2007/03/30

LIVRO DAS QUEDAS






FRAGMENTOS



1

Um homem
vai no seu corpo
e subitamente
cai. Ouço
desmoronar-se
a sílica do coração.
E ouço também
a terra e o ar
acolherem os ossos
do filho pródigo.
Em si este acontecimento
não é nada original
mas dói. O vento
do Outono
morde-me os ossos
e dói.


201

Quem amou ainda ama,
vai ouvir a vida inteira a canção furtiva,
vai ouvi-la e cantá-la
ao acaso dos ventos que trazem
do Ocidente e do Oriente
árvores e respirações animais
que supuram a febre do mundo — quem amou
ainda ama, vai cantar
a vida inteira
o ninho de mulheres onde se reúnem
a terra e o céu, vai aceitar
o domínio das águas sedentas
sobre o osso e a pedra: o grande ofício
é transformar a terra em osso
e o osso em carne
desamparada. Quem amou
não sabe nada, vai cair
a vida inteira. Mas que força é essa, se não é
um saber? Um saber de bocas invisíveis
e do enigma das águas que são álcool
da carne e pássaro que regressa
ao ninho da mãe. Quem amou
vai amar
a vida inteira.


415


Esta coisa a que chamam amor
é uma criança que salta onde sou velho,
eu que venho de milénios viajando
de reino em reino. Pó
intenso.
Salto e danço e sou contaminado
por águas montanhosas que mantêm para sempre
o rio febril. As árvores, na margem,
dobram-se à sua passagem.
Posso chamar-lhe amor,
pensar na luz crua do nascimento ou simplesmente
nascer de novo sem desejar
coisa nenhuma. Pensar é exercício de palavras
e há momentos em que só o silêncio
ou o sexo no sexo
ou um grito
dizem o que há para dizer.

TELEVISÃO REGIONAL DE LOURES



“Têm-me chegado aos ouvidos alguns episódios verdadeiramente arrepiantes da prestação do elementos do PS na Assembleia Municipal de Loures (AML) e por isso tenho-me lembrado, com alguma saudade, da utilidade da Televisão Regional de Loures (TRL).
Não seria interessante que os munícipes de Loures pudessem assistir em directo ao debate e verificar as asneiras, perdão, o desempenho dos seus eleitos?Pelo menos se pudéssemos assistir ao debate em directo pela Internet (nada de impossível), não seria também uma forma de se fiscalizar aquele..., aquela... coisa que lá se passa?” Comentário colocada no post Da Assembleia Municipal por João Carvalho

Lembro-me que ainda não existia o telecomando e de o zapping era um conceito desconhecido. Ninguém se colocava em frente ao televisor a mudar o canal do 1 para 2, e do 2 para o 1, e assim sucessivamente durante tempos infinitos. Aliás, se isso acontecesse, o mais provável seria o encaminhamento para uma consulta com especialistas. Mas nesse ano de 1985, passava de boca em boca que existia um canal pirata, comentava-se no café, no supermercado, no trabalho, na escola e o desporto passou a ser passar o tempo a tentar encontrar o sinal, rolando cuidadosamente o sintonizador, mudando de banda e recomeçando o processo do início. Com grande protesto da família que estava a perder a novela, os desenhos animados ou o telejornal.
Tinha todos os condimentos para ser um sucesso. Era clandestino, era pirata, os produtores interrompiam a emissão e fugiam com os parcos haveres técnicos às costas, mudavam a frequência para ludibriar as autoridades. Ao fim do dia, lá se procurava novamente a frequência. Não me lembro se tinha qualidade nem se vi alguma vez algum programa ou filme. Só me lembro da procura e da satisfação de o encontrar e de me sentir solidário e cúmplice da “ilegalidade”. À tarde saltava-se para o quintal do vizinho e comia-se as maçãs ainda verdes que sabiam sempre melhor do que aquelas que lá em casa apodreciam na fruteira porque ninguém lhes pegava. À noite ajudávamos os nossos pais a ser crianças e a pisar o risco. Sabia bem! Mas as aventuras acabaram, o vizinho apanhou-nos e nós apanhámos. Os piratas foram apanhados. Obrigado ao João carvalho por me fazer relembrar tudo isto.


Os tempos são outros e a fome deu em fartura, canais são às dezenas e para todos os gostos. Porém, a ideia da recolha e emissão, utilizando os recursos tecnológicos existentes hoje, das Sessões da Assembleia Municipal ou da Câmara municipal é uma ideia interessante. Menos fantasiosa do que à partida se possa imaginar. Com ganhos evidentes para a participação e informação dos munícipes que, se assim o entendessem, poderiam assistir em tempo real aos debates através da Internet. Levando, o conceito mais à frente, poder-se-ia utilizar esse meio para que os munícipes interpelassem a Assembleia Municipal, podendo colocar questões por vídeo-conferência no momento dedicado à intervenção do público, que neste caso seria bem mais vasto dos que os assentos que hoje lá existem.

AMIZADE


Se o meu amigo agora fosse freak

eu gostava dele agora freak.

E se ele fosse bipolar

eu gostava da sua mansidão e da sua mania.

E se ele não pudesse falar

por ter uma afta na língua

eu habituava-me ao seu silêncio.

2007/03/29

O DELÍRIO DE BOSCH


"Complexa e delirante encenação da iconografia mais popular de um Santo Eremita, brilhante e inconfundível execução pictórica, excelente estado de conservação - estes são, entre outros, alguns dos motivos pelos quais os visitantes do Museu Nacional de Arte Antiga se detêm muito tempo diante deste tríptico, obra-prima absoluta de Jheronimus Bosch.Uma inventada unidade do espaço integra as múltiplas cenas que preenchem o painel central e os volantes laterais, território para um formigar de seres e de episódios que desafiam a nossa interpretação e que ocupam, literalmente, os quatro elementos do universo (céu, terra, água e fogo). Além da narrativa das tentações do santo, a obra encerra uma visão totalizante do mundo invadido pelo mal, personificado aqui por uma legião de seres demoníacos e aparentemente fantásticos que também significam um tributo do pintor a uma longa tradição figurativa medieval. No verso dos painéis laterais, as grisalhas mostram ainda dois passos da Paixão de Cristo. Ambas as cenas são marcadas pela violência e por um espaço desértico em primeiro plano, lugar de cadáveres e de condenados, de morte e desolação, o que vem acentuar a mensagem pessimista, embora não desesperada, de todo o tríptico."

in, Público (P2), 29-03-07

A COISA EXISTE


Está desfeito definitivamente o equívoco sobre a existência e localização da Quinta do Mocho em Sacavém. Parece que a tal Quinta do Mocho existe e que localiza na Urbanização dos Terraços da Ponte. Pelo menos assim se conclui, da leitura do talão de compras emitido pelo Pingo Doce que lá abriu portas há relativamente pouco tempo, que me foi enviado. Depois das dúvidas lançadas pelo Presidente da Junta de Freguesia de Sacavém sobre o nome da coisa. O Pingo Doce veio esclarecer que a Quinta do Mocho existe e como prova têm o facto do seu supermercado ter recebido, por duas vezes, “clientes” mesmo antes de estar aberto. Como quem pode, pode, o Pingo Doce tem polícia permanente e estará eventualmente no giro obrigatório da PSP de Sacavém, a julgar pela frequência com que o carro patrulha por lá passa.
Os problemas não são fictícios e, seja onde forem, não devem ser negados.

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE FANHÕES


“De facto é como diz: a cegueira está instalada. Mas eu diria mais: pior cego é aquele que não quer ver. É este o caso do Sr. Vereador Ricardo Leão e da sua equipa que administra o nosso concelho.
Permita-me complementar a sua informação, já de si muito completa, com alguns dados, estes sim, de facto técnicos.
Em boa verdade, no ponto de vista teórico, o percurso escolar das crianças e jovens deve ter sequencialidade, os objectivos e as metas a alcançar nesse percurso deverão estar delineadas no sentido crescente de aprendizagens, de comportamentos e atitudes que um determinado agrupamento de escolas deve definir no seu projecto educativo.
As estratégias diferenciadas que se praticam para atingir o perfil de aluno desejável, assentam numa relação pedagógica e afectiva fortes fundamentada no trabalho de equipas pedagógicas que reflictam a verticalidade pretendida e que, naturalmente determinam a sequencialidade.
Foi com base nestas premissas que em 1990 se iniciou o trabalho de criação do Agrupamento de Escolas de Fanhões (a lei que permitia a criação de agrupamentos é de 1997 e só em 2004 se criam os agrupamentos de Loures). Na altura, o Agrupamento de Fanhões tinha também o 2º ciclo. O alargamento do trabalho do Agrupamento aos 2º e 3º ciclos será, do nosso ponto de vista, um crescimento natural para o qual estamos há muito preparados. Não é isso que nos afasta da pretensão da DREL.
Os agrupamentos para onde se pretende enviar as nossas escolas são de dimensões gigantescas, não trabalham com base na sequencialidade dos ciclos, não articulam as escolas que os compõem, não é possível integrar os docentes num trabalho sério de equipas pedagógicas. Toda a estrutura organizativa dos mesmos baseia-se essencialmente em sub estruturas horizontais, em grupos de trabalho de docentes do mesmo ciclo que não comunicam com os outros. Têm ainda um caminho de alguns anos que, indiscutivelmente, em Fanhões já se percorreu.
A medida apresentada é cega, redutora da qualidade e desrespeitadora do trabalho efectuado por toda uma comunidade há 17 anos.
A CML fará o que entender. O parecer é vinculativo e quer a DREL o respeite ou não, ficará este executivo com a responsabilidade de menos 270 sorrisos por minuto nos tempos chuvosos que se avizinham.

P.S. Quanto ao silêncio de alguns: poupem-me os grunhidos dos ímpios.”
Comentário colocado no post A Cegueira por Maria Eugénia Coelho,
Presidente do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas de Fanhões

2007/03/28

O BOM SUCESSOR


Organizou-se o tempo para que o antigo Presidente da Junta de Freguesia de Santo Antão do Tojal, José Júlio Morais, já não pudesse participar na qualidade de Presidente da Junta, no debate que ontem, na Assembleia de Municipal, envolveu a sua Freguesia. O tempo poupou-o a ver a população de sua Freguesia ser desconsiderada e as suas necessidades e legítimas aspirações ignoradas. Algo que jamais teria deixado passar incólume. O tempo foi justo para consigo, mas os novos tempos continuam a garantir à população de Santo Antão do Tojal a mesma verticalidade na defesa dos seus interesses, a que esta se habituou durante anos. De tal modo, em Santo Antão essa postura dos responsáveis locais tem sido uma constante, que talvez pensem que é assim em todo o lado. Enganam-se! Perguntem aos pais de Fanhões.
Fica a referência saudosa a José Júlio Morais e as esperançosas boas-vindas a João Florindo, que ontem, caso houvesse dúvidas, deu a prova.


“Fernando – Então vão construir uma Escola nova em Santo Antão?”
“João – É pá… estava prevista há muito! Há que substituir aquela que lá existe por uma escola nova com novas ofertas.”
“Fernando – Deixa-te de coisas. Então vais dar ao Florindo uma razão para embandeirar?! Constrói mas é isso na minha freguesia. Vê lá o brilho que podemos fazer com o anúncio de uma nova escola!”
“ João – E a proposta já apresentada?”
“Fernando – Altera-se… quem é que manda nisto afinal!?”
“João – E a justificação….”
“Fernando – É pá, o Ricardo depois dá-lhes com os territórios edu..cativos!”



Terá sido assim a decisão de alterar a localização da construção da escola EBIJI de Santo Antão do Tojal para São Julião do Tojal? É possível. Já tudo é possível. Não tendo sido dada nenhuma explicação substantiva para a adenda, que anexa à Carta Educativa, apenas referia que a alteração terá sido efectuada por “decisão superior”! Voltamos novamente ao problema da relação entre o técnico e o político. A Carta Educativa foi elaborada por uma equipa de técnicos do Município, que avaliando os parâmetros pré-estabelecidos alcançou uma proposta que foi aprovada em Câmara e sujeita a discussão pública. No final ao documento é anexa uma adenda, que alterava as propostas técnicas, sendo que numa das decisões propostas na adenda a fundamentação política não existe. Revelando alguns sintomas de bipolaridade, o Vereador Ricardo Leão, apertado daqui e de além, afirmou que era político para decidir! Concorda-se. Mas decidir politicamente não é o mesmo que decidir autocraticamente, espacialmente em democracia.


As decisões políticas devem ser explicadas. Deve ser claro, porque razão uma proposta técnica é alterada na avaliação política. Isso a Câmara Municipal não fez. Ao não fazê-lo, seguramente porque as verdadeiras razões não poderão ser publicitadas, feriu de obscurantismo a sua decisão.


A não construção da dita escola em Santo Antão e a sua construção em São Julião, causou junto da população dessa freguesia um sentimento de descontentamento justificável. Mas não por um qualquer bairrismo primário, mas porque desde há muito que esta necessidade estava identificada, porque existiam legítimas expectativas de que se caminhava para a resolução dessa necessidade e, porque ficou claro com o andamento do processo, que as razões para esta alteração pouco se relacionavam com os seus interesses. A mobilização da população demonstrou isso mesmo. Cerca de 2000 pessoas subscreveram um abaixo-assinado a contestar a decisão, numa freguesia que tinha em 2005, 3544 eleitores inscritos e teve nessas autárquicas 2270 votantes.


Esteve bem o Presidente da Junta de Freguesia quando, acompanhando o processo desde o seu início, se indignou com o golpe de rins da Câmara Municipal de Loures, e secundou a população na sua indignação. Soube estar à altura da sua responsabilidade democrática. Esteve muito mal a Câmara Municipal de Loures e maioria do PS, quando pensou que a sua golpada passaria despercebida e para isso contava com a passividade, quer da população, quer dos seus representantes locais. O que não se verificou.

Perante a discricionariedade das decisões, impõe-se de facto o claro protesto.

O PAPAGAIO


“O Senhor não se ofenda, mas está a ser um papagaio!” Tirada do Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Loures dirigida ao eleito do Bloco de Esquerda, Tiago Faria. Mais uma para o nível zero da política em Loures. O protagonista é fértil em tiradas que podem começar a ser compiladas num Bestiário da Assembleia Municipal de Loures. Mais uma vez, a Assembleia Municipal de Loures fica marcada pela intensificação de uma postura trauliteira por parte de maioria do PS. Os insultos no âmbito das intervenções e os apartes de mau gosto ou mesmo ofensivos são cada vez mais frequentes. A maioria aprofunda a sua postura de intolerância, arroga-se visionária da única perspectiva política valida, e a partir daí justifica todo o tipo de impropérios.


Neste agravamento, tem responsabilidade a Presidência da Mesa da Assembleia que não censura estes comportamentos cada vez mais frequentes e que nada têm que ver com a eloquência do debate político.

A CEGUEIRA


O Palácio está cada vez mais assombrado. Ontem as actividades paranormais prolongaram-se para além do que é comum. Muito passado da 01h00 ainda vozes aterradoras ecoavam pelos meus salões. Subi e instalei-me. Pasmei com o que vi! Pasmei com o que não vi! O primeiro tema do serão foi o sentido do parecer que a DREL solicitou à Câmara Municipal de Loures sobre o desmembramento do Agrupamento de Escolas de Fanhões. Este tema já havia sido suscitado no passado dia 20, quando o Presidente da Junta de Freguesia de Santo Antão solicitou informação à Câmara sobre o assunto. Nesse dia o tema não foi debatido, ficando apenas a Assembleia informada de que a Câmara ainda estava a “estudar” o assunto.

Entretanto, o Agrupamento de Escolas de Fanhões convidou todos os Partidos e os seus eleitos a deslocarem-se à Escola, afim de poderem ouvir das razões da comunidade educativa, contrária ao desmembramento do Agrupamento, e de, com maior proximidade, conhecerem as condições e o trabalho desenvolvido, sendo este último aspecto decisivo para a avaliação do assunto.
Todos os que acederam ao convite, questionaram, ouviram argumentos, conheceram realidades e formaram opinião sobre o assunto.

Em cima da mesa está a transposição para o terreno de uma orientação do Ministério da Educação de tornar os Agrupamentos Escolares Verticais, ou seja que o mesmo Agrupamento disponha dos vários Ciclos do Básico, permitindo aos alunos um percurso escolar dentro do mesmo ambiente organizativo e pedagógico. A defesa e pertinência da verticalidade dos Agrupamentos são inquestionáveis. Na aplicação deste critério o Agrupamento de Escolas de Fanhões está hoje claramente desenquadrado. Porém, tal como muitos Agrupamentos pelo país, este desenquadramento resulta fundamentalmente por se encontrarem em territórios onde a carência de equipamentos escolares onde se proporcione a oferta dos restantes Ciclos do Básico. Na área do Agrupamento de Escolas de Fanhões essa é a situação. Aliás, a Carta Educativa aprovada também ontem, identifica essa carência e prevê a construção de uma Escola para o 2º e 3º Ciclos.

A decisão do encerramento não é administrativa. A DREL solicita à Câmara uma avaliação da pertinência do encerramento, e, a fazer fé nas informações recolhidas pela Associação de Pais desse Agrupamento, o parecer produzido será vinculativo. À Câmara a DREL pede que esta avalie técnica e politicamente a sua intenção. Aqui cabe o seguinte comentário; o Sr. Vereador Ricardo Leão, sempre muito titubeante, afirmou dia 20 que o parecer seria técnico e que ele, assim o deu a entender, ratificaria a indicação técnica. Porém, não ignorará ele que os técnicos fundamentam e enquadram tecnicamente a aplicação de políticas, neste caso educativas, que cabe ao Sr. Vereador definir e defender politicamente. Não é de bom-tom um responsável político, ilibar-se das responsabilidades que lhe estão cometidas, escudando-se por trás de decisões técnicas! (mais à frente discorrerei sobre o técnico e o político)

Ontem, no quadro de um debate mais profundo sobre o tema, onde participaram, além dos eleitos, os muitos munícipes de Santo Antão que acorreram à Assembleia, encarnou outro papel. Aqui apresentou-se como correia de transmissão da DREL, quando se limitou a repetir até à exaustão, que o desmembramento do Agrupamento era uma intenção da DREL e pasme-se, cujos técnicos aplicam orientações políticas do Ministério da Educação.
A decisão é política e técnica, não sendo nem autocrática, nem tecnicista.

O desmembramento do Agrupamento de Escolas de Fanhões é uma má decisão política. Elimina uma experiência cujos resultados são visíveis e múltiplas vezes valorizados pela própria tutela. Aliás, ontem ninguém refutou estes argumentos! Elimina um património educativo, reconhecido também pela comunidade educativa que sente esta decisão como uma perda irreparável não minimizável, porque as alternativas para os alunos não são de molde a que estes mantenham o nível de qualidade que hoje têm Se o único argumento é estrito, técnico e administrativo, cabe à Câmara a sua resolução.

Esta cegueira foi acompanhada também de silêncios. Num debate desta importância o Presidente da Junta de Freguesia de Fanhões, aparte dos apartes de mau gosto, nada disse, como se o assunto não fosse relevante para a sua freguesia.

2007/03/27

FASCISMOS






27 de MARÇO DE 1939
O FASCISMO INSTALA-SE EM ESPANHA

No início dos anos 30 do século XX, a Espanha era o país mais atrasado da Europa Ocidental. Possuía instituições políticas arcaicas resultantes de uma estrutura social e económica profundamente tradicionalista sem qualquer parente próximo na mesma latitude. Mesmo Portugal, que nesse período já assistia à consolidação do estado Corporativo de Salazar, estava ainda marcado pela Revolução Republicana que 20 anos havia desmantelado grande parte das instituições mais arcaicas, nomeadamente a Monarquia, e reduzido grandemente a influência social de outras como a Igreja Católica. Em Espanha, estruturas sociais e económicas próprias do Feudalismo Agrário existiam ainda e determinavam o cariz político da sociedade espanhola.

A grave crise económica de 1930, o endurecimento da ditadura do General Primo de Rivera, e a rigidez e arcaísmo das instituições sociais e políticas espanholas criaram as condições propícias a um avanço dos sectores políticos e sociais mais avançados, que numa bem conseguida política de alianças lograram o derrube democrático do Governo, levando de arrasto Afonso XIII, através da Proclamação da República em 1931.



Em Fevereiro de 1936, uma ampla coligação (Frente Popular) democrática vence as eleições, obtendo uma maioria de 60% nas Cortes espanholas.

O Governo Republicano visava então um vasto conjunto de reformas modernizadoras da sociedade espanhola. A introdução de direitos sociais e cívicos, a laicização do estado, as liberdades cívicas, de opinião, organização, associação e sindicais visavam equiparar socialmente a Espanha aos seus vizinhos ocidentais.

Os sectores reaccionários iniciaram então uma vasta acção de conspiração militar e boicotes económicos, possíveis estes últimos pela existência de um tecido económico ainda controlado pelos sectores nacionalistas. Por outro lado, o avanço fascista pela Europa, especialmente em Portugal, Itália, Alemanha e Áustria, animava os partidários da Frente nacional derrotada estrondosamente nas urnas.

Em Julho de 1936, um levantamento militar liderado por Francisco Franco tenta o derrube do governo Republicano eleito 6 meses antes. Porém, o levantamento popular nas principais cidades espanholas, com destaque para Madrid, impede o sucesso imediato do golpe. Formam-se milícias de defesa da República e do seu Governo organizadas por anarquistas, comunistas e socialistas.

Rapidamente o País ficou dividido em duas áreas de influência e controlo distintas. No sul republicano opera-se uma profunda revolução social e económica. As terras são colectivizadas, as fábricas entregues ao controlo operário e dos trabalhadores, assim como os meios de comunicação social. A radicalização leva aos assassinatos políticos que, com alvos diferentes, são comuns a ambas as partes.


A Guerra Civil Espanhola foi simultaneamente o grande balão de ensaio para o confronto ideológico que se mundializaria na Segunda Grande Guerra. Os apoios e intervenções militares da Alemanha e da Itália em solo espanhol, foram um campo de treino para tácticas e equipamentos aperfeiçoados mais tarde. O apoio político aos golpistas franquistas por parte de Salazar, que temia um desfecho que resultasse na vitória dos democratas, ajudou Franco a perseguir na raio portuguesa refugiados e activistas republicanos espanhóis, sempre com a conivência e mesmo com o apoio das autoridades portuguesas. A enorme mobilização de voluntários que de mais 50 nacionalidades, num total de cerca de 40 mil homens, que formaram as Brigadas Internacionais ajuda-nos a compreender o impacto internacional deste conflito.

A superioridade militar de Franco levou à vitória das forças nacionalista. Em 27 de Março de 1939 Madrid é tomada, após quase três anos de bombardeamentos aéreos. O Fascismo instala-se em Espanha e mantém-se até 1975. Salazar respira de alívio. A Península era agora a hegemonia do bolor. A aventura golpista de Franco, o apoio dos fascismos europeus e o silêncio conivente das democracias europeias custaram a vida a quase 400 mil espanhóis. A Espanha mergulhou numa recessão económica que durou quase 30 anos.

2007/03/26

SÓ PORQUE É BELO

As Tentações de Santo Antão, de Hieronymus Bosch
As tentações são morais, sociais, psicológicas, são horrendas e imaginárias. São o "Surrealismo" do final da idade média. O tríptico pode ser visto no Museu Nacional de Arte Antiga.

DO FUNDO DO BAÚ - A PRODIGIOSA FAMÍLIA


"Há locais de trabalho onde é solicitado o Registo Criminal nos processos de recrutamento de novos trabalhadores, na Câmara Municipal de Loures a actual maioria do PS introduziu uma novidade. Aqui o Registo Criminal foi substituído por uma Certidão do Registo Civil. Só deste modo se pode atestar as relações de parentesco necessárias para o ingresso na Câmara Municipal Loures. Esta forma inovadora de recrutar para a Administração Pública tem as suas reais vantagens. A pertença à mesma família de vários trabalhadores permite que as matérias de trabalho possam ser debatidas à hora de jantar e nos encontros normais da família, aumentando em muito a produtividade. Sendo o PS um partido progressista o conceito de Família foi alargado à família política e ao amigos mais chegados.

Assim o Presidente Carlos Teixeira, tem como Chefe do seu gabinete o seu cunhado, António Baldo e entre os seus numerosos assessores o seu próprio irmão. Como um homem não é nada sem os seus amigos, junto do Presidente podemos também encontrar o Presidente e o Vice Presidente do Grupo Sportivo de Loures, o Presidente da Comissão Política do PS de Loures, dois eleitos do PS na Assembleia de Freguesia de Loures, um Vereador do PS na Câmara Municipal de Lisboa, a filha do director de uma revista local e muitos outros amigos dedicados ao progresso do nosso Concelho.

O Senhor Vice Presidente, Borges Neves, contratou o seu próprio filho para seu adjunto, dando a todos o bons exemplo que é ajudar os jovens. Tem ainda como Secretária a esposa do seu amigo Presidente da Junta de Freguesia de Moscavide, autarquia que geria em mandatos anteriores. Temos de ser uns para os outros. Se não olharmos pelos nossos quem olhará. Já dizia o Senhor, fazer bem sem olhar a quem.

O Senhor Vereador João Pedro Domingues também já deu uma oportunidade ao seu menino no Departamento que ele mesmo gere. O moço tem de se esforçar, o pai está de olho nele.
O Senhor Vereador António Pereira deu uma oportunidade ao pai do seu colega Ricardo Leão e à sua irmã respectivamente como Adjunto e Secretária.

O Senhor Vereador Ricardo Leão retribui o favor ao seu colega António Pereira arranjando à sua filha um lugazito no seu gabinete. Não se esqueceu porem dos seus amigos, e lá estão também um Vereador do PS em Cascais e o Presidente da JS de Loures. Como é natural de Sacavém ficou-lhe bem não se esquecer dos amigos lá da terra, dois eleitos do PS na Assembleia de Freguesia de Sacavém e um dirigente da Cooperativa a Sacavenense.

Por aqui se vê que se noutros lados os valores da família e da fraternidade andam pelas ruas da amargura, pelo menos em Loures são cultivados e valorizados. É um exemplo a seguir."
Texto editado em Junho de 2004 no blog http://aconteceemloures.blogs.sapo.pt
As famílias são realidades dinâmicas, fazem-se novos amigos e perdem-se outros. Como estará esta família agora?

O PIOR, O MELHOR, E TUDO O QUE VAI PELO MEIO


A RTP concluiu ontem o Programa “Os grandes Portugueses”. O resultado era esperado, venceu o concurso Oliveira Salazar, cognome “O Ditador”. Com 41% dos votos dos telespectadores, tem a sua segunda vitória este ano. Há uns meses havia sido “eleito” pelos leitores do Público, nomeadamente do seu suplemento “O Inimigo Público” e do programa “O Eixo do Mal”, como o Pior Português de Sempre e o maior responsável pelo estado em que estamos. A RTP, prevendo o desfecho do concurso, encomendou a semana passada, à Eurosondagem, um estudo de opinião no qual foi feito um escrutínio dos mesmos nomes a concurso, mas através do método de amostragem, sendo nessa sondagem o vencedor D. Afonso Henriques.

Nem angústias nem euforias devem marcar o comentário desta sucessão de palermices. A verdade histórica não se escrutina pela aferição de opiniões, nem se sujeita à mobilização de grupos ou às suas intenções. Para mim, o resultado é indiferente. Não se desvaloriza porque foi este e não outro. Se o Dr. Álvaro Cunhal vencesse este concurso, significaria que o povo português estaria disposto para uma revolução amanhã? Não. Significava apenas que, através da mobilização os seus apoiantes teriam conseguido que ele obtivesse esse lugar. Os opositores políticos do Dr. Álvaro Cunhal mobilizaram-me e apostaram no cavalo que lhes poderia assegurar a derrota do seu inimigo figadal. Que terão pensados os apoiantes do Dr. Mário Soares quando este nem sequer se qualificou? Perceberam ontem o favor que lhe fizeram.

Estavam na lista a votação três personalidades do século XX, actores políticos marcantes, dois dos quais profundamente marcantes e antagónicos. Logo, fracturantes e potenciadores de discursos apaixonados, não isentos. Desse modo, rapidamente remeteram para a categoria de figurantes os restantes nomes a concurso. Sairá beliscada a importância histórica ou cultural de Vasco da Gama, Afonso Henriques, Pessoa ou Camões, por terem sido os residuais no resultado? Obvio que não.

Que sirva de lição. Não se trata assuntos sérios em contextos que não foram concebidos para tal. Espanta-me que os mais conscientes não tenham disso tido consciência.

O CAIMÃO


A Itália por Nanni Moretti. Poderiam começar assim todas as sinopses dos seus filmes. “O Caimão” é um filme, sobre um filme necessário, mas que não chegou a existir. É um filme sobre Silvio Berlusconi, que não desilude quem acompanha o trabalho de Moretti. É narrativo, interventivo, quase panfletário. É burlesco e bem disposto, sendo uma comédia sobre a tragédia do passado político recente da Itália. A corrupção, o tráfico de influências, o papel da comunicação social no mundo da política moderna, numa perspectiva que já conhecíamos desde Orson Welles.


A Itália de Berlusconi é o paradigma da “Política Moderna” à qual tivemos em Portugal uma breve aproximação durante o Governo Portas/Santana. Hoje, com as ameaças de remake, o visionamento deste filme torna-se um imperativo, de modo a identificarmos os nossos aprendizes de feiticeiros.


O resto está no filme, que vivamente se aconselha.

2007/03/23

O NOME E A COISA


O Presidente da Junta de Freguesia de Sacavém, no âmbito da discussão que teve lugar na última Assembleia Municipal de Loures sobre a degradação da situação social e de segurança nos Bairros Municipais, com relevo especial para a Quinta da Fonte, na Apelação, e Quinta do Mocho, em Sacavém, também interveio para prestar alguns esclarecimentos. A primeira e mais importante correcção foi em relação ao nome da Urbanização. Não é Quinta do Mocho, mas sim Terraços da Ponte. Essa é a designação correcta da coisa. Não questiono que tenha razão. A vox populi, desinformada e inculta insiste em designar a Urbanização pelo nome que toda a gente conhece.

Só por si esta correcção não mereceria comentário, mas ela foi o intróito de uma intervenção do Presidente da Junta de Freguesia sobre a situação no bairro. Ficou a Assembleia Municipal a saber que pelos Terraços da Ponte tout va bien, sem grandes ocorrências a assinalar, o Sr. Presidente costuma lá ir e as pessoas falam-lhe bem, são educadas, a limpeza faz-se com regularidade, as crianças incendiaram o parque infantil, mas agora utilizam outro perto, o ringue está destruído, mas também não muito longe existe outro, eles fazem as festas deles e a Junta monta o palco.
Percebi agora, que o nome da coisa é muito importante.

Afinal os problemas não são nos Terraços da Ponte, onde tudo está bem, são na Quinta do Mocho, que não são os Terraços da Ponte. São da Quinta do Mocho os jovens que diariamente são escoltados pela PSP, entre a Escola Bartolomeu Dias e o seu Bairro. São da Quinta do Mocho os jovens que aterrorizam os comerciantes do pequeno Centro Comercial da Courela do Foguete. Estão na Quinta do Mocho as Associações que com regularidade são assaltadas.
Nos Terraços da Ponte está tudo bem, o Senhor Presidente costuma passar por lá. Era bom que começasse a passar também pela Quinta do Mocho.

Nota: Numa rápida pesquisa no google, a primeira foto para a entrada Terraços da Ponte é da Quinta do Mocho.

RÁPIDAS E DIRECTAS


O AUTOCARRO FANTASMA

Há anos atrás, o então Vereador do Ambiente da CM Loures, levou à reunião de Câmara uma proposta de Protocolo com a Valorsul, que viabilizava um incremento significativo da actividade do Parque Urbano de Santa Iria e do seu Centro de Educação Ambiental. Era trave mestra dessa estratégia e desse acordo, a aquisição de um autocarro, MOVIDO A ENERGIAS ALTERNATIVAS (poderia ser gás, biodiesel, ou qualquer alternativa aos combustíveis fósseis) que seria usado quer pelo Parque Urbano, quer pela Valorsul. O Protocolo aprovado por unanimidade fixava, entre outras coisas os dias em que cada entidade utilizaria a viatura.
Mais de três anos depois o que foi feito da decisão tomada?


1. Foram precisos mais de 3 anos para o autocarro ser adquirido;
2. A viatura adquirida não cumpre os termos do acordo - é locomovida a gasóleo;
3. Adulterou-se uma decisão do órgão Câmara, sem que esta tenha sido informada ou tenha tomado uma nova deliberação. Quem terá tomado a decisão individual que se sobrepõe à colectiva ? Porque é que ninguém questiona a coisa ?
4. Houve inauguração do autocarro (ver notícia abaixo) com pompa, padre e circunstância, mas deve ter sido mal abençoado, porque o autocarro não existe, ninguém sabe dele;
5. Em especial, as escolas do Concelho que foram convidadas a marcar viagens de autocarro, vêem as suas marcações sucessivamente desmarcadas, embora continuem a ser aceites marcações pelas mesmas escolas para poucos dias depois, para de seguida serem de novo desmarcadas na véspera da viagem. Um verdadeiro e descarado embuste;
6. Não se trata portanto de nenhum presente. Trata-se de um acordo, que nem sequer está a ser respeitado por ninguém;
7. Fonte da IVECO já confirmou que o autocarro, apesar de ter estado 3 anos em aquisição, tem um grave problema no sistema eléctrico e não se prevê que em breve possa circular;
8. De resto, nem consta na Direcção Geral de Viação, qualquer autorização para que tal veículo transporte passageiros;



COM AS BOTAS DO MEU PAI TAMBÉM EU SOU UM HOMEM


O Boletim Loures Municipal, o PRAVDA cá da terra, como órgão oficial de propaganda do Presidente da Câmara e ajudantes, informa que haverá um investimento na renovação da frota de recolha de resíduos. Mas é mentira.
Haverá novas viaturas, mas vão ser oferecidas pela Valorsul. Aliás, a Valorsul vai oferecer viaturas novas a todos os municípios que integram o sistema.

Assim, para que saiba, divulgue e desminta, o Boletim Loures Municipal e quem o escreve e cauciona mente.


DIZ-ME COM QUEM ANDAS...


O Presidente da Câmara Municipal tem uma fidelidade que honra, não se lhe conhece outra assim. É do Sporting. Sempre foi, sempre será, nada o demoverá. Assim mesmo é que é. Porém, ultimamente tem sido espectador assíduo dos jogos do rival Benfica. A convite do seu amigo de longa data, Luis Filipe Vieira, foi recentemente a Paris, onde o Benfica defrontava o PSG. E lá foi o nosso Presidente vibrar com o “seu”… Benfica! Este estreitar de relações entre o nosso Presidente da Câmara Municipal e o Presidente do Benfica será seguramente apenas uma manifestação de fair play desportivo. No entanto, como está na moda dizer, fica aqui um registo de interesses para mais tarde recordar.


1. Luis Filipe Vieira foi uma das figuras proeminentes do Grupo Obriverca;
2. O Grupo Obriverca tem, na região de Lisboa, uma particular apetência por urbanizar tudo o que são antigas unidades industriais, militares, etc.;
3. O Quartel de Sacavém, já foi abandonado pela tropa e deve estar em processo de alienação. O interesse que possa ter para um urbanizador vai depender do que a Câmara Municipal de Loures, ou melhor o seu Presidente, permitir que se faça a seguir.



2007/03/22

ANDAR À NORA


A Câmara Municipal de Loures comemora o Dia da Árvore e assinala a Semana da Floresta com uma iniciativa sobre a água (!) em Mafra (!). Assim, os alunos do Concelho de Loures comemoram a “semana da água” na Semana da Floresta. Parece estranho, mas talvez não. Para quê dar aos miúdos más ideias em torno de algo que qualquer dia não existirá em Loures, a floresta.
O que também não existe em Loures são os moinhos e as noras a visitar, portanto vai-se para Mafra. Mas este não é um intercâmbio ou uma parceria entre a Câmara Municipal de Loures e a Câmara Municipal de Mafra. Em Mafra comemora-se a “Semana da Floresta”! De tanto se andar à nora, acabou-se em Mafra… fora de tempo.

TERÁ BATIDO COM ACABEÇA EM PEQUENINO?


Ainda sobre a Assembleia Municipal de Loures do passado dia 20 e as declarações do Presidente da Junta de Freguesia de Loures vem hoje publicado do Público uma reportagem que poderá ajudar a fazer luz sobre este tipo de comportamentos.
O investigador António Damásio e a sua equipa descobriram que lesões no cérebro geram escolhas morais anormais.
"O que é absolutamente espantoso", acrescenta Hauser, "é a selectividade deste défice. As lesões do lóbulo frontal deixam intactas toda uma série de capacidades na resolução de problemas morais, mas afectam os juízos nos quais uma acção que provoca aversão é colocada em conflito directo com um desfecho fortemente utilitário". Por seu lado, Ralph Adolphs, do Caltech, explica: "Devido às suas lesões cerebrais, [as pessoas com lesões no VMPC] apresentam emoções anormais na vida real. Falta-lhes empatia e compaixão."
Questionado sobre a relação entre esta descoberta e os exemplos históricos de crueldade e despotimo, António Damásio afirma: “Mas uma "disfunção cerebral" pode existir sem que haja uma "lesão cerebral" clara. A melhor maneira de descrever estas personagens despóticas é dizer que se trata de psicopatas narcisistas, que tentam alcançar altas recompensas através da sua brutalidade.”
Não se dispensa a leitura integral da reportagem, pois além da relação aqui estabelecida entre os dois temas, ela justifica só por si atenção.

2007/03/21

E OS PAPAGAIOS DOMÉSTICOS...


"E os papagaios domésticos da invasão do Iraque não celebram o quarto aniversário da "grande vitória sobre o terrorismo internacional" e da "libertação do Iraque"?"
Publicado por vital moreira no blogue causa nossa em 21-03-07.
Ontem o PS votou contra uma proposta da CDU apresentada na Assembleia Municipal de Loures, que condenava a guerra, a invasão e a ocupação do Iraque. O que pensam sobre o assunto não se sabe, porque sobre o tema nada disseram. Proponho-lhes a leitura, também aconselhada por Vital Moreira, da entrevista dada por Harlan Ullman, um perito militar americano, no Diário de Notícias. Vital Moreira saberá que os papagaios são como os chapéus, há sempre muitos. Os nossos andam muito calados... mas até os preferimos assim!


PRIMAVERA

Primavera, Botticelli



AMOR DESCALÇO


Ela ia minada de beleza
E eu , pé-ante-pé , seguia
como um imam preso
à memória que fica.
No entanto ,
a indecisão se foi evaporando
até acender o meu espanto.
E para não me ouvir os passos
descalcei-me.
E , descalço , ia no seu encantado encalço
do seu encanto.
De repente ela parou.
Fiquei mudo de atitudes !!!
E antes que eu falasse ,
Disse-me : Cale-se !
,
E eu calcei-me ...



A LUA

A lua pode-se tomar á colherada
Ou como um comprimido em cada duas horas.
É boa como hipnótico e sedativo
e também alivia
os que se intoxicaram de filosofia.

um pedaço de lua no bolso
é melhor amuleto que uma pata de coelho:
serve para encontrar quem se ama
para ser rico sem que o saiba ninguém
e para nos afastarmos de médicos e clínicas.
Pode-se dar de sobremesa as crianças
quando não tenham adormecido
e umas gotas de lua nos olhos dos velhos
ajudam a morrer melhor.

Põe uma folha terna da lua
debaixo da tua almofada
e verás o que queiras ver.
Leva sempre um frasquinho de ar da lua
para quando te afogues
e dá a chave da lua
aos presos e aos desencantados.
Para os condenados á morte
e para os condenados á vida
não há melhor estimulante que a lua
em doses bem precisas e controladas

Jaime Sabines


TENDRESA (TERNURA)


È longo o caminho que vou deixando para trás
mas quero-me ligeiro da sua bagagem
que de nadam valem tantos azares
nem os velhos caminhos, nem o azul do mar
se dentro não sinto como bate,
a frágil arte da ternura

Do teu amor espero tudo e tanto
que escrevo uma canção para o meu entardecer
amo a ânsia dos teus olhos
o impúdico arco do teu corpo nu
mas amor, amo-te ainda mais e mais ainda
sabendo-te escravo da ternura

Do doce latido da ternura
que espera
a ternura
que celebra
a ternura
que nos cura … quando nos dá medo a solidão

O Mundo que vivo, não o sinto como meu
e conheço os porquês de uma revolta
miséria e guerra, fome e morte
fascismo e ódio, raiva e medo
rejeito um Mundo que chora estas tristezas, que tristeza...

Mas de repente chega a ternura

Ah, se não fosse pela ternura
que espera
a ternura
que celebra
a ternura
que nos cuida … quando nos dá medo a solidão.


Luis Lach

DO FUNDO DO BAÚ - REALOJAMENTOS



"É INDECENTE REALOJAR GENTE EM LOURES"



"O Presidente da Junta de Freguesia de Loures é um homem de grande bagagem cultural e maior sensibilidade social. Em recente entrevista à revista Loures Municipal, o nosso grande Presidente da Junta, o Dr. João Nunes protestou contra o facto de ter havido realojamentos na sua Freguesia que acolheram gente de fora. “Agora, não podemos é deixar que se façam realojamentos como o da Quinta das Sapateiras, que trouxe pessoas de fora. Isto é o mesmo que castrar a expansão da cidade de Loures” Não se interprete mal estas afirmações. Elas não contêm nenhum pendor racista ou xenófobo. O problema é que, provavelmente por falta de espaço na revista Municipal, não ficaram transcritas a restantes declarações. Assim falta “Esses cidadãos já passaram um mau bocado antes do realojamento, nas suas habitações precárias. Defendo que nesse caso sejam realojados em Freguesias onde possam encontrar verdadeira qualidade de vida, zonas verdes cuidadas, ruas limpas, oferta cultural e lúdica de qualidade e responsáveis locais que compreendam a importância da elevação social e cultural destas camadas mais desfavorecidas da população para o futuro de todos. Essas condições só as encontrarão noutro local que não aqui. Não tenho tempo para tudo. Tenho de me concentrar na ocupação urbana da Várzea, no projecto do Centro Comercial, grande equipamento cultural e na minha candidatura à Câmara Municipal de Loures como Vereador ou até como Presidente. Eu até gosto de gente pobre. Lá em casa a minha empregada até é pobre.”


Texto editado em Junho de 2004 no blog http://aconteceemloures.blogs.sapo.pt , blogue satírico de conteúdo ficcional.




INSEGURANÇA NA QUINTA DA FONTE

A Assembleia Municipal reuniu ontem. Com uma Ordem de Trabalhos não muito extensa, que se resumia à votação do novo regimento, acabou por ficar marcada pelo debate em torno dos recentes acontecimentos na Quinta da Fonte. Motivados pelas últimas notícias sobre o agravamento da situação de insegurança neste bairro de realojamento da Apelação, que recentemente obrigou a uma intervenção da Polícia mediatizada pela comunicação social, quase todos os grupos políticos suscitaram o debate em torno deste tema. Todos, menos o PS. A CDU, o Bloco de Esquerda e o PSD apresentaram no plenário considerações sobre a situação dos bairros municipais, e, com os cambiantes políticos próprios de cada posicionamento político, apresentaram propostas de acção concretas para fazer face à situação.
Esgrimiram-se argumentos, apontaram-se responsabilidades e cada grupo político, mal ou bem, fez a gestão dos capitais de responsabilidade, queixa e proposta. Seria o normal num ambiente civilizado e democrático. Mas dois aspectos pontuaram o debate. O PS mais uma vez não conseguiu protagonizar nenhuma proposta ou sequer tecer uma avaliação do problema em apreço. Criticaram as propostas e as considerações apresentadas pelos outros, ilibaram-se de responsabilidade e aprovaram apenas a proposta apresentada pelo PSD, que no contexto da “doença” foi uma espécie de Melhoral político. O segundo aspecto é o agravamento dos tiques absolutistas da Maioria Socialista condimentados cada vez mais com o recurso ao insulto, à deturpação e memo à boçalidade política. As intervenções do Presidente da Junta de Freguesia de Loures primaram pelo primarismo, seja na forma seja no conteúdo. O argumentário que roçou muitas vezes o racismo social apenas não chocou os representantes do PS, que se comportam cada vez mais como uma massa acrítica, que exulta sempre que um dos seus vilipendia nos debates os seus oponentes. Num discurso quase frenético nem a identificação dos representantes do Bloco de esquerda com o regime do Pol Pot ou os campos de deportação da Sibéria foi evitada. A insanidade política está instalada. Melhor do que o relato será o testemunho, e aqui se colocarão as declarações em causa.

2007/03/20

O DILEMA DO SR. JOSÉ CALANGA


Não sei se existe o Zé Calanga, morador na Quinta do Mocho. Com esse nome, mas com K, conheço o jogador angolano. É médio direito da Selecção Nacional de Angola. A existirem ambos, o primeiro e o segundo não serão seguramente a mesma pessoa. Um joga futebol em Angola, o outro morará na Quinta do Mocho e assinou recentemente uma petição online a solicitar que o Eng.º Demétrio Alves fosse candidato à Presidência da Câmara Municipal de Loures. Até aqui nada de assinalável, existem muitas marias na terra, assim como calangas.

A situação do Município de Loures é de facto, tal como se lê nos considerandos da petição, francamente preocupante. “O Concelho de Loures, hoje mais pequeno do que aquele que dirigiu, está sem rumo e sem esperança. Perdeu-se o exemplo que Loures era no país. Na educação, na cultura, no desenvolvimento económico, no desporto, nos Bombeiros, na reflorestação, no Projecto Trancão. Perdeu-se o orgulho de viver num Concelho que perde identidade e não sabe para onde vai. Constrói-se, constrói-se, constrói-se, não se sabe para quê, nem para quem. Armazéns nascem como cogumelos, atafulham-se as estradas de camiões, o Hospital voltou a ser uma miragem, o metropolitano um sonho, o eléctrico rápido uma utopia, fecham os centros de saúde, as esquadras, as escolas, tudo é deslocalizado de Loures.”

Sobre a capacidade do actual Presidente da Câmara, o Eng.º Carlos Teixeira, para governar este município também nos entendemos. “O actual executivo municipal e o seu Presidente, mostram-se incapazes de dirigir um Município destes, muito menos de o projectar para o futuro, de lhe construir um futuro, onde apeteça viver, usufruir e partilhar.”

Também é verdade que para alterar o rumo é necessário uma alternativa séria e consistente, seja no que respeita ao programa, seja em relação aos protagonistas dessa alternativa. “Tem de nascer uma alternativa séria, competente, interessada, que motive as pessoas, lhes dê oportunidade de participar e fazer, lhes mostre de novo um rumo e uma esperança.”
Comungamos, eu e o autor da petição, em todos os considerandos. Mas por isso não posso concordar com a conclusão. Não pelo objectivo em si, a candidatura do Eng.º Demétrio Alves à Câmara Municipal, mas pelo meio escolhido.

A alternativa séria, competente e interessada começa pela oposição e pela denúncia das actuais políticas municipais e do que elas pesam na degradação da qualidade de vida dos habitantes do Concelho de Loures. No âmbito dessa oposição, devem ser definidas politicas alternativas que sejam o programa mobilizador das pessoas, que as leve a associar-se a um movimento de mudança. Neste processo serão encontradas as melhores alternativas para protagonizar esse projecto político de mudança. Se for o Eng.º Demétrio Alves, que seja ele.

Assinar esta petição, é, não só construir a casa pelo telhado, como não ser rigoroso na análise do que foi a Presidência do Eng.º Demétrio Alves, em Loures. Faço também eu um juízo positivo dos anos em que foi Presidente da Câmara, ele, a sua equipa, o Partido que os apoiava e o programa que desenvolveram qualificaram o município. Na cultura, no ambiente, no urbanismo, nas acessibilidades, na economia e no peso e respeito institucionais esses foram tempos assinaláveis para Loures, tornando-o numa referência. Reeditar esses tempos é necessário, mas não se fará com a facilidade apontada na petição. O Calanga acreditará que com essa facilidade se fará, resolveu o seu dilema e paziguou a sua consciência, eu não.

MUSEU DE SALAZAR: AS FALÁCIAS

PAULA REGO (1935)
Salazar a vomitar a pátria
Óleo sobre tela94 x 120 cm

2007/03/19

PORQUE AS COISAS SIMPLES SÃO VERDADEIRAMENTE IMPORTANTES


"Dad"


I was a kid, you were my dad
I didn't always understand
I wanted freedom, you got mad
You were concerned, I got upset
I didn't recognize you yet

And did you cry, I know I did
When I lied to you
I didn't want to hurt you
I just never knew I did

You never told me that you loved me
I know you didn't know how
I guess that shows we're much the same
'Cause I love you too and until now
I've never said those words out loud
I hope you're proud
To be my dad...

What are your secrets, do you pray
Is there a god that shows your way
I wish I knew...
Do you have crazy fantasies
What happens in your dreams
I want to know...

I guess you'll always be a mystery to me
But you taught me how to value life
And what else do I need
I have a dad who watches over me


canção dos K's Choice

Enviado por Maria CC

2007/03/18

BIG BROTHER EM TEMPOS DE RDA


Por conselho de um amigo, aconselha-se. "Filme de jovem diretor alemão sobre a polícia secreta na Alemanha Oriental entusiasma críticos e coleciona prêmios. A obra se distancia dos filmes anteriores que tratavam o assunto de forma romantizada."


"Das Leben der Anderen (A vida dos outros), o primeiro filme do diretor Florian Henckel von Donnersmarck, 32 anos, dispensa o tratamento nostálgico para explorar a forma como a polícia política na Alemanha comunista – a Stasi – invadia a vida de muitos cidadãos, destruindo-a."

"O filme lança um olhar mais crítico sobre a época do que os anteriores", diz Mike Swain, coordenador do site de cinema kino.de. "Ele faz uma análise muito precisa do Estado policial. Em outro nível, ele questiona se é possível manter a própria humanidade num sistema totalitário."

ESPIÕES NO SOTÃO


"A história se desenrola a partir da figura de Gerd Wiesler (interpretado por Ulrich Mühe), um oficial da Stasi que recebe a tarefa de espionar o bem-sucedido dramaturgo Georg Dreyman (Sebastian Koch). Motivo da investigação: um ministro da Alemanha Oriental se interessa pela namorada do escritor, a atriz Christa-Maria Sieland (Martina Gedeck), e deseja desacreditar o astro da cena teatral.

Wiesler e funcionários da Stasi investigam cada cômodo do apartamento de Dreyman e instalam uma escuta no sótão. Wiesler e outro funcionário revezam-se num sistema de escalas, acompanhando cada uma das conversas e cada um dos momentos íntimos do artista, transcrevendo detalhadamente as coisas que observam, mesmo as mais banais.

Wiesler começa o filme como um oficial engajado, que até dá aulas aos recrutas da polícia secreta sobre métodos de interrogatório. À medida que penetra na vida dos artistas, sua visão de mundo começa a se esfacelar. A aridez de sua própria existência se torna aparente em contraste com a riqueza do mundo do dramaturgo bon vivant e sua taletosa namorada."

MAR MORTO

Imagem de satélite do Vale do Jordão e Mar Morto


O Mar morto situa-se no médio oriente e abrangendo territórios da Cijordânia, Israel e Jordânia É em rigor um lago interior, que é alimentado pelo rio Jordão, que nele desagua. Tem uma área aproximada de 1000 km2. Deve o seu nome corrente ao elevado teor de salinidade das suas águas. O Mar Morto é cerca de 10 vezes mais salgado que os restantes oceanos da terra, não sendo um lago de água doce como é comum nos lagos interiores. O Mar Morto não tem vida marinha nem flora, sendo um ambiente hostil ao desenvolvimento e fixação de espécies aquáticas. O Mar Morto é também a maior depressão da crosta terrestre, actualmente a sua superfície encontra-se a cerca 420 metros abaixo do nível médio do Mediterrâneo.
A designação de Mar Morto utiliza-se desde o século II, sendo possível encontrar referências a outras designações ao longo da história. Mar Salgado, Mar de Lot, Lago de Asfalto ou Mar de Arabá.
A sua superfície tem-se reduzido drasticamente nos últimos anos. Essa redução deve-se sobretudo às captações intensivas no rio Jordão, a principal fonte de água potável da região. Para contrariar esta tendência, Israel equaciona a construção de um canal que ligue o Mar Morto ao Mediterrâneo e ao Mar Vermelho, alimentando-o por essa via.

Representação do Mar Morto, Séc XIV

2007/03/17

Elis Regina, Águas de Março

Elis Regina faria hoje 62 anos, nasceu a 17 de Março de 1945. Faleceu no dia 19 de Janeiro de 1982 em consequência de uma overdose de cocaína e álcool. Deixou-nos na altura uma das melhores vozes da música brasileira.

Elis Regina (Vou deitar e rolar + Aviso aos Navegantes)

Elis Regina - Atrás da Porta

2007/03/16

(IN)SEGURANÇA


A SIC passou hoje uma pequena reportagem sobre um conjunto de assaltos a estabelecimentos e casas de habitação que têm ocorrido recentemente na Cidade de Loures. Apesar do alarme, a PSP, veio dizer que o número de ocorrências não tem aumentado.
Sabemos todos que as questões da segurança não se limitam ao policiamento, são mais vastas e complexas. Têm raízes sociais e económicas não escamoteáveis. Porém, a acção e a presença das forças de segurança são fundamentais pelo efeito dissuasor, pela protecção efectiva, mas também pela criação do indispensável sentimento de segurança nas populações.
A reportagem da SIC relembrou-me o anúncio feito pelo Ministro António Costa e pelo Primeiro-ministro José Sócrates de que o Governo irá proceder a uma reorganização das Forças de Segurança. Não se conhecem ainda os traços concretos dessa “reorganização” o que efectivamente alterará no terreno. Sabe-se que além dos aspectos organizativos e de coordenação, serão também alterados territórios de intervenção e que serão encerradas algumas sedes e postos da PSP e GNR. Quais e quantos ainda é uma incógnita.
No Concelho de Loures actuam a PSP e a GNR em territórios definidos. Quer uma quer outra sofrem cronicamente de falta de meios humanos e materiais para um cabal cumprimento da sua missão.
Perante o anúncio do Governo, assalta-nos a primeira dúvida. Que calhará a Loures da anunciada reorganização? Macaco velho tem calo.
A CDU manifestou esta mesma preocupação na Assembleia Municipal de Loures, perguntando à Câmara Municipal, através do seu Presidente, se este dispunha de informações adicionais e qual a sua posição sobre o assunto. Numa sucessão de afirmações rocambolescas a resposta do Presidente da Câmara resumiu-se a: – Tenho uma opinião mas primeiro vou partilhá-la com os meus camaradas. Enfim, se tinha uma opinião sobre o assunto, se já a arranjou entretanto, se a partilhou com os seus camaradas ou nem por isso, não se sabe.
A posição deve ser clara e é fácil de definir. A Câmara Municipal deve ter abertura institucional para acolher todas as propostas do Governo nesta área, mas deve definir para si como critérios de apreciação da bondade desses mesmas propostas os seguintes aspectos. De qualquer reorganização futura deve resultar o reforço do policiamento de proximidade. No saldo final da reorganização deve verificar-se um reforço dos meios operacionais disponíveis e a actuar no Concelho. As alterações propostas não devem em nada beliscar o sentimento de segurança das populações, antes devem reforçá-lo. Parece-me claro.
Estranho que num assunto tão importante o Presidente da Câmara não tenha opinião! O problema é mais vasto e tem sido nefasto para Loures. O PS e o Presidente da Câmara talvez até tenham opinião sobre o assunto, mas não sabem se podem concordar com ela. Algo tão simples como o que aqui foi escrito, poderia ser dito pelo Presidente da Câmara, mas depois teria de o defender na possibilidade da proposta governamental ser de rumo diverso. Para essa defesa não está o PS preparado. Assistimos a isso na questão do Hospital, no encerramento dos CATUS de Santa Iria e do Prior Velho e, mais recentemente, face ao encerramento da Urgência no Curry Cabral. O PS Loures e o Presidente da Câmara, por falta de audácia política, mas pior, por falta de credibilidade e peso político no seio do seu próprio Partido, esperam para ver o que têm de defender. E assim fá-lo-ão. Acreditarão ainda que a subserviência lhes trará reconhecimento partidário? Talvez traga, mas à custa da qualidade de vida dos cidadãos de Loures, cuja degradação tem sido o preço pagar pela insegurança do seu Presidente de Câmara.

PARA TI

EU (tu)
Eu sou aquela
Que embora quase letalmente ferida
Se levantou, ignorando a masela
*
Eu sou a perdida
Que não desiste de tentar se encontrar
Por mais tempo que isso possa levar
*
Eu sou a menina
Com garra de grande lutadora
Por mais quedas e por mais perdedora
*
Eu sou como o vento
Que tanto sopra suavemente
acalmando qualquer sofrimento
Como arrasa por completo o mundo
E assim demonstro o que cá está no fundo
*
Eu sou como o gelo
Tão frio, tão duro
Que não se derrete com o que é mais puro
Congelada pelas máguas e por este pesadelo
*
Eu sou como o fogo
Tão quente, tão ardente
Tanto destruidor como acolhedor
Reagindo assim a este castigo
*
Não sou em nada como a terra
Tão parada, tão sagrada
Tão estática, tão seca ou molhada
*
Eu sou o espírito do mar e da serra
da planície e do rio
Sou a brisa, e o vendaval
Sou o calor e o frio
E tudo isto já quase que me foi fatal
*
Fui condenada à solidão
Nunca estando sozinha
Fui condenada a esta vastidão
Tornando-me assim pequenina
Fui condenada à dor
Apenas por ter desejado algum calor
Fui condenada assim
A sofrer até ao meu fim
*
Mas não desisti de encontrar o perdão
Não desisti de cumprir a minha missão
E assim continuarei
E um dia me encontrarei
Autor desconhecido

2007/03/15

SMAS - O CONTRADITÓRIO


Comentário recebido hoje ao texto sobre a partilha dos SMAS de Loures

"(...). (...) permita-me discordar da sua opinião expressa no texto sobre os SMAS de Loures. A constituição de uma empresa intermunicipal, agora aparentemente defendida por todos (!), é exactamente a solução que o PS espera tornar consensual, para dar posteriormente o passo seguinte , que é a privatização deste sector. Espanta-me que não veja isso. Que garantias existem de que assim não será. Antevejo já, primeiramente a abertura ao capital privado de uma pequena parte, louvada pelas vantagens de uma parceria com o privado e a necessidade reforçar a capacidade de investimento que resolva os problemas mais prementes. Depois a experiência já nos diz o que se segue, passa-se a ter uma posição minoritária de “controlo” e por fim privatiza-se completamente. Lá se vão os direitos dos trabalhadores e os interesses das populações."
PARTILHA E PRIVATIZAÇÃO
Obrigado pelo seu comentário. Não leu no texto nenhuma defesa de uma solução privada para os SMAS, ou para qualquer um dos serviços que os SMAS prestam aos munícipes de Loures e Odivelas. Aliás, sou frontalmente contra qualquer deriva privatizadora, mas não tenho nada contra soluções empresariais públicas, para estes ou outros serviços. Sobretudo em situações em que a resolução de problemas locais ganha eficácia e eficiência mediante o alargamento transmunicipal dos territórios de actuação, a intermunicipalidade das estruturas é incontornável.
No caso concreto existe uma realidade da qual resulta um problema e ao qual urge responder. A criação do Concelho de Odivelas obriga à partilha dos SMAS. Não é sustentável a situação actual, que é penalizadora para os Munícipes de Loures e também não beneficia os Munícipes de Odivelas. Já reparou que são os órgãos democraticamente eleitos no Município de Loures que discutem, votam e deliberam sobre a estratégia de uns serviços que actuam para além dos seus limites administrativos, incluindo investimento a realizar em Odivelas ou em seu benefício. Em bom rigor, nesta área Odivelas vive uma situação de défice democrático. Para a solução que defendo, do ponto de vista económico e da qualidade dos serviços, não é defensável uma separação dos SMAS. Duplicar estruturas físicas e organizativas, reduzir sinergias, resultando ainda dessa separação o sobredimensionamento dos SMAS de Loures e a inexistência dos SMAS de Odivelas que receberiam viaturas, trabalhadores e passivo.
Sobre a privatização importa dizer em primeiro lugar, que mesmo antes da nova legislação sobre o sector empresarial público local, já as autarquias podiam privatizar a gestão de serviços autónomos. Por outro lado, uma das melhores defesas que qualquer serviço público ter é ser no desenvolvimento da sua missão, eficaz e eficiente, destacar-se pela qualidade da sua actividade e pela gestão racional dos seus meios. Se for assim terá sem dúvida mais defensores da sua natureza pública. No caso dos SMAS de Loures para a melhoria da qualidade do serviço prestado às populações, para a racionalidade da gestão dos recursos existentes, desaconselha-se o desmembramento. Importa também não esquecer a dimensão é mesmo um factor determinante para a inovação numa área em que os avanços tecnológicos são constantes e é grande o investimento necessário à modernização dos meios.

Karl Heinrich Marx 1818 - 1883

Assinalou-se ontem o 124º aniversário do desparecimento de Karl Marx. Filósofo, historiador, economista e sociólogo. Dificilmente se conceberiam hoje as sociedades modernas sem Marx. As suas teorias, mais do que enquadrar teoricamente a realidade histórica e a sua contemporânea, marcaram o futuro das sociedades humanas, marcando ainda hoje o seu presente. A sua criação teórica saiu-lhe das mãos, foi adoptada, alterada e muitas vezes transfigurada até à própria contradição. Mas Marx pode ainda hoje ser lido e reinventado. É um filão ainda por explorar.

2007/03/14

DO FUNDO DO BAÚ - SMAS



"Os SMAS de Loures têm vivido nos últimos tempos momentos de grande agitação. A indefinição quanto ao futuro deste serviço tem levado o Sr. Presidente da Câmara Municipal e desdobrar-se em explicações aos trabalhadores dos SMAS. Além da futura modalidade de gestão destes serviços, encontra-se por resolver o problema das partilhas com Odivelas e da participação desse Município no novo figurino dos Serviços. Apesar deste clima de incerteza e desorientação, o aconteceemloures, conseguiu apurar que a Presidência da Câmara Municipal tem já em fase adiantada de negociação uma solução alternativa. Após muita insistência foi possível perceber que esta parceria estratégica alternativa será pioneira em todo o planeta. Fonte bem informada avançou-nos em primeira-mão algumas das surpreendentes características desta solução.Perante a indisponibilidade da Câmara Municipal de Odivelas em participar na criação de uma Empresa Intermunicipal, Loures pondera a criação de uma Empresa Interplanetária, constituída por capitais do Município de Loures, da EDIA e do Planeta Marte. Esta solução, inverosímil numa primeira leitura, poderá ser a porta para o lançamento do Município de Loures na conquista do sistema solar. Relata-nos a nossa fonte que toda a ideia é original e resulta de um apurado estudo elaborado sobre a viabilidade dos SMAS realizado pelo Sr. Administrador Fernando Queirós num único dia de trabalho. Planeamento estratégico durante a manhã e projecções financeiras depois do almoço. É do conhecimento geral que o grande problema do Planeta Marte é a escassez ou mesmo a total ausência de água, pelo que fornecimento se pode revelar altamente lucrativo para os SMAS de Loures, sendo em simultâneo uma solução para a quantidade de água que se acumulou na Barragem de Alqueva e que até agora não serviu para nada, adianta a fonte que preferiu manter o anonimato. Numa primeira fase esta solução obrigará a que o Conselho de Administração dos SMAS se instale no Planeta Vermelho (as negociações incluem a alteração para Planeta Rosa o que não será difícil tendo em conta o surto de filiações de marcianos no PS). Esta transferência é aliás motivo de grande regozijo quer por parte dos marcianos, quer por parte dos actuais trabalhadores dos SMAS."

Texto editado em 16 de Novembro de 2004 no blog http://aconteceemloures.blogs.sapo.pt







AS PARTILHAS


Nove anos depois da criação do Concelho de Odivelas, continua por resolver o processo de partilha dos SMAS. Os Serviços Municipalizados de Loures servem cerca de 330 mil habitantes dos municípios de Loures e Odivelas. É responsável pela distribuição de água, recolha de resíduos sólidos e drenagem de águas residuais domésticas e industriais.
Modernizados e apetrechados, foram uma ferramenta indispensável, nos idos anos 80 e 90 do século passado, para a infraestruturação destes actuais Municípios. A cobertura do saneamento básico ronda nestes Municípios os 100%. Prestam um serviço público, universal e de qualidade, sendo por isso um vector do desenvolvimento territorial e elevação da qualidade de vida da população.
Os SMAS possuem, hoje um infraestrutura técnica e organizativa dimensionada para a satisfação destas duas parcelas administrativas do território. Possui meios técnicos e humanos para a boa prossecução dos seus objectivos. E tem-no feito com reconhecida eficácia e qualidade.
Por todas estas razões, pode-se considerar altamente danosa a gestão que actualmente os dois municípios têm feito do dossier da partilha dos SMAS. A indefinição e contradição de posições assumidas por ambas as Presidências têm originado instabilidades lesivas do interesse dos habitantes de ambos os municípios. Odivelas, mergulhada no caos financeiro resultante do desastre da gestão do PS desde a Comissão Administrativa, tenta a todo o custo adiar a assunção das suas responsabilidades na partilha dos custos deste serviço fundamental também para si. A tibieza de posições da Presidência da Câmara Municipal de Loures tem aberto espaço para a especulação de todos os cenários e possibilidades.
O pior cenário parece estar por ora arredado. A efectiva partilha física, organizativa e administrativa, a criação de dois SMAS, um para cada município, perdeu recentemente terreno para uma solução de gestão pública partilhada pelos dois municípios. A criação de uma Empresa Intermunicipal é sem dúvida a solução mais viável. Apesar das inquietações que a solução gera em alguns sectores, é aquela que melhor defende os interesses da população dos dois municípios, mas também os trabalhadores. Aliás, na impossibilidade de se arrastar por muito mais tempo a actual situação administrativa dos SMAS, a não adopção desta solução abre campo a possibilidades, essas sim, altamente lesivas dos trabalhadores dos Serviços Municipalizados.



Em relação ao post saído do fundo do baú importa precisar que actualmente o Administrador Fernando Queirós, administra mas na Valorsul e, tendo em conta a entrevista dada por ele recentemente ao Tribuna de Loures, mantém todas as suas qualidades, mas foi ganho para o verde.

IMAGENS DISTANTES II & III


Quinta do Mocho
1999
Autor:Ferreira, António Pedro