Fotografias inéditas sobre a emigração portuguesa em França nos anos 50 e 60.
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"O «salto». Parte-se em silêncio, às escondidas.
Parte-se usando todos os meios de locomoção imagináveis, mas sobretudo a pé.
As fotografias de Gérald Bloncourt que aqui mostramos retratam um período difícil da história portuguesa: a emigração de quase um milhão de pessoas, oficial ou clandestina, em direcção a França.
Ele próprio exilado, após ter sido expulso do Haiti onde vivia com seus pais, Gérald Bloncourt (nascido em 1926) permaneceu sempre sensível ao sofrimento do estrangeiro num país que não é o seu. Colaborando na La Vie ouvrière e no L’Humanité, trabalhou com e sobre a comunidade portuguesa, estabelecendo relações com os operários, que permitiram que partilhasse da sua vida quotidiana. As suas fotografias constituem um testemunho insubstituível da realidade destes anos 1950 e 60 para todas estas famílias despedaçadas que a França não soube acolher.A imprensa francesa, por diversas vezes, demonstrou-se aliás indignada com as condições de vida e de trabalho de todos estes estrangeiros, amontoados na periferia das grandes cidades. Nos quiosques, marcavam presença nos títulos das primeiras páginas dos jornais diários, bem como em artigos de fundo no Le Monde, Le Figaro, France-Soir, entre outros. Criavam-se associações que se mobilizavam em seu auxílio, como a do abbé Pierre: liam-se as mensagens da Association de soutien aux travailleurs immigrés (Associação de Apoio aos Trabalhadores Imigrantes), assumindo a defesa de Albano, um operário português que havia morrido num acidente, a fim de ajudar a família e de denunciar os abusos de que tinha sido vítima.
Também os escritores, com a sua cólera e as suas palavras, descreveram o desespero destes trabalhadores. Em Portugal, a maioria dos livros que abordavam o assunto eram proibidos logo que viam a luz do dia. Foi o caso de Waldemar Monteiro (As Histórias Dramáticas da Emigração, 1969) ou Nuno Rocha (França, a Emigração Dolorosa, 1965) embora, curiosamente, o romance de Nita Clímaco (A salto, 1967) tenha sido difundido com sucesso.
Um curto documentário de José Vieira, ele próprio emigrante em França, Les Années de boue (Os Anos da Lama) realizado para a exposição, bem como o seu filme La Photo déchirée (A Fotografia Rasgada) (2002, 52’, produção La Huit) vêm completar o intuito agridoce de Gérald Bloncourt, fotógrafo humanista e militante."
Parte-se usando todos os meios de locomoção imagináveis, mas sobretudo a pé.
As fotografias de Gérald Bloncourt que aqui mostramos retratam um período difícil da história portuguesa: a emigração de quase um milhão de pessoas, oficial ou clandestina, em direcção a França.
Ele próprio exilado, após ter sido expulso do Haiti onde vivia com seus pais, Gérald Bloncourt (nascido em 1926) permaneceu sempre sensível ao sofrimento do estrangeiro num país que não é o seu. Colaborando na La Vie ouvrière e no L’Humanité, trabalhou com e sobre a comunidade portuguesa, estabelecendo relações com os operários, que permitiram que partilhasse da sua vida quotidiana. As suas fotografias constituem um testemunho insubstituível da realidade destes anos 1950 e 60 para todas estas famílias despedaçadas que a França não soube acolher.A imprensa francesa, por diversas vezes, demonstrou-se aliás indignada com as condições de vida e de trabalho de todos estes estrangeiros, amontoados na periferia das grandes cidades. Nos quiosques, marcavam presença nos títulos das primeiras páginas dos jornais diários, bem como em artigos de fundo no Le Monde, Le Figaro, France-Soir, entre outros. Criavam-se associações que se mobilizavam em seu auxílio, como a do abbé Pierre: liam-se as mensagens da Association de soutien aux travailleurs immigrés (Associação de Apoio aos Trabalhadores Imigrantes), assumindo a defesa de Albano, um operário português que havia morrido num acidente, a fim de ajudar a família e de denunciar os abusos de que tinha sido vítima.
Também os escritores, com a sua cólera e as suas palavras, descreveram o desespero destes trabalhadores. Em Portugal, a maioria dos livros que abordavam o assunto eram proibidos logo que viam a luz do dia. Foi o caso de Waldemar Monteiro (As Histórias Dramáticas da Emigração, 1969) ou Nuno Rocha (França, a Emigração Dolorosa, 1965) embora, curiosamente, o romance de Nita Clímaco (A salto, 1967) tenha sido difundido com sucesso.
Um curto documentário de José Vieira, ele próprio emigrante em França, Les Années de boue (Os Anos da Lama) realizado para a exposição, bem como o seu filme La Photo déchirée (A Fotografia Rasgada) (2002, 52’, produção La Huit) vêm completar o intuito agridoce de Gérald Bloncourt, fotógrafo humanista e militante."
Texto Da Fotografia
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