2007/07/27

MEDALHA DO PAPELÃO




Foram ontem atribuídas as Condecorações Municipais do Município de Loures. Instituídas há já algum tempo, elas visam, como todas as condecorações e medalhas, distinguir méritos, dedicações e exemplos de cidadãos ou instituições, marcando com reconhecimento os seus trajectos e feitos. As Condecorações Municipais do Município de Loures não são excepção e, salvo uma ou outra circunstância, têm cumprido o seu papel.
Também desta vez muitas foram as personalidades e instituições que justamente foram reconhecidas, nos mais variados domínios, do desporto à cultura, do exemplo cívico ao exemplo económico e social. A todos os meus parabéns.
Este ano a cerimónia solene decorreu em Bucelas, mais exactamente, nas instalações do ANIM, na localidade da Chamboeira. Não é bem onde Judas perdeu as botas, porque ainda é preciso para no café para perguntar, andar mais 200 metros e depois, na curva que faz para a esquerda, entrar no portão à direita. Fácil e sem nenhuma informação da Câmara. Uma localização assim afasta por completo a possibilidade de participarem de outros que não a corte habitual de assessores, dirigentes municipais e adstritos, condecorados e família chegada, e um ou outro convidado institucional. Coisa feita por conhecidos para conhecidos. Se em todos os anos a participação na cerimónia não a torna propriamente uma iniciativa de massas, este ano a localização não ajudou muito. O Senhor Presidente da Câmara, que é um optimista, não sei se por ouvir os comentários de quem ia chegando, lá justificou o distante local, dizendo que era uma forma de se ver a “grandeza (terá querido aludir à dimensão geográfica, mas como sempre estampa-se nos sentidos) do concelho”.
Só agora cheguei ao ponto de onde queria partir, o discurso do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Loures. Foi, como sempre, o melhor momento da cerimónia. Pejado de banalidades, sem coerência, com a mais que batida referência à sua passagem pelos Pupilos do Exército, referência feita pela ducentésima septuagésima nona vez em discursos, ( já agora ficava-lhe bem estudar os ordinais para que os pudesse utilizar no próximo aniversário do concelho), muito emocionado, com uns apartes intimistas, o que dá sempre jeito para se mostrar que se está próximo do povo, e mais umas referências a tudo e mais alguma coisa, de como somos optimistas, vamos sempre a jogo, a nós ninguém nos mete medo, e querer é poder (esta última é o lema dos Pupilos do Exército). Saiu-lhe tão bem a oratória, que houve quem em surdina dissesse, afinal não é preciso ser bom para ser Presidente de Câmara! Tem razão essa alma. É mesmo assim. Estrito senso, no discurso, mais não fez do que cavalgar no mérito daqueles que de facto o têm e justamente lá estavam porque lhes fora dito que lho queriam reconhecer. Maior falta de educação e respeito não conheço. Portanto, ficou por atribuir uma medalha do papelão.

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