O Palácio está cada vez mais assombrado. Ontem as actividades paranormais prolongaram-se para além do que é comum. Muito passado da 01h00 ainda vozes aterradoras ecoavam pelos meus salões. Subi e instalei-me. Pasmei com o que vi! Pasmei com o que não vi! O primeiro tema do serão foi o sentido do parecer que a DREL solicitou à Câmara Municipal de Loures sobre o desmembramento do Agrupamento de Escolas de Fanhões. Este tema já havia sido suscitado no passado dia 20, quando o Presidente da Junta de Freguesia de Santo Antão solicitou informação à Câmara sobre o assunto. Nesse dia o tema não foi debatido, ficando apenas a Assembleia informada de que a Câmara ainda estava a “estudar” o assunto.
Entretanto, o Agrupamento de Escolas de Fanhões convidou todos os Partidos e os seus eleitos a deslocarem-se à Escola, afim de poderem ouvir das razões da comunidade educativa, contrária ao desmembramento do Agrupamento, e de, com maior proximidade, conhecerem as condições e o trabalho desenvolvido, sendo este último aspecto decisivo para a avaliação do assunto.
Todos os que acederam ao convite, questionaram, ouviram argumentos, conheceram realidades e formaram opinião sobre o assunto.
Em cima da mesa está a transposição para o terreno de uma orientação do Ministério da Educação de tornar os Agrupamentos Escolares Verticais, ou seja que o mesmo Agrupamento disponha dos vários Ciclos do Básico, permitindo aos alunos um percurso escolar dentro do mesmo ambiente organizativo e pedagógico. A defesa e pertinência da verticalidade dos Agrupamentos são inquestionáveis. Na aplicação deste critério o Agrupamento de Escolas de Fanhões está hoje claramente desenquadrado. Porém, tal como muitos Agrupamentos pelo país, este desenquadramento resulta fundamentalmente por se encontrarem em territórios onde a carência de equipamentos escolares onde se proporcione a oferta dos restantes Ciclos do Básico. Na área do Agrupamento de Escolas de Fanhões essa é a situação. Aliás, a Carta Educativa aprovada também ontem, identifica essa carência e prevê a construção de uma Escola para o 2º e 3º Ciclos.
A decisão do encerramento não é administrativa. A DREL solicita à Câmara uma avaliação da pertinência do encerramento, e, a fazer fé nas informações recolhidas pela Associação de Pais desse Agrupamento, o parecer produzido será vinculativo. À Câmara a DREL pede que esta avalie técnica e politicamente a sua intenção. Aqui cabe o seguinte comentário; o Sr. Vereador Ricardo Leão, sempre muito titubeante, afirmou dia 20 que o parecer seria técnico e que ele, assim o deu a entender, ratificaria a indicação técnica. Porém, não ignorará ele que os técnicos fundamentam e enquadram tecnicamente a aplicação de políticas, neste caso educativas, que cabe ao Sr. Vereador definir e defender politicamente. Não é de bom-tom um responsável político, ilibar-se das responsabilidades que lhe estão cometidas, escudando-se por trás de decisões técnicas! (mais à frente discorrerei sobre o técnico e o político)
Ontem, no quadro de um debate mais profundo sobre o tema, onde participaram, além dos eleitos, os muitos munícipes de Santo Antão que acorreram à Assembleia, encarnou outro papel. Aqui apresentou-se como correia de transmissão da DREL, quando se limitou a repetir até à exaustão, que o desmembramento do Agrupamento era uma intenção da DREL e pasme-se, cujos técnicos aplicam orientações políticas do Ministério da Educação.
A decisão é política e técnica, não sendo nem autocrática, nem tecnicista.
O desmembramento do Agrupamento de Escolas de Fanhões é uma má decisão política. Elimina uma experiência cujos resultados são visíveis e múltiplas vezes valorizados pela própria tutela. Aliás, ontem ninguém refutou estes argumentos! Elimina um património educativo, reconhecido também pela comunidade educativa que sente esta decisão como uma perda irreparável não minimizável, porque as alternativas para os alunos não são de molde a que estes mantenham o nível de qualidade que hoje têm Se o único argumento é estrito, técnico e administrativo, cabe à Câmara a sua resolução.
Esta cegueira foi acompanhada também de silêncios. Num debate desta importância o Presidente da Junta de Freguesia de Fanhões, aparte dos apartes de mau gosto, nada disse, como se o assunto não fosse relevante para a sua freguesia.
4 comentários:
Caro amigo:
De facto é como diz: a cegueira está instalada. Mas eu diria mais: pior cego é aquele que não quer ver. É este o caso do sr. vereador Ricardo Leão e da sua equipa que administra o nosso concelho.
Permita-me complementar a sua informação, já de si muito completa, com alguns dados, estes sim, de facto técnicos.
Em boa verdade, no ponto de vista teórico, o percurso escolar das crianças e jovens deve ter sequencialidade, os objectivos e as metas a alcançar nesse percurso deverão estar delineadas no sentido crescente de aprendizagens, de comportamentos e atitudes que um determinado agrupamento de escolas deve definir no seu projecto educativo.
As estratégias diferenciadas que se praticam para atingir o perfil de aluno desejável, assentam numa relação pedagógica e afectiva fortes fundamentada no trabalho de equipas pedagógicas que reflictam a verticalidade pretendida e que, naturalmente determinam a sequencialidade.
Foi com base nestas premissas que em 1990 se iniciou o trabalho de criação do Agrupamento de Escolas de Fanhões (a lei que permitia a criação de agrupamentos é de 1997 e só em 2004 se criam os agrupamentos de Loures). Na altura, o Agrupamento de Fanhões tinha também o 2º ciclo. O alargamento do trabalho do Agrupamento aos 2º e 3º ciclos será, do nosso ponto de vista, um crescimento natural para o qual estamos há muito preparados. Não é isso que nos afasta da pretensão da DREL.
Os agrupamentos para onde se pretende enviar as nossas escolas são de dimensões gigantescas, não trabalham com base na sequencialidade dos ciclos, não articulam as escolas que os compõem, não é possível integrar os docentes num trabalho sério de equipas pedagógicas. Toda a estrutura organizativa dos mesmos baseia-se essencialmente em sub estruturas horizontais, em grupos de trabalho de docentes do mesmo ciclo que não comunicam com os outros. Têm ainda um caminho de alguns anos que, indiscutivelmente, em Fanhões já se percorreu.
A medida apresentada é cega, redutora da qualidade e desrespeitadora do trabalho efectuado por toda uma comunidade há 17 anos.
A CML fará o que entender. O parecer é vinculativo e quer a DREL o respeite ou não, ficará este executivo com a responsabilidade de menos 270 sorrisos por minuto nos tempos chuvosos que se avizinham.
Um abraço
Maria Eugénia Coelho
Presidente do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas de Fanhões
P.S. Quanto ao silêncio de alguns: poupem-me os grunhidos dos ímpeos.
Após verificar o texto já inserido nos comentários verifiquei um erro ortográfico grave que passo a corrigir
Ímpios
Quanto ao silêncio de alguns: poupem-me aos grunhidos dos ímpios
(´de seguida vou escrever 100 vezes a palavra bem escrita)
Pelo erro peço desculpa
M. Eugénia Coelho
Só é pena que a oposição que deve fazer oposição se esconda atrás de blog para a fazer e ainda por cima censure a retire as opiniões que não lhes agardam, falta de sendo democrático.
Companheiro
Diga-me qual foi o comentário apagado neste blogue? Nunca, até agora algum comentário foi apagado por mim, que sou administrador do blogue.
Sobre a oposição devo dizer-lhe que este blogue é um acto individual. Tem intervenção política? Tem, e sou eu que decido sobre que tema e em que tempo.
Obrigado
António Câmara e Sousa
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