2008/04/28

VER PASSAR O FUTURO




É a primeira que neste Palácio se escreverá sobre a Freguesia de Unhos. Numa pequena busca pelos arrumos, não se encontrou, nos mais de 400 posts já editados, uma única referência a esta localidade. Por várias razões, históricas, geográficas e políticas, esta freguesia, cuja sede, Unhos, facilmente nos lembra uma aldeia transmontana, chegou a merecer a designação de “fim do mundo”, pelo facto de durante muitos anos existir apenas um caminho de acesso à localidade. Com os anos, o lugar do Catujal ultrapassou a sede de freguesia em número de habitantes e em vitalidade, o que chegou a originar um movimento autonomista, visando a criação da Freguesia do Catujal. Contudo, toda a freguesia sofre de profundos atrasos e problemas complexos. A maioria do tecido urbano resulta do crescimento de bairros de génese ilegal, tendo esta freguesia uma elevada mancha de zonas urbanas irrecuperáveis. As acessibilidades são muito deficientes. Faltam muitos dos equipamentos sociais que o tipo de desenvolvimento urbano não criou. A escassa massa crítica originou um meio que, não tendo já as características de uma localidade rural, como o terão ainda Bucelas, Fanhões ou Lousa, não é um espaço urbano coeso nem qualificado. É uma freguesia mal suburbanizada, feia, desequilibrada e desqualificada. Tudo isto gerou uma comunidade ensimesmada, pouco exigente e conformada. De todas as freguesias de Loures é mais subdesenvolvida. Surge agora nos documentos oficiais da República e da Administração ao mais alto nível porque será atravessada pelo TGV.

De acordo com as informações disponíveis, esta será a freguesia de Loures onde o impacto desta obra será maior. A Freguesia verá nascer um viaduto sobre o vale da ribeira da Apelação e um túnel sob alguns dos seus bairros mais problemáticos do ponto de vista urbanístico. Se os impactos já começam a ser previstos, ainda não se conhecem medidas preventivas e minimizadoras dos mesmos.

O seu atravessamento será inevitável, são os custos e as obrigações do desenvolvimento. A sua paisagem será radicalmente alterada. Por isso, em vez de um problema, Unhos pode ter aqui a sua derradeira oportunidade de requalificação. A complexidade dos problemas existentes e a enorme necessidade de recursos necessários para a sua resolução têm adiado as soluções. Neste adiamento têm responsabilidades as gestões municipais e os governos, que por impossibilidade, incapacidade ou mera incúria pouco agiram nos últimos anos. Esta é a oportunidade de assumir responsabilidades e de fazer justiça aos mais de dez mil habitantes de Unhos.

É necessário que o Município inicie com a Administração Central a negociação de um plano global de requalificação, cabendo-lhe as despesas de elaboração e proposta. Parte desse plano pode bem resultar da articulação de muitos dos instrumentos de planeamento já existentes ou em preparação, como o PDAM, os planos de urbanização e os estudos de reconversão das áreas urbanas de génese ilegal. Contudo, não pode terminar aqui, exigem-se do Governo a assunção das suas responsabilidades na resolução do problemas das áreas urbanas irrecuperáveis e dos realojamentos dos núcleos de barracas e de habitações degradadas ainda existentes. Mas o esforço de requalificação da freguesia deve ir além dos aspectos urbanos e do espaço físico, em simultâneo deve ser elaborado um plano de intervenção social com acções ao nível da rede de equipamentos sociais e de projectos concretos de valorização social e cultural da freguesia. A concretização destas ideias será sempre mais difícil do que o seu simples enunciamento, mas a sua necessidade e justeza obriga a uma acção rápida e decidida por parte do Município.

Seria profundamente injusto que no final deste processo, o futuro passasse por Unhos a 200 km/hora.

5 comentários:

Anónimo disse...

Santana é que não, Santana já chega, Santana não se toca, e por causa de Santana temos Sócrates duas vezes. Por favor, Santana não.

Júlia Coutinho disse...

Vim retribuir a sua visita e dizer que sim, voltei a escrever.
obrigada pela força.

Anónimo disse...

épa o TGV nunca vai atingir a velocidade maxima por isso até nem vai ser assim tão depressa.
Sabemos que unhos e Catujal são para a Camara Municipal de Loures a terra de ninguem e esquecida,acho graça alguns autarcas que dizem que a sua freguesia foi esquecida durante 22 anos, mas continuam a ser esquecidas
Ass.Carlinhos Vitima de Abusos nos pupilos do exercito

Anónimo disse...

ovieplOs criminosos vão às esquadras bater nos polícias, o nosso sistema de segurança está espectacular.

Anónimo disse...

Os criminosos vão à própria esquadra bater nos polícias.