2008/05/29
SALA DE FUMO
Imagem recebida através do Serviço de Malaposta, autor identificado.
Estas declarações foram produzidas durante um Fórum organizado pelo Loures Criativa. O Presidente falava da chatice de se ter de observar regras, aquando da necessidade de realizar investimento público. Quando trabalhava na “Privada” era ele quem decidia tudo, na Câmara é um aborrecimento, tem de ser aprovado, autorizado e fiscalizado. Logo, o melhor é fazer e depois logo se vê. Alguém lhe há-de ir levar um cigarrinho à prisão.
Eu disponibilizo-me para em breve o poder fazer!
Eu disponibilizo-me para em breve o poder fazer!
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CML
SERÁ POSSÍVEL?
Os utentes das Piscinas Municipais da Portela foram recentemente surpreendidos com um inquérito que visa antecipar as suas opiniões quanto à possibilidade de encerramento das Piscinas, pelo menos durante o mês de Agosto.
A perplexidade é enorme.
As Piscinas ficaram (?), finalmente, prontas em Janeiro deste ano e foram inauguradas pelo Presidente da Câmara Carlos Teixeira, que por via dos atrasos e das promessas não cumpridas é já conhecido nalguns círculos como o Teixeiróquio.
No seu inenarrável discurso, em que até ofereceu um Pinóquio de madeira ao Presidente da Gesloures, C. Teixeira criticou os que lamentavam que a obra tivesse demorado tanto tempo a concretizar, pois que se havia demora essa não era mais do que o resultado de uma obra feita de forma exigente e bem planeada, porque com ele era assim que as coisas funcionavam…
Passados apenas 7 meses sobre a abertura, a Piscina da Portela vai fechar para obras de beneficiação. Os munícipes interrogam-se, será possível?
Pela boca morre o peixe…
A perplexidade é enorme.
As Piscinas ficaram (?), finalmente, prontas em Janeiro deste ano e foram inauguradas pelo Presidente da Câmara Carlos Teixeira, que por via dos atrasos e das promessas não cumpridas é já conhecido nalguns círculos como o Teixeiróquio.
No seu inenarrável discurso, em que até ofereceu um Pinóquio de madeira ao Presidente da Gesloures, C. Teixeira criticou os que lamentavam que a obra tivesse demorado tanto tempo a concretizar, pois que se havia demora essa não era mais do que o resultado de uma obra feita de forma exigente e bem planeada, porque com ele era assim que as coisas funcionavam…
Passados apenas 7 meses sobre a abertura, a Piscina da Portela vai fechar para obras de beneficiação. Os munícipes interrogam-se, será possível?
Pela boca morre o peixe…
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Carlos Teixeira,
Portela
2008/05/28
É TÃO BOM UMA AMIZADE ASSIM
Sérgio Godinho volta a Santa Iria de Azóia, dia 15 de Junho, num concerto no âmbito das festas da Vila. No meio do deserto cultural em que se tornou este Município, ainda há oásis de qualidade e bom gosto.
A não perder. Mais informações aqui.
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Cultura,
Música,
Santa Iria de Azóia
2008/05/25
ABENÇOADO T2
Como é do conhecimento geral, Spielberg tem casa em Sacavém.
Pouco a frequenta, os vizinhos nunca o viram.
Mas o certo é que comprou um T2 bonzinho, com duas casas de banho, cozinha equipada, com uma boa marquise, dois quartos com 15 e 12m2 e uma boa sala com vista, enfim a vista não é lá grande coisa pois o apartamento está virado ao cemitério.
Caprichos de artista!
No último fim de semana, aquando da sua deslocação a Lisboa para promoção do filme recém estreado, resolveu vir pernoitar na sua casa. Alugou um carrito, um Fiat Punto azul, de 2001, em muito bom estado, foi à Galp pôr 10 € de gasolina, entregou uma senha desconto dumas compras que tinha feito no Continente e fez-se ao caminho.
E aqui começa a verdadeira notícia.
Pouco a frequenta, os vizinhos nunca o viram.
Mas o certo é que comprou um T2 bonzinho, com duas casas de banho, cozinha equipada, com uma boa marquise, dois quartos com 15 e 12m2 e uma boa sala com vista, enfim a vista não é lá grande coisa pois o apartamento está virado ao cemitério.
Caprichos de artista!
No último fim de semana, aquando da sua deslocação a Lisboa para promoção do filme recém estreado, resolveu vir pernoitar na sua casa. Alugou um carrito, um Fiat Punto azul, de 2001, em muito bom estado, foi à Galp pôr 10 € de gasolina, entregou uma senha desconto dumas compras que tinha feito no Continente e fez-se ao caminho.
E aqui começa a verdadeira notícia.
O homem anda desde ontem circulando entre rotundas. Ele é a rotunda da Dyrup, ele é a rotunda da Clínica, volta para cima e faz a rotunda do ferro velho, volta para baixo, nova voltinha, nova rotunda… E não consegue atinar com a “segunda à esquerda de quem vem de cima” que tinha imprimido do Googlle Earth.
Cansado de tanta controlar as rotundas, parou o carro e pensou:
- Nã, isto aqui há coisa! Só podem ser os cor-de-rosa alaranjados que me impedem de chegar ao meu destino.
Mas porquê?? Será que a Caveira Prateada que guardo no roupeiro do quarto pequeno e que permitia a esta gente livrar-se do Homem do Bigode e comandita, foi descoberta pelos assessores?
Mas é claro!!! Só pode.
Sendo assim, isto é caso para o Indiana Jones. Só ele pode impedir que o Homem do Bigode, comandita e assessores encontrem a Caveira Prateada.
Vai daí, pega no telemóvel, liga para o 0087600321008, número secreto do Indy e contrata-o para esta nova cruzada.
E agora sim, a notícia realmente importante:
Indiana Jones em busca da Caveira de Prata
será o próximo filme de Spielberg a ser filmado entre rotundas.
Abençoado T2 !!!
Abençoado T2 !!!
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Afilhada Francesa do Marquês,
Cinema,
Sacavém
ARRE, QUE SÃO BURROS!
Em Camarate, os utentes do Centro de Saúde continuam a não querer uma transferência, mesmo que “temporária” para o novo Centro de Saúde em Sacavém.
Ontem, cerca de 500 pessoas manifestaram-se contra esta decisão da ARS de Lisboa e Vale do Tejo. Temem, como não será de estranhar que o façam, que o temporário se torne definitivo e que o novo Centro de Saúde tarde em ser construído.
Mesmo, sabendo que o novo Centro de Saúde de Sacavém é o “último grito da moda”, palavras do Presidente da Câmara, em Camarate prefere-se o cauteloso, mais vale um pássaro na mão, que dois a voar. Têm razões para desconfiar e é bom que o façam. Faz bem o Presidente da Junta de Freguesia em denunciar a diferença entre as palavras de circunstância e a falta de acções concretas.
Se existe vontadinha de construir um novo Centro de Saúde em Camarate, então sosseguem-se as pessoas com acções e não com palavrinhas, que essas leva-as o vento com alguma facilidade.
Ontem, cerca de 500 pessoas manifestaram-se contra esta decisão da ARS de Lisboa e Vale do Tejo. Temem, como não será de estranhar que o façam, que o temporário se torne definitivo e que o novo Centro de Saúde tarde em ser construído.
Mesmo, sabendo que o novo Centro de Saúde de Sacavém é o “último grito da moda”, palavras do Presidente da Câmara, em Camarate prefere-se o cauteloso, mais vale um pássaro na mão, que dois a voar. Têm razões para desconfiar e é bom que o façam. Faz bem o Presidente da Junta de Freguesia em denunciar a diferença entre as palavras de circunstância e a falta de acções concretas.
Se existe vontadinha de construir um novo Centro de Saúde em Camarate, então sosseguem-se as pessoas com acções e não com palavrinhas, que essas leva-as o vento com alguma facilidade.
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Camarate,
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Saúde
2008/05/23
O ÊXITO E AS OPÇÕES ERRADAS
Imagem retirada daqui.
"A Expo'98 e o Parque das Nações foram um sucesso à escala internacional. Contudo, o êxito não deverá fazer esquecer alguns aspectos menos conseguidos. Logo no primeiro trimestre de 1990 participei numa reunião com o ministro Couto dos Santos, onde se analisou a hipótese de Portugal se candidatar à realização de uma Exposição Universal/Mundial, originada numa ideia de Mega Ferreira e Vasco Graça Moura. Nessa reunião estiveram também os presidentes das câmaras de Lisboa e Oeiras, respectivamente, Jorge Sampaio e Isaltino de Morais.
A ideia, interessante à partida, tinha todas as condições para não vingar. Não havia, ao tempo, uma experiência portuguesa recente adequada a coisa de tal quilate, mas, fundamentalmente, a diversidade partidária e ideológica dos responsáveis políticos cujas competências tinham, de uma forma ou de outra, interferência com o território alvo, era muito grande. Na referida reunião abordou-se a primeira prova de fogo, ou seja, o local da realização. Havia três hipóteses em Algés/Pedrouços, junto ao Tejo, distribuída por vários pólos nas duas margens do estuário, e, finalmente, no local onde acabou por assentar. Convenhamos que, numa primeira leitura, o sítio Pedrouços/Algés era um forte candidato: menos trabalho a fazer e um presidente de câmara activo, experiente e... do PSD. Acabou por se escolher, e bem, o sítio a oriente. Oeiras deu provas de ser elegante e sábia na derrota.
Durante todo o processo, iniciado naquele ano de 1990, ocorreram diversos momentos críticos que, cada um por si, poderia ter condenado o evento. Casos como o da avocação, exigida pela Parque Expo, de certas competências municipais em matérias de gestão e planeamento urbanístico, a retirada do aterro (lixeira) de Beirolas e a respectiva construção da central de tratamento/incineração de S. João da Talha, a variante da EN 10, ou, para ficar por aqui, a localização da segunda travessia rodoviária do Tejo, poderiam ter inviabilizado o projecto, caso não houvesse entendimento e decisão acertada. Provou-se que em política é possível decidir (razoavelmente) bem, sem perder, no essencial, os objectivos partidários de longo prazo.Só depois de ter sido garantida a estabilidade política das soluções, foi possível, a partir de 1993/94, viabilizar o trabalho dos gestores, dos engenheiros e arquitectos, e tantos outros profissionais de grande qualidade. Entre outros salientar Cardoso e Cunha, Torres Campos e Vassalo e Silva.
Foi possível realizar um evento que engrandeceu Portugal, não obstante a gritaria inicial dos que criticavam o citado "despesismo". O único resultado dessas críticas foi o modelo de financiamento de "Custos Públicos Zero", que conduziu a soluções urbanísticas liberais, menos confortáveis para os moradores, trabalhadores, visitantes e comerciantes. Dizemos e escrevemos isto desde 1994.
Finalmente, dizer que me parece mau ainda hoje não estar regularizada a situação político-administrativa do Parque da Nações. Quando saí, voluntariamente, da presidência da câmara municipal de Loures, em 1999, estava-se a um passo de o conseguir. Será que nas próximas eleições autárquicas a administração da Parque Expo/Parque das Nações se candidata?"
Demétrio Alves, in JN, 23 de Maio, 2008
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Expo 98
AS COISAS QUE ELES DESCOBREM NOS ESTUDOS
Entrevista ao coordenador do estudo "Um Olhar Sobre a Pobreza"
Pobreza em Portugal: "É preciso subir os salários e diversificar fontes de rendimento"
23.05.2008, in Público
Pobreza em Portugal: "É preciso subir os salários e diversificar fontes de rendimento"
23.05.2008, in Público
Tanto trabalho que os propagandistas têm tido para convencer os pobres que os culpados pelo seu estado de necessidade é deles próprios, e vem agora um subversivo dizer que uma das razões da pobreza são os baixos salários.
Já estávamos todos tão convencidos que alguém só era pobre porque era preguiçoso, não tinha estudado o suficiente, não tinha espírito empreendedor, não poupava, não investia. Afinal, parece que a propaganda neoliberal esconde que a maior causa da pobreza reside na crecente desigualdade na redistribuição da riqueza criada, seja pelo salário, seja pelos mecanismos de protecção social.
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Trabalhadores
SE CALHAR VOAVAM MUITO BAIXINHO!
Afinal parece que os voos da CIA sempre passaram por espaço nacional. O Governo vez agora dizer que terão sido cerca de 56. Segundo notícia do Público, “a passagem por Portugal de voos da CIA com prisioneiros para aquela base norte-americana foi alvo de inquérito no Parlamento Europeu. A organização de direitos humanos britânica Reprieve garantiu que mais de 700 prisioneiros foram ilegalmente transportados para a base "com a ajuda de Portugal" e que pelo menos 94 voos passaram por território português, entre 2002 e 2006.”
O número de voos efectuados começa a ser de menor importância, face à clara conivência do Estado português nesta violação sistemática dos Direitos Humanos por parte da Administração Norte-Americana.
O número de voos efectuados começa a ser de menor importância, face à clara conivência do Estado português nesta violação sistemática dos Direitos Humanos por parte da Administração Norte-Americana.
Espera-se que no próximo relatório do Departamento de Estado Norte-americano sobre as violações dos Direitos Humanos, Portugal venha referenciado por esta.
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Anti-fascismo,
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Governo
TONS DE LARANJA
Imagem Via Henricartoon
Há algum tempo, publiquei aqui no Palácio um texto sobre o abaixo-assinado apoiando a candidatura de Alberto João Jardim a Presidente do PSD. Nesse texto referi o apoio dado à candidatura por um militante do PSD de Loures. Como esse militante foi aqui referido pessoalmente, publica-se hoje o seu texto de opinião sobre o PSD e sobre a contenda eleitoral interna do seu partido. O original pode também ser lido na publicação original, mais interessante porque está ilustrada, no blogue pessoal de Pedro Nunes.
#
O partido dos laranjinhas fez anos. Tantos quantos a democracia (possível) desta terra, que ajudou a fundar.
Motivo para trocar palmadinhas nas costas e acender velas.
De aniversário.
Mas também de velório.
Após o falecimento, por doença degenerativa, de uma Direcção incapacitada há muito para o exercício prático de funções.
Alumia-se-lhe o cadáver ainda quente...
[...O que não deixa de encerrar algum absurdo: com um ano apenas de mandato, Luís Filipe Menezes e sua equipa conseguiram entrada merecida na galeria dos benfazejos do partido, por dois actos memoráveis.
Primeiro, ter apeado Marques Mendes do pavoroso sonho de vir a ser Primeiro-Ministro.Segundo, ter saído pelo próprio pé antes de correr o risco de o sonhar também.]
Mas mais velinhas se acendem.
Agora de súplica e devoção.
Arrancou a corrida à liderança do PSD. E exige-se que um partido com tanta gente faça sobressair os seus melhores.
Como militante, votarei. Como sempre. Com a maior consciência da responsabilidade que o meu voto pode ter. - Sou dos que acreditam que o que desta eleição resultar tanto pode ajudar ao erguer desta Nação como ao seu enterro definitivo.
E neste contexto de desfile de candidaturas e candidatos, urge fazer uma reflexão definitiva sobre os candidatos que parece arredada do palco político.
- A reflexão de um social-democrata a que não só a oportunidade como a consciência e a coerência me obrigam.
Candidato Neto da Silva.
Ex-Secretário de Estado de Cavaco Silva.
Não conheço. Não sei quem é. E não voto em quem não conheço. Nem eu nem os outros portugueses. E se nele nunca votariam, por maioria de razão pouco sequer interessa o que o senhor tenha a dizer no presente contexto.
[É cruel, a verdade política.]
Candidato Patinha Antão.
Doutorado em Economia, Professor Universitário, Secretário de Estado-Adjunto, Vice-Director de Direcção-Geral, Chefe de Gabinete, Director de Gabinete, Deputado.
Uma das poucas figuras que pelo partido fala de Finanças como quem sabe do que fala e frequentemente tábua de salvação de um indigente Grupo Parlamentar laranja neste (...) domínio.
Já andou por muito lado, conseguiu mobilizar caramelos para recolher assinaturas por ele - que chegaram a vir a minha casa - mas os votantes não o encaram como um candidato "a sério" nesta eleição.
"E se nele nunca votariam"..., idem aspas.
Candidata Manuela Ferreira Leite.
Economista, Directora de Departamento, Directora-Geral, Presidente de Conselho de Administração, Técnica Consultora, Chefe de Gabinete, Professora Universitária, Deputada, Secretária de Estado, Ministra por duas vezes, Membro do Conselho de Estado e Comendadora.
A sua entrada na corrida à Presidência do partido elevou a fasquia para todos os candidatos.Mulher de longo currículo, muitas artes e imagem publicada de severidade e rigor, com uma longa e fiel corte de dependentes em cascata, é uma concorrente a ter em conta.
Pena é não ter assumido ainda a sua quota-parte de culpa no panorama em que hoje Portugal vive.
Não se é (?) impunemente membro de sucessivos Governos, aparecendo um belo dia como salvadora do País que se ajudou a moldar.
[E é assustadora a proximidade que se percebe entre a sua visão socio-política e a do "Governo" actual.]
Mais: Manuela Ferreira Leite contribuiu activamente para o descrédito em que a política hoje se encontra.
Engrossou a casta da clientela iluminada que assume indiferenciadamente qualquer mandato que esteja à mão, não deixou nem marca nem saudade nos Ministérios que dirigiu - Educação ou Finanças -, não disse "presente!" no momento da vida do seu partido em que era obrigada a fazê-lo (quando Durão Barroso saiu) e limitou-se a integrar o coro grego de agoiro de Direcções, em que muitos dos seus cortesãos se movimentam.
Agora, é mero rosto daquilo que a falange mendista consiga reacender após a derrota que lá vai e do seu objectivo de reconquistar o partido, encerrando um sonho mau em que tem vivido.
Candidato Pedro Santana Lopes.
Advogado, Professor Universitário e Regente, Presidente de Conselho Fiscal, Presidente de Conselho de Administração, Assessor de Gabinete, Adjunto de Ministro, Presidente de duas Câmaras Municipais, duas vezes Secretário de Estado, Deputado, Deputado ao Parlamento Europeu, Primeiro-Ministro, Presidente de Clube Desportivo, Comendador numa data de países.
Santana Lopes concorre fundamentalmente por si próprio. Não pelo seu partido.
Não entendendo que o epíteto de imortal da política mais faz dele um chato que um resistente, Santana pretende corrigir a História.
Uma História que não percebeu que avança, que muda e que se fecha.
Fui (e sou) dos poucos que ouvi afirmar alto que a trapaça institucional a que Santana foi sujeito pelo ex-Presidente Jorge Sampaio não passou disso mesmo. Uma canalhice de contornos partidários.
O Presidente da República concretizou um Golpe de Estado constitucional, interrompendo o mandato dum Governo quatro meses depois de ter optado pessoalmente por dar-lhe posse.
Sob pretexto levianamente aludido de (sic) "uma série de episódios", a que acrescentou (sic) "dispenso-me de os mencionar um a um pois são do conhecimento do País", cobrando a um Governo de quatro meses a "obra consistente e estruturante na resolução dos problemas" não realizada.
...Mas isso é História Antiga. Passada. Encerrada.
Se Santana se considera hoje uma vítima sedenta dos seus tempos de Governo, não tem senão que engolir o sapo, procurar Sampaio a uma esquina escura ou esperar por uma encarnação em que concretize o seu desígnio de governante de sucesso.Tudo mais, é puro delírio.
Mesmo que tenha consigo um resto de santanistas não encaixados no partido desde o seu desaire e uma falange de menezistas que prefere as apostas altas, não é a espécie de oposição ao "Governo" PS que desenvolveu em articulação com Filipe Menezes que o torna nem opção séria para o partido nem para o País.
Candidato Pedro Passos Coelho.
Economista, Professor Universitário, Gestor, Deputado, Autarca.
Com ele estão todos os outros menezistas. Isto é, todos os que ajudaram a eleger Luís Filipe Menezes Presidente contra Marques Mendes - mesmo que mais por missão que por convicção, como eu.
O seu currículo é curto. O que o ajuda, ou nem tanto.
Num País parolo como o nosso é possível que se olhe para Passos Coelho como um candidato politicamente menos capaz, por não ter estado tão amesendado como os seus concorrentes em cargos e lugares no Estado.
Mas a sua distância do Estado e do aparelho do Partido permitem-lhe uma independência de discurso em relação à degradação actual da Nação e ao pedido de confiança para agir que as demais figuras elegíveis não alcançam.(Apesar de, com alguns apoios, estar tão mal acompanhado como os demais...)
Um homem novo; um discurso com um novo tom; eventualmente uma nova mentalidade... A única possibilidade em aberto do fraco leque de escolhas.
É ele que receberá o meu voto.
João Jardim. O candidato que nunca o foi.
Seria seu o meu voto. Fosse a sua candidatura mais que um espectro.Por isso apoiei o seu avanço em altura própria. Quando o que parecia estar em causa era uma questão de apoios...
E a explicação da minha posição não precisa de muitas mais palavras do que as que escrevi na resposta ao Palácio do Marquês, que fez uma graça com a minha manifestação pública:
"É essa a medida do meu patriotismo: não me interessar se João Jardim tinha possibilidades contra Sócrates ou sequer à frente do PSD. Apenas a certeza de que a podridão geral em que este País chafurda precisa de um, dois, dez João Jardim, que abanem este charco e nos façam abrir os olhos de uma vez. Tudo que lá não chegue, é jogar para o empate, é brincar com coisas sérias, é dar de comer à vergonha de não fazer nada contra este estado de coisas. Mas o JJ já não concorre. E o País respira tranquilidade e paz."
Jardim, ao contrário de Santana, não concorre por si.
Faz política por si.
Disse-o em tempos e repito-o à exaustão:
«Como percebo o que disse João Jardim sobre a necessidade absoluta de uma frente de "combate ao Governo Sócrates", abarcando "todas as forças politicas, sem excepção" desde que firmes neste propósito. [...] Da mesma forma que percebo o que dizia Jardim sobre as últimas Presidenciais: "os candidatos que se perfilam para Belém não defendem o interesse de Portugal". [...] Em suma, é verdade que o País "está a ser conduzido por gente louca" e que "se Portugal não se livrar deste Primeiro-Ministro e deste Ministro das Finanças vai atravessar momentos dramáticos". Até porque "a asneira tem rosto e não é depois do mal feito que o país deve acordar"."Não dá para dissociar homens de políticos, pelo que o embrulho ficará sempre mal atado.Mas até lá, João Jardim será referência de um homem de coragem num mar de cobardes, um homem de acção e obra entre incapazes, um homem frontal e temerário no meio de convencionados.»
Quem tivesse visto certa entrevista na RTP com a Judite de Sousa, teria esclarecido que "O Alberto João" é um genial cromo retórico com que Jardim distrai as atenções de papalvos enquanto governa sem que o aborreçam.
«Rigoroso, coerente, ponderado, incisivo, sobrando-lhe tempo de sobra para os recados às instituições, aos governantes e aos portugueses", quando quer.Mas perante a lôbrega pergunta: "E não teme os prejuízos políticos que daí possam vir?" e a resposta lapidar "Eu não tenho que pensar em mim.", pouco ficou para dizer.
Claro que o dr João Jardim continuará amanhã a ser visto (ou queira-se fazer parecer) como um louco. No Portugal do politicamente correcto [denunciar como ele o faz] é impensável. Só explicável por uma profunda perturbação mental.
Mas no fundo, nesta terra, quem são os alienados, quem são os carcereiros, quem está irremediavelmente fechado, onde e porquê?
Quantos homens destes seriam necessários para subverter a ordem instalada no hospício?»«Um político com defeitos públicos desfraldados e provocantes. Ao contrário de outros, com defeitozinhos privados e mesquinhos.
Um homem frontal. Ao contrário da casta dominante de castrados que nos governa.Um governante de ideais, projectos e riscos. Ao contrário dos tíbios de verbo fácil que pululam e infestam uma política paralisada pelo politicamente correcto.»
Mas a oportunidade perdeu-se e a fria realidade convoca-nos.
Via Pedro Nunes no Mundo
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PSD
2008/05/21
A BANDEIRA DE CHALDEJ
Ievgueni Chaldej, Berlim, 1945
(© Sammlung Ernst Volland / Heinz Krimmer)
(© Sammlung Ernst Volland / Heinz Krimmer)
"O cenário era perfeito, mas a bandeira não mostrava o que devia mostrar: a foice e o martelo no cume do Reichstag (Parlamento alemão), símbolo máximo da derrota nazi aos pés do Exército Vermelho em Berlim, em 1945. A manipulação da famosa imagem do soldado russo está longe de ser pioneira na história da fotografia. Antes de Ievgueni Chaldej, foram muitos os que não resistiram ao retoque, à sobreposição e ao apagamento de pormenores incómodos no negativo. Mas a importância histórica do desfraldar desta bandeira transforma esta mentira de Chaldej num "pecado" ainda maior. Porque era demasiado perfeita, imaculada. E por isso não merecia essa matriz intrujona a roçar o ilusionismo. Como se não bastasse, na mesma imagem foram apagados os dois relógios do pulso do valente soldado soviético, sinal de que teria havido pilhagens durante a tomada final da capital alemã e de que a queda do Terceiro Reich não teria sido uma operação tão bem comportada como o regime estalinista quereria fazer crer.
O museu alemão Martin Gropius organizou uma grande retrospectiva do fotógrafo ucraniano cujo génio vai, obviamente, muito para além das fotografias comprometidas com o regime soviético. Foram escolhidas 200 provas que dão, pela primeira vez, uma visão geral do seu trabalho e onde se nota, segundo a organização, a tensão entre a fotografia de propaganda e a fotografia documental. Todas as imagens vieram da colecção de Ernst Volland e Heinz Krimmer. A exposição é composta ainda por trabalhos dos fotógrafos russos Dimitri Baltermans e Georgi Petrussov.
Nascido em Donetsk, em 1917, Chaldej começou a fotografar para a agência TASS em 1936. Ao serviço dessa agência registou boa parte da Segunda Guerra Mundial, particularmente a partir do momento em que as tropas de Hitler invadem a ex-União Soviética. Depois do conflito trabalhou alternadamente, até 1970, para a TASS e para o jornal Pravda. Morreu em Outubro de 1997. "
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Fotografia
2008/05/20
UM AMOR COR-DE-ROSA II
A Biblioteca Municipal José Saramago, construída e inaugurada durante a gestão da CDU, é um equipamento de referência na área da cultura no Concelho de Loures.
Infelizmente, com o actual executivo rosa não teve descendência, não podendo assim exercer o papel de biblioteca-mãe numa rede de leitura pública concelhia para que foi criada.
A governação municipal tem outras prioridades na área da cultura, como a reconstrução da fachada e “marquise” do Pavilhão de Macau no Parque da Cidade em Loures. Essa sim, uma obra de regime e emblemática do carácter e preferências da actual gestão autárquica municipal no que à cultura diz respeito…
Que importa que na zona oriental do concelho não exista uma única biblioteca à disposição dos munícipes? Então em Loures não se está a reconstruir a fachada do Convento de S. Paulo da cidade de Macau?
Não haverá certamente munícipe algum que não entenda esta opção, dadas as evidentes relações entre Loures e Macau pois, como já afirmou o Sr. Presidente da Câmara numa reunião da Assembleia Municipal, ”conheço muitas pessoas de Loures que vão a restaurantes chineses”.
Vem isto ao caso por via de ser evidente que também no Executivo de Loures não se morre de amores pelo Nobel de Literatura José Saramago.
A biblioteca que leva o seu nome tem, na parede situada à esquerda do hall de entrada, um espaço reservado pelo seu arquitecto para a inserção dos títulos das obras publicadas por Saramago. No entanto quem a visitar constatará, com espanto, ao olhar para a referida parede, que para o Executivo a produção literária de Saramago terminou com o volume A Caverna.
Felizmente, para os leitores e para a língua portuguesa, que assim não foi, pois depois disso o autor publicou mais 6 volumes: O Homem Duplicado, Ensaio Sobre a Lucidez, D. Giovanni ou o Dissoluto Absolvido, A Maior Flor do Mundo, As Intermitências da Morte e As Pequenas Memórias, mas disso o Sr. Presidente e o Sr. Vereador da Cultura pelos vistos não sabem… e até têm raiva a quem sabe.
Infelizmente, com o actual executivo rosa não teve descendência, não podendo assim exercer o papel de biblioteca-mãe numa rede de leitura pública concelhia para que foi criada.
A governação municipal tem outras prioridades na área da cultura, como a reconstrução da fachada e “marquise” do Pavilhão de Macau no Parque da Cidade em Loures. Essa sim, uma obra de regime e emblemática do carácter e preferências da actual gestão autárquica municipal no que à cultura diz respeito…
Que importa que na zona oriental do concelho não exista uma única biblioteca à disposição dos munícipes? Então em Loures não se está a reconstruir a fachada do Convento de S. Paulo da cidade de Macau?
Não haverá certamente munícipe algum que não entenda esta opção, dadas as evidentes relações entre Loures e Macau pois, como já afirmou o Sr. Presidente da Câmara numa reunião da Assembleia Municipal, ”conheço muitas pessoas de Loures que vão a restaurantes chineses”.
Vem isto ao caso por via de ser evidente que também no Executivo de Loures não se morre de amores pelo Nobel de Literatura José Saramago.
A biblioteca que leva o seu nome tem, na parede situada à esquerda do hall de entrada, um espaço reservado pelo seu arquitecto para a inserção dos títulos das obras publicadas por Saramago. No entanto quem a visitar constatará, com espanto, ao olhar para a referida parede, que para o Executivo a produção literária de Saramago terminou com o volume A Caverna.
Felizmente, para os leitores e para a língua portuguesa, que assim não foi, pois depois disso o autor publicou mais 6 volumes: O Homem Duplicado, Ensaio Sobre a Lucidez, D. Giovanni ou o Dissoluto Absolvido, A Maior Flor do Mundo, As Intermitências da Morte e As Pequenas Memórias, mas disso o Sr. Presidente e o Sr. Vereador da Cultura pelos vistos não sabem… e até têm raiva a quem sabe.
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José Saramago,
PS
2008/05/17
A NOVA GRAFIA DO PORTUGUÊS
Acompanhei com bastante interesse o debate em torno do Acordo Ortográfico. A minha posição sobre o tema foi oscilando, sem nunca ser peremptória (cá está uma palavra que não sei se mudará de grafia, por agora fica assim). Tentei ler todos os artigos de opinião, notícias sobre o tema e ouvir os debates entre os prós e os contras. Até li o texto integral do acordo.
A minha posição foi-se então definindo, mas mais contra os contras que a favor dos prós. É sempre um mecanismo possível de formar opinião. Provoca-me muita urticária as concepções (acho que nesta cai o P) imperialistas e elitistas sobre tudo o que disser respeito a todos. O português não é só nosso, dos portugueses, e entre nós, não é só dos “eruditos”. A Língua Portuguesa (creio que aqui a capitação não se aplicará) é de todos os falantes, incluindo-se aqui todas as comunidades lusófonas espalhadas pelo mundo. Este deve ser o ponto de partida. Assumir esta comunidade obriga à existência de uma estratégia de comum de gestão de um património, também ele comum.
A língua é um retrato da sociedade, possui todas as dimensões desta, cultural, histórica e económica. Por outro lado, tal como as sociedades, a língua é uma entidade viva, em constante movimento e transformação, acabando por incorporar e reflectir (mais uma) todas as mudanças sociais. O português, ao ser falado por comunidades tão diferentes e com dinâmicas tão próprias, gerou variantes ricas e com um grande grau de autonomia semântica e sintáctica, sobretudo na variante brasileira. Isto não é dramático, é natural, sendo inclusive uma prova do vigor da língua. Foi flexível o suficiente para se adaptar a novas realidades, contextos e tempos.
O Acordo Ortográfico não contrariará nenhum destes movimentos, porque a vida não se proíbe por decreto. O novo acordo é uma simples, mas necessária, expressão de vontade de reaproximação gráfica das variantes, estabelecendo regras comuns, ainda que flexíveis. Mas porquê esse esforço? Porque uma língua partilhada por vários povos é uma ponte entre esses povos. Porque uma língua comum é um veículo de partilha e de cooperação económica, social e cultural. Porque se a língua inexoravelmente muda, que mude também de acordo com os interesses dos seus falantes e das suas comunidades.
Neste debate aprendi bastante, pelo que ouvi, mas também pelo que procurei conhecer, contudo continuo a achar que o debate nunca se poderia reduzir a uma catarse linguística e cientifica. Neste ponto, ganharam os prós. E ganharam-me.
Entretanto aconselho a leitura de “Atual” (o corrector indica-me que a palavra está mal escrita, mas se calhar corrector é que estará), um pequeno manual da Texto Editora sobre “O que vai mudar na grafia do português”.
A minha posição foi-se então definindo, mas mais contra os contras que a favor dos prós. É sempre um mecanismo possível de formar opinião. Provoca-me muita urticária as concepções (acho que nesta cai o P) imperialistas e elitistas sobre tudo o que disser respeito a todos. O português não é só nosso, dos portugueses, e entre nós, não é só dos “eruditos”. A Língua Portuguesa (creio que aqui a capitação não se aplicará) é de todos os falantes, incluindo-se aqui todas as comunidades lusófonas espalhadas pelo mundo. Este deve ser o ponto de partida. Assumir esta comunidade obriga à existência de uma estratégia de comum de gestão de um património, também ele comum.
A língua é um retrato da sociedade, possui todas as dimensões desta, cultural, histórica e económica. Por outro lado, tal como as sociedades, a língua é uma entidade viva, em constante movimento e transformação, acabando por incorporar e reflectir (mais uma) todas as mudanças sociais. O português, ao ser falado por comunidades tão diferentes e com dinâmicas tão próprias, gerou variantes ricas e com um grande grau de autonomia semântica e sintáctica, sobretudo na variante brasileira. Isto não é dramático, é natural, sendo inclusive uma prova do vigor da língua. Foi flexível o suficiente para se adaptar a novas realidades, contextos e tempos.
O Acordo Ortográfico não contrariará nenhum destes movimentos, porque a vida não se proíbe por decreto. O novo acordo é uma simples, mas necessária, expressão de vontade de reaproximação gráfica das variantes, estabelecendo regras comuns, ainda que flexíveis. Mas porquê esse esforço? Porque uma língua partilhada por vários povos é uma ponte entre esses povos. Porque uma língua comum é um veículo de partilha e de cooperação económica, social e cultural. Porque se a língua inexoravelmente muda, que mude também de acordo com os interesses dos seus falantes e das suas comunidades.
Neste debate aprendi bastante, pelo que ouvi, mas também pelo que procurei conhecer, contudo continuo a achar que o debate nunca se poderia reduzir a uma catarse linguística e cientifica. Neste ponto, ganharam os prós. E ganharam-me.
Entretanto aconselho a leitura de “Atual” (o corrector indica-me que a palavra está mal escrita, mas se calhar corrector é que estará), um pequeno manual da Texto Editora sobre “O que vai mudar na grafia do português”.
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2008/05/15
A DERROTA DO NEOLIBERALISMO DE ESQUERDA
Como bom complemento ao comentário anterior ao texto de Vital Moreira, publica-se este texto sobre a falência do neoliberalismo de "esquerda".
«(...) De Ségolène Royal à Romano Prodi, de Walter Veltroni en passant par Dominique Strauss-Kahn, de Gordon Brown à Pierre Moscovici, tout ce beau monde vogue allègrement sur un bateau ivre sans gouvernail. L’échouage était prévisible : il a eu lieu.
Mais de quoi s’agit-il ? D’une défaite de la gauche ou d’une victoire d’une droite « décomplexée » comme l’affirment la plupart des commentateurs médiatiques ? Pour justifier cette hypothèse, ils s’appuient sur le « vieillissement » de la population européenne, sur son besoin de sécurité, sur la peur des étrangers, et que sais-je encore. Cette sociologie de cuisine permet, en fait, de ne pas chercher les raisons politiques d’une défaite… politique.
La réalité est autre et d’une certaine manière, hélas, plus simple : les années 2000 ont été marquées par la paupérisation des classes pauvres et moyennes en Europe occidentale, en particulier depuis le passage à l’Euro pour l’Italie et la France. D’après des économistes objectifs, les ménages italiens et britanniques vivent dans un tel état de surendettement qu’ils devraient être déclarés en faillite. Le niveau de vie de la classe moyenne recule de 2 à 4 % par an dans la péninsule. Quant aux Britanniques, la pauvreté commence à avoir des conséquences sur la nutrition des enfants dans certaines villes du nord de l’Angleterre et du Pays de Galles. Et nous n’aborderons pas ici le reste du paysage social, c’est-à-dire l’éducation publique, la santé ou les infrastructures en ruine depuis bien des années.
Cette situation catastrophique est le résultat des politiques libérales menées depuis une vingtaine d’années. Or, cette tendance s’est accentuée depuis peu, en particulier sous la gouvernance de Prodi en Italie, de Tony Blair et Gordon Brown au Royaume-Uni. Vaches maigres pour les pauvres et soutien indéfectible aux riches, le dernier exemple en date étant la transformation en obligation d’état des « crédits pourris » des banques anglaises. Au mépris d’ailleurs de toutes les règles du fameux « marché », les contribuables britanniques vont devoir assumer les pertes des banques pour la modique somme de 65 milliards d’euros. C’est une politique de collectivisation… mais seulement pour les pertes des banques !Non, Gordon Brown ou Walter Veltroni ne sont pas des sociaux-démocrates mais des fidèles exécutants des politiques libérales, qui deviennent de jour en jour plus agressives pour les citoyens modestes. (...)» (Gauche Républicaine)
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Vital Moreira
“ARROZ DE CABIDELA, SEM FRANGO, NEM ARROZ, NEM A PANELA”
{até Vital Moreira conseguiu dizer que o Primeiro Ministro estava a violar a lei, quando decidiu fumar dentro de um avião}
Num texto publicado ontem, 13 de Maio, no jornal Público, Vital Moreira disserta sobre a possibilidade de um partido ser socialista, sem que seja mesmo socialista. É um exercício dificil, pelo que reconheço coragem de VM em lançar-se em tamanha empresa.
A lógica de VM é simples e reduz-se ao seguinte. O socialismo, enquanto doutrina económica não faz sentido e foi abandonada pelos partidos socialistas e sociais-democratas. Estes partidos partilham com a direita o reconhecimento dos méritos do liberalismo económico. Contudo, continuarão a ser socialistas porque defendem a justiça social e o valor da igualdade. Esta teoria do sol na eira e chuva no nabal propalada por VM, não sei se será eventualmente uma teoria do socialismo-demoliberal-modernaço, mas parece-me ser a maior das utopias. VM vai contudo mais longe, defendendo a possibilidade de existência de uma esquerda que já não seja socialista em coisa nenhuma(!), dando o exemplo do Partido Democrata nos EUA.
VM vai contra corrente, perante os avanços do Capitalismo, nunca antes fez tanto sentido a agenda socialista, em todas as suas dimensões, mas sobretudo na económica. O Capital sem rédea é um cavalo à solta, indómito e destruidor. Deste facto temos tido múltiplos exemplos na história económica recente e na presente crise financeira internacional, na crise dos cereais ou na crise do preço dos combustíveis. Ao contrário dos povos, o Capital é uma entidade abstracta, sem pátria, sem religião, sem etnia, sem valores, sem moral, sem ética, sem humanidade. Acreditar na sua bondade histórica é uma ingenuidade pueril. O Capital necessita de ser controlado, contrariado, regulado, manietado e democratizado. A agenda económica do socialismo oferece ainda hoje as ferramentas teóricas para o desenvolvimento de uma economia social ao serviço dos cidadãoS. Nem todas as fÓrmulas passam pela colectivização dos meios de produção ou pela existência de uma economia totalmente estatizada e bloqueada, mas as fórmulas socialistas ou de esquerda, passarão todas pela existência, na esfera política e democrática, das ferramentas necessárias à correcção económica.
Uma esquerda que descarte a agenda económica socialista, passa a ser uma direita com “consciência social”, sendo que todas as suas acções conducentes à promoção dos valores da equidade social assumirão contornos de assistencialismo e caridade social, porque não influirão nos mecanismos profundos de produção da desigualdade. Esses mecanismos são económicos e próprios do sistema capitalista. Aliás, o assistencialismo e a caridade não enojam o Capital, que até os promove, porque sabe que todo o investimento em paliativos sociais têm o retorno da podre paz social, que tanto lhe convém.
Num texto publicado ontem, 13 de Maio, no jornal Público, Vital Moreira disserta sobre a possibilidade de um partido ser socialista, sem que seja mesmo socialista. É um exercício dificil, pelo que reconheço coragem de VM em lançar-se em tamanha empresa.
A lógica de VM é simples e reduz-se ao seguinte. O socialismo, enquanto doutrina económica não faz sentido e foi abandonada pelos partidos socialistas e sociais-democratas. Estes partidos partilham com a direita o reconhecimento dos méritos do liberalismo económico. Contudo, continuarão a ser socialistas porque defendem a justiça social e o valor da igualdade. Esta teoria do sol na eira e chuva no nabal propalada por VM, não sei se será eventualmente uma teoria do socialismo-demoliberal-modernaço, mas parece-me ser a maior das utopias. VM vai contudo mais longe, defendendo a possibilidade de existência de uma esquerda que já não seja socialista em coisa nenhuma(!), dando o exemplo do Partido Democrata nos EUA.
VM vai contra corrente, perante os avanços do Capitalismo, nunca antes fez tanto sentido a agenda socialista, em todas as suas dimensões, mas sobretudo na económica. O Capital sem rédea é um cavalo à solta, indómito e destruidor. Deste facto temos tido múltiplos exemplos na história económica recente e na presente crise financeira internacional, na crise dos cereais ou na crise do preço dos combustíveis. Ao contrário dos povos, o Capital é uma entidade abstracta, sem pátria, sem religião, sem etnia, sem valores, sem moral, sem ética, sem humanidade. Acreditar na sua bondade histórica é uma ingenuidade pueril. O Capital necessita de ser controlado, contrariado, regulado, manietado e democratizado. A agenda económica do socialismo oferece ainda hoje as ferramentas teóricas para o desenvolvimento de uma economia social ao serviço dos cidadãoS. Nem todas as fÓrmulas passam pela colectivização dos meios de produção ou pela existência de uma economia totalmente estatizada e bloqueada, mas as fórmulas socialistas ou de esquerda, passarão todas pela existência, na esfera política e democrática, das ferramentas necessárias à correcção económica.
Uma esquerda que descarte a agenda económica socialista, passa a ser uma direita com “consciência social”, sendo que todas as suas acções conducentes à promoção dos valores da equidade social assumirão contornos de assistencialismo e caridade social, porque não influirão nos mecanismos profundos de produção da desigualdade. Esses mecanismos são económicos e próprios do sistema capitalista. Aliás, o assistencialismo e a caridade não enojam o Capital, que até os promove, porque sabe que todo o investimento em paliativos sociais têm o retorno da podre paz social, que tanto lhe convém.
.
Eu hoje venho aqui falar
.
"Eu hoje venho aqui falar
duma coisa que me anda a atormentar
e quanto mais eu penso mais eu cismo
como é que gente tão socialista
desiste de fazer o socialismo
é querer fazer arroz de cabidela
sem frango nem arroz nem a panela
.
Eu hoje venho aqui falar
duma coisa que me anda a atormentar
e quanto mais eu penso mais eu vejo
que esta grande obra de reconstrução
parece mas é uma acção de despejo
é como para instalar uma janela
atirar primeiro os vidros para a viela
.
Eu hoje venho aqui falar
duma coisa que me anda a atormentar
e penso e vejo de todas as cores
já libertaram pides e bombistas
deve ser para lá por trabalhadores
é como lançar cobras na cidade
e pôr dentro dentro da jaula a liberdade
.
Eu hoje venho aqui falar
duma coisa que me anda a atormentar
e vejo e de ver tiro conselho
aquilo que é mesmo reforma agrária
é para alguns o demónio vermelho
esses querem é ver anjos cor-de-rosa
entre Castro Verde e Vila Viçosa
.
Eu amanhã posso não estar aqui
mas também, para o que eu aqui repeti...
é que eu não sou o único que acho
que a gente o que tem é que estar unida
unida como as uvas estão no cacho
unida como as uvas estão no cacho"
.
Sergio Godinho
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2008/05/14
FAZ CÁ TANTA FALTA, COMO UM SAPATEIRO NUMA TERRA DE CARAMELO
Pior do que o provincianismo que sumerge este país, é o espírito de saloio que é muito próprio de terras pequeninas. Numa acção de comunicação concertada, vários órgãos de comunicação social foram notificados que decorreria ontem, dia 13, uma reunião entre representantes da Câmara Municipal de Loures, da CCDR e do Ministério da Economia. A razão de tanto alarido é a instalação de uma loja da IKEA em Loures. Foi decidida a sua instalação. O desenvolvimento virá em caixas de cartão e com manual de montagem.
É um momento de festa para todos os lourenses. Quem não tinha uma mobília de quarto, ou tinha uma que lhe fora oferecida pelos sogros e levada pelas cheias, já poderá comprar uma nova. Mais ninguém em Loures terá mesas desengonçadas ou cadeiras fora de moda. O progresso instala-se já a partir de 2009. Aliás, está provado que actualmente só existem pessoas a quem possa faltar uma peça de mobiliário, uma peça de roupa, um equipamento doméstico ou uma despensa cheia, por escassez de locais em Loures, onde se possa adquirir esse tipo de bens. Da perspectiva do consumidor digo que, quando estiver construída e em funcionamento, nunca mais me deslocarei a Alfragide. Esta loja ficará aqui mesmo ao lado. Lá irei passear com a família no sábado à tarde, percorrendo aqueles carreirinhos desenhados no chão, vendo coisas bonitas e comprando à saída mais um tareco qualquer para justificar a visita.
Fico sempre com uma dúvida perante este tipo de anúncios. Sabemos todos nós que estes grandes investimentos são precedidos de estudos, encomendados por quem realiza os investimentos. Claro que querem assegurar que o seu investimento será bem feito, com probabilidades fortes de retorno. Neste caso, o IKEA deve ter feito este trabalho de casa. Mas terão o Ministério da Economia e a Câmara Municipal de Loures feito o seu trabalho de casa? Terão avaliado o impacto económico e social desta decisão? Terão acautelado os interesses das unidades comerciais já instaladas? Creio que todos temos resposta para estas questões.
Começo a ter dúvidas se teremos algum motivo para festejar.
QUEM PODE, PODE!
Cada vez é mais recorrente a impunidade com que os detentores dos poderes se pavoneiam.
As leis que fazem e defendem com unhas e dentes são para cumprir. Mas os outros. Os comuns dos mortais. Porque eles, os predestinados, já têm o enorme fardo de salvar a nação com a suas iluminadas ideias.
Confesso que fumo os meus cigarros há já alguns anos. Agora tenho de fumar na rua, apesar de a minha mãe sempre me ter ensinado que uma senhora não fuma na rua. Mas a partir de hoje vou fumar onde me apetecer.
Depois peço desculpa e prometo que vou deixar de fumar.
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2008/05/12
“QUEM SALVA UMA VIDA, SALVA A HUMANIDADE”
“Irena Sendler organizou a saída de cerca de 2500 crianças do Gueto de Varsóvia durante a violenta ocupação alemã, na Segunda Guerra Mundial. Ela - que trabalhava como assistente social - e a sua equipa de 20 colaboradores salvaram as crianças entre Outubro de 1940 e Abril de 1943, quando os nazis deitaram fogo ao Gueto, matando os seus ocupantes ou mandando-os para os campos de concentração.”
Desconhecia o exemplo desta senhora, como seguramente nunca conhecerei, nem conheceremos, as pequenas grandes acções de milhares de anónimos, que em todos os tempos, mesmo nos mais negros, conseguem transportar em si a centelha da esperança. Este pequeno comentário é uma homenagem a todos eles, feita na ternura do olhar desta idosa, que me recorda a ternura de outros olhares que também me marcaram.
A fotografia é do Jornal Público
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UM AMOR COR-DE-ROSA
Foi recentemente inaugurada na Galeria de Pintura D. Luís I, no Palácio Nacional da Ajuda, a exposição “José Saramago A consistência dos sonhos”, com a presença do escritor.
Ao contrário do que muitos supõem, não se trata de uma justa homenagem do Estado ao único Prémio Nobel de Literatura português. Alguém que tem dado um fantástico contributo para a divulgação da nossa língua, literatura e cultura.
A concepção e montagem desta exposição foram integralmente suportadas pelo Estado espanhol e pela privada Fundación César Manrique sedeada nas Canárias.
Os mais atentos recordam-se certamente que aquando da inauguração deste mesmo evento em Lanzarote onde o escritor reside, o Governo português primou pela ausência. A então ministra da cultura Isabel Pires de Lima alegou para o efeito motivos de agenda, que até hoje permanecem obscuros…
O escritor ainda que, mais uma vez, despeitado pelo poder político português empenhou-se na vinda da exposição a Lisboa que “considera a sua cidade e a quem quis oferecer esta prenda”.
No dia da inauguração acotovelavam-se à entrada personalidades de todo tipo, até do tipo que nunca leu um livro de Saramago. Todos querem ficar bem na fotografia…
Eis que chega o primeiro-ministro que atravessa com dificuldade a pequena multidão acompanhado por nada mais, nada menos, do que 5 ministros…
O Governo espanhol, em contraste com o seu homólogo português aquando da inauguração em Lanzarote, fez-se representar pelo respectivo ministro da Cultura que foi portador de uma carta pessoal do primeiro-ministro Zapatero para José Saramago.
Chegado o momento dos discursos surgem os esperados, rasgados e circunstanciais elogios ao escritor, à sua obra, aos serviços prestados à Pátria e à língua portuguesa.
Sócrates tomado por um súbito e anteriormente insuspeitado entusiasmo chega mesmo a afirmar com ardor e convicção que “queremos que saiba que em Portugal gostamos muito de si José Saramago”.
O escritor, no seu mais que telegráfico, elucidativo e irónico discurso agradeceu a presença de todos com um “obrigado, ou melhor e mais à portuguesa, obrigadinho”…
Para bom entendedor uma palavra basta.
Aproveite a oportunidade e visite esta fantástica exposição de permite conhecer as múltiplas facetas da vida obra do mais prestigiado escritor português da actualidade.
A exposição conta com uma forte componente multimédia, recorrendo ao uso de suportes digitais e audiovisuais, e exibe um conjunto de documentos inéditos do espólio de Saramago.
Todos os dias, excepto à quarta-feira, das 10h às 19h. até 27 de Julho
Consulte informações sobre marcações de visitas guiadas.
Leia sinopse da exposição AQUI.
Ao contrário do que muitos supõem, não se trata de uma justa homenagem do Estado ao único Prémio Nobel de Literatura português. Alguém que tem dado um fantástico contributo para a divulgação da nossa língua, literatura e cultura.
A concepção e montagem desta exposição foram integralmente suportadas pelo Estado espanhol e pela privada Fundación César Manrique sedeada nas Canárias.
Os mais atentos recordam-se certamente que aquando da inauguração deste mesmo evento em Lanzarote onde o escritor reside, o Governo português primou pela ausência. A então ministra da cultura Isabel Pires de Lima alegou para o efeito motivos de agenda, que até hoje permanecem obscuros…
O escritor ainda que, mais uma vez, despeitado pelo poder político português empenhou-se na vinda da exposição a Lisboa que “considera a sua cidade e a quem quis oferecer esta prenda”.
No dia da inauguração acotovelavam-se à entrada personalidades de todo tipo, até do tipo que nunca leu um livro de Saramago. Todos querem ficar bem na fotografia…
Eis que chega o primeiro-ministro que atravessa com dificuldade a pequena multidão acompanhado por nada mais, nada menos, do que 5 ministros…
O Governo espanhol, em contraste com o seu homólogo português aquando da inauguração em Lanzarote, fez-se representar pelo respectivo ministro da Cultura que foi portador de uma carta pessoal do primeiro-ministro Zapatero para José Saramago.
Chegado o momento dos discursos surgem os esperados, rasgados e circunstanciais elogios ao escritor, à sua obra, aos serviços prestados à Pátria e à língua portuguesa.
Sócrates tomado por um súbito e anteriormente insuspeitado entusiasmo chega mesmo a afirmar com ardor e convicção que “queremos que saiba que em Portugal gostamos muito de si José Saramago”.
O escritor, no seu mais que telegráfico, elucidativo e irónico discurso agradeceu a presença de todos com um “obrigado, ou melhor e mais à portuguesa, obrigadinho”…
Para bom entendedor uma palavra basta.
Aproveite a oportunidade e visite esta fantástica exposição de permite conhecer as múltiplas facetas da vida obra do mais prestigiado escritor português da actualidade.
A exposição conta com uma forte componente multimédia, recorrendo ao uso de suportes digitais e audiovisuais, e exibe um conjunto de documentos inéditos do espólio de Saramago.
Todos os dias, excepto à quarta-feira, das 10h às 19h. até 27 de Julho
Consulte informações sobre marcações de visitas guiadas.
Leia sinopse da exposição AQUI.
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José Saramago,
Literatura
2008/05/10
2008/05/08
ZONA FRANCA
Assinalo o meu regresso ao Palácio, publicando um texto que Mário Crespo, Jornalista, escreveu recentemente no JN. O tema continua mais actual do que nunca. O apelo feito ao Governo português por um cidadão detido em Guantanamo, que atesta ter passado por território nacional, vem tornar claro que só mesmo as autoridades nacionais continuam a acreditar na palavra da administração norte-americana.
*
"O documentário sobre o holocausto Shoah, de Claude Lanzmann, dura nove horas e meia. Grande parte da obra consiste em entrevistas conduzidas nas aldeias do Sul da Polónia por onde passava o comboio com prisioneiros para os campos de extermínio nazis, em Birkenau e Auschwitz. Lanzmann detectou duas atitudes genéricas dos aldeões à passagem dos comboios. Ou ignoravam ou, quando olhavam, faziam aquele sinal universal de morte anunciada que é passar rapidamente o indicador direito pelo pescoço, numa pantomina simbólica de um degolamento. Das entrevistas de Lanzmann, conclui-se que os camponeses polacos sabiam qual o destino dos prisioneiros. Mas, não se consegue entender o significado dessa comunicação com os condenados com um gesto prenunciador da morte que vinha aí.
Seria um acto atormentador que se integrava no martírio dos indesejáveis em que a população polaca foi activamente cúmplice? Seria um aviso? Seria uma daquelas crueldades brincalhonas que frequentemente surge com a habituação ao horror? Lanzmann, além de jornalista é um filósofo. Foi colega de Sartre e Beauvoir e, apesar das análises semióticas que fizeram das entrevistas, a ausência de conclusão clara deixa-nos num vazio angustiante quanto aos alcances da crueldade humana.
Por razões de pudor residual ou estratégia, os nazis implantaram as máquinas de morte industrial bem longe do seu território nacional. Esconderam-nas nos limites do império (a Polónia aparece em documentação nazi referida como Ostdeutschland - Alemanha de Leste). Para as dissimular, usaram subterfúgios tão elaborados que hoje é difícil reconstituir com exactidão histórica o intenso tráfego ferroviário entre a Alemanha e Auschwitz-Birkenau, tal foi o encobrimento nas rotas, nos manifestos de carga, nas falsas origens e falsos destinos.Nas ligações entre Guantanamo e as Lajes nós estamos a portar-nos como os camponeses polacos analisados por Lanzmann. Ou fingimos que não vemos ou fazemos gestos inconclusivos. No tratamento daqueles que a América suspeita de terrorismo, a base nos Açores tem sido o equivalente a um apeadeiro na linha entre a Alemanha e Auschwitz, onde o guarda-freio levanta a bandeira verde na noite escura, indicando que o caminho está livre para os indesejáveis acorrentados seguirem até às câmaras de tortura, no enclave americano em Cuba (isto não é metáfora. Os prisioneiros vão mesmo acorrentados e tortura-se em Guantanamo.
Quanto ao número de mortos, não se sabe. Ainda). Por ser um pacto militar, a sociedade civil em Portugal desconhece muito do acordo das Lajes. Isso dá ao Governo imensa latitude de evasivas nas explicações que lhe são pedidas. A 30 de Janeiro de 2008, o primeiro-ministro dizia no Parlamento poder garantir que nunca tinha sido nem consultado nem autorizara o trânsito em território nacional de prisioneiros para Guantánamo, insistindo que "esses dois actos" (consulta e autorização) nunca tinham existido. Portanto, nada aqui diz que não tenha existido o transporte sem consulta e sem autorização. Há outros indícios da ambiguidade oficial. A ONG Landmine Monitor, sobre o trânsito de cargas militares proibidas por aviões americanos nas Lajes, diz que as respostas que recebeu de três diplomatas portugueses do MNE e da Defesa inquiridos, João Pimentel, Vilar de Jesus e Fernando Brito, descrevem a expectativa do Governo português de que os americanos cumpram com o acordo, declarando voluntariamente os manifestos das cargas que transportam, mas admitiram que não há nenhum mecanismo formal de inspecção portuguesa das aeronaves americanas que transitam pela Terceira (Landmine Monitor Report 2004). Logo, tudo pode passar pelas Lajes. De material de guerra proibido, a gente raptada e acorrentada. Se não for declarado, ninguém fiscaliza. Acredita-se.
A verdade oficial que vem desde o actual primeiro-ministro aos diplomatas é que os americanos não solicitaram autorizações nem foram concedidas autorizações. Mas há outros elementos. Prisioneiros que transitaram pelas Lajes têm feito depoimentos denunciando as escalas nos Açores. O "60 Minutos", da CBS, fez várias reportagens atestando este tráfico maldito que oficialmente Portugal diz desconhecer. Kurt Volker é o negociador americano da nova versão do acordo das Lajes. Questionado pelo "Expresso", recusou-se a comentar o transporte ilegal de prisioneiros. Uma recusa de comentário é nos Estados Unidos um acto mediaticamente muito significativo.
A 21 de Fevereiro deste ano, o Governo de Bush reconheceu e pediu desculpas públicas ao Reino Unido por ter usado a base britânica em Diego Garcia para o trânsito de prisioneiros de guerra, depois de Londres dizer que considerava "muito grave" esse tráfego não-autorizado. Com a passividade, Lisboa e os americanos ainda se podem refugiar num "no comment" porque a atitude de sucessivos governos portugueses fez da base das Lajes uma Zona Franca dos direitos humanos."
Mário Crespo escreve no JN, semanalmente, às segundas-feiras
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EUA,
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Iraque
2008/05/07
FOTO BRILHANTE
Esta fotografia, publicada hoje no Público on-line, vale todas as palavras do texto que ilustra. Será possível que o PSD entregará as chaves da São Caetano a Santana? Será possível que estejamos a assistir ao colapso do maior partido da direita? Será possível, que a escolha recairá sobre a pior das hipóteses?
“Quem não tem vergonha, todo o mundo é seu.” Santana Lopes personifica este adágio popular na plenitude. Após o desastre de Lisboa e a passagem meteórica pelo Governo da República, apresentar-se ao país de carinha lavada e beicinho definido é obra!
“Quem não tem vergonha, todo o mundo é seu.” Santana Lopes personifica este adágio popular na plenitude. Após o desastre de Lisboa e a passagem meteórica pelo Governo da República, apresentar-se ao país de carinha lavada e beicinho definido é obra!
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PSD
2008/05/06
FESTIVAL INTERNACIONAL DE MARIONETAS
"Durante este mês de Maio, Lisboa será de novo o grande palco do Teatro de Marionetas. O ponto de encontro para os apaixonados desta arte viverem novas experiências artísticas. Iremos comover-nos com os objectos e seres mais inusitados, mas que falam às nossas consciências, de sentimentos, relações, política, guerra, violência ou amor. O teatro de marionetas na sua forma mais corrosiva, sensual, insubmissa, cruel e revolucionária.”
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