O projecto LouresTV, que dá os seus primeiros passos, é uma ideia interessante e creio que tem futuro. Utiliza as potencialidades da Internet para criar, na sua própria definição, “Uma televisão de âmbito regional que funciona (num conceito inicial) em suporte on-line.”, cuja área de intervenção comunicacional “visa principalmente, e em primeiro lugar, o concelho de Loures, estendendo-se depois à região da Grande Lisboa e num aspecto mais amplo à actualidade em geral.” Esta televisão assume a “Informação e Entretenimento “ como os suportes funcionais da sua actividade.”
Os conteúdos são ainda bastantes insípidos, mas tal é perfeitamente normal, porque os meios não devem ser os melhores e, seguramente, haverá muito de boa vontade no projecto, que permitirá ultrapassar algumas dessas limitações.
Mas faço aqui uma referência particular a uma rubrica permanente do canal, RSF, com Armando Militão. Ao jeito dos canais nacionais, logo a LouresTV também instituiu o seu espaço de comentário político, mas tal como nos canais nacionais, optou por um formato e um conteúdo bastante criticável. Ao criar uma espécie de Escolhas de Militão, coloca como comentador da política local um dos intervenientes mais activo desse mesmo meio político. Poderia ter optado por um formato de debate entre as várias sensibilidades representadas na Assembleia Municipal, que neste espaço debatessem os temas mais relevantes para a política local no momento. Sai ferida deste formato, escolhido pela LouresTV, a pluralidade de opinião que este jovem órgão de comunicação social devia desde já começar a assegurar. Por outro lado, a escolha do comentador acentua este desvio ao dever de isenção e pluralidade. O Armando Militão, não só é um destacado militante do PSD de Loures, como é um dos intervenientes políticos mais proeminentes deste município, sendo eleito na Assembleia Municipal de Loures.
No programa de 21 de Junho, um dos temas tratados, foi a expectativa em torno da primeira Assembleia Municipal depois de o PSD ter firmado um acordo de gestão com a maioria socialista. Nesse momento, o comentador disse que aguardava com interesse qual seria a reacção dos dois grupos políticos, PS e PSD, pois nos dois existiam divergências internas em relação ao acordo de gestão assumido pelas direcções distritais de ambos os partidos. Pois bem, nessa Assembleia Municipal de 26 de Junho, foi o eleito do PSD, Armando Militão, a fazer as despesas da defesa do acordo e, na questão em concreto da revisão orçamental apresentada pela Câmara Municipal de Loures, um dos mais acérrimos defensores das opções propostas pela maioria do PS.
Como a abordagem do tema, foi feita no comentário, apenas por um dos intervenientes interessados no processo e que, seguramente teve opinião de peso no desfecho do mesmo, saiu parcial o comentário, se é que o comentário político, por natureza, pode alguma vez ser imparcial. Neste caso ficaram por esclarecer, o porquê do desacordo no seio de ambos os partidos, mas a tal esclarecimento também não forçou o jornalista. Ficou por saber, o que afinal contém, em termos políticos, o acordo celebrado, mas tal também não questionou o jornalista.
Seria interessante que o tema voltasse a constar no alinhamento das próximas Escolhas de Militão, porque poderia dar lugar a um exercício esquizofrénico em que o mesmo falasse de si próprio na terceira pessoa, a la jogador da bola.
Aliás, o comentador Armando Militão, malgrado o esforço que faz, é-lhe impossível ser isento. Ouça-se o seu comentário sobre a localização do futuro Aeroporto Internacional de Lisboa e leia-se a sua intervenção sobre o tema na Assembleia de 26 de Junho. Foi a mesma intervenção, o mesmo conteúdo e visou os mesmos objectivos.
Nada a criticar em relação à sua postura. Ofereceram-lhe um palco para difundir as suas opiniões e ele aproveitou-o. Qualquer um faria isso, especialmente se tivesse interesse político em faze-lo, por participar activa e directamente na contenda política local.
O cuidado de assegurar a pluralidade cabe à LouresTV. Apesar disto não deixe de passar por lá.
Os conteúdos são ainda bastantes insípidos, mas tal é perfeitamente normal, porque os meios não devem ser os melhores e, seguramente, haverá muito de boa vontade no projecto, que permitirá ultrapassar algumas dessas limitações.
Mas faço aqui uma referência particular a uma rubrica permanente do canal, RSF, com Armando Militão. Ao jeito dos canais nacionais, logo a LouresTV também instituiu o seu espaço de comentário político, mas tal como nos canais nacionais, optou por um formato e um conteúdo bastante criticável. Ao criar uma espécie de Escolhas de Militão, coloca como comentador da política local um dos intervenientes mais activo desse mesmo meio político. Poderia ter optado por um formato de debate entre as várias sensibilidades representadas na Assembleia Municipal, que neste espaço debatessem os temas mais relevantes para a política local no momento. Sai ferida deste formato, escolhido pela LouresTV, a pluralidade de opinião que este jovem órgão de comunicação social devia desde já começar a assegurar. Por outro lado, a escolha do comentador acentua este desvio ao dever de isenção e pluralidade. O Armando Militão, não só é um destacado militante do PSD de Loures, como é um dos intervenientes políticos mais proeminentes deste município, sendo eleito na Assembleia Municipal de Loures.
No programa de 21 de Junho, um dos temas tratados, foi a expectativa em torno da primeira Assembleia Municipal depois de o PSD ter firmado um acordo de gestão com a maioria socialista. Nesse momento, o comentador disse que aguardava com interesse qual seria a reacção dos dois grupos políticos, PS e PSD, pois nos dois existiam divergências internas em relação ao acordo de gestão assumido pelas direcções distritais de ambos os partidos. Pois bem, nessa Assembleia Municipal de 26 de Junho, foi o eleito do PSD, Armando Militão, a fazer as despesas da defesa do acordo e, na questão em concreto da revisão orçamental apresentada pela Câmara Municipal de Loures, um dos mais acérrimos defensores das opções propostas pela maioria do PS.
Como a abordagem do tema, foi feita no comentário, apenas por um dos intervenientes interessados no processo e que, seguramente teve opinião de peso no desfecho do mesmo, saiu parcial o comentário, se é que o comentário político, por natureza, pode alguma vez ser imparcial. Neste caso ficaram por esclarecer, o porquê do desacordo no seio de ambos os partidos, mas a tal esclarecimento também não forçou o jornalista. Ficou por saber, o que afinal contém, em termos políticos, o acordo celebrado, mas tal também não questionou o jornalista.
Seria interessante que o tema voltasse a constar no alinhamento das próximas Escolhas de Militão, porque poderia dar lugar a um exercício esquizofrénico em que o mesmo falasse de si próprio na terceira pessoa, a la jogador da bola.
Aliás, o comentador Armando Militão, malgrado o esforço que faz, é-lhe impossível ser isento. Ouça-se o seu comentário sobre a localização do futuro Aeroporto Internacional de Lisboa e leia-se a sua intervenção sobre o tema na Assembleia de 26 de Junho. Foi a mesma intervenção, o mesmo conteúdo e visou os mesmos objectivos.
Nada a criticar em relação à sua postura. Ofereceram-lhe um palco para difundir as suas opiniões e ele aproveitou-o. Qualquer um faria isso, especialmente se tivesse interesse político em faze-lo, por participar activa e directamente na contenda política local.
O cuidado de assegurar a pluralidade cabe à LouresTV. Apesar disto não deixe de passar por lá.
3 comentários:
Os maus hábitos ganham-se depressa. Mas ainda não percebi se a loures tv tem uma programação contínua. Só consigo ver pequenas coisas, mas sem grande interesse. Não consegui ver no site uma grelha com a programação.
Desta vez permita-me discordar, Marquês, porque penso que um espaço de opinião/comentário deve forçosamente ter o formato proposto pelo canal. O espaço de debate ou entrevista têm enquadramentos diferentes. Penso também que o pluralismo nunca estará em causa por determinados "opinadores" usufruirem do seu espaço em antena.
Neste caso em concreto, não sei se o Canal preve um espaço de debate regular entre as várias sensibilidades políticas do concelho? Não o encontrei no sítio do canal.
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