2007/06/22

PAGAR E MORRER, QUANTO MAIS TARDE MELHOR!



Câmara de Loures deve 71 mil euros a empresa de manutenção de espaços verdes

Vereador do Ambiente afirma que já deu ordem de pagamento há 15 dias, mas acusa a firma credora de ter prestado um mau serviço à cidade

A Câmara de Loures está há cinco meses em falta com o pagamento de 71 mil euros a uma empresa de manutenção de espaços verdes. O montante coloca a firma "em situação de falência" e salários de 15 trabalhadores "em risco", assim protestaram ontem cerca de 10 funcionários diante das instalações da autarquia.
Segundo Jorge Soares, director financeiro da empresa, com sede em Castelo Branco e cuja designação não quis divulgar por poder ser "prejudicial" a futuros trabalhos com outras autarquias, a Câmara de Loures deve mais de 71 mil euros à firma referentes à limpeza de mato no concelho. "A câmara insiste em não pagar. Há uma factura de mais de 71 mil euros de Novembro que deveria ter sido paga em Janeiro", explica Jorge Soares, afirmando que a câmara "dá como desculpa" um problema de "processamento da factura na transição de um ano para o outro". Adelino Martins, 47 anos, um dos funcionários em protesto, afirma que não recebe o seu salário há "quatro, cinco meses", mas "compreende que "o patrão não possa pagar se a câmara também não lhe paga". O vereador do ambiente da Câmara de Loures, João Galhardas (PSD), afirma que já deu ordem de pagamento, há cerca de 15 dias, de um montante de cerca de 68 mil euros. Questionado sobre o facto da empresa reclamar 71 mil euros, João Galhardas afirma que a diferença refere-se a juros reclamados pela empresa. O autarca acusa a empresa de Castelo Branco de ter feito uma "mau serviço", que "não foi todo feito" nem concluído no prazo estipulado. Em causa estava a limpeza de 104 hectares, dos quais apenas 68 hectares foram limpos. Por outro lado, afirma, houve um muro que "foi danificado durante os trabalhos" e "só foi reparado há uma semana".Contudo, segundo Jorge Soares, foi feito um "acordo por escrito", em Outubro, com a autarquia em que a diminuição da área a limpar ficou combinada entre as partes devido a uma alteração legislativa. Esta definiu que certas áreas de mato deixaram de ser competência da câmara, mas sim dos proprietários. Por outro lado, acrescenta, a dificuldade dos trabalhos fez prolongar a obra. No entanto, afirma, também este prolongamento ficou definido no acordo realizado em Outubro. "O que ficou acordado foi tudo feito", acrescenta. Quanto ao muro, Jorge Soares afirma que "os danos foram assumidos" pela empresa e "não é nada que implique a câmara, pois o proprietário é um privado", tendo sido reparado, ao contrário do que afirma o vereador, "no mês passado". O director financeiro afirma que estão em risco os salários de 15 dos 25 trabalhadores da empresa. Os protestantes prometem ir diariamente à porta da câmara até que a dívida seja saldada. 104hectares de limpeza de mato era o objecto do contrato entre a CM Loures e a empresa prestadora de serviços, reclamando a autarquia que a limpeza foi realizada apenas em 68 daqueles hectares.
22.06.2007, Alexandra Reis, in Público

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