Foi recentemente inaugurada na Galeria de Pintura D. Luís I, no Palácio Nacional da Ajuda, a exposição “José Saramago A consistência dos sonhos”, com a presença do escritor.
Ao contrário do que muitos supõem, não se trata de uma justa homenagem do Estado ao único Prémio Nobel de Literatura português. Alguém que tem dado um fantástico contributo para a divulgação da nossa língua, literatura e cultura.
A concepção e montagem desta exposição foram integralmente suportadas pelo Estado espanhol e pela privada Fundación César Manrique sedeada nas Canárias.
Os mais atentos recordam-se certamente que aquando da inauguração deste mesmo evento em Lanzarote onde o escritor reside, o Governo português primou pela ausência. A então ministra da cultura Isabel Pires de Lima alegou para o efeito motivos de agenda, que até hoje permanecem obscuros…
O escritor ainda que, mais uma vez, despeitado pelo poder político português empenhou-se na vinda da exposição a Lisboa que “considera a sua cidade e a quem quis oferecer esta prenda”.
No dia da inauguração acotovelavam-se à entrada personalidades de todo tipo, até do tipo que nunca leu um livro de Saramago. Todos querem ficar bem na fotografia…
Eis que chega o primeiro-ministro que atravessa com dificuldade a pequena multidão acompanhado por nada mais, nada menos, do que 5 ministros…
O Governo espanhol, em contraste com o seu homólogo português aquando da inauguração em Lanzarote, fez-se representar pelo respectivo ministro da Cultura que foi portador de uma carta pessoal do primeiro-ministro Zapatero para José Saramago.
Chegado o momento dos discursos surgem os esperados, rasgados e circunstanciais elogios ao escritor, à sua obra, aos serviços prestados à Pátria e à língua portuguesa.
Sócrates tomado por um súbito e anteriormente insuspeitado entusiasmo chega mesmo a afirmar com ardor e convicção que “queremos que saiba que em Portugal gostamos muito de si José Saramago”.
O escritor, no seu mais que telegráfico, elucidativo e irónico discurso agradeceu a presença de todos com um “obrigado, ou melhor e mais à portuguesa, obrigadinho”…
Para bom entendedor uma palavra basta.
Aproveite a oportunidade e visite esta fantástica exposição de permite conhecer as múltiplas facetas da vida obra do mais prestigiado escritor português da actualidade.
A exposição conta com uma forte componente multimédia, recorrendo ao uso de suportes digitais e audiovisuais, e exibe um conjunto de documentos inéditos do espólio de Saramago.
Todos os dias, excepto à quarta-feira, das 10h às 19h. até 27 de Julho
Consulte informações sobre marcações de visitas guiadas.
Leia sinopse da exposição AQUI.
Ao contrário do que muitos supõem, não se trata de uma justa homenagem do Estado ao único Prémio Nobel de Literatura português. Alguém que tem dado um fantástico contributo para a divulgação da nossa língua, literatura e cultura.
A concepção e montagem desta exposição foram integralmente suportadas pelo Estado espanhol e pela privada Fundación César Manrique sedeada nas Canárias.
Os mais atentos recordam-se certamente que aquando da inauguração deste mesmo evento em Lanzarote onde o escritor reside, o Governo português primou pela ausência. A então ministra da cultura Isabel Pires de Lima alegou para o efeito motivos de agenda, que até hoje permanecem obscuros…
O escritor ainda que, mais uma vez, despeitado pelo poder político português empenhou-se na vinda da exposição a Lisboa que “considera a sua cidade e a quem quis oferecer esta prenda”.
No dia da inauguração acotovelavam-se à entrada personalidades de todo tipo, até do tipo que nunca leu um livro de Saramago. Todos querem ficar bem na fotografia…
Eis que chega o primeiro-ministro que atravessa com dificuldade a pequena multidão acompanhado por nada mais, nada menos, do que 5 ministros…
O Governo espanhol, em contraste com o seu homólogo português aquando da inauguração em Lanzarote, fez-se representar pelo respectivo ministro da Cultura que foi portador de uma carta pessoal do primeiro-ministro Zapatero para José Saramago.
Chegado o momento dos discursos surgem os esperados, rasgados e circunstanciais elogios ao escritor, à sua obra, aos serviços prestados à Pátria e à língua portuguesa.
Sócrates tomado por um súbito e anteriormente insuspeitado entusiasmo chega mesmo a afirmar com ardor e convicção que “queremos que saiba que em Portugal gostamos muito de si José Saramago”.
O escritor, no seu mais que telegráfico, elucidativo e irónico discurso agradeceu a presença de todos com um “obrigado, ou melhor e mais à portuguesa, obrigadinho”…
Para bom entendedor uma palavra basta.
Aproveite a oportunidade e visite esta fantástica exposição de permite conhecer as múltiplas facetas da vida obra do mais prestigiado escritor português da actualidade.
A exposição conta com uma forte componente multimédia, recorrendo ao uso de suportes digitais e audiovisuais, e exibe um conjunto de documentos inéditos do espólio de Saramago.
Todos os dias, excepto à quarta-feira, das 10h às 19h. até 27 de Julho
Consulte informações sobre marcações de visitas guiadas.
Leia sinopse da exposição AQUI.
6 comentários:
Caríssimo Marquês.
Apontou algumas desconsiderações a este inquestionável Homem da cultura portuguesa.
Gostaria de recordar a enorme birra do Senhor de Mafra, desculpem, corrijo, da precaução do Senhor Engenheiro Presidente da Câmara de Mafra, Ministro de seu nome, a propósito do "Memorial do Convento".
Uma grande afronta a todos nós e especialmente à cultura deste país.
Ponham-nos a ferros!, devia gritar o Comandante, que não temos. Navegamos à vista timonados por um cego, que quer impedir que outros vejam, figurativa e literalmente.
Caríssimo
Agradeço o seu comentário, mas os créditos deste texto são do meu Secretário.
Cumprimentos
O Marquês
Há uma coisa que eu não entendo...
Se o estado não está representado, criticam negativamente, se está, criticam negativamente...
Mas é sempre o "bota abaixo"?
a questão não é a presença, senão a forma como se é representado. Como é dito no texto, aquando da inauguração em Lanzarote, o estado português não apareceu. Por outro lado, na Ajuda, fez-se representar pelo PM e por mais 5 ministros. Para quê? Para mostrar aos espanhóis que o governo português ama Saramago e que por mais iniciativas que eles façam, o Nobel será sempre português. Na nossa casa mandamos nós! Ou seja, em Portugal o governo dá uma imagem de união e interesse, lá fora não aparece porque isso não seria tão falado. E há ainda outra razão: Saramago está debilitado e o governo prefere homenagear agora para ser reconhecido quanto antes, não podendo esperar pela morte do escritor para não ser uma homenagem à português, morre-se e o governo diz que o morto era o maior em vida.
não querendo transformar o blog numa secção de perguntas e resposta frequentes, tentando tão só encaminhar o "hugo":
1. Leia com atenção.
2. Interprete o que lê.
3. Evite usar as palavras "sempre" e "nunca".
4.Não fale em nome de quem não tem procuração.
Se seguir estes passos verá que se sente melhor.
"Morrer.
Morrer de corpo e alma.
Completamente.
Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão- felizes- num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.
Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?
Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança duma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento.
Em nenhuma epiderme.
Morre tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?"
Morrer mais completamente ainda,
Sem deixar sequer esse nome"
(ManuelBandeira)
não tenho nada contra o nosso Nobel, acho que não foi favor nenhum que lhe fizeram dar-lhe o prémio. o que me incomoda são os exercícios de vaidade. os cadernos de lanzarote, esta exposição... tudo isto pode ser muito importante para a cultura, para a sociologia, mas nada disto é literatura.
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