2008/04/22

QUANDO A VIRGEM RECOMENDOU AO POVO DA AMARELEJA QUE COMPRASSE UMA MOTOCICLETA AO SEU VIDENTE


Há qualquer coisa de indomável no Alentejo. Essa é a conclusão que pode tirar da leitura do conjunto de pequenas crónicas compiladas no livro “Terra Vermelha”. Ao contrário do que pode sugerir o título, o vermelho é relatado ainda antes da existência do PCP. Algumas das histórias remontam ao início do século XX. O retrato de insubmissão é feito como se ela fosse uma característica endémica, um traço cultural perene e não conjuntural. As crónicas, escritas sem pretensiosismos estilísticos, são de fácil digestão literária. Sempre com um sorriso, o leitor é impelido a acelerar o ritmo de leitura na ânsia de passar à história seguinte. Na proximidade das comemorações do 25 de Abril e do 1º de Maio, se para mais não houver tempo, recomenda-se a leitura destas pouco mais de 100 páginas, uma boa formar de celebrar a criatividade, coragem e esperança, que sempre existe nas comunidades humanas e, que no Alentejo, sempre assumiu contornos assinaláveis. De comunas falhadas, passando por extraterrestres, terminando numa virgem milagreira bastante preocupada com o bem-estar do seu vidente, as narrativas são um supermercado de prodígios, bizarrias, utopias e excentricidades.
Terra Vermelha— Crença e Insubmissão no Alentejo do Século XX, foi escrito por Paulo Barriga, tem prefácio de Francisco Camacho e é editado pela Guerra & Paz

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