2007/07/31

LISBOA



Lisboa tem passado por maus momentos. Muitos lhe têm jurado amor eterno para logo de seguida a desonrarem. Porém, a cidade uma velha, trigueira e robusta, sobreviveu a conquistas e reconquistas, consagrou reis e foi regicida, aplaudiu ditadores e foi revolucionária, foi colaboracionista e independentista, foi cristã, judaica e árabe. Cidade contraditória, recebia as riquezas no cais ao mesmo tempo que acendia as piras da inquisição nas suas praças. Francesa nas avenidas, meridional nos seus bairros.
Carlos V, Imperador e rei de Espanha disse; “Se eu fosse rei de Lisboa, seria em pouco tempo rei do Mundo. Não pensaria ele que Lisboa lhe facilitaria a vida, mas sabia que a cidade encerrava potencialidades. A este propósito, como leitura estival, recomendo o livro de Dejanirah Couto, “História de Lisboa”. À beira da Europa, resvalou muitas vezes para o mar, tão desconcertante nalguns períodos da história que um cronista inglês a descreveu como “maior cidade do norte de Africa”.
Amanhã, Lisboa terá uma nova Câmara Municipal, eleita e empossada, e nela deposita esperança que lhe limpe as feridas mais recentes. Esperamos todos que a luz volte à cidade onde Estrabão, geógrafo grego, dizia que o sol mergulhava.

IMAGENS DISTANTES VI

Bairro de lata próximo do Seminário dos Olivais

Data: 1962

Autor: Goulart, Artur

TEMPO DE ANTENA, DEMÉTRIO ALVES




Circula no espaço virtual um abaixo-assinado que, entre outras considerações, apelava ao Ex-presidente da Câmara Municipal de Loures, Demétrio Alves, que se candidatasse novamente à Presidência do Município. Sobre este assunto, guarda este blogue um texto sobre a extemporaneidade desse abaixo-assinado, parodiando o facto do texto estar a ser subscrito pelas mais incríveis “personalidades”.
Um mensageiro trouxe-me ao Palácio um pedido para que difundisse um esclarecimento público do visado no abaixo-assinado.
Sendo que este foi um tema aqui abordado e em Agosto tudo é permitido, o Palácio do Marquês assegura o Tempo de Antena solicitado.
CARTA A VIRTRUVIO
CK,SDÇAGNO
CARTA A VIRTRUVIO
Por motivos óbvios não sei se nos conhecemos pessoalmente.Gostaria de lhe agradecer (ou de vos agradecer, caso sejam um colectivo) a gentileza, porventura imerecida, em considerar como possível a minha utilidade em futuras missões autárquicas.

Não fora o comprovado aumento da esperança média de vida, que, quando se tem a ventura de escapar às emboscadas precoces da grande ceifeira, nos possibilita olhar para horizontes temporais activos de mais vinte anos, mesmo quando já entradotes nos cinquentas, e seria obrigado a considerar a vossa ideia desfasada da minha condição etária. Por outro lado, face à pressão neoliberal no sentido do prolongamento da vida de trabalho obrigatório, é quase indeclinável estar disponível em solidariedade cívica, e não nos refastelarmos em confortáveis aposentadorias.

Relativamente à sua iniciativa gostaria de lhe transmitir que, com todos os seus méritos e inconveniências, deveria ser dada por acabada.

Poderei, caso o entenda adequado, esclarecer melhor, em missiva dirigida aos peticionários, e demais interessados, o meu estado de espírito perante a hipótese levantada. Passarei, porém, a adiantar alguns aspectos.

Desde já esclarecer, que, na minha qualidade de membro do PCP, que sou, não me parece adequado, possível e aconselhável, insistir numa via que, independentemente da sua bondade, verifico causar desconforto em muitos militantes e simpatizantes, que até poderiam “apoiar” a ideia, porque as circunstâncias concretas vividas em Loures são, de facto, preocupantes, mas não o fazem, nem farão, ou por questões de princípio, ou porque desconfiam dos seus verdadeiros objectivos.

Independentemente das diversas circunstâncias pessoais e familiares, e de motivações profissionais, que, no seu conjunto, me impulsionam para outros caminhos de actividade, que não os do exercício de funções políticas institucionais numa autarquia municipal, designadamente ao nível executivo, não rejeito absolutamente a hipótese de me disponibilizar e candidatar a tarefas nessa área, porque a vida já me revelou a importância decisiva que elas têm para as comunidades e territórios, e, portanto, admito teoricamente a possibilidade de vir a vislumbrar um projecto interessante, no qual o meu contributo, independentemente das funções específicas, pudesse ser positivo.

Contudo, e isso é incontornável, nunca me candidataria num contexto de divisão e, muito menos, de confronto com um qualquer projecto dimanado do PCP, mesmo que eu o considerasse menos acertado às circunstâncias em concreto. Se isso acontecesse, exprimiria a minha opinião discordante no sítio adequado, e se isso não me fosse permitido, guardaria silêncio.

No universo da política real, e no recanto da galáxia ideológica onde me encontro, o mundo dos silêncios não significa vazio, esterilidade e inacção diletante, e, sobretudo, permite esperar e distinguir, sob as ruidosas cacofonias oportunistas, e para além das amplificadas atoardas difamatórias que pontuam a actualidade, as notas cristalinas com que se construirão as novas sinfonias do progresso humano.

Isto não significa, no entanto, que desmereça o labor de todos os que, no meio do ruído e da poeira da incerteza, cerram os olhos e os punhos e vão pelo caminho do essencial, uma vez indicado como certo na defesa dos povos, independentemente dos erros e percalços comprovados, até porque sem esses lutadores brechtianos, de facto, nem sequer seria possível um novo tempo de sinfonias.

Este mundo do silêncio a que me refiro, não é um trem em viagem para o outro lado da barricada, que, no entanto, existe, em horários diversos e convidativos, e já foi por bastas vezes utilizado. É tão somente uma estação para retemperar as forças e as convicções daqueles que, como eu, não são permanentemente fortes e esclarecidos.

Parece-me, porém, que será aconselhável evitar a forte tentação de classificar esta estação como uma leprosaria, de onde não se retorna sem mácula, porque o número dos estagiários é enorme nesta gare do oriente, constituindo talvez um dos principais campos de recrutamento para as novas viagens globais.

Gostaria, ainda, de lhe dizer que comungo de muitas das preocupações por si manifestadas no documento inicial, e, sobretudo, partilho da opinião relativa ao desvario da actual gestão municipal, e às consequências negativas que ela tem para as terras de Loures.

E também registo, com alguma perplexidade, o atraso, pelo menos aparente, na construção de uma alternativa regeneradora.

Queira receber os melhores cumprimentos,
Demétrio Alves
(texto retirado de Terras de Loures)

2007/07/30

O GRANDE LÍDER


Marques Mendes, na sua primeira visita ao bebício que o PSD/Madeira organiza todos os anos no Chão da Lagoa, tratou Alberto João Jardim por “O Nosso Grande Líder”. Pela leitura dos jornais diários não se percebi se esta afirmação foi antes ou depois do “penalti-paper” em participou pelas tasquinhas do evento. Porém, mais Silly é difícil. Isto começa bem!


Sempre me intrigou como é que no Verão os noticiários têm a mesma duração do resto do ano, altura em que quase toda a gente está a banhos, e como é que os jornais desportivos têm o mesmo número de páginas dos meses em que há competições desportivas, nomeadamente os campeonatos de futebol. Essa proeza não consigo, portanto até Setembro aqui só se falará de assuntos sérios, porque os protagonistas dos restantes temas elegíveis neste blogue estão de férias.

ENTRE O AMOR E MORTE



Salomé com a cabeça de São João Baptista
Caravaggio, 1600

Entre o amor e a morte. É o modo mais condensado com o qual me consigo referir à peça “Salomé” de Oscar Wilde, onde o clímax é um beijo dado, por quem ama, na boca inanimada de quem mandou matar. Salomé, sobrinha de Heródes, filha de Herodíade, não dança descalça só sobre as lajes frias dos terraço do palácio, oscila entre a pureza e a sensualidade e a violência e a crueldade. É desta dualidade, que a personagem, a cuja morte de São João Baptista é atribuída no Evangelho de São Mateus, vive a o texto de Oscar Wilde.
Salomé deseja o que não pode ter, mas satisfaz-se em desespero com a destruição do que deseja. Por isso, conseguimos amá-la e despreza-la em simultâneo.



2007/07/28

IMAGENS DISTANTES V

Conduta elevatória em Sacavém
Sem data
Autor: Cruz, Chaves

TUDO PELA ESTAÇÃO, NADA CONTRA A ESTAÇÃO




O DN noticia na sua edição de hoje que a Administração da RTP decidiu alterar os prémios a atribuir aos trabalhadores da estação televisiva. Os prémios tinham um valor predefinido e estavam indexados à nota que cada trabalhador tivesse na sequência da avaliação do seu desempenho. Como o resultado global da avaliação resultou na existência de muitos trabalhadores avaliados com a nota Excelente e Muito Bom, a Administração decidiu reduzir em 25%os valores dos prémios que estavam fixados. Quem manda os trabalhadores da RTP serem bons profissionais?! Decidiu ainda, não atribuir o prémio aos trabalhadores, que embora sendo avaliados positivamente e logo merecedores de o receber, tinham um qualquer tipo de litígio com a empresa e nesse âmbito tivessem recorrido à justiça para fazer valer os seus pontos de vista. Nestes casos, Almerindo Marques entende que os trabalhadores em causa quebraram os laços de lealdade para com a empresa e por tal não são justos merecedores do prémio de mérito decorrente da boa avaliação de desempenho que tiveram. O direito exercido pelos trabalhadores é constitucional e pelo seu exercício não podem, obviamente, ser alvo de represálias, coisas dos Estados de Direito. Este episódio lembra a pretensão das confederações patronais de que seja motivo para justo despedimento a “quebra de confiança”. Fosse assim, e neste caso já o Sr. Almerindo resolvia a situação destes trabalhadores, está bem de ver. Sobre as restantes declarações desta alminha, nada melhor do que lê-las na primeira pessoa.

2007/07/27

"LUNÁTICOS POR ISRAEL"


“O que é que acontece quando se junta a poderosa direita cristã com o lobby israelita nos EUA? O resultado pode ser visto nesta videoreportagem que o Huffington Post fez no encontro anual dos Christians United for Israel. A sua agenda? Um ataque unilateral ao Irão e a expansão territorial de Israel. O seu discurso? Jesus regressará a Jerusalém depois da batalha do Armagedão e limpará a terra da presença do diabo. No final, todos os "infiéis" terão que se converter ao cristianismo ou sofrer eternamente no inferno.”



Ler e ver o resto no Zero de Conduta

OPOSIÇÃO PREFERIA O QUERIDO MUDEI A CASA


A Câmara Municipal de Loures aprovou, na passada quarta-feira, o anúncio de abertura de procedimento, programa de concurso e caderno de encargos, referentes ao “Pavilhão Macau – interiores, com os votos contra dos vereadores da CDU e mais 1 da parte do PSD. Agora, que aquilo já está tudo de pé, a Câmara Municipal decidiu que é preciso tratar da decoração do salão de chá que lá será instalado. Já que se começou, tem de se acabar aquilo. Não sei quanto custará mais esta obra, mas será seguramente mais do que aquilo que o bom-senso determina. Daí que os argumentos apresentados não tenham chegado para convencer a oposição da bondade da proposta em apreço.
Alguns contactos feitos e fiquei a saber que teria sido consensual na Câmara uma proposta que levasse o município a concorrer ao Querido Mudei a Casa. Percebi também que essa opção tinha várias vantagens. Desde logo pouparia umas valentes patacas ao erário público, o que só por si justificaria o custo de enviar o postal. Depois, seria uma garantia de que, algum bom gosto seria tido em conta, pelo menos na fase final daquela inenarrável obra.

CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES PREPARA AGENDA DE INAUGURAÇÕES PARA O FINAL DE 2021


Na última reunião da Câmara Municipal o vereador João Pedro Domingues anunciou que a obra em curso na Av. Estado da Índia, iniciada há muito tempo, de acordo com os testemunhos dos nossos avós, estará concluída em final de mês de Setembro de 2007. Esta informação contraria aquela que ainda hoje pode ser consultada no sítio oficial da Câmara e que dá conta de que esta obra já está concluída há um ano! Contudo, nem todas as partes desta obra ficarão já concluídas, na mesma reunião o vereador informou que o parque subterrâneo não será ainda concluído, mas ficou no ar que talvez um dia o venha a ser.
Porém, a informação mais relevante prende-se com o anúncio de que a Câmara iniciará, ainda este ano, a obra de requalificação da Praça da República em Sacavém. Tendo em conta a experiência em relação ao ritmo de construção das obras a cargo do Município, e apesar do vereador não se ter comprometido com uma data de conclusão, este anúncio denuncia uma febre eleitoralista da actual maioria camarária, que a leva a tentar preparar já uma agenda de inaugurações para as eleições autárquicas de 2021.

MEDALHA DO PAPELÃO




Foram ontem atribuídas as Condecorações Municipais do Município de Loures. Instituídas há já algum tempo, elas visam, como todas as condecorações e medalhas, distinguir méritos, dedicações e exemplos de cidadãos ou instituições, marcando com reconhecimento os seus trajectos e feitos. As Condecorações Municipais do Município de Loures não são excepção e, salvo uma ou outra circunstância, têm cumprido o seu papel.
Também desta vez muitas foram as personalidades e instituições que justamente foram reconhecidas, nos mais variados domínios, do desporto à cultura, do exemplo cívico ao exemplo económico e social. A todos os meus parabéns.
Este ano a cerimónia solene decorreu em Bucelas, mais exactamente, nas instalações do ANIM, na localidade da Chamboeira. Não é bem onde Judas perdeu as botas, porque ainda é preciso para no café para perguntar, andar mais 200 metros e depois, na curva que faz para a esquerda, entrar no portão à direita. Fácil e sem nenhuma informação da Câmara. Uma localização assim afasta por completo a possibilidade de participarem de outros que não a corte habitual de assessores, dirigentes municipais e adstritos, condecorados e família chegada, e um ou outro convidado institucional. Coisa feita por conhecidos para conhecidos. Se em todos os anos a participação na cerimónia não a torna propriamente uma iniciativa de massas, este ano a localização não ajudou muito. O Senhor Presidente da Câmara, que é um optimista, não sei se por ouvir os comentários de quem ia chegando, lá justificou o distante local, dizendo que era uma forma de se ver a “grandeza (terá querido aludir à dimensão geográfica, mas como sempre estampa-se nos sentidos) do concelho”.
Só agora cheguei ao ponto de onde queria partir, o discurso do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Loures. Foi, como sempre, o melhor momento da cerimónia. Pejado de banalidades, sem coerência, com a mais que batida referência à sua passagem pelos Pupilos do Exército, referência feita pela ducentésima septuagésima nona vez em discursos, ( já agora ficava-lhe bem estudar os ordinais para que os pudesse utilizar no próximo aniversário do concelho), muito emocionado, com uns apartes intimistas, o que dá sempre jeito para se mostrar que se está próximo do povo, e mais umas referências a tudo e mais alguma coisa, de como somos optimistas, vamos sempre a jogo, a nós ninguém nos mete medo, e querer é poder (esta última é o lema dos Pupilos do Exército). Saiu-lhe tão bem a oratória, que houve quem em surdina dissesse, afinal não é preciso ser bom para ser Presidente de Câmara! Tem razão essa alma. É mesmo assim. Estrito senso, no discurso, mais não fez do que cavalgar no mérito daqueles que de facto o têm e justamente lá estavam porque lhes fora dito que lho queriam reconhecer. Maior falta de educação e respeito não conheço. Portanto, ficou por atribuir uma medalha do papelão.

2007/07/26

IMAGENS DISTANTES IV

Ponte entre Loures e Bucelas
Fotografia anterior a 1952
Autor: Eduardo (1900 - 1958)

EM LOURES TAMBÉM TEMOS AS NOSSAS ALFAIAS AGRÍCOLAS



O caso Charrua tem uma particularidade, aconteceu em serviços intermédios da administração e envolveu uma pessoa com fácil acesso ao poder político, e por via disso à comunicação social. O caso tornou-se mediático e todo o país se dedicou a escalpelizar o assunto em causa. Claro que a decisão da Ministra não poderia se aquém do que foi. Há muitos Charruas na Administração Pública, quer central, quer regional. Na Câmara Municipal de Loures têm sido, por assim dizer mato, as situações parecidas ao longo dos últimos seis anos. Mas no caso Charrua existiram procedimentos administrativos disciplinares que permitiram julgar o caso com base em factos documentados. Aí residiu o erro (!). O que é normal são as pressões não verificáveis, as desautorizações e as conversas pessoais, onde o visado é claramente informado, sem testemunhos ou prova escrita, que está a mais e que o melhor é procurar vida noutro local. A única evidência destes processos é normalmente os pedidos de transferência de serviços dentro da estrutura ou mesmo o pedido de transferência para outras estruturas da administração. Claro que tudo isto acaba por ser feito a pedido dos próprios e é diligentemente despachado, no melhor interesse (!) do requerente, pelos promotores da persecução.

E QUE TAL UMA CAMISA-DE-FORÇAS?III




Alberto João Jardim finalmente percebeu que a questão relativa à não aplicação da Lei de Despenalização da IVG começa a atingir foros de doença mental. E diz que quem tem uma obsessão face ao assunto deve procurar tratamento. Concordo. Há algum tempo que não concordava com o Presidente do Governo Regional da Medeira!

2007/07/25

E QUE TAL UMA CAMISA-DE-FORÇAS?II



A Assembleia Legislativa da Madeira é um maná. Jaime Ramos, essa inenarrável figura que faz Alberto João Jardim parecer um delicodoce, acusou o Deputado do PCP, Edgar Silva de ter “roubado dinheiro das igrejas”, de ser “vadio”, “chulo da sociedade”, “desgraçado”, “desempregado” e de que, se Edgar Silva não fosse deputado, viveria à custa das esmolas da igreja. Tudo isto foi proferido na resposta à intervenção do Deputado Edgar Silva sobre o regime de incompatibilidades na Madeira.
Fico com uma grande angústia. O Canal Parlamento deveria transmitir as sessões da Assembleia Madeirense.

E QUE TAL UMA CAMISA-DE-FORÇAS?


100 PAUS





Hoje descobri cá pelo Palácio uma moeda de 100 paus. Quando saiu de circulação dava para pagar dois cafés. Hoje daria para pagar apenas um, mas nos sítios mais baratos. Já foi em 2002 a última vez que pudemos pagar um café com escudos. Contas redondas a simples bica aumentou, em média, em 6 anos 100%. Em 1 de Janeiro de 2002 o Salário Mínimo Nacional era de 348,01 €, hoje é de 403,00 €, um aumento de quase 16%.
Tomar um café é o mínimo álibi possível para uma conversa entre amigos, para quem ganha o salário mínimo nacional, falar com um amigo tornou-se muito mais caro.

2007/07/24

DAVID & GOLIAS


O título deste texto não é nenhuma piada ao facto de Marques Mendes ser baixinho e ter para aí um metro e uma gillette. Apesar do texto ser sobre a contenda que se anuncia lá para o fim de Setembro entre os dois anunciados candidatos à liderança do PSD, lembrei-me primeiro de Golias por causa de Luís Filipe Meneses e da sua arrogância. Por arrasto lá vem David, pequeno, é um facto, mas persistente. Ambos disputam um reino de fantasia, a Israel prometida do poder a que o seu partido tanto se afeiçoou e onde verdadeiramente se fez grande.Quer um, quer outro terão no futuro o mesmo problema. O PS não lhes dá margem de manobra, comeu-lhes a agenda. Governa como eles governariam. Os interesses que poderiam ser a alavanca que impulsionadora do seu partido para o banquete do poder estão satisfeitos com o PS e com Sócrates e não vê razão para alterar a sua aposta. Bem pode Menezes dizer que vai falar para o povo, ser a voz das suas aspirações, ter um programa alternativo e inovador, que no fundo isso é só conversa e ele sabe-o melhor do que ninguém. A verdade nua e crua é que na democracia portuguesa o poder dos interesses económicos é que determina a alternância no poder entre os dois partidos do centro, ora o PS, ora o PSD. O resto trata-se a seu tempo. Quando Sócrates não lhes servir, então o PSD terá a sua oportunidade E esses, os dos interesses que realmente contam, tratarão de elevar quem na altura estiver na liderança do PSD à condição de homem providencial. Meneses sabe bem que esse momento ainda não chegou, daí as suas reticências em avançar

DO FUNDO DO BAÚ – PAVILHÃO DE MACAU



Das janelas do meu Palácio, tenho visto erguer-se lentamente, muito lentamente, uma réplica em plástico da fachada da Igreja de São Paulo em Macau. Já lá vão quase quatro anos que a Câmara Municipal de Loures decidiu comprar à Parque das Nações o que sobrou do Pavilhão de Macau, para o erguer no Parque da Cidade em Loures. Então os custos estimados daquela decisão andava pelos 270 mil contos. Não sei quanto será o custo final daquilo, mas não me engano se ele andar já bem além dos valores inicialmente estimados.
Muitos são os edifícios com real valor patrimonial no nosso concelho a carecer de intervenções urgentes e aos quais esta verba seria a diferença entre a manutenção futura e a ruína irreversível. A Câmara Municipal optou por investir o seus recursos, escassos segundo propagandeiam, nesta obra cuja única utilidade é encher o olho. A verdadeira obra de fachada.
Apesar disso, não se pode deixar de registar que após tanto tempo, este monumento em plástico e ferro de montar ainda não está concluído.


Para memória, recolhi do fundo do baú um texto publicado em 2004 no defunto blogue acontece em loures.


"Em ano pré-eleitoral a Câmara Municipal de Loures prepara-se para um conjunto de iniciativas inéditas em todo o País e que surpreenderão pela sua espectacularidade. Sempre bem posicionado junto do poder, o aconteceemloures conseguiu saber em primeira mão, que os serviços de protocolo preparam já a inauguração do Pavilhão de Macau no Parque da Cidade. O secretismo e antecedência dos preparativos desta inauguração devem-se aos contactos que tem vindo a ser feitos no sentido de confirmar a participação de Sua Alteza Real Queen Mary Stuart na inauguração da Sala de Chá do Pavilhão de Macau. Esta brilhante ideia e a sua execução foi obra do responsável do Serviço de Protocolo da Câmara Municipal de Loures a quem foi relativamente fácil o acerto de pormenores, tendo em conta a relação próxima entre o responsável do serviço e sua alteza real, aquando da passagem deste pelos serviços de protocolo da corte inglesa entre 1495 e 1587. A razão deste convite fica a dever-se ao custo imperial desta Sala de Chá, cujo os custos deverão rondar os 270 mil contos. A verba necessária para comprar o monte de sucata que jaz no Parque das Nações em Lisboa, transportá-lo para o Parque da Cidade, montá-lo e recuperá-lo. Além de tudo este tipo de caprichos dispendiosos são próprios das Monarquias. Quem não se lembra da famosa construção do Palácio de Versalhes no meio de nenhures ou da ordem do Czar Pedro para que se edificasse uma cidade no meio de um pântano, Petrogrado."

JÁ NÃO HÁ SENTIDO DO RIDÍCULO



No último número da revista Loures Municipal, somos presenteados com uma foto de Scolari ao lado de outro senhor, que o texto anexo indica como sendo o Senhor Vereador que está a substituir o Vereador Frasquilho e que actualmente é responsável pele área do Ambiente na Câmara Municipal de Loures.
A fotografia foi tirada no dia 24 de Junho, na última edição do Bike Tour. Tanto quando me foi possível apurar, há muito que Scolari corria atrás da possibilidade de obter um fotografia com este Senhor. Depois de ter sido fotografado ao lado do Papa, já não poderia aspirar a mais. A revista Loures Municipal publica esta fotografia para mostrar como os seus responsáveis, apesar da altura onde as suas atribuições os colocam, têm sempre tempo para acarinhar os seus admiradores.

VINDE A MIM AS CRIANÇAS

A propaganda no seu esplendor. Ontem, na apresentação do Plano Tecnológico da Educação, que contou com a presença de José Sócrates e da Ministra da Educação, uma sala cheia de crianças bem dispostas e sorridentes ajudou a criar o cenário necessário ao momento. Digno de referência é que as crianças presentes foram contratadas para o efeito. Por 30 € cada, a empresa que foi contratada pelo Ministério para organizar a apresentação tratou de tudo ao pormenor, até das indispensáveis crianças, que ficam sempre bem, assim como as flores, a laranjada e os croquetes. Fica também aqui o registo, que consta que a Ministra era a verdadeira e que o Primeiro Ministro também não era um sósia.

A ABELHINHA E A FLOR


A Revista espanhola el jueves, que havia sido censurada por divulgar um cartoon onde os príncipes de espanha procriavam, emendou a mão, apresentando agora sim toda a verdade sobre a real concepção.

2007/07/23

ESTES BRITÂNICOS SÃO LOUCOS



Existe na terra de SAR Isabel II uma Comissão para a igualdade racial, ou coisa que o valha, que decidiu considerar o segundo livro das Aventuras de Tintim, Tintim no Congo, um livro pouco recomendável, por conter considerações racistas. Recomenda essa autoridade, que o livro seja retirado das livrarias, pelo que algumas já começaram a deslocar o título das secções de banda desenhada e infantil juvenil para a secção de adultos. Este novo extremismo do politicamente correcto, se levado a peito, não deixará muita coisa nas prateleiras das livrarias. Que fará a comissão aos textos de Aristóteles e Platão, que não eram propriamente grandes defensores da igualdade entre géneros? Que fará a comissão aos livros mais antigos de BD, onde os heróis ainda podem fumar um cigarro?
Os livros, os filmes, a pintura, o desenho, as criações humanas em geral, estão cheias de contradições, e indexam-se ao seu tempo, seja na estética seja nos valores. Essa é que é a riqueza das produções culturais. Ler o Tintim no Congo, é aprender algo sobre a sociedade belga da década de 30, sobre os valores coloniais ainda maioritários. O contacto dos mais novos com essa informação não é perigosa, perigoso será sim o desconhecimento dela. Os índex sempre deram maus resultados e nem os mais nobres motivos os justificam.
Grave, grave é isto acontecer justamente no país que mantém ainda hoje profundos tiques imperialistas no mundo. O Iraque lembra-lhes alguma coisa?

UM CRIADO EXEMPLAR



O romance puro, raramente me atrai, prefiro o romance historio ou o ensaio. Contudo este livro foi uma agradável surpresa, folheado inicialmente com o mesmo desinteresse com que se folheiam muitos outros numa visita ociosa a uma livraria, acabou sendo comprado por curiosidade, começando a ser lido sem grande expectativa.
É uma história clássica de um amor frustrado, por não ser correspondido, vivido por alguém cuja existência simples esconde uma riqueza mental extraordinária. Simples no argumento, o livro é escrito de forma elegante, as descrições são ricas e minuciosas, transportando-nos facilmente para os ambientes onde se desenrola a acção.

2007/07/21

OS DEUSES DEVEM ESTAR LOUCOS

Ontem durante o debate do Estado da Nação, o Primeiro-ministro acusou o PCP de estar por detrás da organização de manifestações contra si. "Durante dois meses [no final do ano passado], o seu partido organizou manifestações contra mim e nem respeitou o Congresso do PS. Onde eu ia, lá estavam militantes do PCP para me apupar". É normal que o PM se queixe, deve ser aborrecido ter, onde quer que se vá, uma comissão de boas-vindas desse tipo. Até aqui tudo normal, e bola passa para o lado do PCP. A resposta é de espantar. O PCP nega o seu envolvimento nessas manifestações! "São insinuações totalmente falsas e o senhor sabe disso porque o secretário-geral do partido lhe garantiu", retorquiu o líder da bancada, Bernardino Soares. "Fica-lhe muito mal usar um argumento falso num momento de aperto do debate."


Não sei o que passou pela cabeça dos Deputados do PCP para assumirem aquela posição. As manifestações incomodam o PM, mas as suas políticas também incomodam os sectores que legitimamente protestam, ou protestaram. Seguramente que muitos militantes comunistas estiveram nessas manifestações, assim como nelas terão estado cidadãos com outras tendências partidárias. Claro que o PCP tem responsabilidade, senão organizacional nesses actos, terá, felizmente, responsabilidade política, na medida em que tem apelado insistentemente a que os cidadãos protestem e se organizem contra a ofensiva neoliberal do Governo. Não percebo como pode o PCP enjeitar o seu papel no processo de contestação social. Aliás, os Deputados do PCP deveriam salientar que essa referência do PM, era um claro reconhecimento que o PCP continua a granjear influência social. Se houve insultos ou calúnias nessas manifestações, aí sim o PCP deve demarcar-se dessas atitudes, mas afirmar que esses actos irreflectidos não reduzem ou diminuem a relevância política dos protestos e da agenda reivindicativa que lhes está adstrita.

AINDA O PACOTE DO PRIMEIRO-MINISTRO

O professor Mário Leston Bandeira, Presidente da Associação Portuguesa de Demografia declara hoje ao Público que os incentivos à natalidade não podem passar só por apoios financeiros às famílias. Fala ainda dos casais urbanos, as-salariados, com pouco tempo e pouco espaço em casa, sem creches com horários compatíveis com os ritmos de trabalho. Da pouca flexibilidade de horários no emprego e da intolerância por parte das entidades patronais. Da falta de incentivos fiscais e da ausência de apoios para quem precisa de recorrer a técnicas de fertilização in vitro."

O BANQUEIRO ANARQUISTA


Como pode alguém ainda não ter lido o Banqueiro Anarquista do Fernando Pessoa. Este pensamento tinha-o eu, que ainda não o tinha lido. Era uma angústia que se resolvia sempre com uma decisão, vou lê-lo. Mas outros se sobrepunham. Ainda não tinha sido dessa. Agora sim, finalmente. Deixo aqui dois excertos.

``Um regime revolucionário, enquanto existe, e seja qual for o fim a que visa ou a idéia que o conduz, é materialmente só uma coisa - um regime revolucionário. Ora um regime revolucionário quer dizer uma ditadura de guerra, ou, nas verdadeira palavras, um regime militar despótico, porque o estado de guerra é imposta à sociedade por uma parte dela - aquela parte que assumiu revolucionariamente o poder. O que é que resulta? Resulta que quem se adaptar a esse regime, como a única coisa que ele é materialmente, imediatamente, é um regime militar despótico, adapta-se a um regime militar despótico. A idéia, que conduziu os revolucionários, o fim, a que visaram, desapareceu por completo da realidade social, que é ocupada exclusivamente pelo fenômeno guerreiro. De modo que o que sai de uma ditadura revolucionária - e tanto mais completamente sairá, quanto mais tempo essa ditadura durar - é uma sociedade guerreira do tipo ditatorial, isto é, um despotismo militar. Nem mesmo podia ser outra coisa. E foi sempre assim. Eu não sei muita história, mas o que sei acerta com isto; nem podia deixar de acertar. O que saiu das agitações políticas de Roma? O Império Romano e seu despotismo militar. O que saiu da Revolução Francesa? Napoleão e seu despotismo militar. E V. verá o que sai da Revolução Russa... Qualquer coisa que vai atrasar dezenas de anos a realização da sociedade livre... Também o que era de se esperar de um povo de analfabetos e de místicos?...''


“- Alto lá! Alto lá! disse eu. Isso estará tudo muito bem, mas há uma cousa que V. não viu. As condições do seu processo eram, como V. provou, não só criar liberdade, mas também não criar tirania. Ora V. criou tirania V. como açambarcador, como banqueiro, como financeiro sem escrúpulos - V. desculpe, mas V. é que disse -, V. criou tirania. V. criou tanta tirania como qualquer outro representante das ficções sociais, que V. diz que combate. - Não, meu velho, V. engana-se. Eu não criei tirania. A tirania, que pode ter resultado da minha ação de combate contra as ficções sociais, é uma tirania que não parte de mim, que portanto eu não criei; está nas ficções sociais, eu não ajuntei a elas. Essa tirania é a própria tirania das ficções sociais; e eu não podia, nem me propus, destruir as ficções sociais. Pela centésima vez lhe repito: só a revolução social pode destruir as ficções sociais; antes disso, a ação anarquista perfeita, como a minha, só pode subjugar as ficções sociais, subjugá-las em relação só ao anarquista que põe esse processo em prática, porque esse processo não permite uma mais larga sujeição dessas ficções. Não é de não criar tirania que se trata: é de não criar tirania nova, tirania onde não estava. Os anarquistas, trabalhando em conjunto, influenciando-se uns aos outros como eu lhe disse, criam entre si, fora e à parte das ficções sociais, uma tirania; essa é que é uma tirania nova. Essa, eu não a criei. Não a podia mesmo criar, pelas próprias condições do meu processo. Não, meu amigo; eu só criei liberdade. Libertei um. Libertei-me a mim. É que o meu processo, que é, como lhe provei, o único verdadeiro processo anarquista, me não permitiu libertar mais. O que pude libertar, libertei.”

O TEMPO DAS CEREJAS

Como escreve o seu animador, Vítor Dias, é um blogue de esquerda em homenagem à comuna de paris. É dos espaços mais agradáveis de visitar, pela acutilância e oportunidade das opiniões, assim como pelo conteúdo cultural. No campeonato dos blogues é um dos grandes da 1ª Liga. A visitar com regularidade.

2007/07/20

O PACOTE DO PRIMEIRO-MINISTRO PODE SER APROFUNDADO

Nunca fomos muitos, mas agora somos cada vez menos. Os recentes números da natalidade colocam Portugal com os mais baixos indicadores de sempre. O sobressalto foi tão grande que até sua majestade O Cavaco largou o bolo-rei e veio a terreiro balbuciar que a culpa era da comunicação social que passava o tempo a falar do aborto e não falava de ter bebés. Identificou bem o problema. A comunicação social, em especial a televisiva, será a grande responsável pela situação actual. Tenho uma vaga lembrança de ver associadas as famílias dos tempos passados à ausência desse aparelho terrível, o televisor.
O Primeiro-Ministro, que já percebeu que o assunto não se resolve deitando abaixo as antenas emissoras de Monsanto, anunciou hoje um pacote de incentivos à maternidade. Mais uns abonos, mais umas prestações, mais uns descontos, um grande pacote de medidas. Não lhe passou pela cabeça que as condições que faltam às famílias portuguesas não são todas de índole financeira, mas para estas bastava-lhe anunciar o aumento dos salários e travar a especulação na habitação. Quanto ao resto, poderia universalizar o pré-escolar, estabelecer uma rede de creches públicas e alterar a legislação laboral, garantindo às famílias melhores condições para a conciliação entre o trabalho e a família. Por fim, podia então poupar esse pacote.
O Presidente da associação cujos membros necessitados vivem em famílias numerosas e que se chamam quase todos Bernardos, Marianas e Gonçalos, não ficou satisfeito com as medidas anunciadas e disse que era preciso aprofundar o pacote do Primeiro-Ministro. Ao homem não falta vigor, percebe-se! Mas mais, propôs que o Primeiro-Ministro trate a natalidade como trata o deficit público. Estabeleça metas, trace estratégias e avalie resultados. Estou mesmo a ver que rapidamente passamos dos apoios aos castigos. Majoração da taxa de IRS para quem não tem pelo menos 3 filhos, redução para metade o tempo de férias de quem não tiver filho nenhum, e outras do mesmo calibre.
O problema não se resolverá. A taxa de natalidade continuará a baixar. E para desgosto dos nossos mais acérrimos nacionalistas, Espanha não nos vai anexar. Virá cá repovoar-nos. E atenção que eles já têm a estratégia em marcha. Para já garanto-vos que o pacote deles é melhor que o do nosso Primeiro-Ministro.





Esta revista foi condenada a retirar todos os exemplares das bancas porque houve quem considerasse a capa insultuosa e caluniosa. De facto, uma vergonha! Parodiava o anúncio feito pelo Primeiro-Ministro espanhol de um subsídio de 2500 euros por cada nascimento. Estava, segundo esta revista satírica, explicada a fúria reprodutiva dos príncipes de espanha.

COCKTAIL COR DE BURRO QUANDO FOGE



José Miguel Júdice foi convidado para assumir o papel de Comissário para a requalificação da frente ribeirinha de Lisboa. Não fosse alguém duvidar das suas capacidades para levar a cabo tamanha tarefa, resolve entrar em cena com uma tarefa ainda mais difícil, requalificar o que resta das ruínas do PSD e CDS na frente política da direita portuguesa.
Eis que explica hoje, nas páginas do Público a grande solução. Misturar e dar de novo. Pega-se no PSD, sabor cítrico, cor laranja, adiciona-se o que ainda há de CDS, azul mirtilo, mistura-se bem até ficar tão homogéneo quanto possível. Adicionam-se uns quando frutos silvestres, e eliminam-se os caroços. Serve-se bem fresco, como novidade de verão em 2009.
Engenhoso?!

AFINAL ERA UMA QUESTÃO DE TROCOS

Imagem recolhida no Aspirina B

Encarniçadamente, Alberto João Jardim afirmou na sequência do Referendo de Despenalização da IVG que jamais a lei seria aplicada na Madeira, porque os madeirenses votaram em massa no Não, porque a lei era inconstitucional, por tudo e mais um par de botas velhas.
Afinal, neste momento o Governo Regional negoceia a possibilidade de um apoio financeiro extraordinário para permitir a aplicação da Lei na Região Autónoma da Madeira.
Mais uma golpada. Tenho toda a consideração pelos meus concidadãos madeirenses, mas entendo que nesta situação o Governo da República não deveria transferir um chavo sequer para este fim. A Madeira tem o direito de aplicar ou não a Lei, assim como os madeirenses tiveram liberdade para votar no Dr. Alberto João jardim e para recusarem a despenalização da IVG. Pois bem, aplique-se na Madeira a vontade dos Madeirenses e dos seus representantes. Não se pode ter sol na eira e chuva no nabal.

CHEIRAR MAL DOS PÉS PODE DAR DESPEDIMENTO


As confederações patronais querem aumentar os motivos para despedimento por justa causa. A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), a Confederação da Agricultura Portuguesa (CAP), a Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) e a Confederação do Turismo Português, querem ver retirada da Constituição da República a norma que impede que um trabalhador seja despedido por razões políticas ou ideológicas. No mesmo comunicado referem que defendem a redução do direito à greve, entendendo que os trabalhadores jamais poderão fazer greve por razões que não derivem exclusivamente da sua relação laboral específica. Nesta leitura ficariam proibidas as Greves Gerais, por exemplo.
Claro que a posição agora adoptada para as licitudes do despedimento tornariam na prática ilimitado o poder de despedir, podendo ser sempre ser alegado um dos factores subjectivos de que a empresa passaria a dispor. Neste âmbito enquadra-se a proposta de justa causa para despedimento a “perda de confiança”. Assim, sem mais, não explicando o que é isso da confiança. As empresas possuem já hoje instrumentos disciplinares que lhes permitem sancionar um trabalhador que roube, seja abstencionista ao trabalho, não cumpra as suas obrigações profissionais, etc... Agora a “perda de confiança”. Será que um empregador pode evocar esta razão para despedir um trabalhador que se recuse a aceitar condições mais desvantajosas do que aquelas que constem no seu contrato, alegando posteriormente “perda de confiança”? Não, não deixou de confiar por essa razão, apenas deixou de confiar!
E porque não ser lícito despedir um trabalhador porque cheira mal dos pés? Afinal um empregador pode achar que um trabalhador assim, não merece a sua “confiança”. Afinal só o empregador pode preencher esse vago conceito de confiança.
O Governo disse hoje que não está disposto a viabilizar essa pretensão, a menos que o trabalhador em causa conte anedotas sobre o Primeiro-ministro!

PS ADOPTA BOA MEDIDA DE GESTÃO

A CDU acusou o executivo socialista, por ocasião da aprovação em Câmara da 5ª Alteração ao Plano de Investimentos para 2007, de gestão pouco séria e desastrada. Pecou na sua apreciação ao documento, por condenar no pacote a única medida digna de aplauso. Nesta alteração orçamental, entre todos os cortes condenáveis e que mais não são do que uma manifestação clara de incapacidade de realizar investimentos, a redução de verbas no Ambiente é a medida que se salva. Neste Pelouro reina agora, depois do acordo de gestão com o PSD, o Senhor Vereador que está a substituir o Vereador Frasquilho. O PS, que apesar de tudo, sabe com quem casou filha, decidiu reduzir-lhe o dote. Deixam o Senhor ser Vereador, mas impedem que ele venha a ter veleidade de se por a inventar muito. Não me parece mal. Mais vale estar sossegado, gozando o título, do que se por para aí a malbaratar recursos. De qualquer modo, o Pelouro do Ambiente só lhe foi atribuído porque não existe o Pelouro do Trata Lá De Justificar As Dívidas Vencidas.

2007/07/19

ARTUR BUAL

(1926 Lisboa-1999Amadora)

Pintor, Escultor e Ceramista, Artur Bual é um dos nomes mais relevantes da Arte Moderna e Contemporânea em Portugal. Com uma vasta obra, era um artista plástico versátil e multifacetado. A sua concepção ideológica e filosófica sobre a arte levou-o a abraçar expressões públicas do seu trabalho. Quem com ele conviveu, descreve-o como um Homem Completo.

A exposição dos seus desenhos estará patente de 21 de Julho a 9 de Setembro no Palácio dos Marqueses da Praia, Parque da Cidade em Loures.



Desenhos










Pinturas


Arte Pública