'O CDS-PP anunciou ontem que irá promover um colóquio, em Outubro, para «recordar o papel histórico» do escritor russo Alexandre Soljenitsin, que morreu domingo passado, em Moscovo, com 89 anos'.
O CDS já não é propriamente um partido, mas também não é uma agremiação literária. Deste modo, a sua evocação do escritor será feita pela relevância política do autor e não tanto pelos seus atributos literários.
Não sei o que acha o Marquês sobre este escritor, seja na perspectiva literária, seja na perspectiva política, mas por desafio de um comentador, deixarei aqui a minha opinião, construída sobretudo nas várias leituras feitas sobre o acontecimento.
Alexandre Soljenitsin era um escritor tipicamente russo, na forma, no estilo e conteúdo. De acordo com os críticos literários, a sua escrita transportou para o Século XX a tradição russa do século XIX. Desse ponto de vista, o seu reconhecimento internacional, pela atribuição do Nobel em 1970, ter-se-á revestido, do reconhecimento do papel e da importância da literatura russa no contexto cultural moderno, não sendo despiciendo o significado político da personagem no contexto político da guerra fria.
Do ponto de vista político, Alexandre Soljenitsin estaria longe de ser um democrata como ocidentalmente entendemos o conceito. A sua crítica, mais do que justa ao Estalinismo, era uma crítica conservadora, do ponto de vista político. Aliás, em escritos, artigos e entrevistas, como muito bem lembra Carlos Brito, revelava a sua admiração por Franco e por Pinochet. Já após o desmembramento da União Soviética, Alexandre Soljenitsin ocupou o seu lugar na nova ordem russa, passando a merecer a crítica daqueles que o acusavam de conivência com o endurecimento do regime russo, sobretudo na era Putin, político por quem nutria admiração, sobre a reivindicações autonomistas de várias nações ainda governadas por Moscovo!
A sua morte retira-o do fundo do baú, onde de algum modo foi colocado, quando a relevância política do seu trabalho deixou de existir. As referências a Alexandre Soljenitsin, são sobretudo críticas repisadas ao Estalinismo, ao Comunismo, à União Soviética, à esquerda, a tudo o que soar a possibilidade de alternativa ao capitalismo. Veja-se a iniciativa do CDS, que talvez verse sobre tudo, menos sobre a literatura e leia-se o texto de José Manuel Fernandes no Público de ontem!
Mas se o objectivo é fazer, in extremis, a crítica às teses e teorias anticapitalistas, a escolha também não é a mais acertada, porque Alexandre Soljenitsin era um anticapitalista conservador. A sua concepção política torna-o antes um fiel depositário da tradição e cultura russas do século XVIII, XIX e XX. Da Grande Rússia “Imperial” e centralista, onde os movimentos independentistas são encarados como amputações ilegítimas e o liberalismo económico e político é visto como um perigo para os valores e as tradições.
É neste contexto que encaro a personagem, sem grande paixão ou controvérsia, antes com serenidade. Nada do que escreveu ou disse é grande argumento para o debate sobre as perspectivas de futuro da humanidade, ainda que seja para esse campo que muitas das análises e “sentidas” homenagens o queiram transportar.
A crítica democrática e progressista ao neoliberalismo é cada vez mais urgente, custe isso muito ou pouco a Paulo Portas e outros.
O CDS já não é propriamente um partido, mas também não é uma agremiação literária. Deste modo, a sua evocação do escritor será feita pela relevância política do autor e não tanto pelos seus atributos literários.
Não sei o que acha o Marquês sobre este escritor, seja na perspectiva literária, seja na perspectiva política, mas por desafio de um comentador, deixarei aqui a minha opinião, construída sobretudo nas várias leituras feitas sobre o acontecimento.
Alexandre Soljenitsin era um escritor tipicamente russo, na forma, no estilo e conteúdo. De acordo com os críticos literários, a sua escrita transportou para o Século XX a tradição russa do século XIX. Desse ponto de vista, o seu reconhecimento internacional, pela atribuição do Nobel em 1970, ter-se-á revestido, do reconhecimento do papel e da importância da literatura russa no contexto cultural moderno, não sendo despiciendo o significado político da personagem no contexto político da guerra fria.
Do ponto de vista político, Alexandre Soljenitsin estaria longe de ser um democrata como ocidentalmente entendemos o conceito. A sua crítica, mais do que justa ao Estalinismo, era uma crítica conservadora, do ponto de vista político. Aliás, em escritos, artigos e entrevistas, como muito bem lembra Carlos Brito, revelava a sua admiração por Franco e por Pinochet. Já após o desmembramento da União Soviética, Alexandre Soljenitsin ocupou o seu lugar na nova ordem russa, passando a merecer a crítica daqueles que o acusavam de conivência com o endurecimento do regime russo, sobretudo na era Putin, político por quem nutria admiração, sobre a reivindicações autonomistas de várias nações ainda governadas por Moscovo!
A sua morte retira-o do fundo do baú, onde de algum modo foi colocado, quando a relevância política do seu trabalho deixou de existir. As referências a Alexandre Soljenitsin, são sobretudo críticas repisadas ao Estalinismo, ao Comunismo, à União Soviética, à esquerda, a tudo o que soar a possibilidade de alternativa ao capitalismo. Veja-se a iniciativa do CDS, que talvez verse sobre tudo, menos sobre a literatura e leia-se o texto de José Manuel Fernandes no Público de ontem!
Mas se o objectivo é fazer, in extremis, a crítica às teses e teorias anticapitalistas, a escolha também não é a mais acertada, porque Alexandre Soljenitsin era um anticapitalista conservador. A sua concepção política torna-o antes um fiel depositário da tradição e cultura russas do século XVIII, XIX e XX. Da Grande Rússia “Imperial” e centralista, onde os movimentos independentistas são encarados como amputações ilegítimas e o liberalismo económico e político é visto como um perigo para os valores e as tradições.
É neste contexto que encaro a personagem, sem grande paixão ou controvérsia, antes com serenidade. Nada do que escreveu ou disse é grande argumento para o debate sobre as perspectivas de futuro da humanidade, ainda que seja para esse campo que muitas das análises e “sentidas” homenagens o queiram transportar.
A crítica democrática e progressista ao neoliberalismo é cada vez mais urgente, custe isso muito ou pouco a Paulo Portas e outros.
3 comentários:
Quando volta o Marquês?
BELO PLÁGIO ESTE COMENTÁRIO. EU SEI ONDE ELE ESTÁ!
Caro amigo
A acusação tem uma gravidade relativa, mas é falsa, de qualquer modo gostava que provasse o que escreveu. Por favor coloque aqui o link do local onde diz ter encontrado este texto, para que se faça prova do que acabou de dizer.
Obrigado
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