2008/03/21

É URGENTE A POESIA




Desde ontem que tem vindo a abrir todos os noticiários, o vídeo de uma cena escabrosa de uma aula de Francês.
Muitos entendidos têm manifestado o seu repúdio e dado as mais diversas opiniões. Da pontualidade do caso, da perturbação da aluna, da culpa dos telemóveis…
E dentro de muito poucos dias ninguém mais falará do caso.
E as escolas continuarão num crescente de indisciplina, de desrespeito, de vazio de aprendizagem.
Porque as tão faladas reformas não reformam as estruturas da nossa educação. Vão tentando colocar uma camada de tinta sobre os grafitis da indignação.



As escolas, os professores, todos nós, precisamos de reformar as escolas. Torná-las locais dimensionados, onde se possam estabelecer relações de afecto, de co-responsabilidade, de aprendizagem, de criatividade, de inovação, de prática de cidadania. De cultura.



Escolas pequenas, com professores em número suficiente, com técnicos da área da psicologia. Turmas pequenas ou grandes, trabalhando em pequenos ou grande grupo, mas com apoios de professores adaptados às necessidades dos que a compõem. Regras bem definidas. Entendimento comum de que as crianças e jovens estão na escola para estudar, para aprender. E que quem está preparado para orientar esse processo são os professores. Não são os pais. Os pais educam e apoiam as aprendizagens em casa. E deverão contribuir, com a sua participação nas estruturas próprias, na definição das linhas orientadoras do projecto daquela escola. E chega. O resto é para os técnicos.

Os sinais de que nas escolas é cada vez mais difícil estudar, ensinar e aprender, têm surgido recorrentemente.
Muitos professores se queixam de que perdem grande parte das suas aulas a tentar controlar as turmas. Passar um intervalo numa qualquer escola dos 2º e 3º ciclo poderá ser uma surpresa para muitos, um abanar de princípios que julgávamos inabaláveis. A vontade de dar uns valentes pares de estalos aos meninos malcriados que por ali passeiam a oportunidade de serem aceites pelos líderes do pátio, que revelam já uma potencial marginalidade futura, faz-nos crer que é urgente, urgentíssimo tratar deste assunto.
O ataque à Escola Pública é aqui que tem o seu campo minado.

Porque eu acho possível, necessário, que nas escolas se leia poesia.

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