2007/12/31

PRÓ ANO CÁ ESTAREMOS OUTRA VEZ...




Há quem julgue que nos venceu
só porque estamos para aqui, famintos e nus,
de novo sem terra nem céu,
a apanhar o chão,
às escondidas do luar,
os frutos podres caídos dos ramos.

Mas não.

Temos ainda uma arma de luz
para lutar:
SONHAMOS

... enquanto os outros, os traidores,
sem lutas nem cicatrizes
entregam a terra ao rasto dos gamos
e douram os olhos dos velhos senhores
com voos de perdizes...

Sim, sonhamos.

E o sonho quem o derrota?
- mesmo quando vamos
perdidos na rota
de um barco sem remos
na tempestade de um vulcão.

Sim, camaradas, sonhamos.

SONHEMOS!

O sonho é também acção.

José Gomes Ferreira


Um Bom Ano de 2008, com muitos sonhos e acção.

Recomenda-se a leitura do artigo de Manuel Gusmão publicado no Público em 30- 01-2007. A não perder.


2007/12/13

CARTA AO PAI NATAL




Querido Pai Natal:



Estou a escrever-te esta carta para te pedir um presente que gostaria que me desses ainda antes do Natal.
Sabes, é que aqui no Palácio, estes dias de Inverno têm sido mais duros do que habitual. Os corredores estão vazios, tristes. Os salões, tirando as anedotas do costume, praticamente não se usam. E isto porque o meu Padrinho, o Marquês da Praia e Monforte tem andando fugido. Não diz nada, não se ri, deixa o Pálacio ao abandono.
Por isso, querido Pai Natal faz com o Marquês volte.

Um abraço
Desta tua admiradora

2007/11/28

ÚLTIMA HORA




A Associação dos Empresários de Lousa encomendou à Universidade da Terceira Idade de Loures um estudo que aponta para a solução Portela + Cabeço de Montachique para a localização do novo aeroporto, mantendo em funcionamento o actual aeroporto da Portela.
Segundo o relator do estudo, esta é a solução mais económica, não necessitando da construção de qualquer ponte nem vias de acesso. Como sabemos, o Cabeço de Montachique é servido de boas estradas e até é em local de alta altitude, permitindo que os aviões gastem menos combustível na aterragem (têm de descer menos).



Os ecologistas locais defendem esta solução, pois perante o estado de abandono a que chegou o Parque e a degradação da mancha verde, consideram que vale mais acabar com aquilo de vez.



Este blog tentou colher a opinião do senhor presidente da Câmara Municipal de Loures, mas tal revelou-se impossível, pois todo o executivo se encontra reunido para analisar a situação, na Sociedade Recreativa de Casaínhos, à volta de uma valente churrascada.

MAIS ESCOLA




Há dias uma jovem contava-me que numa pequena formação a que assistiu no Centro de Emprego cujo tema era “Como procurar emprego”, a grande maioria dos jovens presentes não tinha escolaridade além do 9º ano. Só ela tinha formação superior e mais duas raparigas tinham o 12º ano. Todos os restantes – 12 jovens, tinham concluído ou apenas frequentado o 3º ciclo do ensino básico.
Durante o decorrer da acção, o ponto forte foi a desmotivação, a ausência de rumo, o desnorte sobre o caminho a seguir e sobretudo uma enorme descrença. Os jovens sabiam pouco, a perspectiva de mais estudos não os cativava e estavam profundamente zangados, mas não sabiam muito bem com quê.
Concluiu a dita jovem dando-me razão quando defendo que às crianças e jovens quanto mais escola melhor.

Acontece que nos últimos tempos me tenho confrontado com escolas do nosso concelho onde a principal função da Escola dificilmente se cumpre. Ensinar e aprender é uma tarefa pouco eficaz, tal é a indisciplina, mau comportamento e má educação dos jovens.
As escolas e os professores não sabem o que fazer, pois apesar de estarem diagnosticadas algumas das causas, as soluções ultrapassam largamente os muros da escola (que bom que era uma Escola sem muros!).

Em Sacavém, na última semana, três jovens saíram da escola e andaram aos tiros uns aos outros.
Os Cursos de Educação e Formação existentes em grande número em muitas dessas escolas também não são motivadores da aprendizagem e, apesar de terem mantido mais jovens nas escolas, não os munem com as competências, atitudes e comportamentos necessários a seres humanos completos.

As vidas nos bairros sociais continuam sem planos de intervenção, sem investimento, deixando à sua sorte centenas de crianças e jovens impreparados para enfrentar os aliciamentos de grupos de marginais e deliquentes.

Bem sei que a questão é mais profunda. Mas creio - ainda - que tem de haver soluções. Por eles, por mim, por nós.

Paris é já aqui ao lado.
Será que nunca aprendemos com os outros, remediando o que de errado imitámos?

2007/11/27

CANÇÃO DE MADRUGAR



De linho te vesti
de nardos te enfeitei
amor que nunca vi
mas sei.

Sei dos teus olhos acesos na noite
sinais de bem despertar
sei dos teus braços abertos a todos
que morrem devagar
sei meu amor inventado
que um dia teu corpo pode acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer

Irei beber em ti
o vinho que pisei
o fel do que sofri
e dei

Dei do meu corpo um chicote de força
rasei meus olhos com água
dei do meu sangue uma espada de raiva
e uma lança de mágoa
dei do meu sonho uma corda de insónias
cravei meus braços com setas
descobri rosas alarguei cidades
e construí poetas

E nunca te encontrei
na estrada do que fiz
amor que não logrei
mas quis.

Sei meu amor inventado
que um dia teu corpo há-de acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer

Então:
nem choros, nem medos, nem uivos,
nem gritos, nem pedras, nem facas,
nem fomes, nem secas, nem feras,
nem ferros, nem farpas, nem farsas,
nem forcas, nem cardos, nem dardos,
nem guerras

de josé carlos ary dos santos

2007/11/19

GNR CARREGA SOBRE TRABALHADORES DA VALORSUL

http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98&visual=25&article=308128&tema=27

2007/11/18

ESSA É QUE ERA, NÃO ERA CARLOS?!




No fim-de-semana passado foi posto à venda o Quartel de Sacavém.
Neste fim-de-semana foi anunciado que o presidente da Líbia deslocar-se-á a Lisboa, para a Cimeira UE - África e que trará a sua tenda para aí ficar alojado. Basta para o efeito encontrar um local aprazível para montar a referida tenda.


O local onde funcionou o Quartel tendo sido um antigo convento e possuindo ainda espaços de alguma beleza corre agora o risco de ser vendido para mais uma nova urbanização.
O Presidente Kadaffi gosta de locais bonitos, espaçosos, cercados, onde possa servir os seus chás e decidir coisas que para aqui não interessam.


Pensei:
Porque não, num derradeiro suspiro de existência do quartel/convento antes de se tornar urbanização, oferecê-lo, o senhor presidente da Câmara de Loures, para a instalação da tenda do presidente líbio?!
Até poderia ser o cartaz promocional da futura urbanização e certamente também seria um acto que ficaria para sempre ligado à História – “A tenda de um chefe de estado de um qualquer país africano, onde só há camelos, deserto, areia, deserto, camelos, petróleo, ficou instalada na Urbanização do Convento através do mais altíssimo patrocínio do ilustríssimo líder mundial Carlos Teixeira."


Essa é que era, não era Carlos?

2007/11/13

AO CUIDADO DA CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES




Tendo em conta que ainda ontem, na reunião da Assembleia Municipal de Loures, os possíveis trajectos do TGV em Loures eram completamente desconhecidos pela Câmara Municipal de Loures.
Tendo em conta que esta informação carecia ainda de uma eventual resposta a um eventual pedido de informação feito pela Câmara ao Governo.
Tendo em conta que todas as explicações dadas para justificar o desconhecimento da Câmara Municipal de Loures foram disparatadas.
Tendo em conta que todas as almas que lá se encontravam ficaram a saber o mesmo à saída, que já sabiam quando lá entraram.
O Palácio difunde, talvez em primeira mão, que um dos traçados desconhecidos atravessará o núcleo urbano de Sacavém.

Gare do Oriente vai obrigar a "pequenas expropriações" em instalações militares e da REN

A utilização da Gare do Oriente como estação central para o TGV vai obrigar a "pequenas expropriações" em instalações militares e da REN, mas "sem interferências com edificações importantes", admite o programa funcional da estação, a que a agência Lusa teve acesso.

O programa, elaborado pela empresa responsável pelos estudos do TGV, a Rave, define as orientações para a ampliação da Gare, que será projectada pelo arquitecto espanhol Santiago Calatrava, responsável pelo projecto original.

A saída para norte da alta velocidade ferroviária, será feita a poente do actual corredor da Linha do Norte, até ao viaduto de acesso à Ponte Vasco da Gama, prosseguindo para o núcleo urbano de Sacavém, que atravessará em túnel, prevê o documento da Rave.

No troço entre a passagem superior da Avenida da Peregrinação e o viaduto de acesso à Ponte Vasco da Gama, localizam-se, do lado esquerdo da linha do Norte, duas parcelas contendo instalações militares e instalações da empresa de transporte de energia REN (Rede Energética Nacional).

"Prevêem-se neste troço pequenas expropriações em ambas as parcelas, sem interferência com edificações importantes", refere.

Entre o viaduto de acesso à Ponte Vasco da Gama e o viaduto do IC2, o documento identifica também a existência de instalações dos CTT (Correios de Portugal), "onde se constata interferência com uma das extremidades dum pavilhão existente".

A sul da Estação do Oriente, a via dupla afecta à alta velocidade ocupará a faixa poente do actual corredor ferroviário até à estação de Braço de Prata, que também será modificada no âmbito das ligações norte da Terceira Travessia do Tejo.

A construção da nova via dupla implicará a reformulação das passagens desniveladas da Avenida de Pádua, da rua Corsário das Ilhas e da Avenida Marechal Gomes da Costa, segundo o mesmo documento.


Fonte, RTP

PELA VOZ DE FERNANDO TORDO

CAVALO À SOLTA







Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.
Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.
Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.
Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.
Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.
Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.


José Carlos Ary dos Santos

ISTO SIM, É TRABALHO...




A Câmara Municipal de Lisboa vai lavar as ruas, praças e passeios e, imagine-se, pintar cinco novas passadeiras.
E não é que tal facto foi notícia de Telejornal.
Quem pode, pode.

Não me venham com a conversa da utilização do serviço público de televisão como veículo de propaganda do governo e do partido que o sustenta.

GREVE NA VALORSUL




Funcionários da Valorsul param a partir da meia-noite
Por tempo indeterminado, os trabalhadores da empresa Valorsul entraram em greve à meia noite de hoje, reivindicando aumentos salariais e contestando a redução do período de descanso entre turnos


David Costa, delegado sindical na Valorsul, empresa responsável pelo tratamento do lixo produzidos nos Municípios da Amadora, Lisboa, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira, confirmou o início da greve à meia-noite.
«Os portões já estão fechados», afirmou, cerca de meia hora depois de ter começado a paralisação.
O delegado sindical não conseguiu, contudo, adiantar quaisquer números em relação à adesão à greve, remetendo esse cálculo para a manhã de terça-feira.
«Mas, contamos com uma boa adesão», salientou.
Os trabalhadores da Valorsul contestam o aumento salarial de dois por cento oferecido pela administração da empresa, face aos 3,7 por cento pedidos pelos trabalhadores, além da alegada intenção da empresa de reduzir o tempo de descanso entre turnos de 12 para oito horas, para combater o excesso de trabalho suplementar.
Em Setembro, os trabalhadores da empresa realizaram uma greve de três dias, registando uma elevada adesão, que impediu a recolha normal dos resíduos em alguns concelhos, nomeadamente Lisboa, Loures e Odivelas.
O pré-aviso da greve que agora começou não indica uma data para o fim da paralisação, que apenas irá ser determinada no plenário de trabalhadores agendado para quarta-feira à tarde.
Em declarações à Lusa segunda-feira ao final da tarde, o administrador da Valorsul João Figueiredo disse esperar que a greve, que qualificou de «indesejável», dure «pouco tempo», embora tenha revelado «alguma preocupação» não só pelos prejuízos que irá gerar mas também pelo «transtorno ás populações».
De acordo com João Figueiredo, a Valorsul sente «necessidade de terminar com o elevado volume de horas extraordinárias», que a empresa considera «desnecessárias» e «produto de rotinas e práticas instaladas».
Anualmente, essas horas extraordinárias custam à empresa 1,2 milhões de euros, de acordo com o administrador.
Relativamente aos aumentos salariais, João Figueiredo revelou a intenção da empresa de aumentar os salários entre dois e 3,3 por cento, beneficiando os trabalhadores com salários mais baixos, por contraponto á proposta de aumento salarial de 3,7 por cento pedida pelos trabalhadores.
«O pacote remuneratório da Valorsul é dos mais aliciantes», considerou o administrador da empresa, justificando, assim, a ausência de aumentos mais elevados.




Fonte: Sol

2007/11/07

AS COISAS QUE SE APRENDEM NAS REUNIÕES DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL








A Feira de Sacavém ou Feira do Espírito Santo realizou-se, durante décadas, no último domingo de Maio, inicialmente na margem do rio Trancão.
Nos anos cinquenta, sessenta e início dos anos setenta, a Feira de Sacavém era considerada para os sacavenenses e populações vizinhas, como um acontecimento importante. Para além das compras que se realizavam, que iam de produtos agrícolas a utensílios de uso doméstico e roupas, era também possível, alguma diversão e convívio das populações.
Para as mães era altura de costurarem vestidos novos para as filhas com os retalhos que iam comprar à fábrica das chitas ou do Manel Dinis. E também esse facto, pela sua raridade, se associa às memórias agradáveis da feira.
Com o passar dos anos a feira, considerando condicionantes sociais e de crescimento urbano vários, acabou por perder o seu interesse, tendo-se extinguido de forma natural.
No entanto, para quem a viveu, não deixa de ser guardada na memória com ternura e como parte importante do património pessoal.
Pessoalmente vivi a feira como todos os que aqui passaram e recordo-a com carinho.

Parece que o senhor presidente da Junta de Freguesia do Prior Velho também se lembra de descer das cercanias de Sacavém para visitar a feira. Lembra-se da sua importância, de estrear roupa nova, de andar na Roda Gigante, de tirar uma fotografia à la minuta. E coloca as suas lembranças da feira, no mesmo patamar das cheias que vinha visitar a Sacavém. Provavelmente também estreava galochas novas para visitar as cheias.
Já na altura as cheias de Sacavém eram atracção turística.


Mas a memória é traiçoeira…
As cheias de que se lembra ocorriam com alguma frequência. Na antiga Rua da Estação e na Rua dos Armazéns, mesmo na margem do rio.
As cheias que ocorreram no passado mês de Outubro foram ligeiramente mais acima, talvez uns 500 metros mais acima. Mas isso não tem importância nenhuma.


Se o senhor presidente da Junta de Freguesia do Prior Velho guarda nas suas lembranças os passeios turísticos às cheias de Sacavém e associa a galochas novas, a farturas e carrosséis, então as recentes cheias serão memórias vivas das suas lembranças e portanto deverão ser perpetuadas.
Pois então...

2007/11/03

PREVISÃO DE INTENÇÕES DE DESPESAS DE DESENVOLVIMENTO DA ADMINISTRAÇÃO CENTRAL – PIDDAC


Nesta semana inicia-se o debate sobre o Orçamento de Estado, estando também em discussão o PIDDAC. Ao contrário do que se publicita no título deste post, o PIDDAC é o “quadro de referência da despesa pública de investimento realizada pela Administração Central (incluindo despesas de apoio ao investimento de outros sectores institucionais através de subsídios e transferências designadamente no âmbito dos "sistemas de incentivos" e de esquemas de colaboração com entidades exteriores à Administração Central). O PIDDAC detalha de forma regionalizada os respectivos programas e medidas orçamentais, articulados com as GOP e com os Quadros Comunitários de Apoio, evidenciando os encargos plurianuais e as fontes de financiamento.”
Consultando o mapa do PIDDAC ficamos a saber qual é o programa de investimento que o Governo se propõe cumprir no próximo ano. Por curiosidade bairrista interessou-me saber quais as intenções do Governo para com o Município de Loures. Diga-mos que não são as melhores. De 2007 para 2008, o volume de investimento previsto desce de cerca de cinco milhões de euros para aproximadamente três milhões. Falamos de uma redução na ordem dos 40%.
No que respeita a Loures, o OE, informa ainda os munícipes deste concelho que o Governo só prevê começar a ter despesa com o Hospital de Loures para lá de 2011. Perante o esmagamento que constituem estes dados, a Câmara Municipal de Loures remete-se ao mais incrível silêncio. Na última reunião de Câmara, questionado sobre estes dados, o Presidente desvalorizou-os da forma menos esperada, declarando que a lei do orçamento, lei da república, não seria uma coisa para levar muito a sério, porque muito é aquilo que lá vem e que não é feito, e muito é feito que lá não consta. Espantoso. Sobre o papel da Câmara Municipal, informou ainda que ele próprio fez várias propostas de investimentos para inclusão no PIDDAC. Não duvido que assim tenha sido, mas desse esforço resultou uma redução de 40% no investimento previsto, ou as propostas não eram muito sérias, ou já ninguém leva muito a sério o proponente, nem mesmo o Governo que é do seu partido. Seja como for, qualquer uma das duas hipóteses é deveras preocupante e ainda o é mais o seu resultado.

PELA EUROPA DOS CIDADÃOS


Na sequência da aprovação em Lisboa do novo Tratado da União Europeia, o Palácio inicia a publicação de uma série de textos sobre o tema. Para tal, foram feitos convites a alguns amigos, propondo-lhes que materializassem num texto as suas opiniões sobre a Europa, o Novo Tratado, o aprofundamento do processo de integração europeia, em suma, textos que fossem um contributo ao debate que deve contar com a participação de todos, no sentido da criação de uma Europa dos Povos e dos Cidadãos.
A recente cimeira de Lisboa, ficou marcada por um aspecto profundamente negativo, que foi o acordo tácito, feito entre os dirigentes dos estados europeus, de contrariar a participação dos cidadãos da Europa no processo de ratificação do novo tratado. Essa manobra deve ser em primeiro lugar denunciada e criticada por todos aqueles que entendem existir bondade no processo de integração e no aprofundamento do projecto Europeu, na medida em que esse caminho carece, para ser bem sucedido, duma cada vez maior participação e engajamento dos europeus. De entre estes, merecerá redobrada critica daqueles que, como eu, embora crentes no projecto europeu, defendem uma Europa alternativa àquela que à força nos querem impor.
Deixarei, para texto posterior, a minha opinião sobre o tratado em si, mas dou já consequência a uma das minhas convicções. A Europa é um assunto meu e dos meus concidadãos. É um assunto do meu povo e dos outros povos da Europa. Só os cidadãos e os povos europeus podem construir uma nova realidade política europeia coerente e duradoura.
Forçar o projecto europeu ou executá-lo nas costas dos europeus, para obter “celeridade” no processo, é fragilizá-lo ou até mesmo comprometê-lo.

Além dos contributos que chegarão, fruto de convite pessoal, publicar-se-ão também todos os textos sobre este tema que nos sejam enviados. Para tal, basta remete-los para o antoniocamaraesousa@sapo.pt

2007/11/02

CHOVE EM... SETE CASAS




Nas oficinas dos SMAS nas Sete Casas as intempéries próprias do Outono começaram já há alguns dias. “Factores meteorológicos adversos”, “ventos fortes e alguma chuva” foram os causadores da destruição de alguns dos contentores oferecidos pela Valorsul que, apesar de estarem protegidos em “caixotes de papelão e oleado”, não resistiram ao Inverno rigoroso que vivemos.
Os contentores destinavam-se a um projecto de separação dos lixos domésticos a desenvolver na freguesia da Portela. Mas como até ao momento só 25% dos habitantes aderiu, sobraram os restantes contentores.
Pois.
Compreendo o problema que se colocou à administração dos SMAS. O que fazer com os restantes 75% dos contentores, quando nas restantes freguesias essa separação já cobre toda a população, como todos sabemos.
Realmente a melhor solução foi deixar degradar os contentores e torná-los, também eles, em lixo.
Devidamente separado, obviamente…

ODE AO DISPARATE




"Disparate en Rojo y Negro I"


Publica-se esta missiva recebida no Palácio por ser um mimo... São desnecessários comentários!

"Surpresa e espanto. Um energume não identificado resolveu enviar para o site da CML uma série de ofensas e provocações a vários dirigentes, tentando com métodos anti-facistas já bem conhecidos, atingir a dignidade de várias pessoas.Fala como um daqueles progressistas dos WC's ignorante de ideias, saudosista e defensor de métodos do KGB, onde o povo soviético sofreu, foi torturado pior que a PIDE e deixou a miséria em toda a população conforme se verificou ser verdade após a libertação que o povo russo sofreu. Como não tem ideias nem inteligência, vem provocar aqueles que, num país de liberdade, têm ideias diferentes das dele. Já Salazar era assim: aqueles que não apoiavam o regime eram comunistas. Este indivíduo é daqueles que diz que os que não estão com as ideias dele são facistas. Este energume fala em recepção parecida com as do Estado Novo - provavelmente aqueles onde os seus pais participaram e assim lhe explicaram - só que mentiu demais, pois na recepção de boas vindas ao Exmo. Sr. Presidente da CML Eng. Carlos Teixeira, não estava só o presidente da Banda Recreativa de Bucelas. Estavam os presidentes das Direcções do Futebol Clube os Bucelenses, dos Bombeiros Voluntários de Bucelas, da Instituição de Apoio Social da Freguesia de Bucelas, e vários directores da Casa do Povo e de colectividades já enunciadas. Parece-me que este energume não percebeu que as colectividades não devem de estar subordinadas a nenhum poder político, como ele deve de estar concerteza, pois se percebesse não desrespeitava todas estas importantes associações da nossa freguesia.Concerteza que também não percebeu que ir receber o Presidente do nosso concelho é uma prova de respeito e de dignidade, aquela que não deve conhecer com os seus familiares. A falta de inteligência e de educação também é notória, pois arrasa todo o investimento que o Municipio tem feito em Bucelas nos últimos seis anos, mas não diz o que foi feito antes, porque sabe que não foi nada.Diz por fim "...não perceberam nada..." e fala num odor salazarento. Percebo bem que gostava mais dos tempos em que os democratas como você invadiram países como República Checa, Roménia,... e matavam milhares de pessoas que lutavam pela liberdade.Termino dizendo que o cobarde que escreveu estas linhas e não se identificou, não representa mais do que um verme no meio de uma estrumeira. A aguardar notícias.


Presidente da Direcção da IASFB

Manuel Marecos"

2007/11/01

RÉDEAS




Obedecem-me agora muito menos,
as palavras. A propósito
de nada resmungam, não fazem
caso do que lhes digo,
não respeitam a minha idade.
Provavelmente fartaram-se da rédea,
não me perdoam
a mão rigorosa, a indiferença
pelo fogo-de-artifício.
Eu gosto delas, nunca tive outra
paixão, e elas durante muitos anos
também gostaram de mim: dançavam
à minha roda quando as encontrava.
Com elas fazia o lume,
sustentava os meus dias, mas agora
estão ariscas, escapam-se por entre
as mãos, arreganham os dentes
se tento retê-las. Ou será que
já só procuro as mais encabritadas?

Eugénio de Andrade

Há dias, cá no Palácio, falávamos das palavras e do seu uso e do poder que lhes determinamos.
Este é o poema de que falei.
Às vezes também as minhas se encabritam e fogem da rédea. Ainda bem!

1º DE NOVEMBRO




Estou em frente ao Tejo. O sol outonal reflecte-se nas suas águas, prateando-as e acentuando a sua acalmia. Há mais de 250 anos, este mesmo rio, calmo e sereno, onde centenas de lisboetas procuraram refugio depois de longos minutos de tormenta, ergueu-se transfigurado. Olhando o rio, é difícil imaginar essa manhã de 1755. Aproveito para relembrar dois dos melhores contributos que li para a compreensão desse momento histórico e das suas inimagináveis consequências, O Pequeno Livro do Grande Terramoto, de Rui Tavares, e 1755 - O Grande Terramoto, de Filomena Oliveira e Miguel Real.

2007/10/31

BOLORES II



Passados alguns dias sobre a publicação aqui de um post sobre a recepção ao Presidente da Câmara Municipal de Loures, nas Festas do Vinho e das Vindimas em Bucelas, promovida pela Direcção da Banda de Bucelas e sobre o papel da Câmara Municipal na organização dessa mesma recepção, recebeu o Palácio uma resposta do Presidente da direcção dessa colectividade. Como é prática democrática dentro destas vetustas paredes, chama-se à primeira página essa resposta. É publicada na íntegra, não se cortando sequer os insultos, na medida em que eles ajudam a traçar o perfil do autor:

“A Banda Recreativa de Bucelas, é uma Associação que tem como vertente o ensino e divulgação da música e para atingir os seu fins, tem uma escola de música, com alunos muito jovens e do qual temos a obrigação de lhes ensinar música e os valores da sociedade em comunidade para a sua formação como cidadãos.
Na Banda de Música colaboram connosco muitos jovens e também adultos, pessoas bem formadas, que sabem bem o que pretendem para a sua Colectividade.
Sendo esta a conduta da Banda Recreativa de Bucelas, a sua direcção formada por gente que fala por si, com obra feita pelas associações por onde têm passado, reflectiu e decidiu responder a um menino de fraldas, ou a um cobarde mal formado, mentiroso e com toda a certeza deve ser mandado por alguém, sem personalidade para assumir os seus actos.
A Banda Recreativa de Bucelas, tem directores competentes, que pensam por si, para resolver todos os seus problemas, sem que para isso tenha de obedecer a ordens de terceiros ou a condutas menos próprias.
Como tal, decidiu esta direcção, receber o Exmº Senhor Presidente da Câmara Municipal de Loures, Engº Carlos Teixeira, da forma que nós pensamos que ele merece ser recebido, com todo o respeito, pois é o representante máximo do Concelho de Loures, que junto das Colectividades, organiza a Festa do Vinho e das Vindimas, festa essa que tanto nos honra e orgulha, pois representa as nossas tradições, sentimento que só tem quem nesta terra nasceu e cresceu.
A Banda Recreativa de Bucelas não responde a provocações políticas, essa não é a nossa missão, vamos responder às mentiras mencionadas neste site da internet, usado por um cobarde que não se digna a pôr o seu punho como homem, preferindo a capa do anonimato, servindo de bandalho e que não se digna a dizer as verdades, e que propomos esclarecer:

- Oportunamente, o senhor Presidente da Câmara Municipal de Loures delegou no seu vereador da Cultura, DrºRicardo Leão, o convite a todas as Colectividades da Freguesia de Bucelas, que quisessem ou pudessem estar presentes na recepção de Boas-Vindas ao senhor presidente da Câmara Municipal de Loures, para a abertura da Festa do Vinho e das Vindimas. Assim, na recepção ao senhor presidente estiveram a Banda Recreativa de Bucelas, e representantes de mais Colectividades da nossa Freguesia tais como representantes do Clube Futebol " Os Bucelenses", Casa do Povo de Bucelas, Instituição de Apoio Social da Freguesia de Bucelas, Bombeiros Voluntários de Bucelas, entre outros.Em relação ao Campo de Futebol e ao Pavilhão Desportivo, que fazem parte da mesma obra, muito entristece que alguém escreva não reconhecendo o esforço feito pela Câmara Municipal de Loures e a valorização que essa obra tem para a Freguesia de Bucelas, esquecendo-se também, de outras obras camarárias feitas nos últimos seis anos. O que não aconteceu durante duas décadas.
Pessoalmente, como presidente da direcção da Banda Recreativa de Bucelas, ignoro todas as acusações abusivas, e conjuntamente com os outros directores, levaremos o mais longe possível os objectivos a que nos propusemos aquando da nossa tomada de posse, para com esta Colectividade e seus associados.
A quem escreve mentiras como estas, o nosso muito obrigado, pois serve-nos de fio condutor para demonstrar a verdade do nosso trabalho.
Penso que as Colectividades se devem unir, em nome de algo muito nosso e forte que é a nossa Freguesia e deixassem a política para os políticos, pois essa não é nossa missão, enquanto directores das nossas Associações.
Deste modo, a Banda Recreativa de Bucelas, convida as Colectividades, no futuro a receber o Senhor Presidente, Engº Carlos Teixeira, como ele merece, olhando para o que fez e o que quer fazer por a nossa Freguesia.

O Presidente da Direcção
José António Louro


Agradeço a atenção dispensada pelo Presidente da Direcção da Banda de Bucelas ao texto aqui publicado e a resposta que endereçou.
Uma das maiores riquezas deste Município é o trabalho desenvolvido pelas suas colectividades e associações, espaços privilegiados de participação cidadã, de formação cultural e desportiva. Muitas dessas instituições possuem um tal capital histórico que as tornam sobreviventes e a conjunturas directivas menos bem sucedidas.
Na resposta dada, expurgando-a do que nela é menos digno, não se encontra nenhum desmentido ao que foi afirmado no texto que a motivou.

- A proposta de recepção, feitas nos moldes em que foi, aconteceu ao arrepio das reuniões de preparação das Festas onde participam todos os parceiros da organização.
- Por esse motivo muitas das colectividades da Freguesia de Bucelas se escusaram de participar na referida recepção.
- Esse mesmo desagrado foi manifestado na reunião de balanço das Festas.
- A Câmara Municipal viu nesse momento uma oportunidade de promoção política do seu Presidente, razão pela qual tentou envolver as restantes colectividades nesse acto. De tal modo foi evidente esse objectivo e o desconforto gerado, que na penúltima reunião de Câmara o Vereador Ricardo Leão afirmou mesmo que desconhecia o ofício, assinado por ele próprio, onde se convidava as restantes colectividades, dizendo que iria averiguar o que se tinha passado. Não averigúe mais. Está aqui o ofício.
- Por fim, o seu teu texto merece apenas mais um comentário. Se dúvidas ainda existissem sobre o frete político que foi a referida recepção, por sua conta ou em concertação com a Câmara Municipal, as suas palavras dissipam-nas completamente.

2007/10/30

A QUE BRINDAM ELES?




"Uma vez que, por solicitação de alguém não identificado, deixou ser possível colocar aqui, ou noutro blogue qualquer, o vídeo, captado pela Euronews, do Senhor Primeiro Ministro de Portugal a abraçar-se a diversos chefes de governo europeus, tu cá, tu lá, entre palmadinhas nas costas, uns apertos de bochechas e um ministro da Defesa de mão estendida e certamente incrédulo perante o comportamento do nosso chefe de governo, aqui segue a ligação: http://br.youtube.com/watch?v=e9K9RxX_ecQ


2007/10/25

VAMO-NOS DEITAR PORQUE AS VISITAS QUEREM IR EMBORA




Neste momento, o Sport Grupo Sacavenense não tem Direcção digna desse nome, que possa com propriedade, no que respeita a decisões de monta, representar, gerir e defender o clube, o seu nome e o seu peso simbólico. Os seus associados vão-se desdobrando em contactos afim de ultrapassar este hiato directivo, sendo este o problema que mais os ocupa e preocupa. Neste contexto, no próximo dia 28, vai ser inaugurado o piso sintético do campo do Sport Grupo Sacavenense. Vai ser é a forma mais indicada de verbalizar a acção, na medida em que para esta inauguração já são conhecidos dois convites distintos. O Presidente da Câmara Municipal de Loures, em conjunto com a Direcção(!) do Clube, em convite difundido, expressa a honra de receber convidados para a referida cerimónia. A Junta de Freguesia de Sacavém, sem referir o clube ou a sua Direcção, também convida para o mesmo dia e até adianta um programa das festividades e informa que pode ir toda a gente à inauguração porque a entrada até é “gratuita”. Só me lembra “ O Charlatão”, “É entrar senhorias / a ver o que cá se lavra / sete ratos, três enguias / e uma cabra, abracadabra // É entrar senhorias / é entrar senhorias...” Os associados, amigos e atletas do Sacavenense foram remetidos à condição de figurantes necessários ao abrilhantamento deste desfile, na sua própria casa. Vai tudo à boleia! Quem quiser convidar para a Inauguração do Piso Sintético do Sport Grupo Sacavenense, faça favor. O Palácio associa-se à originalidade e também convida oficialmente para o evento.



Aparecer sem ser convidado é sempre uma deselegância, ainda levar convivas é um abuso, faze-lo num momento inoportuno é a Câmara Municipal de Loures.

2007/10/24

PROMESSAS, PROMESSAS...




Orçamento de Estado só prevê Hospital de Loures, com dotação orçamental, a partir de 2011.

DESTINO MARCADO





Foi publicada ontem, dia 23 de Outubro, a lista ordenada dos resultados por escola, dos exames nacionais do 12º ano do Ensino Secundário.
Não podendo este ranking revelar o que cada escola vale ou é, não deixa de ser um elemento comparativo dos desempenhos académicos dos alunos, sobre um determinado momento da avaliação, que não devendo ser considerado o mais importante, assume alguma relevância e por isso poderá servir de base a uma das muitas reflexões que as escolas e as comunidades deverão efectuar.
E nesta base e apenas nesta base, gostaria de levantar algumas questões para reflexão.

Em Loures há 7 Escolas Secundárias e uma instituição privada, cujos alunos realizaram as referidas provas. Inserem-se num universo de análise de 496 escolas.Efectuaram exames 2 592 alunos das escolas do concelho de Loures. Na escala ordenada, as escolas de Loures situam-se entre o 47º lugar e a 484ª posição.
A escola privada encontra-se entre os últimos lugares.
Cinco das oito escolas existentes têm média igual ou superior a 10 valores.
As escolas da Portela, Loures e S. João da Talha apresentam resultados médios positivos (10val).
As escolas de Sto. António dos Cavaleiros, Sacavém e Camarate apresentam resultados abaixo dos 10 valores.

As escolas que levaram a exame menos de 200 alunos são a Secundária de Sacavém e a de Camarate. Todas as outras têm números muito superiores (entre 522 e 362).
A Escola Secundária de Sacavém apresentou a exame 182 alunos. A média dos resultados foi de 7,8. Na Escola Secundária de Camarate fizeram exame 138 alunos e a média foi de 7,52.
As escolas de Sacavém e Camarate servem, para além das próprias, as freguesias de Apelação, Unhos, Prior Velho, Bobadela (em parte).
As escolas de Camarate e Sacavém têm vindo a oferecer um cada vez maior, número de Cursos de Formação ou Profissionais.
A taxa de residentes do concelho com formação académica equivalente ao ensino médio e superior é de cerca de 13%, sendo as freguesias da Portela, Sto. António dos Cavaleiros, Moscavide e Loures que apresentam as maiores taxas.



Será sina destes jovens perpetuarem a condição dos progenitores no que respeita à formação e escolaridade?
O Conselho Municipal de Educação (será que ainda existe?), não deverá reflectir estes factos, procurando causas, caminhos, parceiros, soluções?
Não é no Conselho Municipal de Educação que estão todos os intervenientes no processo educativo: Pais, empresas, professores, IPSS, CML, agentes da Segurança, da Saúde, do Ministério…?
Quais as propostas que foram apresentadas pelo senhor Presidente da Câmara ou pelo senhor Vereador da Educação no Conselho Municipal de Educação sobre o rumo da Educação no nosso Concelho?

2007/10/23

À DESCOBERTA DE UM MÚSICO




É já a dia 27 de Outubro, na Sociedade 1º de Agosto (em Santa Iria de Azóia), pelas 22:00, que Jorge Marques dará, pela primeira vez, um concerto preenchido, exclusivamente, com temas da sua autoria ou adaptados por si.

Trata-se de uma oportunidade para descobrir um compositor jovem e promissor, cujos temas revelam uma sensibilidade única ao universo que o rodeia, sublinhados por sonoridades abrangentes – dos ritmos mais intimistas aos mais acelerados – ilustrativos das suas influências musicais: da música popular portuguesa aos sons mais contemporâneos da pop/rock, sem esquecer, obviamente, os ambientes rítmicos oriundos do Jazz.


Dados biográficos.
Jorge Marques nasceu em Dortmund (na então República Federal da Alemanha), em 3 de Junho de 1973, filho de pais emigrantes. E regressou a Portugal no Verão de 1984.

Descobriu o gosto pela música muito cedo. Participou em coros infantis de igreja e aos 7 anos, iniciou as aulas de órgão electrónico que prosseguiu, depois, já em Portugal. Em 1990, começa um processo autodidáctico de aprendizagem de guitarra. Metódico e determinado, o músico fechou-se, então, no quarto (depois das aulas) durante 6 meses, para aprender a dominar este instrumento que é, actualmente, presença incontornável na sua música.

Em 1991, dá início à fase de participação em grupos, organizando a sua primeira banda de covers, Factor X (no Tramagal, Abrantes), que se apresenta em bares e com a qual, pela primeira vez, dá a conhecer ao público vários temas originais. Em 1994, integra um quarteto em cujo reportório constavam versões Jazz de temas de música popular portuguesa, bem como temas originais, algumas deles compostas poe Jorge Marques.

Nos anos que se seguem, o músico, aproveitando os vários projectos colectivos que integrou (casos de Pack 7 ou Guerreiros do Látex, entre outros), foi introduzindo no reportório que apresentavam alguns temas originais da sua autoria.

A reacção do público a este temas não podia ter sido mais motivador, razão pela qual, em Novembro de 2002, Jorge Marques resolve registar a sua primeira maqueta com 10 temas, na Sociedade Portuguesa de Autores.

IMI E OUTRAS ALDRABICES


IMI

Na passada sexta-feira foram aprovadas as taxas de Imposto Municipal sobre Imóveis a cobrar aos proprietários no Município de Loures. A actual modalidade deste imposto resultou de uma reforma feita pelo PSD no último período em que foi governo. Um dos elementos mais relevantes dessa reforma da tributação do património imobiliário reside no facto da lei ter estabelecido uma fórmula de actualização dos valores constantes nas matrizes mais antigas, resultando daí um aumento da matéria tributável. De forma simples: para um imóvel registado em 1984, com o valor matricial de 1800 contos, 9000 euros, a lei definiu uma fórmula de actualização desse valor matricial que o aproximasse dos valores “reais”. Dessa actualização resultaria para o proprietário um aumento do valor sobre o qual incidiria a taxa de imposto a pagar.
Como a aplicação directa dessa fórmula de actualização faria com que o proprietário de um determinado imóvel antigo visse multiplicado por muito a matéria colectável, a lei fixou um período de moratórias à aplicação completa dessa actualização. Assim, foram definidos tectos de aumento real para esses imóveis, amortizando o impacto do aumento, sendo o mesmo faseado. Este é o último ano em que existirão esses tais tectos para os aumentos da matéria cobrável, aplicando-se sem filtros o valor que resultar da fórmula de actualização.
Seja como for, os proprietários dos prédios urbanos, mesmo sem que a taxa não se altere significativamente de um ano para o outro, pagam mais porque o valor sobre o qual incide a taxa aumenta progressivamente.
Os municípios têm, ao abrigo dessa lei, a possibilidade, balizada por tectos máximos e mínimos, de definir qual a taxa que se aplicará no seu município. Ao exercitarem esse direito estão também a definir as receitas que vão arrecadar.
Esta é a explicação mínima e resumida necessária para que se perceba as considerações seguintes.
Em Loures foram aprovadas pela maioria PS e PSD, exceptuando o vereador Paulo Guedes da Silva, as taxas do IMI a aplicar em Loures. Os valores aprovados resultarão num claro aumento da carga fiscal no Município de Loures, ainda que o valor seja reduzido 0,5%. A taxa reduz cerca de 9%, mas a matéria colectável sobre a qual incidirá, por via da actualização administrativa dos valores matriciais dos imóveis, aumentará mais do que isso. Logo, aumentará a receita do município porque os munícipes vão pagar mais.
Foi por isso que a proposta apresentada pela maioria socialista foi alvo de critica e contestação, tendo a CDU apresentado uma proposta alternativa, que previa uma maior redução das taxas a cobrar em Loures. Nos últimos cinco anos a receita do Município de Loures proveniente deste imposto aumentou exponencialmente todos os anos, pelas razões acima aduzidas. Mas nunca durante estes anos a maioria socialista foi sensível às propostas que visavam, manter o nível de receita, sendo isso possível baixando o imposto, sendo essa baixa compensada pelo aumento da matéria tributável.
Assim, foram sempre mantendo os valores no imposto no limite superior, aumentando todos os anos a carga fiscal no município.
Objectivamente, na passada sexta-feira, ao não reduzir sensivelmente as taxas do IMI, a maioria socialista aprovou um aumento de impostos sobre os contribuintes de Loures.

OUTRAS ALDRABICES

No rescaldo da última reunião de Câmara seguiram-se as habituais reacções e contra-reacções às decisões tomadas. A CDU explicou o sentido da sua proposta de redução do IMI. Perante as críticas, o Presidente da Câmara Municipal de Loures desdobrou-se em impropérios e mentiras, Aliás, a falta de rigor do Presidente da Câmara no tratamento de tudo e mais alguma coisa já não espanta, mas a sua capacidade de continuar a surpreender pelo disparate continua a aumentar.
Foi dizendo que o dinheiro não nasce do chão e que é preciso que as pessoas paguem impostos, mas desenterrou mais uma vez o argumento das dívidas resultantes de “ 22 anos de gestão da CDU”.
O senhor presidente tem uma relação bastante atribulada com a Verdade. Dão-se mal. Não circulam pelos mesmos espaços, nem devem ter amigos em comum. Caso contrário, a Verdade ter-lhe-ia dito que a Câmara Municipal de Loures nunca teve problemas financeiros. A Verdade ter-lhe-ia dito também que as obrigações do Município de Loures, no que respeita a crédito contraído, resultam de operações legais, aprovadas pelos órgãos autárquicos, muitas delas, senão todas, com o voto favorável do PS na oposição, visadas e autorizadas pelo Tribunal de Contas e destinadas a investimentos necessários, na sua maioria no âmbito da habitação social. A verdade lembraria ainda o senhor Presidente que durante a sua gestão, a Câmara passa sempre um saldo positivo de uns anos para os outros na casa dos milhões de euros, prodígio para quem tem muitas dívidas às costas. A verdade poder-lhe-ia lembrar finalmente que a impossibilidade de recurso ao crédito por parte da Câmara, por ultrapassagem da capacidade de endividamento, resulta da alteração das regras de aferição do crédito contraído em sede de lei de orçamento, pela Ministra Manuela Ferreira Leite, que fez contar para o volume a crédito a considerar aquele que foi contraído no âmbito do Programa Especial de Realojamento (PER), merecendo essa alteração a condenação unanime dos autarcas do país. O problema é que todas estas informações, que a Verdade poderia dar ao Presidente da Câmara, chocam com o seu delírio demagógico.
Mas não é só com a Verdade que as relações do senhor Presidente são distantes, também com a Boa Educação as coisas não andam melhores. Registe-se a resposta dada à Lusa sobre as críticas feitas pelo vereador Paulo Guedes da Silva às opções fiscais da maioria socialista: “ Se a ignorância pagasse imposto, Loures estava rico.” Neste aspecto estou de acordo, até porque a matéria tributável não para de crescer.

2007/10/22

O MEU AMIGO CARLITOS




Ultimamente tem-me visitado um amigo, rapaz pela minha idade, vizinho no espaço e na condição.
E o seu simples mas acutilante relato de infância, reaviva-me memórias antigas.
Faz-me sorrir com a lembrança dos bifes que só se comiam ao domingo e nunca em muita abundância. Com a certeza de que os dentes do Salazar só podiam ser de ouro, ou não fosse ele o dono de Portugal, podendo por isso mandar fazer muitas notas, as que ele entendesse.
As calças que as mães faziam, para a Casão ou, como a mãe do Carlitos, para a Casa Africana.
Os pais das amigas que estavam em Caxias, o que quer que isso fosse. O regresso do sr. O, num fim de tarde de Outono, com o jantar de família à espera, mas com a alegria contida e festejada no medo.
E ontem lembrou-me o Natal. O Natal sem subsídio, com o Presépio de musgo, com os chocolates que se esperavam no sapatinho, com a esperança que o patrão desse as Broas.
O medo, o medo das paredes com os seus ouvidos.

Muito provavelmente o Carlitos andou comigo no Liceu, participou nas reuniões do MAEESL, foi às RGAs, andou à pancada com os do Padre António Vieira…

E hoje… Será que continua interessado e interveniente?

De que servirão as memórias se com elas não conseguirmos construir outras? Outras com a mesma ternura do relato, com mais bifes e paredes sem ouvidos.

Todos os domingos, depois do jantar, sento-me no sofá e espero pela visita do Carlitos que, tenho a certeza, se cruza comigo muitas vezes, nas festas, nas lutas, nos silêncios e nos gritos.