“Têm-me chegado aos ouvidos alguns episódios verdadeiramente arrepiantes da prestação do elementos do PS na Assembleia Municipal de Loures (AML) e por isso tenho-me lembrado, com alguma saudade, da utilidade da Televisão Regional de Loures (TRL).
Não seria interessante que os munícipes de Loures pudessem assistir em directo ao debate e verificar as asneiras, perdão, o desempenho dos seus eleitos?Pelo menos se pudéssemos assistir ao debate em directo pela Internet (nada de impossível), não seria também uma forma de se fiscalizar aquele..., aquela... coisa que lá se passa?” Comentário colocada no post Da Assembleia Municipal por João Carvalho
Lembro-me que ainda não existia o telecomando e de o zapping era um conceito desconhecido. Ninguém se colocava em frente ao televisor a mudar o canal do 1 para 2, e do 2 para o 1, e assim sucessivamente durante tempos infinitos. Aliás, se isso acontecesse, o mais provável seria o encaminhamento para uma consulta com especialistas. Mas nesse ano de 1985, passava de boca em boca que existia um canal pirata, comentava-se no café, no supermercado, no trabalho, na escola e o desporto passou a ser passar o tempo a tentar encontrar o sinal, rolando cuidadosamente o sintonizador, mudando de banda e recomeçando o processo do início. Com grande protesto da família que estava a perder a novela, os desenhos animados ou o telejornal.
Tinha todos os condimentos para ser um sucesso. Era clandestino, era pirata, os produtores interrompiam a emissão e fugiam com os parcos haveres técnicos às costas, mudavam a frequência para ludibriar as autoridades. Ao fim do dia, lá se procurava novamente a frequência. Não me lembro se tinha qualidade nem se vi alguma vez algum programa ou filme. Só me lembro da procura e da satisfação de o encontrar e de me sentir solidário e cúmplice da “ilegalidade”. À tarde saltava-se para o quintal do vizinho e comia-se as maçãs ainda verdes que sabiam sempre melhor do que aquelas que lá em casa apodreciam na fruteira porque ninguém lhes pegava. À noite ajudávamos os nossos pais a ser crianças e a pisar o risco. Sabia bem! Mas as aventuras acabaram, o vizinho apanhou-nos e nós apanhámos. Os piratas foram apanhados. Obrigado ao João carvalho por me fazer relembrar tudo isto.
Os tempos são outros e a fome deu em fartura, canais são às dezenas e para todos os gostos. Porém, a ideia da recolha e emissão, utilizando os recursos tecnológicos existentes hoje, das Sessões da Assembleia Municipal ou da Câmara municipal é uma ideia interessante. Menos fantasiosa do que à partida se possa imaginar. Com ganhos evidentes para a participação e informação dos munícipes que, se assim o entendessem, poderiam assistir em tempo real aos debates através da Internet. Levando, o conceito mais à frente, poder-se-ia utilizar esse meio para que os munícipes interpelassem a Assembleia Municipal, podendo colocar questões por vídeo-conferência no momento dedicado à intervenção do público, que neste caso seria bem mais vasto dos que os assentos que hoje lá existem.
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