2008/08/31

A MORTE NÃO É NADA



"A morte não é nada.
Eu somente passei para o outro lado do caminho.
Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês, eu continuarei a ser.

Chamem-me como sempre me chamaram.
Falem comigo como vocês sempre fizeram.
Não utilizem um tom solene ou triste,
continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos.

Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.

Que o meu nome seja pronunciadocomo sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra ou tristeza.

A vida significa tudo o que sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora de vossos pensamentos,
agora que estou apenas fora de vossas vistas?

Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do caminho...
Vocês que aí ficaram,
sigam em frente,
a vida continua linda e bela como sempre foi."

Santo Agostinho




Numa tarde de tristeza e sem vontade de escrever, tomei a liberdade de transcrever o texto lido pelo Padre Ricardo nas cerimónias fúnebres do primeiro homem a quem tive vontade de chamar Camarada.

Até sempre, Adão!

2008/08/08

COMEÇARAM OS JOGOS!


Começaram hoje os Jogos Olímpicos. As festividades decorrerão com o alto-patrocício de todas as potências capitalistas do mundo e a presença de todas as multinacionais, que muito se esforçaram para não ficar de fora neste banquete. Os Direitos Humanos, mera alínea.

2008/08/07

ALEXANDRE SOLJENITSIN




'O CDS-PP anunciou ontem que irá promover um colóquio, em Outubro, para «recordar o papel histórico» do escritor russo Alexandre Soljenitsin, que morreu domingo passado, em Moscovo, com 89 anos'.

O CDS já não é propriamente um partido, mas também não é uma agremiação literária. Deste modo, a sua evocação do escritor será feita pela relevância política do autor e não tanto pelos seus atributos literários.

Não sei o que acha o Marquês sobre este escritor, seja na perspectiva literária, seja na perspectiva política, mas por desafio de um comentador, deixarei aqui a minha opinião, construída sobretudo nas várias leituras feitas sobre o acontecimento.

Alexandre Soljenitsin era um escritor tipicamente russo, na forma, no estilo e conteúdo. De acordo com os críticos literários, a sua escrita transportou para o Século XX a tradição russa do século XIX. Desse ponto de vista, o seu reconhecimento internacional, pela atribuição do Nobel em 1970, ter-se-á revestido, do reconhecimento do papel e da importância da literatura russa no contexto cultural moderno, não sendo despiciendo o significado político da personagem no contexto político da guerra fria.

Do ponto de vista político, Alexandre Soljenitsin estaria longe de ser um democrata como ocidentalmente entendemos o conceito. A sua crítica, mais do que justa ao Estalinismo, era uma crítica conservadora, do ponto de vista político. Aliás, em escritos, artigos e entrevistas, como muito bem lembra Carlos Brito, revelava a sua admiração por Franco e por Pinochet. Já após o desmembramento da União Soviética, Alexandre Soljenitsin ocupou o seu lugar na nova ordem russa, passando a merecer a crítica daqueles que o acusavam de conivência com o endurecimento do regime russo, sobretudo na era Putin, político por quem nutria admiração, sobre a reivindicações autonomistas de várias nações ainda governadas por Moscovo!

A sua morte retira-o do fundo do baú, onde de algum modo foi colocado, quando a relevância política do seu trabalho deixou de existir. As referências a Alexandre Soljenitsin, são sobretudo críticas repisadas ao Estalinismo, ao Comunismo, à União Soviética, à esquerda, a tudo o que soar a possibilidade de alternativa ao capitalismo. Veja-se a iniciativa do CDS, que talvez verse sobre tudo, menos sobre a literatura e leia-se o texto de José Manuel Fernandes no Público de ontem!
Mas se o objectivo é fazer, in extremis, a crítica às teses e teorias anticapitalistas, a escolha também não é a mais acertada, porque Alexandre Soljenitsin era um anticapitalista conservador. A sua concepção política torna-o antes um fiel depositário da tradição e cultura russas do século XVIII, XIX e XX. Da Grande Rússia “Imperial” e centralista, onde os movimentos independentistas são encarados como amputações ilegítimas e o liberalismo económico e político é visto como um perigo para os valores e as tradições.

É neste contexto que encaro a personagem, sem grande paixão ou controvérsia, antes com serenidade. Nada do que escreveu ou disse é grande argumento para o debate sobre as perspectivas de futuro da humanidade, ainda que seja para esse campo que muitas das análises e “sentidas” homenagens o queiram transportar.

A crítica democrática e progressista ao neoliberalismo é cada vez mais urgente, custe isso muito ou pouco a Paulo Portas e outros.

2008/08/03

OU ISTO, OU O LIVRO DA MADDIE


Se já não encontrar o livro "A verdade da mentira", de Gonçalo Amaral, em nenhuma grande superfície, quiosque, livraria, merceeiria, farmácia de serviço, local onde se encontra sempre tudo, e mesmo assim quiser ler qualquer coisa no Verão, pode sempre optar pela colecção que o DN está a oferecer, até ao início de Setembro. Recomenda-se ao Presidente da Câmara de Loures a leitura do livro oferecido dia 18 de Agosto.

Fiódor Dostoiévski, Coração Débil, 26 - Jul
Franz Kafka, A Metamorfose, 27 - Jul
Giovanni Boccaccio, Histórias Eróticas, 28 - Jul
Anton Tchekov, A Minha Mulher, 30 - Jul
Voltaire, O Ingénuo, 01 - Ago
Lev Tolstoi, A Morte de Ivan Ilitch, 02 - Ago
Jack Londo, A Peste Escarlate, 03 - Ago
Maximo Gorki, Três Contos, 04 - Ago
Thomas Hardy, O Pregador Atormentado, 06 - Ago
Franz Kafka, Carta ao Pai, 08 - Ago
Fiódor Dostoiévski, A Voz Subterrânea, 09 - Ago
Joseph Conrad, Juventude, 10 - Ago
H.P. Lovecraft, Herbert West: Reanimador, 11 - Ago
Robert L. Stevenson, O Estranho Caso do Dr. Jekyll e do Sr. Hyde, 13 - Ago
Charles Dickens, Um Cântico de Natal, 15 - Ago
Henry David Thoreau, Onde Vivi e para Que Vivi, 16 - Ago
Henry James, A Fera na Selva, 17 - Ago
Miguel de Cervantes, A Ciganita, 18 - Ago
Rainer Maria Rilke, Histórias do Bom Deus, 20 - Ago
Nikolai Gógol, O Retrato, 22 - Ago
Sun Tzu, A Arte da Guerra, 23 - Ago
Stephen Crane, O Barco Aberto, 24 - Ago
Oscar Wilde, O Crime de Lorde Artur Savile, 25 - Ago
Thomas Wolfe, O Rapaz Perdido, 27 - Ago
Gustave Flaubert, Um Coração Simples, 29 - Ago
Edgar Allan Poe, A Queda da Casa de Usher, 30 - Ago
Fiódor Dostoiévski, Contos, 31 - Ago
Italo Svevo, Um Embuste Perfeito, 01 - Set
Oscar Wilde, O Retrato do Sr. W.H., 03 - Set
Rainer Maria Rilke, Cartas a Um Jovem Poeta, 05 - Set

2008/08/01

NA FILA DO CENTRO DE EMPREGO


Os portugueses que hoje passarem o dia numa fila do Centro de Emprego, fá-lo-ão bastante reconfortados por saber que ontem o Presidente da República se dirigiu solenemente ao país, para dizer que estava muito preocupado... com o Estatuto Politico-administrativo da Região Autónoma dos Açores. É bom saber que alguém se preocupa com os portugueses!