Vivo num país de mar.
De alecrim.
De sementes.
E às vezes esqueço-me. Do mar, do alecrim, das sementes. Parece-me que as sementes não nascem. Que o alecrim perdeu o cheiro. E que o mar é só água.
Não me apetece ler, não me apetece escrever.
Mas depois acontecem pequenas coisas, pequenos gestos, pequenas brisas, que me fazem reagir. Sentir que afinal o mar é uma larga estrada, que o alecrim, junto com o cheiro dos cravos, faz explodir as sementes que teimam em romper a terra.
Foi o que me aconteceu hoje.
Fui visitar uma amiga a uma escola. Grande, de muita gente. E no bar da sala dos professores, estava a Elsinha. Minha conhecida desde há alguns anos. Serviu-me um café, acompanhado de um abraço apertado. Com dificuldade cortou o croissant e disse "OH M.. está tudo bom?" Estava optimo.
Porque me fez lembrar que estamos em Abril e que foi um mês como este que permitiu que a escola dos outros fosse também a dela.
A Elsinha tem Trissomia XXI e está a aprender a ser grande.
1 comentário:
http://arrastao.org/pcp/fascizante/
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