2007/10/22

A EUROPA NA BANCA DO PEIXE





Alzira -Temos tratado.
Cidália -A “Europa” esteve em Lisboa para se consertar. Viaturas, líderes, fatos pretos e azuis às riscas, passadeiras, televisões, directos, satélites, batedores, jantares, almoços, bilaterais, multilaterais, unilaterais, fotografias, famílias políticas, parentes próximos, sorrisos amarelos, gargalhadas, terras desconhecidas, aritméticas estranhas, e tanta, tanta coisa, que os aldeões boquiabriram.
Alzira - Estivemos bem.
Cidália -Estivemos à altura. Colocámos na mesa o melhor serviço, aquelas porcelanas da avó, e foi tudo do bom e do melhor.
Alzira -E a Europa?
Cidália -Disso saberão eles. Eles é que sabem. Estão lá devem saber o que estão a fazer. Nós disso não percebemos nada. São coisas complicadas, negociadas, ponderadas, salvaguardadas e segredadas, para nosso bem. Eles lá sabem.
Alzira -Eles sabem tudo...
Cidália -Até sabem que nos podemos enganar, não por mal, mas por ignorância. Nada melhor que zelarem para que não nos possamos enganar. Nada melhor do que nos evitarem a angústia da escolha e da decisão.
Alzira -Até porque para decidir eles é que são pagos.
Cidália -Se trocam peixe por gás natural, auto-estradas por couves-de-bruxelas, sapatos por queijo francês e telemóveis por sol e porque isso é mesmo necessário.
Alzira -Combinaram tudo bem combinadinho...
Cidália -Até combinaram que nem nos iriam aborrecer com escolhas que não sabemos fazer.
Alzira -Temos tanta sorte!
Cidália – Ora, o peixinho são 15,30€.
Alzira – Anote aí. O meu homem ainda não recebeu este mês e com o garoto de volta à escola isto tem sido uma ginástica.

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