2007/03/04

DE MACA A MACAU





MACAU

Num recente debate organizado pelo Diário de Notícias sobre a suburbanidade dos Municípios de Loures e Odivelas, o Presidente da Câmara Municipal de Loures defendeu o melhor que pode e soube o seu Município. Claro que era dispensável afirmar que a centralidade da Área metropolitana era o Concelho de Loures. Sem dúvida que nos últimos 30 anos o Município se infraestruturou. Hoje tem mais oferta escolar, desportiva e cultural, pelo menos no número e na qualidade dos seus equipamentos colectivos. Nas políticas é outra conversa. A radical melhoria das vias de acesso reduziu distâncias e isolamentos e dessa forma também a suburbanidade do território diminuiu. A interdepedência funcional territorial de hoje torna ridícula hoje alguma da discussão que sem tem em torno da gestão do território. Ridícula até porque entre a retórica ouvida e a praxis vai um mundo de permeio. Loures tem em discussão o seu PDM. No fim veremos em quando se reduzirá a sua área destinada a actividades económicas e em quanto aumentará a área destinada à habitação. Veremos ainda, depois das preocupações em torno dos equilíbrios ambiental e ecológico, em quanto se reduzirá a Reserva Agrícola Nacional e a Reserva Ecológica Nacional. Em Odivelas, após um alegado passado de betão, quantos milhares de novos fogos foram licenciados?
Mas além deste debate Macro, existem outros apontamentos dignos de registo. Nesse debate o Presidente da Câmara Municipal de Loures, entre as jóias exibidas, referiu o Pavilhão de Macau comprado à Parque Expo com a sua fachada réplica da Igreja de São Paulo, como sendo um pólo de grande atracção de visitantes ao Concelho. Espero que saiba que a fachada é tão-somente um cenário sem valor patrimonial. Espero ainda que também perceba o mau negócio que foi a compra daquele monte de sucata e de como esse dinheiro teria sido melhor aplicado na recuperação de edifícios com real valor patrimonial, e que esses sim poderiam ser verdadeiros pontos de interesse no Concelho.
Porém, a questão da suburbanidade está também ligada a uma menor qualidade de vida. O suburbano, por assim dizer, vive longe do trabalho, vive longe da oferta cultural e lúdica, vive longe dos serviços essenciais e vê daí a sua vida complicada. São estes sem dúvida os vectores fundamentais da questão e é sobre eles que a acção política deve incidir. Fachadas são fachadas, só servem para encher o olho.


MACA

Chegamos à Maca do título. O encerramento anunciado do Serviço de Urgência do Hospital Curry Cabral vai obrigar 140 mil habitantes das Freguesias da Zona Oriental de Loures a deslocarem-se para o Hospital de São José na freguesia do Socorro. Não será necessário escrever muito sobre a qualidade da alternativa proposta no estudo técnico encomendado pelo Governo. Esta decisão suburbaniza mais a população do Concelho de Loures, dificultando-lhe o acesso a um serviço fundamental. Esta decisão anunciada segue-se a outra recente que encerrou os CATUS em Santa Iria de Azóia e Prior velho, reduzindo já os serviços de saúde nesta zona de Loures.
Sobre estas questões determinantes para a qualidade de vida dos habitantes de Loures, a Câmara Municipal de Loures e a maioria que a gere nada disseram. Aliás, foram críticos das manifestações de desagrado das populações a quando do encerramento dos CATUS e remetem-se ao mais profundo silêncio perante a possibilidade do encerramento das urgências no Hospital Curry Cabral. Na última Assembleia Municipal, só o PS, incluindo os Presidentes Socialistas das Freguesias afectadas, votaram contra uma posição de condenação das intenções anunciadas.
Não se percebeu se por apoiarem a medida ou se por terem medo de dizer ao seu Governo que não a apoiam, Certo é que em Loures não há voz institucional sobre este assunto. Pode ser que ninguém de conta… Espera o Presidente da Câmara!

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