2008/02/09

LÁZARO




é tempo de simulares a ressurreição

ergue-te da eternidade dos astros

escava nas veias três dias mortas

o sonho

e no fundo do espelho respira alegria

sobre o rosto escuro como um mingrólio

acende-te

na humidade sonolenta das mãos

finge a vida

mesmo que permaneça morto

bebe

a perene memória das imagens
levanta-te de mim Lázaro

como se fosses água ainda turva

sublima-te com o delicado fulgor da respiração

e não ao contínuo movimento falso

do coração


de «A Noite Progride Puxada à Sirga»: Sete Poemas do Regresso de lázaro, 1985

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