2008/07/16

A ILITERACIA É UM GRAVE PROBLEMA NACIONAL




A propósito do realojamento temporário de famílias da Quinta da Fonte, foram deixados dois comentários aqui no Palácio, que se reproduzem na íntegra, sobre uma eventual tomada de posição da CDU ou do PCP, sobre o assunto. Os comentários referem um suposto cariz xenófobo e racista no referido texto. Para não falar de cor, tentei encontrar o tal comunicado da CDU ou do PCP sobre o tema. Não encontrei. Existe apenas uma informação da Junta de Freguesia de São João da Talha, mas a mesma não contém nenhum dos pendores referidos. Para esclarecimento do comentador, reproduz-se esse texto na íntegra.


Comentários
"Falso. A câmara não vai dar casas novas a ninguém. Quem ouviu o presidente não pode fazer uma afirmação dessas. Ele foi peremptório. Já agora, o que o PCP tem contra as minorias? Nada? Então leiam o comunicado da CDU de são João da Talha e vejam, são mais racistas e xenófobos que o Paulo Portas e o gajo do pnd." 16 de Julho de 2008 0:54

"Sinceramente não esperava tanta xenofobia de um partido de esquerda como o PCP. Mas eu sei porquê: é que os ciganos não votam e por isso eles que se lixem. Se fossem os bumbos então a conversa da CDU seria outra." 16 de Julho de 2008 0:56


[15-07-2008]

Câmara de Loures instala famílias no Pavilhão Municipal José Gouveia Junta de Freguesia contra decisão indigna.

"A Junta de Freguesia de S. João da Talha foi informada pelo senhor presidente da Câmara Municipal de Loures, ontem, dia 14 de Julho, pelas 21h00, da intenção desta autarquia proceder ao alojamento temporário no Pavilhão Municipal José Gouveia de várias famílias que, na sequência dos recentes incidentes ocorridos na Quinta da Fonte, optaram por abandonar este bairro situado na Apelação.
Esta decisão do senhor presidente da Câmara Municipal de Loures foi tomada após reunião com o Governo Civil e com representantes das largas dezenas de pessoas que se concentraram, no mesmo dia, segunda-feira, frente aos Paços do Concelho.
Embora compreendendo a necessidade imperiosa de encontrar uma solução para o problema - o que passa seguramente pela cooperação e diálogo entre várias entidades, incluindo as que no terreno desenvolvem de forma mais directa um trabalho de proximidade e inclusão com as diferentes comunidades -, a Junta de Freguesia não pode deixar de manifestar a sua total discordância com uma tal decisão.
Isso mesmo foi desde logo afirmado ao senhor presidente da Câmara Municipal de Loures, Carlos Teixeira, a quem foram expostos os vários problemas e inconvenientes originados por esta decisão, que a Junta de Freguesia considera absolutamente inaceitável, nomeadamente pelo carácter precário das condições oferecidas por um equipamento e um local sem condições nem vocação para tal fim, o que comporta uma situação de indignidade quer para as pessoas envolvidas quer para S. João da Talha.
A verdade é que não podem repetir-se os mesmos erros nem a mesma incapacidade reveladas pelo Governo e pela Câmara Municipal de Loures neste lamentável processo, do qual são os únicos responsáveis, já que não souberam agir a tempo e horas no local de modo a prever e a evitar fenómenos como os que infelizmente vieram a acontecer.
Por isso a Junta de Freguesia afirma que devem ser evitados novos factos que acrescentem incompetência à incompetência de que já foram tantas provas dadas.
Não é assim que se pensam, gerem e resolvem os problemas do território e das populações. Para além de sensatez, ponderação, capacidade de decisão, são necessárias medidas acertadas, que sirvam os interesses da comunidade, o que não foi manifestamente até agora o caso.
Lamentando a decisão da Câmara Municipal de Loures, a Junta de Freguesia reitera à população de S. João da Talha o seu compromisso de tudo fazer para que esta situação tenha rapidamente o desfecho digno e correcto que merece."


O Presidente
Paulo Rui Amado

7 comentários:

Anónimo disse...

"a quem foram expostos os vários problemas e inconvenientes originados por esta decisão, que a Junta de Freguesia considera absolutamente inaceitável";

"o que comporta uma situação de indignidade quer para as pessoas envolvidas quer para S. João da Talha";

"Lamentando a decisão da Câmara Municipal de Loures, a Junta de Freguesia reitera à população de S. João da Talha o seu compromisso de tudo fazer para que esta situação tenha rapidamente o desfecho digno e correcto que merece." ou seja para correr com eles rapidamente daqui para fora, por outras palavras.

Se isto não é xenofobia ou racismo, então o que é?

Se calhar a matriz do PCP é que mudou e eu não sei. É que eu habituei-me a vêr o PCP como um defensor das minorias, dos oprimidos, daqueles que lutam por algo melhor para as suas vidas e contra a precaridade das suas condições de vida e isso manifestamente aqui não aconteçe. Seguindo a lógica do PCP deveriam regozigar-se por ter sido encontrada uma solução para uma etnia que estava na rua ao relento, ainda que temporária, para estas familias e não meter as mesmas familias ciganas, aos olhos daqueles que em S. João da Talha elegem os seus eleitos, como os maus da fita. Para agragar a gregos e troianos, o PCP ataca a Câmara com força (a responsabilidade é vossa, pois foram vocês que aceitaram realojar 2500 pessoas naquele bairro naquelas condições), ataca os ciganos de forma levezinha e sai bem aos olhos dos eleitores de São João da Talha. Há muito que isto saiu da esfera social para a esfera politica. Lamenta-se que a CDU de S. J. da Talha se aproveite politicamente desta situação ao contrário dos camaradas do PCP de Loures que, resalvo aqui, têm tido uma postura discreta e impecavel.

O MARQUÊS DA PRAIA E MONFORTE disse...

Caríssimo;

Continua ler no texto algo que mais ninguém lê. A indignidade da solução encontrada afecta os próprios, que dormem no meio de um pavilhão desportivo. Também eu acho que o problema deve ter uma solução o mais rápido possível, e que essa solução passa pelo realojamento das famílias de novo no Bairro da Quinta da Fonte.

Como bem constata "o PCP (é)um defensor das minorias, dos oprimidos, daqueles que lutam por algo melhor para as suas vidas e contra a precaridade das suas condições de vida", mas não é só o PCP. Muitas outras organizações políticas e cívicas se dedicam a esse nobre objectivo. Contudo, ser solidário não é ser palerma.
Os cidadãos em causa devem ver o seu problema resolvido no respeito pelos seus direitos e na exigência das suas obrigações, tudo o que vá além disso é paternalismo bacoco.
Anjos, nem no céu os tenho encontrado.

Cumprimentos

O Marquês

O MARQUÊS DA PRAIA E MONFORTE disse...

Mas já que fala em portura racista e em exploração deste tipo de situações, procure encontrar os comunicados produzidos pelo PS na Apelação em 1997, ano de eleições autárquicas. Cite-os aqui e depois continuamos esta conversa.

Como referi num texto anterior, existem responsáveis pela falência dos modelos de habitação social, pelas políticas de habitação económica (inexistentes aliás), mas esses são outros que não os que aponta.

Cumprimentos

O Marquês

Anónimo disse...

Convém lembrar que o Presidente da Câmara de Loures anunciou isso mesmo, e de forma peremptoria: as familias vão regressar à Apelação, às suas casas. Não haverá casas novas ou usadas noutro local para estas familias. Só que V.Exa. esqueceu-se de referir(omitiu).
V.Exa. apenas referia que "Câmara de Loures vai procurar uma solução temporária para o realojamento das famílias ciganas" e eu fiz questão de lhe dizer que havia mais na noticia transcrita, a saber: "«O erro foi juntar 2.500 pessoas num bairro e despejá-las. Mas também não quero acusar os meus antecessores [da CDU]. Era importante que a Expo 98 se realizasse e foi a opção na altura», afirmou em conferência de imprensa Carlos Teixeira, eleito pelo PS."
Vamos continuando a falar. Estou a gostar da sua postura educada e responsavel.

O MARQUÊS DA PRAIA E MONFORTE disse...

Pelos seus comentários denoto a existência de alguma informação sobre o tema, daí que talvez queira relativizar a frase "(a responsabilidade é vossa, pois foram vocês que aceitaram realojar 2500 pessoas naquele bairro naquelas condições)", porque como saberá, dados os prazos e as pressões, tendo em conta a construção da expo e dos acessos rodoviários (prazos e pressões da administração central, leia-se aqui os governos que prepararam a construção da expo) o realojamento foi feito nas condições que hoje conhecemos. Fazer recair sobre a câmara municipal de então todo o ónus não é honesto. Tal como não seria honesto fazer cair sobre o actual executivo a responsabilidade directa dos acontecimentos da semana passada.
Contudo, isso não obsta que se tente perceber que tipo de investimento tem existido, seja central, seja local

O MARQUÊS DA PRAIA E MONFORTE disse...

Assim como não será descabido perceber as medidas de segurança que têm sido estudades e aplicadas naquele bairro.

Sobre os investimento no exforço de integração, ainda faço a seguinte referência; não sei quanto terá custado já ao Estado este estado de emergência, em operações policiais (centenas de efectivos), em serviços de apoio social central e local e em danos materiais, e arrisco dizer que já terá sido muito mais do que se investe num ano naquele bairro.

Anónimo disse...

Este comentador usa tanta Xenofobia e racismo, e tão anti CDU só pode ser o Filosofo da Treta do Joao Nunes, só um Facho como ele introduzia racismo e xenofobia