2008/02/22

HÁ-DE FLUTUAR UMA CIDADE


Imagem retirada daqui.


há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida
pensava eu... como seriam felizes as mulheres
à beira mar debruçadas para a luz caiada
remendando o pano das velas espiando o mar
e a longitude do amor embarcado

por vezes
uma gaivota pousava nas águas
outras era o sol que cegava
e um dardo de sangue alastrava pelo linho da noite
os dias lentíssimos... sem ninguém

e nunca me disseram o nome daquele oceano
esperei sentada à porta... dantes escrevia cartas
punha-me a olhar a risca de mar ao fundo da rua
assim envelheci... acreditando que algum homem ao passar
se espantasse com a minha solidão
(anos mais tarde, recordo agora, cresceu-me uma pérola no coração. mas
estou só, muito só, não tenho a quem a deixar.)

um dia houve
que nunca mais avistei cidades crepusculares
e os barcos deixaram de fazer escala à minha porta
inclino-me de novo para o pano deste século
recomeço a bordar ou a dormir
tanto faz
sempre tive dúvidas que alguma vez me visite a felicidade

Al Berto

2 comentários:

A AFILHADA FRANCESA DO MARQUÊS disse...

Esta é uma boa notícia!
O Palácio tem mais um hóspede.
Aproveito para manifestar a minha alegria e por felicitá-lo por ter iniciado com um poema tão belo.

Um abraço

Anónimo disse...

já visito o blogue há algum tempo... e, apesar de não gostar de comentar, hoje não resisti: Al Berto. Não é preciso escrever mais nada.
além do mais, acrescento que este blogue é uma das boas formas de reflectir acerca da politiquices regionais e nacionais. obrigada :)