2008/06/04

NA NOSSA ALDEIA, QUE DEUS A PROTEJA, VAI PASSAR A PROCISSÃO!


Texto de Bruno Simão, a convite da Afilhada do Marquês

Sacavém celebra esta semana o 11º aniversário de elevação a cidade. É sem dúvida alguma uma data que merece ser assinalada, promovendo-se em torno dela os eventos que justamente a dignifiquem. Sendo um título meramente honorífico, é mais um elemento de valorização da comunidade, que deve ser aproveitado no sentido de dotar de conteúdo o título.

A Junta de Freguesia assinala esta data com a realização de alguns eventos. Amanhã, realiza-se uma Sessão Solene evocativa da data. Seguindo a tradição, será uma sessão exclusiva, onde, mais uma vez, não terão direito de uso de palavra os representantes dos diferentes grupos políticos com assento na Assembleia de Freguesia. Desta, prática reiterada, sai ferida a observação da pluralidade, sendo um sintoma de falta de maturidade democrática e de urbanidade. Por isso mesmo, no ano passado, a Assembleia de Freguesia de Sacavém aprovou por unanimidade uma recomendação para que os princípios da representatividade e da pluralidade fossem observados pela Junta de Freguesia, sempre que estivessem em causa actos solenes da sua responsabilidade. A Junta de Freguesia optou por ignorar tal recomendação e entende ser legítimo excluir as oposições, como se elas não fossem parte integrante da comunidade, legítimas e sufragadas.

Em Sacavém, cidade há 11 anos, continua-se a cultivar e a praticar uma política de campanário, sem audácia nem rasgo. Uma política pouco exigente, rotineira e avessa à crítica. O poder é exercido de modo autocrático, como se a legitimidade eleitoral para o exercício do poder tivesse sido um acto de escritura pública de transferência de propriedade do interesse público local.

Ao fim de quase 3 mandatos anos de gestão socialista em Sacavém, a jovem cidade, é uma zona cada vez mais periférica e deprimida. Parte dessa depressão resulta do processo de desindustrialização da cidade, que lhe amputou um dos seus mais importantes factores identitários e fonte de importantes dinâmicas sociais e económicas. A depressão sente-se no comércio local, na pouca dinâmica associativa e social, em suma, na gradual perda de vida própria numa localidade, que acentua os seus traços de dormitório. Este facto não pode ser assacado à gestão local, porque pouco dependia dela a inversão desse processo. Contudo, é-lhe imputável a ausência de estratégias que compensassem esse declínio.

Não é expectável uma repetição da história, nem a edificação de novas fábricas. O passado é isso mesmo, passado. Por isso, deve-se cuidar do futuro. E é esse cuidar do futuro que está em falta.

Mesmo, quando surgem oportunidades, como sejam as intervenções do PROQUAL, a sua gestão tem sido tão desastrosa, que não só não se aproveitam os recursos ganhos, como ficam por resolver parte importante dos problemas, criando-se até novos.

No caso das obras do PROQUAL, não se pode deixar de referir que nas obras em curso, os atrasos são de tal ordem, que a actual orientação da Câmara Municipal, é não avançar mais nenhuma data de conclusão. O imbróglio e os incómodos gerados, a par da arrogância municipal e local na gestão da obra, não criaram as condições para que no decurso das obras fossem tidas em conta as preocupações dos cidadãos. Aliás, os beneficiários das melhorias, aqueles que as suportam e a quem elas se destinam, chegaram mesmo a ser destratados quando levantaram dúvidas sobre a bondade de algumas das soluções encontradas!

Neste caso, a Junta de Freguesia facilmente definiu o seu campo, preferindo servir de almofada ao legítimo descontentamento das pessoas em relação à Câmara Municipal, em vez de assumir o seu papel de porta-voz dos seus anseios.

A subserviência da gestão do PS em Sacavém face às opções da Câmara Municipal e ao Governo tem sido um dos seus traços distintivos. Na má tradição das Regedorias, a Junta de Freguesia incapaz de produzir e defender um conceito de cidade, acolhe acriticamente todas as opções superiores sem as questionar ou analisar à luz do que são os interesses da comunidade.

Aconteceu assim com a desactivação do Quartel do Adidos, momento em que a Governo com o beneplácito da Câmara Municipal, mas também da Junta de Freguesia, decidiu atender aos seus problemas orçamentais em vez de atentar aos interesses da Cidade.

Aconteceu assim com o negócio em torno das áreas de cedência das construções da antiga Fábrica do Arroz, profundamente lesivo dos interesses da cidade.

Aconteceu com a despudorada cumplicidade em relação aos abusos da Câmara e do construtor no aterro realizado junto à Ribeira do Prior Velho e cujos resultados são conhecidos de todos.

Acontece assim com o silêncio em relação à ocupação que o novo Centro de Saúde terá, e que resultará numa diminuição dos serviços inicialmente previstos, dando cobertura a uma decisão do Governo que não interessa a ninguém e que tem merecido forte contestação.

Acontece assim, sempre que o Presidente da Junta responde, perante um problema concreto, um bem rústico, “A Junta não tem nada com isso!”. Ignorando que nada do que se passa numa autarquia deve ser alheio ao seu autarca. Ignorando que a um Presidente de Junta está acometido um papel que vai bem além do de mero zelador. Deve ser um agente de informação e intervenção, que tem como principal preocupação o bem-estar dos seus representados, antes de qualquer outro interesse.

Sacavém tem um zelador empenhado, mas pouco eficaz, que perspectiva de forma desadequada o seu papel e as necessidades da comunidade a que preside. Que convive bem com uma aldeia de procissões e arraias, não sentindo que uma cidade deve ser um pouco mais do que aquilo que entende ser suficiente.

11 comentários:

Anónimo disse...

O Mugabe já mandou prender líder da oposição. Você ainda se arrisca.

O MARQUÊS DA PRAIA E MONFORTE disse...

Diz você mal do homem, mas tanto quanto pude perceber Sacavém vai ter a presença da Carla Matadinho. Isso não bom?! Há gente que nunca está satisfeita!

Anónimo disse...

O que é bom, só mesmo de passagem...

Anónimo disse...

Mas quem é essa Carla Matadinho?

Anónimo disse...

o anónimo que pergunta quem é a Carla Matadinho só pode ser uma anónima!

Anónimo disse...

A inveja corrói os homens. Bem, neste caso as mulheres.

Da anónima de cima

Anónimo disse...

O Quartel dos Adidos, ex. EPSM, está literalmente a saque. Os seguranças que o guardam, pouco ou nada podem fazer perante os bandos que o delapidam dos seus valores patrimoniais, que era importante preservar perante a pobreza, nesta área, da cidade de Sacavém. E ninguém faz nada... nem junta, nem câmara. Não é da competência de ninguém. Até se pode vir lá a fazer mais uma urbanização de luxo, em jeito de condomínio privado. Pegavam-se era nesses elementos e integravam-se nas novas construções. Para ser uma urbanização diferente e não mais uns caixotes tipo bairro social para os mais abonados, tipo Portela ou Quinta do Património.

Anónimo disse...

Quem é este bruno pá, isto é tanta gente que confusão, ele é marqueses, e joker, e o catano!, e este e aquele, impressao minha ou isto descai muito para sacavem
Arrogante Baldonete

O MARQUÊS DA PRAIA E MONFORTE disse...

Caríssimo Arrogante Baldonete

Tem razão para se espantar com a quantidade de marqueses e o "catano" que escrevem neste Palácio. São cada vez mais os contribuintes. Já a inclinação para Sacavém, não é de propósito, é inevitável, tendo em conta o estado a que aquela freguesia está a chegar.

O Marquês

Anónimo disse...

Agora antes de falarem da LUISA MESQUITA, pensem no que estão a fazer ao MANUEL ALEGRE.
O actual PS de democrático e de espaço de ideias como gostam de dizer, não tem nada, bem pelo contrário, este PS é persecutório e cruel.

Anónimo disse...

Não percebo as críticas de falta de modernidade que aqui são feitas ao Presidente da Junta de Freguesia. Ainda ontem o Fernando Pereira pediu em casamento o Fernando Marcos. Não percebi se o visado aceitou ou não, mas mais modernaço que isto não há!