2007/03/27

FASCISMOS






27 de MARÇO DE 1939
O FASCISMO INSTALA-SE EM ESPANHA

No início dos anos 30 do século XX, a Espanha era o país mais atrasado da Europa Ocidental. Possuía instituições políticas arcaicas resultantes de uma estrutura social e económica profundamente tradicionalista sem qualquer parente próximo na mesma latitude. Mesmo Portugal, que nesse período já assistia à consolidação do estado Corporativo de Salazar, estava ainda marcado pela Revolução Republicana que 20 anos havia desmantelado grande parte das instituições mais arcaicas, nomeadamente a Monarquia, e reduzido grandemente a influência social de outras como a Igreja Católica. Em Espanha, estruturas sociais e económicas próprias do Feudalismo Agrário existiam ainda e determinavam o cariz político da sociedade espanhola.

A grave crise económica de 1930, o endurecimento da ditadura do General Primo de Rivera, e a rigidez e arcaísmo das instituições sociais e políticas espanholas criaram as condições propícias a um avanço dos sectores políticos e sociais mais avançados, que numa bem conseguida política de alianças lograram o derrube democrático do Governo, levando de arrasto Afonso XIII, através da Proclamação da República em 1931.



Em Fevereiro de 1936, uma ampla coligação (Frente Popular) democrática vence as eleições, obtendo uma maioria de 60% nas Cortes espanholas.

O Governo Republicano visava então um vasto conjunto de reformas modernizadoras da sociedade espanhola. A introdução de direitos sociais e cívicos, a laicização do estado, as liberdades cívicas, de opinião, organização, associação e sindicais visavam equiparar socialmente a Espanha aos seus vizinhos ocidentais.

Os sectores reaccionários iniciaram então uma vasta acção de conspiração militar e boicotes económicos, possíveis estes últimos pela existência de um tecido económico ainda controlado pelos sectores nacionalistas. Por outro lado, o avanço fascista pela Europa, especialmente em Portugal, Itália, Alemanha e Áustria, animava os partidários da Frente nacional derrotada estrondosamente nas urnas.

Em Julho de 1936, um levantamento militar liderado por Francisco Franco tenta o derrube do governo Republicano eleito 6 meses antes. Porém, o levantamento popular nas principais cidades espanholas, com destaque para Madrid, impede o sucesso imediato do golpe. Formam-se milícias de defesa da República e do seu Governo organizadas por anarquistas, comunistas e socialistas.

Rapidamente o País ficou dividido em duas áreas de influência e controlo distintas. No sul republicano opera-se uma profunda revolução social e económica. As terras são colectivizadas, as fábricas entregues ao controlo operário e dos trabalhadores, assim como os meios de comunicação social. A radicalização leva aos assassinatos políticos que, com alvos diferentes, são comuns a ambas as partes.


A Guerra Civil Espanhola foi simultaneamente o grande balão de ensaio para o confronto ideológico que se mundializaria na Segunda Grande Guerra. Os apoios e intervenções militares da Alemanha e da Itália em solo espanhol, foram um campo de treino para tácticas e equipamentos aperfeiçoados mais tarde. O apoio político aos golpistas franquistas por parte de Salazar, que temia um desfecho que resultasse na vitória dos democratas, ajudou Franco a perseguir na raio portuguesa refugiados e activistas republicanos espanhóis, sempre com a conivência e mesmo com o apoio das autoridades portuguesas. A enorme mobilização de voluntários que de mais 50 nacionalidades, num total de cerca de 40 mil homens, que formaram as Brigadas Internacionais ajuda-nos a compreender o impacto internacional deste conflito.

A superioridade militar de Franco levou à vitória das forças nacionalista. Em 27 de Março de 1939 Madrid é tomada, após quase três anos de bombardeamentos aéreos. O Fascismo instala-se em Espanha e mantém-se até 1975. Salazar respira de alívio. A Península era agora a hegemonia do bolor. A aventura golpista de Franco, o apoio dos fascismos europeus e o silêncio conivente das democracias europeias custaram a vida a quase 400 mil espanhóis. A Espanha mergulhou numa recessão económica que durou quase 30 anos.

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