2007/08/11

AS COISAS QUE SE APRENDEM NUMA TARDE QUENTE DE AGOSTO!


Imagem de Nuno Vieira, publicada na Revista Plenitude em Dezembro de 2005



A expressão “Elefante Branco” é frequentemente utilizada por todos nós, sempre que nos queremos referir a uma obra ou realização que, na sua relação custo/benefício é altamente desvantajosa. Confesso a minha ignorância, por desconhecer a origem de tal expressão e pelo facto de nunca me ter despertado a curiosidade de a conhecer.
Quando no século XVI os portugueses chegaram ao Reino do Sião, descobriram e relataram novos e diferentes costumes vigentes entre essas culturas remotas. O Rei, quando estava insatisfeito com um dos seus súbditos oferecia-lhe um elefante branco. Estes animais eram bastante raros e difíceis de encontrar, o que tornava a oferta rara irrecusável. Porém, devido à sua raridade, os elefantes brancos situavam-se no patamar do sagrado, não podendo ser utilizados para o trabalho, nem para a guerra. Apesar disso, um elefante branco, como qualquer outro, carece de cuidados e de ser alimentado, sendo uma oferta real, o zelo era redobrado tal como a despesa.
Esta oferta torna-se bastante penosa e onerosa, podendo levar o presenteado à ruína. Algo que o rei fazia por garantir, visitando amiúde o presenteado para se assegurar que o animal recebia os cuidados que lhe eram devidos.
A expressão popularizou-se no ocidente a partir do século XVIII com a comédia francesa “L’Elephant du Roi du Siam”, de Ferdinand Lalou, que acabou por ser transformada em opereta por Albert Henry Monnier e De Groot.


Essas ofertas são agora diferentes, se então o cortesão que era presenteado tinha imediatamente a noção do que o esperava, hoje quem as recebe chega a agradece-las. Em Sacavém, a Câmara Municipal de Loures está a construir um parque de estacionamento subterrâneo junto à Av. Estado da Índia. Este equipamento terá quatro pisos, assim como custos de manutenção inerente à sua natureza; segurança, limpeza e funcionamento. Está inserido numa zona habitacional, onde a necessidade de estacionamento é sentida quase exclusivamente por moradores, não existindo no perímetro serviços públicos ou privados que provoquem uma procura de estacionamento por pequenos períodos. Neste caso, os custos poderiam estar perfeitamente reflectidos nas tarifas-horárias a cobrar, na medida em que os curtos períodos de utilização as tornariam aceitáveis. Porém, assim não é. Os únicos que poderão utilizar este novo parque são os moradores, e esses, dificilmente, aceitarão pagar tarifas que reflictam os custos integrais do parque de estacionamento. Perante este problema, a Câmara Municipal acabará por aplicar uma solução onde parte de custo será subsidiado directamente ou pelo orçamento municipal ou pelas Loures Parque EM. O resultado será o mesmo. Esta obra, mal planeada no que concerne à sua viabilidade e necessidade será um peso que desviará recursos de outras áreas da acção municipal. Os munícipes podem não sentir, mas os recursos do seu município estarão a sustentar um belo animal ocioso.

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