2007/03/23

O NOME E A COISA


O Presidente da Junta de Freguesia de Sacavém, no âmbito da discussão que teve lugar na última Assembleia Municipal de Loures sobre a degradação da situação social e de segurança nos Bairros Municipais, com relevo especial para a Quinta da Fonte, na Apelação, e Quinta do Mocho, em Sacavém, também interveio para prestar alguns esclarecimentos. A primeira e mais importante correcção foi em relação ao nome da Urbanização. Não é Quinta do Mocho, mas sim Terraços da Ponte. Essa é a designação correcta da coisa. Não questiono que tenha razão. A vox populi, desinformada e inculta insiste em designar a Urbanização pelo nome que toda a gente conhece.

Só por si esta correcção não mereceria comentário, mas ela foi o intróito de uma intervenção do Presidente da Junta de Freguesia sobre a situação no bairro. Ficou a Assembleia Municipal a saber que pelos Terraços da Ponte tout va bien, sem grandes ocorrências a assinalar, o Sr. Presidente costuma lá ir e as pessoas falam-lhe bem, são educadas, a limpeza faz-se com regularidade, as crianças incendiaram o parque infantil, mas agora utilizam outro perto, o ringue está destruído, mas também não muito longe existe outro, eles fazem as festas deles e a Junta monta o palco.
Percebi agora, que o nome da coisa é muito importante.

Afinal os problemas não são nos Terraços da Ponte, onde tudo está bem, são na Quinta do Mocho, que não são os Terraços da Ponte. São da Quinta do Mocho os jovens que diariamente são escoltados pela PSP, entre a Escola Bartolomeu Dias e o seu Bairro. São da Quinta do Mocho os jovens que aterrorizam os comerciantes do pequeno Centro Comercial da Courela do Foguete. Estão na Quinta do Mocho as Associações que com regularidade são assaltadas.
Nos Terraços da Ponte está tudo bem, o Senhor Presidente costuma passar por lá. Era bom que começasse a passar também pela Quinta do Mocho.

Nota: Numa rápida pesquisa no google, a primeira foto para a entrada Terraços da Ponte é da Quinta do Mocho.

3 comentários:

Anónimo disse...

De facto o Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Sacavém não visita a
quinta do Mocho, mas sim a Urbanização Terraços da Ponte, porque na Quinta
do Mocho a limpeza não é feita com a regularidade devida. Na Quinta do Mocho
os jovens sem ocupação passam o tempo a "destruir" o que ainda existe. A
Quinta do Mocho talvez seja menos problemática do que a Quinta da Fonte em
termos de conflitos porque não existe uma comunidade africana e uma
comunidade cigana, e porque as pessoas que foram realojadas já viviam
naquele espaço, ou seja, já tinham uma vivência enquanto comunidade. Mas, o
que é facto é que todas as pessoas que transitaram do bairro antigo, isto é,
das barracas para os prédios, sentem-se mais inseguras! Porque!? Os
problemas deste bairro estão diagnosticados e são muito debatidos no seio
das reuniões da Rede Social, nas mesmas onde toda gente tenta encontrar
soluções, mas que na prática não resultam em nada porque as instituições e
as associações trabalham de costas voltadas e a autarquia também não é capaz
de fomentar o trabalho em rede. A Quinta do Mocho existe como nome e como
coisa e não apenas como campo de investigaçaõ de técnicos e de estagiários!
É urgente pensar e agir com alguma clareza em relação a estes bairros ou
estaremos a criar bombas relógio. E o Sr. Presidente da Junta de Freguesia
de Sacavém e provavelmente outros autarcas devem pensar que a urbanização
Terraços da Ponte se resume ao espaço da Casa da Cultura de Sacavém e a
Quinta do Mocho é paisagem!

Anónimo disse...

Várias vezes tem sido chamada à atenção o sr. Presidente da Junta de Freguesia de Sacavém, em sede de Assembleia de Freguesia, para a necessidade de se implementarem projectos concretos de apoio àquela comunidade. Apoios de acompanhamento das crianças das escolas, usando os recursos dobairro, reforçando-os. Mas não, não vale a pena. Lá no bairro ninguém os vê...
As actividades de enriquecimento curricular, implementadas este ano com pompa e circunstância pela senhora ministra de educação, estão a desenvolver-se em todas as escolas de Sacavém, com excepção da escola que serve os meninos da Quinta do Mocho. Foram apresentadas propostas concretas, com distribuição de alunos por instituição, com a previsão dos gastos que seriam cobertos pelo Ministério...
Mas não é preciso. O senhor Presidente quando vai ao bairro, até o cumprimentam "Bom dia, senhor Presidente".
Precisarão estas mentes inicentes de saber mais do que isto?
O que havemos de fazer? Empenhámos o nosso futuro em autarcas mediocres, imprepara das e, desculpem-me, parvos.
Um abraço
Maria CC

Anónimo disse...

Neste fim de semana, a RTP tem passado um anúncio em que o protagonista da série Sopranos procura um local para se desembaraçar de um corpo. Após excluir algumas das nossas praias, por terem Bandeira Azul, decide-se pelo Trancão.
O anúncio causou-me um certo desconforto e o assunto ficou arrumado.

Hoje, domingo à tarde, precisei de ir à farmácia. Fiz o percurso de carro e esta saída tornou-se no momento do meu fim de semana que estava a precisar de alguma acção. Desde ter de descobrir o percurso que é quase todos os dias diferente, a ultrapassar crateras no asfalto, tudo é possível para quem vive, melhor dizendo, mora em Sacavém.
A cidade está sitiada. Vazia de gentes, de iniciativas, de vida. Sobrevivem meio dúzia de homens às portas das poucas tascas abertas, ostentando as sempre presentes mines. Centenas de carros parados onde calha e, lixo, muito lixo, nas ruas, nos contentores, nas paredes por pintar.
No regresso passo pelo centro de Bagdad e tenho de contornar duas vezes uma “rotunda” de pedras e entulho para encontrar a estrada que desta vez foi deslocada 30 metros para Este. Deparo com um pequeno cartaz que indica um restaurante que só com uma bússola se poderá encontrar. Desço ao Jardim e, qual floresta amazónica, deparo com um grupo de índios agachados entre o mato, a fumar umas ganzas.
Não me cheira nada bem. Será que o Trancão já é o fiel depositário do corpo?
Volto para cima, mais umas voltinhas às pretensas rotundas. No meio dos tapumes lá vão uns miúdos a correr. Se calhar vão ter com os avós ao Parque Geriátrico que fica ao lado do Parque Infantil.
Quando parei o carro mandei a beata para o chão, para onde mais poderia “amanda-la”?

E ainda fiquei desconfortada com o corpo dos Soprano.

Antes 10 Sopranos do que estes Mafiosos realmente perigosos, que decidem e gerem a nossa freguesia e concelho.

Um abraço
Maria CC