente o afastamento dos ocupantes desse espaço em relação à realidade extramuros.

“Não fosse os contentores verdes com cruzes vermelhas empilhados na rua, eu nunca teria encontrado o hospital da Zona Verde. Parecia-se com dezenas de outras moradias de mármore e grés que existiam em redor do Palácio Republicano. A fachada tinha seis pisos, as janelas eram coloridas e havia palmeiras nos lados e nas traseiras do edifício. Uma placa modesta junto à entrada, parecida com a placa de uma loja qualquer, identificava o edifício.
Uma vez no interior, porém, não havia dúvida de que o edifício de três andares era um moderno hospital militar americano. Tinha cinco blocos operatórios, dez salas de emergências e 76 camas. Havia ventiladores, monitores cardíacos computorizados e um aparelho de TAC. Neurocirurgiões e especialistas em queimaduras estavam prontos para tratar os feridos das explosões de bombas nas estradas.
O hospital estava protegido da fina areia do deserto que se via em todo o Iraque. O chão de mosaico branco estava sempre limpo, bem como as paredes e as janelas. Só as botas da tropa dos médicos da sala de emergência estavam sujas. Em vez de castanho claras, eram pretas e estavam manchadas de sangue.
(…) tinha mais de 350 médicos, enfermeiros e pessoal de apoio na Zona Verde.Antes da guerra, o hospital era uma clínica privada para os familiares de Saddam e dirigentes do Partido Baas. Quando os Americanos chegaram continuou a ser um estabelecimento privado, reservado a militares, pessoal da CPA e empresas privadas. Os únicos Iraquianos admitidos eram aqueles que tinham sido acidentalmente alvejados por tropas americanas.
Apesar da sua admissão selectiva de Iraquianos, Tommy Thompson, o secretário para os serviços de saúde e humanos, usou o hospital como fundo para louvar a Coalition provisional Authority (CPA) durante uma visita a Bagdad, 11 meses depois do início da ocupação. Este hospital, anunciou ele sob o pórtico, era um exemplo de como os Estados Unidos tinham começado a «restabelecer o Iraque como um centro de excelência de cuidados de saúde».
Nenhuma dessa excelência era visível fora da Cidade Esmeralda.O Hospital Yarmouk, um conjunto de edifícios de dois pisos de betão, erigidos em redor de uma praça de betão, ficava a cinco minutos de carro da Zona Verde, apenas a alguns quarteirões de distância na estrada em direcção ao aeroporto. Era um dos maiores e mais movimentados centros médicos de Bagdad, mas depois de visitar mais de uma dúzia de outros hospitais do Iraque, comecei a ver o Yarmouk como um bom representante do sistema de saúde do país. Era, muito simplesmente um desastre.


Não havia nada limpo. Os lençóis estavam sujos, o chão manchado de sangue, as casas de banho inundadas. Os quartos não tinham o equipamento mais básico para vigiar a pressão arterial ou o batimento cardíaco dos doentes. Os blocos operatórios trabalhavam sem instrumentos cirúrgicos modernos nem sistemas de esterilização. Os armários de medicamentos estavam vazios. Na sala de emergências, algumas macas manchadas de sangue lançavam sombras escuras sobre o chão. Não havia desfribilhadores, ventiladores, equipamento de transfusão de sangue, nem injecções de epinefrina.
Visitei o hospital pela primeira vez algumas horas depois de um bombista suicida ter arrasado a embaixada Jordana com o seu carro armadilhado. A ala das urgências ecoava com os gritos de homens cujos braços tinham sido arrancados, mas que não receberam nada para aliviar a dor. Cheirava a sangue, a excrementos e a cadáveres que tinham sido guardados sem refrigeração. Familiares desesperados juntavam-se à volta dos seus entes queridos, que estavam tão queimados e mutilados que não sobreviveriam à noite. Toquei na mão de um jovem magro, Abbas Ali, que tinha as pernas e o abdómen cobertos daquilo que pareciam ser queimaduras de terceiro grau. Tremia, mas não chorava. Repetia, incessantemente, as palavras «Bismillab ar rahman ar rahim» «Bismillab ar rahman ar rahim». (Em nome de Deus, o beneficente, o misericordioso). Um médico disse ao meu intérprete que Abbas não teria mais do que um ou dois dias de vida. «Não posso fazer nada», disse ele. «Não temos equipamento para tratá-lo».


A história do Hospital Yarmouk era a mesma que a de quase todas as outras instituições públicas do Iraque. Nos anos 70, era um dos melhores centros médicos no mundo árabe. Jordanos, Sírios e Sudaneses viajavam para Bagdad para serem operados. Isto mudou, obviamente, após a invasão do Kuwait e a imposição de sanções. Embora Saddam tenha sido depois autorizado a vender o seu petróleo por alimentos e bens humanitários, o hospital nunca teve medicamentos suficientes. O Governo acusava as Nações Unidas de alterarem as ordens de compra. As Nações Unidas acusavam o governo de encomendar os bens errados e de fazer compras a burlões em vez de a fornecedores com reputação. A Administração Bush acreditava que o governo de Saddam, que tentava obter apoio internacional para que as sanções fossem levantadas estava a privar deliberadamente o Yarmouk e outros hospitais de bens necessários.Por muito mal que o hospital estivesse antes de os americanos chegarem, ficou muito pior quando o exército americano entrou na cidade. Um disparo de um tanque atingiu o hospital no dia em que o governo de Saddam caiu, inutilizando o gerador e enviando os médicos para casa. Sem ninguém para guardar o edifício, os saqueadores levaram tudo, desde camas, medicamentos, equipamentos do bloco operatório, até aos aparelhos de TAC e de ecografias. Quando os médicos voltaram ao trabalho, tiveram de lutar para providenciar primeiros socorros com equipamentos improvisados.”

Chandrasekaran, Rajiv, "A vida imperial na cidade esmeralda", E70

«Este livro extraordinário afasta a cortina da ilusão e revela, de forma assombrosa, o que realmente aconteceu na Cidade Esmeralda no ano crucial após a derrube de Saddam Hussein. A reportagem de Chandrasekaran é plena de detalhe e impediosa na sua documentação do misto de idealismo, confiança, energia, hubris, erros políticos, cegueira cultural e pensamento fantástico daqueles que vieram para salvar o Iraque e tornaram a situação ainda mais grave.» David Maraniss, autor de They Marched into Sunlight, Retirado do Webboom

2007/08/17

FUTEBÓIS

Imagem retirada daqui.
A Câmara Municipal de Loures, leva à deliberação na sua próxima reunião uma proposta de renovação do um protocolo com o Sporting Clube de Portugal.

O protocolo definia as condições de utilização do Pavilhão Paz e Amizade em Loures. As contrapartidas foram apresentadas assim pelo presidente da Câmara aquando da assinatura deste protocolo; “as colectividades de Loures beneficiam de estágios desportivos na Academia de Alcochete, tendo as instituições do concelho (escolas, associações, clubes) a possibilidade de visitar essa mesma academia, assim como o Estádio Alvalade XXI. Mas serão os jovens quem mais irá beneficiar destes protocolos: centros de formação, workshops e visitas às escolas por parte de técnicos e jogadores leoninos, são as iniciativas que visam a formação desportiva dos mais pequenos.”

Então levantaram-se vozes críticas em relação ao protocolo, acusando serem de vagas as contrapartidas para o Município, face às limitações de utilização do Pavilhão pelas escolas, restantes colectividades do concelho e por parte da própria Câmara Municipal, que decorreriam do calendário de ocupação a que ficava obrigada a assegurar. Estas dúvidas levaram a CDU a votar contra o protocolo em 2005.

Voltando o assunto à reunião de Câmara importaria saber quantas visitas de associações, escolas e colectividades foram feitas à Academia de Alcochete e ao Alvalade XXI, quantos workshops, quantas visitas a escolas de Loures fizeram os técnicos e os jogadores leoninos, no âmbito do protocolo celebrado!

FEIOS, PORCOS E MAUS

O filme que me apetecia rever hoje.

COISAS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL


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Freiras da ilha Terceira passam a fazer hóstias à máquina
A produção manual de hóstias teve de ser substituída por máquinas industriais no Mosteiro da Senhora das Mercês, na ilha Terceira, nos Açores. O Mosteiro da Senhora das Mercês fabrica semanalmente cerca de 60 mil unidades para responder às encomendas de várias ilhas, sendo um dos principais locais de produção de hóstias no arquipélago.
Desde a fundação do mosteiro, em 1977, que as irmãs clarissas se dedicam à confecção de hóstias para obter algum rendimento. "Anteriormente, grande parte do trabalho era feito manualmente, dado que tínhamos umas máquinas antigas, mas agora com as máquinas novas é muito mais rápido e menos cansativo", explicou à Lusa a irmã Verónica, uma de dez religiosas, com idades entre os 29 e os 85 anos, que vivem no mosteiro em total clausura.Por se tratar de uma ordem contemplativa e sem contacto com o mundo exterior, as irmãs clarissas recebem as encomendas por telefone. Podem ser adquiridos sacos de 50 hóstias (3 euros), 500 (3,5 euros) ou 1000 hóstias (7 euros), que são depois enviados pelo correio para as paróquias. in, Público, 16/08/2007

2007/08/16

VENDA LIVRE NAS FEIRAS


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A venda livre de medicamentos fora das farmácias não surtiu o devido efeito. Alguns dos espaços que abriram, já fecharam entretanto. Por outro lado, o preço desses medicamentos aumentou, não ganhando o consumidor nada com a medida. Poupou o estado que se livrou da comparticipação em alguns destes medicamentos, que ao serem comprados neste regime são integralmente pagos pelo consumidor. O governo prepara uma nova leva de “desclassificações” de medicamentos que poderão vir a ser vendidos livremente sem necessidade de receita médica.
Construtivamente, proponho que a liberdade abranja os Mercados de Levante, vulgo feiras. Quem já foi a uma feira sabe como lá tudo é mais barato mesmo as roupas, malas, sapatos e perfumes. E tudo de marca! Bem pode ser contrafacção, mas quase tão bom como se fosse de marca, pelo menos no preço é imbatível. Vejam a revolução que isto dava no mercado do medicamento.

TEMPO DE ANTENA PARA VIRTRUVIO, DEPOIS DE TER TIDO TEMPO DE ANTENA DEMÉTRIO ALVES, DEPOIS DE TER CIRCULADO UMA PETIÇÃO DE VIRTRUVIO


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SOMBRAS CHINESAS


"Pi Ying, é um espectáculo de sombras. As figuras, os cenários e os acessórios do espectáculo são feitos de couro de burro ou boi. Para fazer o espectáculo, usam-se um tecido de seda branco como pano em frente, e lâmpadas atrás do pano; os apresentadores manipulam as figuras, os cenários e os acessórios atrás do pano, falando e cantando, acompanhados com música. São as sombras no pano que contam a história. Esta forma de entretenimento surgiu na Dinastia Song do Norte (960 - 1127)."


"Exmo. Sr. Eng. Demétrio Alves,


Consideramos uma honra que tenha feito o favor de se nos dirigir, embora lamentemos só agora nos apercebermos das suas tentativas de contacto. Efectivamente, durante o período de férias em que estivemos afastados do país, não acedemos à internet e foi com a mais absoluta surpresa que agora contactamos com a carta que nos dirigiu.

Esclarecemos, portanto, desde já, que somos, na sua expressão, um colectivo. Ou seja, somos dois casais, amigos, que entendemos em conjunto redigir e lançar a Petição on-line que conhece. Durante muito tempo debatemos entre nós se pessoas que não estão na vida politica, que não pertencem a partidos, que não conhecem pessoalmente V.Exa., que não sabem como se organizam candidaturas a uma Câmara Municipal, podiam e deviam fazer alguma coisa. Entendemos entre todos que era preciso fazer algo e escolhemos a via da Petição, pelas razões que lhe indicamos:

Somos empresários no Concelho de Loures, há vários anos. Nunca nos cruzamos com V.Exa. pessoalmente, nem beneficiamos directamente de nenhum acto de gestão seu, mas olhando para trás somos capazes de reconhecer nos nossos negócios e na nossa vida do dia-a-dia que no seu tempo, havia um rumo, uma vontade, um comando, uma dinâmica, que nunca mais se viu depois da sua saída.

Confessamos que fomos dos que acreditamos no actual Presidente da Câmara. Assumimos pois que votamos nele, todos os quatro. Em pouco tempo, descobrimos o nosso engano e o nosso desencanto. Já ninguém fala de Loures e Loures já não é referência em lado nenhum. Tínhamos e temos de tentar corrigir o nosso erro, daí querermos todos fazer qualquer coisa.

Eis a justificação para o apelo que lhe fizemos por intermédio da Petição. Pareceu-nos que V.Exa. saiu da presidência da Câmara zangado com as circunstâncias e com as dificuldades da criação do concelho de Odivelas. Portanto, pensamos, que bastaria a sua vontade, agora que as águas estão separadas, para que pudesse voltar. Para nós parecia-nos que dependeria de o convencer a si. Assim, o apelo é-lhe dirigido e a mais ninguém.

Compreenderá que mantemos o anonimato porque os interesses que mantemos em Loures, dos quais dependem a nossa vida e bem-estar, não podem ficar à mercê de reacções adversas da Câmara e Governo, que sendo do mesmo partido, hão-de ter formas de exercer represálias em conjunto se o entenderem.

Julgamos ter percebido as objecções que apresenta à hipótese de ser de novo Presidente de Loures. Nada percebemos quanto ao funcionamento interno dos partidos e das suas escolhas e esperamos sinceramente não ter contribuído para que se criem obstáculos ao seu regresso, mas que pelo contrário, o seu partido, entenda que o nosso reconhecimento pelo seu trabalho e protagonismo é um reconhecimento que se estende a muita gente que conhecemos e com que contactamos ou trabalhamos.

O actual Presidente só o é, porque o Sr. Eng. não foi candidato nas últimas eleições. Se não já teria passado à história.

Perante isto, escapa-se-nos a razão pela qual pode o seu partido não querer vencer as eleições em Loures. Será que há algum acordo que o público não conhece? Será que o seu partido está satisfeito com a governação do Sr. Carlos Teixeira? Se tal acontecer, só nos resta pedir-lhe que possa apresentar uma candidatura independente. É claro que não sabemos se um independente terá meios e influência suficiente para ganhar, mas de certeza, como em Lisboa, dará uma grande bofetada de luva branca no seu e nos outros partidos.

Verificamos que apesar dos imediatos boicotes que a nossa Petição sofreu e que como é quase certo, afastaram de assinar muita gente, estarão patentes, mais de 250 assinaturas válidas. Certamente, serão de pessoas que como nós concordam que é preciso dar outro caminho a este concelho, não permitir que se transforme num subúrbio, desqualificado e sobrelotado. Ora essas assinaturas devem representar muito mais gente ainda.

Duvidamos que qualquer um dos actuais vereadores, obtivesse, pelos mesmos meios, os mesmos resultados. São talvez um sinal.

Percebemos bem que não se pode passar a vida, a mudar de vida, mas também acreditamos que estaria disposto a um esforço adicional, para que não se perca completamente o desenvolvimento que Loures teve e que, mais do que isso, se possa aspirar a um município moderno, agradável para viver e trabalhar, culto e informado, respeitando o seu passado, tradições e património e, especialmente, em que sejam as pessoas os destinatários das politicas, para além dos interesses pessoais e até partidários e ideológicos de cada um.

É por isso que na medida das nossas parcas possibilidades tudo faremos para que volte à Presidência de Loures.

Oxalá concorde connosco.

Receba os nossos melhores cumprimentos e respeito.

Os quatro de Virtruvio.

9 de Agosto de 2007 "
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