2008/02/09

6 ANOS ASSIM, É MUITO TEMPO!




Vai-se brincando, brincando, mas já lá vão seis anos de governo municipal de maioria do PS. Seis anos de presidência do Engenheiro Carlos Teixeira. Quem se lembra do Rosto da Mudança, que gozava ainda dos últimos traços de jovialidade? A promessa rapidamente de desvaneceu, tal como a jovialidade.O PS está perfeitamente instalado no poder, direi mesmo, alapado no poder municipal. Rapidamente ganharam peso! Pode não passar de uma alegoria, mas pensando nisso, estão todos bem mais pesados. Mas é mesmo só uma alegoria, porque pior do que o peso corporal é a gordura das ideias.Seria de esperar que os primeiros anos de governo municipal do PS, independentemente das discordâncias face às opções, fosse marcado pela dinâmica. Algo normal. Um ímpeto inicial, uma vontade de mudar, de inovar, de melhorar. Um movimento que fosse politicamente justificado pela vontade, também legítima, de conservar o poder. Nada disso se verificou. Seis anos passados, seria indecoroso dizer que a administração municipal de maioria socialista nada fez. Aliás, tal facto seria mesmo impossível de se verificar. Faz-se sempre qualquer coisa, mesmo que não se queira. É o princípio da inércia. Os serviços já existiam e estavam a trabalhar, muitos projectos estavam iniciados, perspectivados, acordados, protocolados, negociados, aconteceria sempre qualquer coisa. Podemos chamar a isto a herança activa que o PS recebeu, mas que nunca reconhece, preferindo empolar a herança passiva. Claro está que também, mal ou bem teria projectos próprios para por em prática. Claro que nenhum desses projectos seriam os hipódromos, os campos de golfe, uma piscina em cada canto, a legalização de bairros clandestinos por decreto e outras alucinações quejandas de consumo eleitoral. A realidade seria a prova dos nove, e nessa o PS não passou. Foi exímio a destruir tudo o que encontrou e que, sendo bom ou mau, fosse trabalho anterior. Durante seis anos Loures conheceu uma grande obra de demolição. Este grande empreendimento operou-se a todos os níveis de existência desta comunidade. Foi física, funcional e simbólica.

Loures possuía em 2001 um importante património político, habilmente construído durante várias décadas. Que se pode entender por património político? É a capacidade de se fazer ouvir e respeitar. É a existência de um peso concreto nas relações com os restantes níveis de poder, sobretudo com o poder central. É a capacidade de marcar agenda e ser sucedido nas suas reivindicações. Este foi o primeiro dano feito pelo PS em Loures. No plano da política autárquica, Loures perdeu o seu peso político, diluiu-se, é apenas mais um município em 308. O resultado deste dano é bem concreto e mede-se pela quantidade de compromissos que administração central deixou de cumprir e na quantidade de decisões lesivas dos interesses dos munícipes de Loures. Recorde-se o impasse em que se encontra o Hospital de Loures, que já esteve para ser uma coisa, passou a coisa diferente e mais pequena, e actualmente já não se percebe se virá a ser qualquer coisa que seja. Ainda na saúde, o encerramento dos CATUS do Prior Velho e de Santa Iria de Azóia têm o mesmo enquadramento. Mais recentemente, a novela em torno do desactivado Quartel de Adidos em Sacavém é outro exemplo acabado da nula influência política de que goza Loures. O Governo decide alienar o património em causa, instando a Câmara Municipal a exercer um direito de preferência sobre o imóvel. Por unanimidade, os órgãos autárquicos decidem exercer esse direito pelo preço definido pelo estado. No final o Governo dá o dito por não dito, a vende pelo melhor preço.

A responsabilidade é directamente imputável ao Presidente da Câmara, que malbaratou esse património político. Pelo seguidismo ao Governo, pela subalternização dos interesses dos município a que preside, aos interesses partidários do Governo, pela sua fraca preparação política e até cultural, pela falta de trabalho e estudo do que realmente releva.

Mas não é só neste aspecto que o projecto do PS para Loures falhou. Os indicadores disponíveis revelam uma diminuição progressiva da qualidade de vida no município de Loures. Os habitantes de Loures vivem pior do que em 2001. Ainda o recente estudo da Marktest que calcula o Índice de Poder de Compra Regional, coloca o município de Loures em 7º lugar, quando em 2001 ocupava o 3º, logo atrás de Lisboa e Porto. Ao mesmo tempo, a qualidade dos serviços prestados pela Câmara Municipal diminui, aumentando os custos para os munícipes. Na cultura e no desporto, Loures perdeu as características que o tornavam uma referência nacional. Hoje, estas políticas não existem realmente, são somas casuísticas de eventos feitos para o fogacho e não para a consequência e a substância.

O que realmente vai funcionando melhor é o negócio do imobiliário. Constrói-se, constrói-se muito. O futuro chega a Loures em betoneiras. O desgraçado binómio desenvolvimento/cimento instalou-se em Loures e deixará estragos irreversíveis.

Por fim, talvez aquilo que é mais difícil do cidadão mais desatento perceber, o exercício do poder. Em 2001 o PS instalou-se, alojou-se, adonou-se do poder e lambuza-se com ele. É prepotente no seu exercício, desrespeitando oposições e até os cidadãos, encarando estes últimos como perigosos subversivos. O poder municipal, tornou-se na sua coutada, sua, dos seus familiares, amigos e compinchas. O poder tornou-se uma enorme gamela onde cada um recolhe a sua parte dos privilégios. Multiplicaram-se as avenças, as assessorias, as secretárias, os adjuntos, os carros, as mordomias, o penacho e a peneira multiplicaram-se. A feira de vaidades é de tal ordem burlesca que o espectador mais atento não pode deixar de sorrir vendo o contraste do brilho de uma gravata de cetim estilo seda, contrastando com a incapacidade de estabelecer as mais simples concordâncias discursivas. O triunfo da douta-ignorância, da mediocridade, e, também em grande quantidade, da pura maldade.A avaliação política não se pode nunca resumir a um nada fizeram! Deve ser mais rigorosa, deve ser mais objectiva. Deve ser política, no lato senso. E aí a conclusão é que o projecto político do PS em Loures se esgotou no objectivo de alcançar o poder no Município. Em 2001, o Partido Socialista logrou alcançar o que de mais fácil existe em democracia, alcançar o poder, e de lá para cá vive obstinado com a manutenção desse poder. Essa obstinação é tão intensa, que se tornou destrutiva.

1 comentário:

Anónimo disse...

Em 2001 deram a Câmara de bandeja ao PS, agora porque se queixam? deixaram que eles se instalassem confortalvelmente desde 1999, pensando que o povo não vê nada e que eram favas contadas. Azar.