2007/03/01

O HOSPITAL DE LOURES E A CRIATIVIDADE



Na última reunião da Assembleia Municipal fomos brindados com mais um momento de pura excitação do Presidente da Câmara Municipal de Loures.
O processo da construção do Hospital de Loures, adaptado à televisão, equivaleria à série televisiva Dallas. Longa e cheia de tramas complexas. Nos últimos episódios o actual Governo anulou o concurso lançado pelo Governo anterior e comprometeu-se a lançar novo concurso. Pelo meio, foi dizendo que o novo concurso seria para uma unidade hospitalar mais modesta do que o inicialmente previsto. Assim temos andado, sem que a coisa ande.
Neste intervalo do espectáculo, o Presidente da Câmara Municipal de Loures resolveu dar um ar da sua graça e em declarações à comunicação social garantiu que o novo hospital teria todas as valências previstas no anterior concurso, mesmo número de camas e tudo…
Atenção que há novidades sobre o Hospital de Loures! Assim pensou toda a gente. O Presidente da Câmara já teve acesso a novas informações vindas do Ministério da Saúde. Enfim o processo vai avançar um pouco.
Pedidas mais explicações ao Presidente da Câmara, nomeadamente se este já teria na sua posse o Programa Funcional do novo Hospital, espante-se com a resposta; O senhor Presidente da Câmara disse que não sabia de nada, mas que questionado usou da criatividade para responder. Como não sabia, inventou.
Claro que o disparate é redondo demais para não o voltar a explorar. Assim, na última reunião da Assembleia Municipal um eleito da CDU voltou a fazer a mesma pergunta ao Presidente da Câmara. – Confirma o Senhor o que disse à Comunicação Social sobre as valências do novo hospital de Loures ou de facto foi mesmo só criativo? A resposta ainda foi melhor. – Não sei, mas o senhor também não sabe se vai ser diferente, logo será igual.
Aparte o ridículo e a hilariedade, fica a gravidade do Presidente da Câmara Municipal de Loures tratar este assunto ao nível da anedota. Mas há algo ainda mais grave. A Câmara Municipal não consegue hoje, nem mesmo a facilidade que decorreria da sintonia politico-partidária existente entre Município e Governo, estabelecer quaisquer canais da comunicação eficazes sobre assuntos tão importantes como seja a construção do Hospital de Loures. Deste modo, o ridículo a que o Presidente da Câmara se expõe é o mesmo que recai sobre o órgão a que preside. Neste ponto, perdemos todos a vontade de rir!

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