Vi com toda a atenção a entrevista dada pelo Presidente da Câmara Municipal de Loures, Carlos Teixeira, ontem à noite à SIC Notícias. Não foram grandes as novidades. O Presidente da Câmara aproveitou para repetir o conjunto de declarações que foi proferindo nos últimos dias sobre a situação na Quinta da Fonte, explorando um pouco mais os sentimentos de rejeição face á comunidade cigana que se foram desenvolvendo no decorrer do processo. Não se pode deixar de assinalar que a entrevista de ontem foi o culminar de uma viragem de posição do Presidente da Câmara face a este assunto. Comentei aqui as declarações iniciais de Carlos Teixeira, onde ele se referia à comunidade cigana como as vítimas deste problema! Felizmente alguém conseguiu alterar-lhe o guião, porque se antevia o disparate. Ontem, a bitola era outra.
Mas mais interessante do que ouvir a súmula das respostas que foi dando sobre este assunto, importava que fossem dadas pistas para a solução do problema. Não a solução do problema das famílias que ainda teimam em exigir uma habitação em local alternativo, mas as soluções que previnam a repetição de situações como as que temos vivido. Sobre este aspecto não avançou uma única ideia. Optou por falar em exigência, e muito bem, pena que só a tenha descoberto agora. Aliás, continua a ser para mim uma incógnita como pode uma família acumular uma dívida de 17 000 euros em água, e como pode dize-lo o Presidente da Câmara sem se sentir envergonhado com tal situação! As situações de incumprimento não são de agora, mas até há pouco tempo elas não preocupavam sobremaneira a Câmara Municipal.
Na entrevista aproveitou ainda para alfinetar a oposição, não se escusando à referência a Demétrio Alves. Este facto também não deixa de ser estranho. O bairro existe à cerca de 10 anos, Carlos Teixeira governa o município à 7 anos, os problemas de segurança e de desarticulação social do bairro intensificaram-se nos últimos 5 anos, mas da responsabilidade não lhe toca nada!
O que é necessário perceber são os planos que tem para o futuro. Na reunião de Câmara realizada ontem, a maioria socialista voltou a recusar a proposta de instalação de um Posto das Forças de Segurança no Bairro, do que se percebe que a implementação de um sistema de policiamento de proximidade, que monitorize as actividades ilícitas que lá ocorrem, que se integre na comunidade, conhecendo-a, que dissuada e previna pela sua presença, não é um caminho que a Câmara queira fazer. Em vez disso, continuar-se-á a assistir a uma presença episódica de grandes contingentes repressivos, que de vez em quando militarizam o bairro. Como estratégia de segurança, sem dúvida que a primeira opção me parece a mais adequada. Carlos Teixeira não acha e chumbou uma proposta da CDU, que ia nesse sentido.
Em todas as reflexões e reacções que se foram conhecendo, seja do Governo Civil, seja do Governo, seja da própria Câmara Municipal, parece unânime que o futuro passa pelo bairro. Passa pela sua recuperação social e física, mas passa também pelo esforço de envolvimento dos habitantes nesse processo. Como pretende a Câmara fazê-lo? Pretenderá mesmo fazê-lo, ou apenas o afirmou, porque fica bem afirmá-lo? Nessa mesma reunião de Câmara, Carlos Teixeira e a sua maioria, chumbaram a possibilidade da constituição de uma Comissão de Administração do Bairro, onde participassem os moradores, a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia da Apelação. O objectivo desta proposta é óbvio, envolver os habitantes e os seus representantes, responsabilizá-los, torná-los parceiros nos ganhos futuros e com isso tê-los como os primeiros defensores desses ganhos. Mas a Câmara não quer ir por aí. Então irá por onde?
O discurso dos malandros que não pagam renda, não pagam água, não pagam impostos, nem mais coisa nenhuma tem um prazo de validade, e qualquer dia não sobreviverá à pergunta sobre quem é que os deveria fazer pagar e não o fez, mas sobretudo não resolve nenhum dos problemas de fundo que urge resolver.
Mas mais interessante do que ouvir a súmula das respostas que foi dando sobre este assunto, importava que fossem dadas pistas para a solução do problema. Não a solução do problema das famílias que ainda teimam em exigir uma habitação em local alternativo, mas as soluções que previnam a repetição de situações como as que temos vivido. Sobre este aspecto não avançou uma única ideia. Optou por falar em exigência, e muito bem, pena que só a tenha descoberto agora. Aliás, continua a ser para mim uma incógnita como pode uma família acumular uma dívida de 17 000 euros em água, e como pode dize-lo o Presidente da Câmara sem se sentir envergonhado com tal situação! As situações de incumprimento não são de agora, mas até há pouco tempo elas não preocupavam sobremaneira a Câmara Municipal.
Na entrevista aproveitou ainda para alfinetar a oposição, não se escusando à referência a Demétrio Alves. Este facto também não deixa de ser estranho. O bairro existe à cerca de 10 anos, Carlos Teixeira governa o município à 7 anos, os problemas de segurança e de desarticulação social do bairro intensificaram-se nos últimos 5 anos, mas da responsabilidade não lhe toca nada!
O que é necessário perceber são os planos que tem para o futuro. Na reunião de Câmara realizada ontem, a maioria socialista voltou a recusar a proposta de instalação de um Posto das Forças de Segurança no Bairro, do que se percebe que a implementação de um sistema de policiamento de proximidade, que monitorize as actividades ilícitas que lá ocorrem, que se integre na comunidade, conhecendo-a, que dissuada e previna pela sua presença, não é um caminho que a Câmara queira fazer. Em vez disso, continuar-se-á a assistir a uma presença episódica de grandes contingentes repressivos, que de vez em quando militarizam o bairro. Como estratégia de segurança, sem dúvida que a primeira opção me parece a mais adequada. Carlos Teixeira não acha e chumbou uma proposta da CDU, que ia nesse sentido.
Em todas as reflexões e reacções que se foram conhecendo, seja do Governo Civil, seja do Governo, seja da própria Câmara Municipal, parece unânime que o futuro passa pelo bairro. Passa pela sua recuperação social e física, mas passa também pelo esforço de envolvimento dos habitantes nesse processo. Como pretende a Câmara fazê-lo? Pretenderá mesmo fazê-lo, ou apenas o afirmou, porque fica bem afirmá-lo? Nessa mesma reunião de Câmara, Carlos Teixeira e a sua maioria, chumbaram a possibilidade da constituição de uma Comissão de Administração do Bairro, onde participassem os moradores, a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia da Apelação. O objectivo desta proposta é óbvio, envolver os habitantes e os seus representantes, responsabilizá-los, torná-los parceiros nos ganhos futuros e com isso tê-los como os primeiros defensores desses ganhos. Mas a Câmara não quer ir por aí. Então irá por onde?
O discurso dos malandros que não pagam renda, não pagam água, não pagam impostos, nem mais coisa nenhuma tem um prazo de validade, e qualquer dia não sobreviverá à pergunta sobre quem é que os deveria fazer pagar e não o fez, mas sobretudo não resolve nenhum dos problemas de fundo que urge resolver.
16 comentários:
Interessante foi ouvir o camarada Octávio Teixeira, momentos antes de o Presidente da Câmara dar a entrevista, dizer que não se recordava de quem era Presidente da Câmara na altura dos realojamentos do Bairro Qta. da Fonte em 1997. Deve comer muito queijo por isso tem lapsos de memória. Mais engraçado foi ouvir o Mário Crespo induzir, certamente por ignorância, os espectadores em erro ao dizer que o antecessor tinha sido o Severiano Falcão. Porra de jornalistas estes que não estão minimamente preparados para os programas que dirigem. Depois do Severiano ouve o Demétrio e depois o Adão Barata e só depois o Carlos Teixeira. Esperava um pouco mais de conhecimento do Sr. Mário Crespo.
Dizia uma moradora africana da quinta da fonte que não resulta meter porcos e coelhos na mesma capoeira. Então estamos a falar de pessoas ou de animais? mais me parece que de animais de facto.
Carlos Teixeira tem muita razão quando aponta a falta de pagamentos de rendas. Ora essa, pagam um valor simbólico, ainda destroem as casas, que nós pagamos, mas o que é isto? deixem-se de tretas e hipocrisias.
Andamos a sustentar isto tudo. Eu farto-me de trabalhar e ninguém me deu casa, nem tenho plasmas, nem roupa de marca nem audis como alguns moradores da quinta da fonte.
Ainda temos de pagar os custos da desifestação do jardim de Loures; a luz e água gasta no pavilhão de S.João.
Ainda temos de descontar para lhes pagar os rendimentos mínimos, para comprar os plasmas e os audis.
O que é espantoso é que as políticas sociais que temos são fruto das opções dos governos em que muito provavelmente estes senhores comentadores têm votado nos últimos anos, PS e PSD. Mas sobre isso não lhes ocorre dizer nada!
Caríssimos
A melhor forma de fugir ao essencial e escapar por uma qualquer lateral. Vou resumir o texto a tópicos para ser mais fácil.
a)No início o Carlos Teixeira tomou o partido da comunidade cigana, há declarações públicas que o atestam. Agora opta pelo caminho oposto.
b)O discurso da exigência no cumprimento de deveres, sendo bom, não apaga o laxismo da Câmara na exigência desses deveres nos últimos 7 anos.
c)Para o futuro o Presidente de Câmara, Carlos Teixeira, ainda, não só não apresentou uma estratégia, como rejeita liminarmente qualquer proposta, mesmo dizendo que elas até são razoáveis e positivas.
Cumprimentos
O marquês
Eu sugiro que os ciganos acampem na sua casa Marquês, ali no seu Palácio. Isso é que era.Só lá estavam meia hora. O tempo para roubarem tudo à sua volta. Nem as paredes ficavam. Vai a vêr ainda o levavam a si também!
Caríssimo
Com as exigências que tenho ouvido em relação às condições de salubridade das casas, não me parece que eles aceitassem o convite para pernoitar no Palácio dos Marqueses. Isto ainda cheira muito a mofo por causa das cheias de Fevereiro e nas paredes do rés-do-chão cresce muito caruncho.
Cumprimentos
O Marquês
http://jn.sapo.pt/Opiniao/default.aspx?opiniao=M%E1rio%20Crespo
UM EXCELENTE ARTIGO DE MÁRIO CRESPO, INTITULADO LIMPEZA ÉTNICA PUBLICADO NO JN DE HOJE.
POR MIM NÃO TENHO MAIS NADA A DIZER. CONCORDO 100% COM TUDO O QUE É DITO!
"O homem, jovem, movimentava-se num desespero agitado entre um grupo de mulheres vestidas de negro que ululavam lamentos. "Perdi tudo!" "O que é que perdeu?" perguntou-lhe um repórter.
"Entraram-me em casa, espatifaram tudo. Levaram o plasma, o DVD a aparelhagem..." Esta foi uma das esclarecedoras declarações dos autodesalojados da Quinta da Fonte. A imagem do absurdo em que a assistência social se tornou em Portugal fica clara quando é complementada com as informações do presidente da Câmara de Loures: uma elevadíssima percentagem da população do bairro recebe rendimento de inserção social e paga "quatro ou cinco euros de renda mensal" pelas habitações camarárias. Dias depois, noutra reportagem outro jovem adulto mostrava a sua casa vandalizada, apontando a sala de onde tinham levado a TV e os DVD. A seguir, transtornadíssimo, ia ao que tinha sido o quarto dos filhos dizendo que "até a TV e a playstation das crianças" lhe tinham roubado. Neste país, tão cheio de dificuldades para quem tem rendimentos declarados, dinheiro público não pode continuar a ser desviado para sustentar predadores profissionais dos fundos constituídos em boa fé para atender a situações excepcionais de carência. A culpa não é só de quem usufrui desses dinheiros. A principal responsabilidade destes desvios cai sobre os oportunismos políticos que à custa destas bizarras benesses, compraram votos de Norte a Sul. É inexplicável num país de economias domésticas esfrangalhadas por uma Euribor com freio nos dentes que há famílias que pagam "quatro ou cinco Euros de renda" à câmara de Loures e no fim do mês recebem o rendimento social de inserção que, se habilmente requerido por um grupo familiar de cinco ou seis pessoas, atinge quantias muito acima do ordenado mínimo. É inaceitável que estes beneficiários de tudo e mais alguma coisa ainda querem que os seus T2 e T3 a "quatro ou cinco euros mensais" lhes sejam dados em zonas "onde não haja pretos". Não é o sistema em Portugal que marginaliza comunidades. O sistema é que se tem vindo a alhear da realidade e da decência e agora é confrontado por elas em plena rua com manifestações de índole intoleravelmente racista e saraivadas de balas de grande calibre disparadas com impunidade. O país inteiro viu uma dezena de homens armados a fazer fogo na via pública. Não foram detidos embora sejam facilmente identificáveis. Pelo contrário. Do silêncio cúmplice do grupo de marginais sai eloquente uma mensagem de ameaça de contorno criminoso - "ou nos dão uma zona etnicamente limpa ou matamos." A resposta do Estado veio numa patética distribuição de flores a cabecilhas de gangs de traficantes e autodenominados representantes comunitários, entre os sorrisos da resignação embaraçada dos responsáveis autárquicos e do governo civil. Cá fora, no terreno, o único elemento que ainda nos separa da barbárie e da anarquia mantém na Quinta da Fonte uma guarda de 24 horas por dia com metralhadoras e coletes à prova de bala. Provavelmente, enquanto arriscam a vida neste parque temático de incongruências socio-políticas, os defensores do que nos resta de ordem pensam que ganham menos que um desses agregados familiares de profissionais da extorsão e que o ordenado da PSP deste mês de Julho se vai ressentir outra vez da subida da Euribor."
Então o Marquês é pobre e mal agradecido. Restarauram-lhe a casa recentemente, não pagou nada por isso e ainda acha que aquilo está mal? Por mim tinha ficado como estava, naquele barracão velho a cair de podre e se calhar não reclamava. Bom bom era no tempo da CDU em que um Palácio Nobre, que V.Exa. até adoptou para o seu Blog, estava a cair aos bocados e a que ninguém ligava nenhuma. Isso é que era bom nessa altura, com aranhas e ratos!
Sabe bem que o que disse não é verdade. O edifício estava assinalado, estando prevista a instalação de um núcleo museológico. Em 7 aninhos seria de esperar que os senhores fizessem alguma coisa. Recuperaram o Palácio dos Marqueses, bem feito, mas mesmo assim conseguiram gastar mais dinheiro naquela sucata do Pavilhão de Macau.
Lembrem-se de dar atenção ao Palácio renascentista de Valflores, que ruirá, mesmo sendo propriedade da Câmara, e ao edificio da antiga galeria municipal.
Quando os senhores do PS começaram a governar Loures, há 7 anos, os carros ainda eram puxados por animais, não existiam esgotos, nem água canalizada, não havia escolas, não existia alcatrão nas ruas, nem transportes públicos, enfim, mais de 20 anos de gestão comunista, resultaram num concelho subdesenvolvido. Alguém consegue sustentar isto como indicadores válidos.
Alguém acredita na teoria do caos antes nós!
Deixaram barracas, bairros clandestinos, bairros sociais degradantes e outros afins.....
Deixaram portanto o Concelho num lindo estado!
"Deixaram barracas, bairros clandestinos, bairros sociais degradantes e outros afins.....
Deixaram portanto o Concelho num lindo estado!" Em 2001, na Área Metropolitana de Lisboa, só em Loures é que ainda existiam bairros de barracas, bairros clandestinos, e bairros com problemas sociais. Com tanta competência, espera-se que no final deste segundo mandato do PS, já não exista nada disso!
Lembrei-me agora que em 1997 o PS defendeu que os Bairros clandestinos se resolveriam com uma folha A4. 7 anos depois de terem ganho parece que ainda os há. Fantástico não é!
Em numero muito menor, ou quase insignificante, do que os que cá deixaram em 2001. Isso é uma verdade indismentivel que custa lêr mas que não posso deixar de lhe dizer! De qualquer maneira, e mais uma vez, quem teve responsabilidades directas aquando do inicio das construções clandestinas foi ou foram o ou os......., adivinhe!
Um abraço!
Por esse raciocício, nos municípios que têm bairros clandestinos, a responsabilidade é de quem lá esteve na altura, ps, psd ou fepu, apenas depois de 76, porque até lá nem autarquias eleitas existiam. É esse o seu entendimento? É assim que consegue resumir o problema?
É uma leitura da dimensão económica, social, política e histórica dos bairros clandestinos muito fraquinha.
Mas se calhar é aquela de que é capaz!
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