2008/07/20

AINDA A QUINTA DA FONTE, MAS NA CASA DOS VIZINHOS



JORNALISMO DE MERDA

Este é um daqueles postes instintivos, que é provocado por uma daquelas conclusões banais, que me parecem ser do mais elementar bom senso e que apenas me intrigam as razões para que não haja mais pessoas que partilhem a mesma opinião. Acabei de ver uma reportagem da SIC com um dos proprietários de uma casa na Quinta da Fonte, daqueles que se mantêm acampados à frente da Câmara de Loures até que lhe dêem outra habitação…

Ele foi o protagonista da reportagem, que estava nitidamente concebida para que nos condoêssemos da sua desdita, quando regressou à sua casa assaltada, enumerando-nos tudo o que ali fora destruído e dali fora roubado: a televisão, o leitor de dvds, as play-stations dos miúdos, a televisão do quarto dos miúdos, as máquinas de lavar, o frigorifico… enfim, não faltou mencionar qualquer apetrecho de uma casa típica de classe média.

Ora sendo as casas da Quinta da Fonte publicitados casos de habitação social, serei eu o único a estar desconfiado ao perguntar-me se, antes do roubo do recheio, não parece ter havido ali um outro roubo, mas esse feito a todos nós, contribuintes, ao terem concedido assim uma habitação social suportada pelos impostos a quem dá mostras de tais sinais exteriores de prosperidade? Que critérios presidiram às concessões daquelas casas? Que género de jornalismo é aquele?Afinal, parece que a qualidade e o estilo das reportagens se repetem, mas felizmente há quem na profissão também ache o mesmo que eu…



TIRAR OU NÃO O CAVALINHO DA CHUVA

acabo de ver um senhor na sic-not a dizer, ‘em representação das famílias ciganas da apelação’, que não voltam para a apelação (quinta da fonte) e que não saem dali enquanto o presidente da câmara não lhes der outras casas. ‘o presidente da câmara que tire o cavalinho da chuva que a gente não volta para lá’.

esta história começa a enervar-me sobremaneira, confesso — é isso e computador onde estou a escrever, mais os acentos que não encontro. e pergunto se não é suposto, por exemplo, certificar que as crianças destas famílias não sofrem demasiado com as consequências das atitudes/crenças dos pais, que encasquetaram esta ideia peregrina de que a malta lhes deve umas casas fresquinhas e por mor disso forçam os filhos a dormir ao relento. já agora, apreciava que os queridos colegas que entrevistam este senhor e os colegas dele se lembrassem de lhe perguntar quanto ganha por mês ‘na venda’ (que ele diz que é a ocupação dele), quanto declarou de irs no ano passado e se não tem familiares onde possa deixar os filhos enquanto faz lobbying junto da câmara. e se não for pedir muito, já agora, perguntar-lhe ainda por que raio acha que tem o direito não só de exigir uma casa como de decidir onde é a casa e que vizinhos tem.

sei bem que pareço o paulo portas a falar, mas asseguro que ao contrário dele não ponho em causa as transferências sociais nem os programas de combate a pobreza. chateia-me é que se abuse deles. e, sobretudo, a chantagem e a utilização de crianças para esses efeitos faz-me urticária.

Via 5 Dias

2 comentários:

Anónimo disse...

ASSIM SIM MARQUÊS, ESTOU 100% DE ACORDO CONSIGO. COISA RARA, MAS EM ALGUNS PONTOS CONVERGIMOS, SEM SOMBRA DE DUVIDA!

Anónimo disse...

Vim ao seu blog encaminhada pela minha cunhada SWT Sulada e gostei!
Acresce dizer atudo do seu post que estas moradores devem em rendas que não pagam à Câmara 45.000€. Onde está a legitimidade de "dar" ( porque assim é dado) a uns a não dar a outros que se calhar precisam ainda mais delas???