Janela sobre um homem de êxito
Não pode olhar a lua sem calcular a distância
Não pode olhar uma árvore sem calcular a lenha
Não pode olhar um quadro sem calcular o preço
Não pode olhar um menu sem calcular as calorias
Não pode olhar um homem sem calcular a vantagem
Não pode olhar uma mulher sem calcular o risco.
Janela sobre o medo
A fome toma de pequeno-almoço, o medo. O medo ao silêncio adormece as ruas. O medo ameaça:
Se tu amas, terás sida
Se fumas, terás cancro
Se respiras, terás contaminação
Se bebes, terás acidentes
Se comes, terás colesterol
Se falas, terás o desemprego
Se caminhas, terás violência
Se pensas, terás angústia
Se dúvidas, terás loucura
Se sentes, terás solidão
Não pode olhar a lua sem calcular a distância
Não pode olhar uma árvore sem calcular a lenha
Não pode olhar um quadro sem calcular o preço
Não pode olhar um menu sem calcular as calorias
Não pode olhar um homem sem calcular a vantagem
Não pode olhar uma mulher sem calcular o risco.
Janela sobre o medo
A fome toma de pequeno-almoço, o medo. O medo ao silêncio adormece as ruas. O medo ameaça:
Se tu amas, terás sida
Se fumas, terás cancro
Se respiras, terás contaminação
Se bebes, terás acidentes
Se comes, terás colesterol
Se falas, terás o desemprego
Se caminhas, terás violência
Se pensas, terás angústia
Se dúvidas, terás loucura
Se sentes, terás solidão
Janela sobre as paredes
Escrito num muro de Montevideo: nada em vão, tudo em vinho
Em Buenos Aires: tenho ome. Já comi o f.
Ainda em Buenos Aires: ressuscitaremos ainda que nos custe a vida!
Em Quito: quando tínhamos todas as respostas, mudaram-nos as perguntas.
Em Rio de Janeiro: quem tem medo de viver, não nasce!
Janela sobre as ditaduras invisíveis
A mãe abnegada exerce a ditadura da obrigação
O amigo solícito exerce a ditadura do favor
A caridade exerce a ditadura da divida
A liberdade de mercado permite-te aceitar os preços que te impõem
A liberdade de opinião permite-te escutar os que opinam em teu nome
A liberdade de eleição permite-te escolher o molho, com que vais ser comido
Textos de Eduardo Galeano em português pelo tradutor Armando
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